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ESTADO

ENFOQUES ESPECÍFICOS

1)normativo: Kelsen
2) econômico: Estado é subproduto da economia.
Essa é a visão de Marx.
3) Sociológico: Estado é considerado uma realidade
social, vinda da associação de seres humanos,
segundo Comte, Durkheim e Duguit.
4) Político: É o estudo das instituições que
exercem poder de mando na sociedade, segundo
Burdeau.
5) histórico:Estado considerado como uma evolução
histórica
6) finalístico: Estado deve ser analisado na
medida que assume fins claros, ligados ao bem
comum. Estado é um aparelho dirigido a um fim
claro.

 Definição causal
CAUSAS ARISTOTÉLICAS:
O QUE SÃO?
Teoria das quatro causas segundo Aristóteles – Como
entender porque cada coisa existe. Método de
compreensão das coisas criado pelo filósofo. A
compreensão da teoria das quatro causas aristotélicas
é necessária para o estudo da Filosofia Ocidental.
Estes conceitos são indispensáveis para aprender a
metafísica (aquilo que vai além da física, a precede e
a explica)e a própria realidade.
 CAUSA MATERIAL: (A matéria prima que compõe o
Ser) a sociedade em um dado território. É uma
associação estável e pessoas (global, pois possui
elementos necessários à sua sustentação), que se
basta a si mesma e que vive em um território
delimitado. É a sociedade perfeita que tem dentro
dela os recursos necessários para a sustentação
da vida, pode ser uma unidade auto-sustentável.
 CAUSA FORMAL: (O que faz com que o Ser seja
aquilo que ele é) organização política de um
poder de mando de última instância interna, que é
o poder de império do Estado, o seu poder
soberano. Externamente, é independente dos
outros. É aquilo que faz o Estado ser o que ele
é, e não outra coisa.
 CAUSA FINAL: (Que responde a pergunta “para que o
Ser existe”: depende da visão política tomada. É
um problema filosófico, pois, de acordo com a
visão filosófica que fundamenta o Estado, teremos
um determinado tipo.
A) Estado democrático: seu fim é o bem comum,
que é o bem de todos naquilo que todos têm em
comum (dignidade da pessoa humana). A idéia
de bem comum supõe que comunguemos de pontos
comuns, que vêm antes de qualquer diferença
social, que chamamos de dignidade humana.
Esta é igual entre todos os seres humanos,
antes de qualquer divisão de raça,
nacionalidade ou classe.
B) Estado liberal clássico: seu fim é defender a
individualidade do ser humano (bem
individual). Defende participação mínima do
Estado na vida individual. O Estado é um mal
necessário, segundo esta visão. O Estado
serviria para administrar a justiça (manter a
ordem interna) e para manter a segurança
(proteção contra inimigo externo). Defende o
bem geral, que é a soma dos bens
particulares.
C) Estado totalitário: seu fim é promover o bem
de determinado segmento da sociedade, seja o
bem de uma classe, de uma raça ou de um
grupo. O Estado se torna agente do bem de
certo grupo. A política serve para executar
uma finalidade já definida.
 CAUSA EFICIENTE: O Poder ou princípio que criou o
Ser. Causa transformadora do Ser para Ser ou
deixar de Ser algo. Ato e Potência;
D) Estado democrático:Povo (conjunto de opiniões
individuais que formam uma coletividade
marcada por um bem comum. Preserva o
indivíduo mas reconhece a existência de um
coletivo) fruto da natureza social. O homem
busca o Estado, que é natural.
E) Estado liberal:(Indivíduos/vontade
individual) contrato social. Estado é um ser
artificial, nasceu de um acordo entre a
sociedade. Os homens individualmente, dentro
de seu livre arbítrio, decidem se associar
num Estado com a finalidade de aplicar a
justiça e garantir a segurança. Para assim
terem assegurado a sua liberdade e
individualidade. Para tal, alienam (abrem mão
de) alguns de seus direitos.
F) Estado totalitário:(coletivo/movimento
totalitário) nasce do conflito e da
violência, é artificial. Visão antropológica
artificial. O homem novo, idealizado.
Dialética hegeliana.
Atenção >
 CAUSA INSTRUMENTAL: comum a todas as concepções
de Estado. O Estado se organiza por regras
jurídicas ou pelo Direito. Então, a causa
instrumental do Estado é o Direito.
Obs: São Tomás de Aquino a separou da causa
eficiente. Ela seria os instrumentos que a causa
eficiente utiliza para fazer a coisa.
O Estado é a soma de um povo, que habita
certo território, onde há um poder organizado a que
o povo está sujeito. Ele é fruto da natureza social,
seu fim é o bem comum e é regido por regras
jurídicas, ou seja, pelo Direito.

QUADRO DAS CAUSAS


Três Causas Perguntas Respostas Unidades Aspectos
dimensõ a que às didáticas estudados do
es responde perguntas Estado
De que o Substrat O Estado
Materi Teoria
Estado é o do enquanto
al Social
feito? Estado fenômeno
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opera

 Hoje no mundo todos aceitam a idéia de que o


fenômeno cultural tem três dimensões: uma de
fato, uma de valor e uma de norma ou de
instituição.
 Envolve um fato, uma valoração e a ordenação ou
norma (instituição). Haverá aí nuances em que uns
puxam mais para um lado e outros para outro. São
maneiras diferentes de combinar essas três
dimensões. Porém, o fato é que todos aceitam a
tridimensionalidade dos fenômenos culturais.
 No Brasil, quem pôs isso em grande evidência, e
quem difundiu essa visão tridimensional do fato
cultural foi Miguel Reale. Essa visão é um
elemento que é um fruto da história do pensamento
jurídico.

 P: Em qual causa está esse lado fato do Estado e


do Direito?

R:O lado fato do Estado está na combinação da


matéria e da forma, porque a matéria vem com a
forma e vice-versa. Na realidade, eu não posso
separar matéria e forma. Foi Aristóteles quem
mostrou que todo ser é composto por uma matéria e
uma forma que estão associados. Esta teoria da
matéria e da forma como uma unidade é um fenômeno
cujo nome é hilemorfismo. Então, o estado tem
duas causas intrínsecas, pois a matéria e a forma
estão na coisa. (Ex: A estátua do Laçador. Não
posso separar o bronze da forma. A finalidade, o
Antônio Caringi (escultor da estátua), a causa
eficiente e os instrumentos usados pelo escultor
formam as causas extrínsecas, pois são causas que
estão fora da coisa.

 Estado/Fato: Então, o estado enquanto fato


envolve as duas causas intrínsecas, o
hilemorfismo do Estado, isto é, a matéria e a
forma do Estado combinados. O Estado enquanto
fato é a sua realidade social, a sua forma e
instituições políticas, que estão enraizadas na
sociedade. A realidade social de forma política e
institucional constitui o fático do Estado.
 Estado/Valor: E o valorativo do Estado está na
nossa concepção que nós amarramos a essa
realidade fática (nossas avaliações sobre essa
realidade). E esta nossa valoração, esta nossa
apreciação se dirige aos fins para que serve e a
origem (a que veio). E vejam, em última
instância, a causa final mais última encosta na
causa eficiente mais remota. Elas se aproximam.
Pis bem, o problema de investigar a causa final e
a causa eficiente do Estado envolve o problema de
valor. O valor está na apreciação destas causas,
que perguntam qual é a origem e quais são os fins
desse Estado. Haverá discordância quanto ao ponto
de vista doutrinário, filosófico.
 Estado/Norma (instituições): Enfim, o modo como o
Estado se constituiu e os meios pelos quais ele
opera são necessariamente jurídicos. Não há outra
maneira. E esta é a causa instrumental, que está
ligada a este aspecto norma e ordenação. Então
vejam aí a triplicidade: fato, valor e norma.

O Conteúdo da PTE

1 Concepções Unidimensionais

As concepções unidimensionais são teorias


reducionistas que, consciente e assumidamente, reduzem
a PTE a um elemento fundamental. Elas realizam um
estudo em que uma dimensão prevalece sobre as demais.

Kelsen:
O Estado é um sistema que, de forma
institucional, exerce força. Considerava o Estado como
um fenômeno jurídico, com isso reduzia-o a uma norma
jurídica. O estudo do estado seria uma teoria (teoria
da coerção) voltada para a análise das manifestações
de poder. O Estado para ele era igual a Direito e
vice-versa, só mudando o ponto de vista. O Estado é o
centro de imputação do ordenamento jurídico. Ele reduz
o Estado à norma, isto é, a uma única dimensão.
“O Estado é o ordenamento jurídico, uma
estrutura normativa.” A estrutura normativa piramidal
escalonada é o Estado. Ele é o Direito.

Comte e Durkheim:

Comte foi um visionário, mas materialista.


Seria uma espiritualização da matéria. Ele foi um
sociólogo positivista e fundador da sociologia, que é
a reunião de todas as ciências. Ela envolve todas as
demais ciências particulares que estudam a sociedade.
Criou a religião materialista (da humanidade).
Descobriu o fato social e, a partir daí, passou a
reduzir tudo a ele e não ao fato econômico.
“Estado é pura e simplesmente um fenômeno
social.” Todos os fenômenos humanos eram reduzidos a
um fenômeno de relação social. Seria um
unidimensionalismo sociológico. As outras dimensões
não eram observadas.

Sociologismo jurídico:

A PTE seria uma análise das relações sociais


que compõem um tecido das relações sociais do Estado.
O Estado é um fato social, resultado da amizade
política entre as pessoas.

Fatos sociais da sociologia:


O Estado é um fato social.
Marx:
Sua visão é reducionista, na medida em que
ele diz que o Estado nada mais é do que um reflexo da
economia do sistema de produção na relação de
estrutura típica da teoria marxista. Ele reduzia o
Estado a um instrumento de opressão.
O Estado é única e exclusivamente um
subproduto da economia e deve ser encarado como
reflexo das forças econômicas que imperam na
sociedade, bem como toda organização estatal é uma
organização que nasce das reais forças econômicas que
surgem dessa sociedade.
Ele tinha um pensamento clássico e ortodoxo.
Pode-se dizer que há várias faces do próprio Marx: o
cientista social (sociólogo), o economista e o
profeta. Há discípulos do Marx cientista, que são
pessoas cheias de dúvidas e questionamentos, e há os
discípulos do Marx profeta, que são pessoas que têm
respostas fáceis, simples e cabais para tudo.
Marx como cientista, apesar de suas dúvidas e
interrogações, tinha um método de exame da realidade.
Esse método de ciência social privilegiava o aspecto
econômico. Acreditava que todos os fenômenos da vida
sociocultural tinham como causa em última instância o
modo de produção econômico. Para ele, o ser humano era
um ser eminentemente econômico e esse aspecto era o
mais importante que marcava o ser humano. O mito do
homo oeconomicus achava que o ser humano se reduzia a
um ser econômico.
O Estado é o instrumento pelo qual uma classe
oprime outra classe.
Ferdinand La Salle:

Escreveu o livro “O que é uma constituição?”,


considerada a principal manifestação do socialismo no
século XIX dentro da PTE e do Direito Constitucional.
Ele foi um jurista, constitucionalista e socialista
alemão do século XIX e fez parte de um círculo
socialista prussiano. Ele diz que o Estado e, em
última análise, o Direito Constitucional, que é o
direito que regula a organização do Estado, são dois
fenômenos do Estado e não passam do reflexo daquilo
que se chama de fatores reais do poder. Os fatores
reais de poder dão exatamente as forças econômicas que
mandam e imperam na sociedade.
O que importa dentro da sociedade são
verdadeiramente os fatores reais de poder, porque
mesmo que a constituição negue esses fatores, ela não
vai passar do papel, pois o que manda na sociedade é
aquilo que determina os fatores reais do poder, pois o
Estado e o Direito constitucional, conseqüentemente,
não passam de reflexos de uma economia que constrói
por meio desses fatores um subproduto que é o Estado e
o Direito Constitucional. Essa é visão do marxismo
clássico.
O estudo do Estado, em conseqüência das
razões econômicas, não seria nada mais que a análise
da influência da economia na sociedade e dos fatores
dessas razões econômicas que constroem a organização
estatal e o Direito do Estado, o direito nacional.
2 Concepções Bidimensionais

Outros autores começaram a ver que o Estado é


um fenômeno mais complexo do que simplesmente um
fenômeno jurídico, social ou econômico.

Jellinek:

Conclui que o Estado, além de ser uma


organização jurídica, era também uma estrutura social,
pois naquele grupo além de existir uma organização
estrutural, existia também um tecido de composição que
era a sociedade. Segundo sua visão bidimensional, os
conteúdos da PTE são: a Teoria Sociológica do Estado e
a Teoria Geral do Direito do Estado (Teoria Geral do
Direito Público), isto é, a Teoria Jurídica.
Jellinek colocava todo o parâmetro social do
fenômeno estatal e todas as manifestações
organizacionais do Estado.

3 Concepções Tridimensionais

Groppali:
Afirma que é verdade que o Estado era um
fenômeno social e que este necessitava de uma
orientação através da PTE, mas, ao mesmo tempo, essa
sociedade e esse Estado eram orientados para
determinados fins.
Então, seria necessário estudar esses fins do
Estado através do estudo teleológico desse Estado. Em
sua visão tridimensional, os conteúdos da PTE se
dividem em: Teoria Social do Estado, Teoria Geral do
Estado (Teoria Jurídica do Estado) e Teoria
Justificativa do Estado (porquê da existência do
Estado).

Reale e Menezes:
Direito é fato, valor e norma. Então, o
estado é fato, valor e norma. Essa é a concepção
tridimensional de Reale.
O Estado tem uma Teoria Social (Estado
enquanto fato), uma Teoria Justificativa (Estado
enquanto norma) e uma Teoria Política (Estado enquanto
valor).

A PSE analisa a formação e o desenvolvimento


do Estado. A TJE estuda o ordenamento jurídico do
Estado. E a TPE explica as finalidades de governo em
razão dos diversos sistemas culturais.

4 Concepção Pentadimensional (adotada)

A concepção do curso de PTE acaba entrando na


concepção de Reale, para que se possa reduzir certos
conteúdos a fato, valor e norma. A causa formal,
final, material, eficiente e instrumental são fato,
valor e norma. A visão adotada em nosso programa é a
que responde às questões que nascem daquelas perguntas
provocadas pelas cinco causas (4 aristotélicas e 1 de
São Tomás de Aquino).
É por meio das cinco teorias que veremos o
fenômeno do Estado.
Reale estuda duas coisas juntas: o fato é
tanto a existência de uma sociedade, quanto a
organização política dela.
Quando se divide e se estuda a sociedade e a
organização política se tem uma visão profunda de uma
e de outra e, com isso, tem-se uma visão mais
científica, conseguindo chegar a uma orientação de
pensamento individual. E não misturando uma palavra
com a outra, o objeto é o mesmo: o Estado.
G) Teoria Social do Estado = causa material,
seria a matéria-prima ou matéria in natura do
Estado = trata do aspecto formal do fato.
H) Teoria Política do Estado = trata do aspecto
formal do fato.
I) Teoria Teleológica do Estado = teoria dos
fins.
J) Teoria Justificativa do Estado= teoria da
origem.
K) Teoria Jurídica do Estado = estudo das
relações entre o Estado e o Direito.

O Estudo da PTE

1 Relações com outras disciplinas


 A PTE é uma matéria extremamente complexa e tem
como objeto formal todos os ângulos e todos os
pontos de vista de como se pode encarar o Estado.
A PTE se relaciona com toda e qualquer matéria
que tenha alguma ligação com algum de seus
conteúdos.

 Primordialmente, ela se relaciona com todas as


outras disciplinas do ramo jurídico que
efetivamente trabalham o fenômeno do Estado.

 Ela se relaciona com o Direito Constitucional,


administrativo, eleitoral e político, com o
Sistema Tributário Nacional, com os demais ramos
do Direito e com outras ciências jurídicas, como
a Sociologia, a Ciência Política, a Teoria
Política, a Economia etc.

 O Direito Constitucional estuda a organização


jurídica de cada Estado. Ele se preocupa com o
espírito do Estado, ou seja, o comum e essencial
a todos os Estados. A PTE seria a estrutura
teórica do Direito Constitucional.

Metodologia

Ao mesmo tempo que se socorre de dados das


outras ciências, a PTE se relaciona com elas, pegando
emprestado os métodos específicos de cada uma delas,
todas as formas pelas quais as outras ciências buscam
seus métodos. Ela pega emprestado o método histórico.
A PTE se socorre tanto do método dedutivo,
como do indutivo; se socorre do direito comparado, do
método comparativo etc. Não existe um método único da
PTE, por esta ser um disciplina complexa que congrega
diversos conteúdos e manifestações de saber de
diversas ciências, também serão diversas as
manifestações de metodologia dentro da PTE.
A PTE combina quatro metodologias:
L) filosófica: dedutiva, geral para particular.
M) Sociológico-empírica: indutiva, estuda fatos
concretos.
N) histórica: exame, comparação de documentos,
de fontes.
O) Comparativa:através do direito comparado, que
é o método desenvolvido da ciência jurídica,
que compara institutos jurídicos no espaço do
tempo, tendo por finalidade descobrir
diferenças e estabelecer semelhanças.

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