Você está na página 1de 33

ARTIGO REDE – 2021; 5:1-33.

COMO OS MICRORGANISMOS AFETAM A FISIOLOGIA ANIMAL?


UMA VISÃO INTEGRATIVA
HOW DO MICROORGANISMS AFFECT ANIMAL PHYSIOLOGY?
AN INTEGRATIVE VIEW

NASCIMENTO-SILVA, G.¹, CUSTÓDIO, M. R.¹


¹ Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo – IB/USP - SP
gabriel5.silva@usp.br

Resumo

O conceito de individualidade biológica mudou consideravelmente ao longo do último


século. Nos dias atuais podemos considerar um organismo como uma entidade biológica
composta por um hospedeiro e uma grande diversidade de microrganismos associados,
responsáveis por diversas funções. As ciências que têm a biologia dos metazoários como
objeto de estudo por muito tempo se limitaram às influências dos microrganismos na
nutrição dos animais. Através de uma revisão da literatura da área, foram selecionados
trabalhos científicos que expandem essa visão. No presente texto é apresentada uma
discussão sobre os impactos da microbiota sobre a fisiologia dos animais, tendo como
ênfase fronteiras do conhecimento científico pouco exploradas. Os resultados abordam a
interface entre os microrganismos associados e aspectos do sistema imunológico,
comportamento animal e respostas dos organismos frente às mudanças ambientais no
contexto do Antropoceno. Em síntese, tornou-se evidente que no mundo natural as
simbioses deixaram de ser uma exceção e passaram a ser uma regra. Além disso, a
pervasividade dos microrganismos associados pode influenciar profundamente diversas
dimensões da biologia animal e esse conhecimento deve ser difundido para as próximas
gerações de profissionais das ciências da vida.
Palavras-Chave: microbiota; holobioma; simbiose; ômicas; evolução.

Abstract

The concept of biological individuality has changed considerably over the last century.
Nowadays we can consider an organism as a biological entity composed of a host and a
great diversity of associated microorganisms, which are responsible for various functions.
The sciences that have metazoan biology as an object of study have long been limited to the
influences of microorganisms on animal nutrition. Through a review of the literature in the
area, scientific papers that expand this view were selected. In the present text was proposed
a discussion about the impact of the microbiota on animal physiology, with an emphasis on
unexplored frontiers of scientific knowledge. The results address the interface between
associated microorganisms and aspects of the immune system, animal behavior and
responses of organisms to environmental changes in the context of the Anthropocene. In
summary, it has become evident that in the natural world symbioses are no longer an
exception, but a rule. Moreover, the pervasiveness of associated microorganisms can
profoundly influence several dimensions of animal biology and this knowledge should be
spread to the next generations of life science professionals.
Keywords: microbiota; holobiome; symbiosis; omics; evolution.

Ciências Biológicas NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Introdução

Por séculos, as ciências da vida dimento de relações de dependência até


tiveram em seu cerne o conceito de então desconhecidas entre organismos
individualidade muito bem definido e multicelulares e unicelulares (CHASTON &
fortemente integrado às suas investigações. DOUGLAS, 2012). Hoje, o entendimento da
Diversos critérios como características individualidade biológica mudou considera-
morfológicas, fisiológicas e aquelas velmente, uma vez que sistemas biológicos
relacionadas à ontogenia (i.e., o compostos de mais de um organismo não se
desenvolvimento de um organismo) encaixavam mais nas velhas definições
definiam um espécime como sendo uma (GILBERT et al., 2012; DOUGLAS, 2018).
entidade que tinha começo e fim em si Com isso, tanto na zoologia quanto
mesmo (GILBERT et al., 2012). As primeiras na fisiologia comparativa, os animais
mudanças desse paradigma ocorreram no passaram a ser interpretados como
século XVII, a partir de melhorias nos composições ou complexos simbióticos.
microscópios feitas por Anton von Esse paradigma já era bem aceito na
Leeuwenhoek e das investigações pioneiras protistologia, onde existem associações
de Robert Hooke, que permitiram um elaboradas entre eucariontes unicelulares e
avanço considerável na compreensão da outros microrganismos, e também na
diversidade de vida. Através de observações botânica, pelas diversas associações
detalhadas, protistas, bactérias e fungos, conhecidas de raízes com fungos e bactérias
além de células animais e vegetais, foram diversas (GILBERT et al., 2012;
descritos em uma dimensão antes não BORDENSTEIN & THEIS; 2015). Para os
conhecida (GEST, 2004; LANE, 2015). animais, esta era uma visão até
Conforme as tecnologias avançaram, foi recentemente pouco difundida e reservada
possível ter uma visão ainda mais para poucos grupos como esponjas-do-mar,
aprofundada não somente da diversidade, corais, alguns insetos e vertebrados
mas também das relações entre organismos ruminantes.
e microrganismos, antes pouquíssimo Os conhecimentos nesse campo
compreendidas. Mais recentemente, o foram limitados por muitos anos apenas às
advento das ciências ômicas, como a contribuições dos microrganismos asso-
metagenômica, transcriptômica, proteô- ciados para a nutrição dos animais. No
mica e a metabolômica, permitiu o enten- entanto, atualmente já existe um consenso

2 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

de que a microbiota pode ter influências das fronteiras do conhecimento científico


muito mais profundas nos organismos menos exploradas. Foi dada ênfase no papel
multicelulares. Existem intricadas redes de desempenhado por microrganismos em
cooperação e interdependência entre as aspectos do sistema imunológico,
partes envolvidas nas mais variadas comportamento e nas respostas dos
associações com os microrganismos e os animais frente às mudanças ambientais que
animais (DOUGLAS, 2014; BORDENSTEIN & enfrentamos atualmente, demonstrando
THEIS; 2015). A interlocução cada vez mais como esses microrganismos podem moldar
acentuada das diversas disciplinas voltadas profundamente a biologia animal.
aos elementos envolvidos deu origem a um
novo campo de estudos: a multidisciplinar Material e Métodos
Ciência do Microbioma, que tem como o
principal objetivo a compreensão das O presente trabalho trata-se de uma
associações entre organismos nos revisão narrativa da literatura científica
diferentes níveis de organização biológica pertinente sobre os efeitos dos
(BORDENSTEIN & THEIS; 2015). No entanto, microrganismos associados na biologia de
a noção de que a microbiota desempenha metazoários. Para esta revisão bibliográfica
outros papéis além do nutricional ainda é foram utilizadas as ferramentas de busca
muito pouco difundida. das plataformas Web of Science, PubMed,
Scopus e Google Scholar. Somente foram
Objetivos considerados artigos e capítulos de livros
escritos na língua inglesa. Nas buscas foram
Logo, o presente trabalho teve empregados os termos e operadores
como objetivo demonstrar o estado de booleanos: (1) microbiome science AND
conhecimento e as possibilidades de animal* OR metazoa*; (2) hologenome OR
integração entre a fisiologia animal e a holobiont AND animal* OR metazoa*; (3)
ciência do microbioma. Esta última, uma animal behavi* AND microbiome; (4)
área do conhecimento em franca expansão, conservation AND microbiome NOT plant*.
dada sua capacidade de integração com
outras áreas do conhecimento já bem Desenvolvimento
estabelecidas. Para além das discussões
limitadas à nutrição animal e sistema A questão da terminologia
digestivo, o intuito foi apresentar algumas

3 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Para a melhor compreensão dessa consequente chegada da era genômica foi


área tão dinâmica é necessário a necessária a criação de novos termos e
delimitação de conceitos importantes. O conceitos. Dois deles comumente
primeiro conceito é a simbiose. Esse termo encontrados são o microbioma e a
foi originalmente criado por Albert Frank na microbiota. O primeiro implica o conjunto
década de 1870 para descrever de microrganismos e seus genes que estão
adequadamente os líquens, uma associação associados a um determinado organismo,
entre algas e fungos recém-descoberta na enquanto o segundo se refere mais
época (DOUGLAS, 2018). No entanto, foi especificamente aos táxons microbianos
Heinrich Anton de Bary em 1879 que definiu associados (LEDERBERG & MCCRAY, 2001).
melhor o conceito de simbiose como a Apesar da distinção entre os dois, é muito
“convivência persistente entre diferentes comum a sinonimização dos termos e sua
espécies” (OULHEN et al., 2016). Houve utilização intercambiável (DOUGLAS, 2018),
algumas tentativas posteriores que apesar de isso ser cada vez mais
tentaram restringir mais o termo para questionado (BERG et al., 2020).
eliminar interações negativas como Outros conceitos importantes que
parasitismo (PRADEU, 2011), contudo a têm sido foco de intensos debates são os
definição original ainda persiste (DOUGLAS, termos holobionte e hologenoma
1994; GILBERT et al., 2012). Em (DOUGLAS & WERREN, 2016; THEIS et al.,
contrapartida, por uma necessidade 2016; ROSENBERG & ZILBER-ROSENBERG,
observada nos estudos de outros espécimes 2011, 2018). O primeiro foi popularizado
biológicos, o prêmio Nobel de Fisiologia ou por Lynn Margulis, no início da década de
Medicina Ilya Ilyich Mechnikov, lançou as 1990, para descrever e dar ênfase à
bases conceituais para a criação do termo associação persistente ao longo da história
disbiose (HOOKS & O’MALLEY, 2017). Esse evolutiva dos parceiros simbiontes
conceito descreve um estado de (DOUGLAS, 2018; BAEDKE et al., 2020). Já o
desequilíbrio caracterizado por microrga- último encapsula aquilo proposto por
nismos associados que por algum motivo, Margulis e adiciona a dimensão do genoma,
seja uma doença ou distúrbio, se tornaram sendo então o conjunto formado pelo
prejudiciais à saúde e bem-estar do genoma do hospedeiro mais o genoma de
organismo hospedeiro (HOOKS & todos os microrganismos associados. Este
O’MALLEY, 2017; DOUGLAS, 2018). hologenoma serviria como a unidade de
Com os avanços tecnológicos e a seleção, sobre a qual a evolução e seus

4 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

mecanismos agem (ROSENBERG & ZILBER- O estudo de coanoflagelados e a


ROSENBERG, 2011, 2018; DOUGLAS, 2018). compreensão da microbiologia de
Metazoa
A influência dos microrganismos na
evolução dos metazoários Para melhor compreensão de como
os microrganismos podem ter tido
Estas associações parecem ser influência nos primórdios da evolução dos
evolutivamente muito antigas. As principais metazoários é necessário ter uma visão
hipóteses sobre o surgimento dos animais filogenética e olhar para o grupo irmão dos
multicelulares colocam o advento da animais: uma pequena classe de
linhagem datando de aproximadamente eucariontes unicelulares chamada de
700 - 800 milhões de anos atrás (ERWIN, Choanoflagellatea (DAYEL & KING, 2014;
2015; DOHRMANN & WÖRHEIDE, 2017), BURKHARDT, 2015). Os coanoflagelados são
sendo que existe um razoável consenso que protistas de vida livre que têm como
esponjas-do-mar (filo Porifera) seriam principal característica a utilização de um
representantes atuais destes primeiros flagelo para a geração de um fluxo de água
organismos (REDMOND & MCLYSAGHT, que serve para filtração e captura de
2019). É interessante considerar que entre matéria orgânica particulada (DAYEL &
o surgimento do primeiro animal e o KING, 2014). Geralmente têm hábitos
advento da primeira célula eucariótica solitários, porém em certas condições
existe um período de aproximadamente 2.2 podem assumir formas coloniais complexas.
bilhões de anos (MCFALL-NGAI et al., 2013). Esta característica pode auxiliar na compre-
Nesse tempo, as mais diversas interações ensão do possível papel das associações no
entre os protistas que deram origem aos surgimento da multicelularidade nos
metazoários e microrganismos do meio, animais (BURKHARDT, 2015; BABONIS &
como arqueas, bactérias, vírus e até mesmo MARTINDALE, 2016; LAUNDON et al., 2019).
outros eucariontes, evoluíram. Estas Evidências experimentais a este respeito
interações variavam desde a simples surgiram em estudos recentes (ALEGADO et
predação até mesmo as simbioses al., 2012). Foi observado que concentrações
obrigatórias, sendo que algumas delas extremamente pequenas (da ordem de
perduram até hoje (GRUBER-VODICKA et 10-17 M) de sulfonolipídios derivados da
al., 2011; FLÓREZ et al., 2015; ENGL et al., bactéria Algoriphagus machipongonensis
2017). (filo Bacteroidetes) têm a capacidade de

5 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

induzir a agregação das células e a formação No contexto da nutrição animal,


de colônias do coanoflagelado Salpincoeca sabe-se que os simbiontes são responsáveis
rosetta. Essa interação bactéria- pela síntese de compostos diversos, que é o
coanoflagelado permitiu o levantamento de papel mais tradicionalmente associado a
diversas novas hipóteses, suportando a microbiota. Por exemplo: são responsáveis
ideia de que pode ter havido uma pela produção de enzimas específicas para
contribuição bacteriana significativa para a degradação de substratos recalcitrantes,
evolução da multicelularidade em Metazoa como a celulose no caso de ruminantes e
(ALEGADO et al., 2012). cupins (HESS et al., 2011; SCHARF &
Essas interações são também PETERSON, 2021), síntese de vitaminas
observadas em outras entidades biológicas (MAI et al., 2010; BLOW et al., 2020),
multicelulares, como os Fungi. Alguns carboidratos (KOPP et al., 2015), lipídios e
fungos comestíveis como o Agaricus outros metabólitos (HUANG et al., 2020).
bisporus, o champignon comum, têm a Além disso, em certos animais a microbiota
morfologia de suas hifas alteradas na é tão importante que pode compor até
presença da bactéria Pseudomonas putida mesmo 35% da biomassa do hospedeiro,
(RAINEY, 1991). Já outros fungos como é o caso de algumas espécies de
ascomicetos como Candida albicans esponjas-do-mar (HENTSCHEL et al., 2012).
respondem à presença de Pseudomonas No entanto, conforme a linhagem
aeruginosa adotando uma forma unicelular dos metazoários foi se diversificando, as
de levedura ao invés da forma multicelular interações animais-microrganismos tam-
filamentosa, que é altamente vulnerável a bém se multiplicaram e passaram a
alguns metabólitos secundários produzidos influenciar os organismos hospedeiros em
por essa bactéria (MORALES et al., 2013). outros diversos níveis de organização
Portanto, estas observações mostram que a (ROSENBERG et al., 2010; MCFALL-NGAI et
associação com microrganismos tem a al., 2013; GILBERT et al., 2012). Assim,
capacidade de alterar a morfologia de deixaram de apenas servir de alimento e
outros organismos e podem ter contribuído passaram a assumir outras funções
para o surgimento de formas igualmente importantes. Hoje, há uma certa
multicelulares. compreensão de que o microbioma pode
atuar sobre o organismo hospedeiro de
Microrganismos associados e a duas maneiras distintas (Fig. 1) (DOUGLAS,
fisiologia animal 2018): 1) substituindo funções metabólicas

6 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

que foram perdidas durante a diversificação Interações entre o sistema imune e a


da linhagem dos animais, como por microbiota
exemplo a síntese de alguns aminoácidos,
enzimas e vitaminas; 2) modulando A nossa compreensão tradicional
ativamente redes de sinalização do do sistema imune foi pautada por muito
hospedeiro e por consequência tempo por uma dicotomia, com dois termos
influenciando na homeostase do animal. antagônicos: o self (aquilo que é próprio,

Figura 1 – As duas principais formas de interação entre microrganismos e animais. A primeira


diz respeito à função metabólica desempenhada pelos microrganismos
associados, enquanto a segunda refere-se às influências destes em diversas redes
de sinalização dos animais. Baseado em Douglas (2018).

relativo ao indivíduo) e o non-self (não- do entendimento dos mecanismos de


próprio, tudo que é externo ao indivíduo). doenças, medicamentos, vacinas e
Juntos, formariam um princípio funda- tratamentos (TSUTSUI, 2004; MEDZHITOV,
mental e organizador da vida no planeta 2013; SANABRIA et al., 2010).
(TSUTSUI, 2004). Foi essa visão, construída Entretanto, atualmente essa visão
a partir de diversas investigações ao longo tem apresentado certas limitações
dos últimos dois séculos, que tornou (PRADEU & CAROSELLA, 2006). Já existe
possível o desenvolvimento da nossa uma grande quantidade de evidências
compreensão sobre o sistema imune da suportando a ideia de que o sistema imune
nossa espécie e de outros organismos, além de um animal também é produto das

7 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

múltiplas interações desse organismo com adaptativa, mais especificamente a


seus microrganismos associados (AYRES & população de linfócitos presentes na parte
SCHNEIDER, 2012; MCDERMOTT & terminal do intestino delgado desses
HUFFNAGLE, 2013; PETERSEN & OSVATIC, animais.
2018). Das diversas descobertas recentes Esta investigação demonstrou que
tendo o microbioma e o sistema imune apesar de pertencerem à mesma linhagem,
como plano de fundo, dois tópicos se os camundongos destes dois biotérios
destacam, sendo eles a modulação da tinham níveis de linfócitos diferentes. Os
resposta mediada pela microbiota e a visão linfócitos Th17, uma subpopulação
de que os microrganismos podem atuar envolvida principalmente com atividades
como um segundo sistema imune dos pró-inflamatórias, estavam muito mais
animais. elevados em animais da Taconic Farm do
que nos do Jackson Laboratory. Foi
Modulação da resposta imune pela verificado que o principal motivo dessa
microbiota diferença se devia a presença de um tipo
específico de bactérias encontradas em
Nos últimos anos acumularam-se maiores proporções no sistema digestivo de
evidências que suportam a hipótese de que camundongos da Taconic Farm, que são as
os microrganismos associados têm a Bactérias Filamentosas Segmentadas (Fig.
capacidade de regular a função imunológica 2). A adesão dessas bactérias às células
do seu hospedeiro, promovendo ou epiteliais intestinais induz a produção de
diminuindo uma determinada resposta uma proteína, a soro amilóide A (SAA),
imunológica de acordo com o contexto importante no processo de diferenciação
(KOROPATNICK et al., 2004; OHNMACHT et celular dos linfócitos Th17 (FLANNIGAN &
al., 2011). Um estudo que ilustra esse DENNING, 2018).
princípio foi feito por Ivanov e Estas relações podem ser até mais
colaboradores (2009), que mensurou as complexas. Curiosamente, nestes estudos
diferenças nas respostas imunes de foi verificado também que estes efeitos são
camundongos da mesma linhagem balanceados pelo papel anti-inflamatório
(C57BL/6) oriundos de dois biotérios desempenhado por uma outra subpopula-
diferentes: Taconic Farm e Jackson ção de linfócitos T reguladores, os Treg
Laboratory. Neste estudo, foi medido o (IVANOV et al., 2009). Além disso, essa
número de células da imunidade subpopulação por sua vez está sob influên-

8 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

cia direta de outros tipos de bactérias do cadeia curta, muito importantes na comuni-
sistema digestivo, como Bacteroides fragilis cação entre hospedeiro e microbiota,
(MAZMANIAN et al., 2008; DOUGLAS, causando a diferenciação de células
2018). Estas secretam ácidos graxos de precursoras em linfócitos T reguladores.

Figura 2 – Camundongos podem possuir bactérias que modulam a resposta imune de formas específicas.
As bactérias filamentosas segmentadas atuam sobre as populações de Linfócitos Th17 (função
pró-inflamatória), enquanto Bacteroides sp. atuam sobre Linfócitos T reguladores (função anti-
inflamatória).

A maturação do sistema do sistema imunológico de outros grupos,


imunológico e os microrganismos como é o caso dos artrópodes.
associados Em insetos, foi verificado que a
mosca Tsé-Tsé (Glossina sp.), também
Além de atuar na modulação da conhecida como mosca-do-sono, depende
resposta imune, os microrganismos podem da simbiose com a bactéria Wigglesworthia
ser também indispensáveis na maturação glossinidia para a maturação adequada de
do sistema imunológico de seus seu sistema imune e a consequente
hospedeiros (BAUER et al., 2006; TIBBS et manutenção da homeostase imunológica
al., 2019). Isso tem começado a ser (WEISS et al., 2011). Isso foi demonstrado
estudado para mamíferos (XIMENEZ & ao injetar uma solução da bactéria
TORRES, 2017), contudo algumas evidências Escherichia coli em moscas tratadas
interessantes já surgiram em investigações previamente com antibióticos e que,

9 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

portanto, não possuíam a Wigglesworthia A microbiota como um segundo


glossinidia (Fig. 3). sistema imune dos animais

Os microrganismos associados
também podem ser considerados um
subconjunto de um sistema defensivo
global dos animais, já que podem
desempenhar papéis cruciais na defesa
contra patógenos (KONG & SEGRE, 2011;
FUJIMURA et al., 2014; FRAUNE et al., 2015;
GREENSPAN et al., 2019). Isso é visto
principalmente na produção de compostos
tóxicos para inimigos naturais do
hospedeiro, como é o caso de alguns

Figura 3 – Design experimental de Weiss e parasitas e microrganismos patogênicos.


colaboradores (2011). Três grupos de
moscas tsé-tsé (Glossina sp.) foram
Esse tipo de proteção mediada pela
submetidas a um desafio imunológico microbiota é bem descrito principalmente
onde foi injetada uma solução contendo
bactérias Escherichia coli. As moscas para organismos marinhos, geralmente
foram estudadas ao longo de duas
semanas de experimentação. sésseis como esponjas, corais, anêmonas,
moluscos e ascídias, dentre outros. Já em
Foi verificado que sem o simbionte ambiente terrestre, a produção de
várias funções imunológicas essenciais metabólitos protetores é bem
foram prejudicadas, como a capacidade de documentada em artrópodes, mas pode ser
cicatrização e os níveis de hemócitos, encontrada em diversos animais, incluindo
afetando as taxas de sobrevivência. Por vertebrados (OLIVER et al., 2014; revisão
outro lado, um resultado notável é que em FLÓREZ et al., 2015 e DOUGLAS, 2018).
insetos tratados com antibióticos, mas que Tanto a associação microrga-
recebiam um extrato de Wigglesworthia nismos-hospedeiros, quanto a produção
glossinidia apresentaram respostas mais desses metabólitos protetores podem se
próximas ao de moscas normais, dar de diversas formas. Porém, de modo
demonstrando a importância desse geral podemos agrupar essas associações
simbionte na correta maturação do sistema em dois tipos diferentes seguindo o
imunológico desses artrópodes. proposto por Douglas (2018): 1) a

10 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

associação do animal com parceiros bactérias simbiontes do gênero


microbianos específicos que têm a Spiroplasma sp. contra nematódeos parasi-
capacidade de biossíntese de um ou tas do gênero Howardula sp. Estes parasitas
múltiplos compostos; 2) a associação do invadem o sistema reprodutivo dos insetos
animal com uma comunidade de microrga- causando uma redução drástica na quanti-
nismos de composição complexa e com dade de ovos produzidos e, portanto, um
capacidades de biossíntese de compostos enorme impacto na quantidade de
igualmente variada. descendentes do organismo (Fig. 4A e 4B).
O primeiro tipo de proteção é bem Em comparação, quando essas moscas
ilustrado em um trabalho de Jaenike e estão associadas com as bactérias
colaboradores (2010), que teve como Spiroplasma sp. a sua fertilidade não é
objetivo o estudo da simbiose entre as afetada quando infectadas pelo nematódeo
moscas-de-frutas Drosophila neotestacea e (Fig. 4B).

Figura 4 – A – Na infecção causada por nematódeos do gênero Howardula sp. os parasitas causam uma
drástica diminuição da fertilidade das moscas Drosophila neotestacea. B – Comparação entre o
número de ovos produzidos pelas moscas parasitadas e não parasitadas desprovidas de
simbiontes (tratamento com antibióticos) e moscas contendo o simbionte Spiroplasma sp.
Baseado em Jaenike et al. (2010).

11 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Recentemente o mecanismo por denominada RIP (ribosome-inactivating


trás dessa proteção foi elucidado protein). Esta age como um composto
(HAMILTON et al., 2016). Quando ocorre protetor, com a função principal de
uma infecção causada pelo nematódeo inativação dos ribossomos do parasita,
parasita e Drosophila neotestacea está em impedindo assim a síntese de novas
associação com a Spiroplasma sp., as proteínas e resultando no aumento da
bactérias produzem uma proteína infecção (Fig. 5).

Figura 5 – Esquema geral dos mecanismos moleculares por trás da proteção mediada pelas bactérias
simbiontes Spiroplasma sp. frente a infecção dos nematódeos. A bactéria produz uma
proteína que causa a interrupção da síntese de proteínas nos parasitas, resultando na
diminuição da infecção.

Influências do microbioma no unicamente um reflexo das funções do


comportamento animal sistema nervoso, imunológico e endócrino
do próprio organismo. Contudo, hoje nós
O comportamento pode ser temos evidências que expandem essa visão,
caracterizado como “ações realizadas em englobando também os microrganismos
resposta a estímulos ambientais e/ou em associados como importantes moduladores
resposta ao estado interno do animal” do comportamento (EZENWA et al. 2012;
(DOUGLAS, 2018). Essa definição nos leva a DOUGLAS, 2015).
uma visão tradicional do comportamento, Não são raras as manipulações do
onde as ações do animal podem ser comportamento animal por outros

12 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

organismos. Isso é bem caracterizado preende o conjunto de ações que um


principalmente no caso dos patógenos, determinado organismo realiza em busca
como é o caso dos fungos parasitas do de nutrição. Tradicionalmente, ao longo de
gênero Cordyceps sp. que infectam diversas décadas, esse comportamento sempre foi
espécies de insetos alterando seu investigado sem uma referência direta às
comportamento (SHANG et al. 2015). No influências microbianas sobre essas ações.
caso de algumas formigas, por exemplo, o Contudo, várias linhas de evidências
inseto infectado adquire a tendência de se recentes demonstram um amplo consenso
afastar da colônia e se deslocar até lugares de que a microbiota intestinal desempenha
elevados que irão favorecer a dispersão dos um papel importante nessa modulação. De
esporos do parasita (HUGHES et al. 2011). forma geral, o microbioma pode atuar
Então, diante disso é possível levantar o consumindo ou produzindo nutrientes que
seguinte questionamento: se microrga- irão refletir no estado nutricional do animal
nismos parasitas têm a capacidade de e, por consequência, no comportamento
influenciar o comportamento do seu alimentar. Mas, além disso, pode também
hospedeiro, os microrganismos associados agir mais diretamente sobre o compor-
também teriam essa capacidade? tamento alimentar, através da modulação
Hoje, diversos estudos apontam direta ou indireta de redes de sinalização do
que o microbioma de um animal tem a hospedeiro, tais como nos mecanismos de
capacidade de modular múltiplos traços saciedade (DOUGLAS, 2018 – Fig. 6).
comportamentais, principalmente quando Essas influências da microbiota
se trata dos microrganismos associados ao foram demonstradas em uma série de
sistema digestivo. Mais especificamente há experimentos que mensuraram o impacto
três áreas que estão em constante da microbiota intestinal no consumo
expansão: a manipulação do comporta- alimentar de camundongos (VIJAY-KUMAR
mento alimentar, o Eixo Microbioma- et al., 2010). Nestes estudos foram
Intestino-Cérebro e a Comunicação Animal comparados um grupo de camundongos
com ênfase na hipótese da Fermentação. “selvagens” (Wild-Type) com outros que
possuíam o gene que codifica para o Toll-
A manipulação do comportamento like receptor 5 desativado (Toll-like receptor
alimentar pela microbiota Knockout, ou KO). Esse gene nocauteado
codifica um importante receptor envolvido
O comportamento alimentar com- em diversas respostas imunes, principal-

13 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Figura 6 – As duas rotas principais pelas quais os microrganismos residentes podem influenciar o
comportamento alimentar de um animal. A Rota 1 compreende alterações no estado
nutricional, enquanto a Rota 2 refere-se aos impactos diretos nas redes de sinalização animal
e a consequente manipulação do comportamento. Baseado em Douglas (2018).

mente naquelas envolvendo o reconheci- receptor implica que os camundongos KO


mento da flagelina, uma proteína presente possuíam uma microbiota intestinal com-
no flagelo de vários grupos de bactérias pletamente distinta da microbiota intestinal
(MIAO et al., 2007). Logo, a ausência desse saudável presente nos Wild-Type (Fig. 7).

Figura 7 – Design experimental de Vijay-Kumar et al. (2010). Foi comparado o consumo alimentar
entre dois tipos distintos de camundongos: selvagens (microbiota normal) e nocautes
para o gene Toll-Like Receptor 5 (microbiota alterada).

14 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

No primeiro experimento deste apresentaram um consumo alimentar


estudo foi simplesmente comparada a próximo daquilo considerado normal, os
quantidade de alimento ingerido entre os camundongos KO apresentaram um
dois grupos (Fig. 8A). Foi possível observar consumo alimentar aumentado aberrante,
que enquanto os camundongos Wild-Type caracterizado como hiperfagia (Fig. 8B).

Figura 8 – A – Camundongos Wild-Type apresentaram um comportamento alimentar normal enquanto os


camundongos KO tiverem um comportamento hiperfágico. B – Comparação do consumo
alimentar diário pelo peso dos animais (g camundongo⁻¹ dia⁻¹), mostrando que camundongos
KO ingeriram uma quantidade de alimento significativamente superior aos Wild-Type. Baseado
em Vijay-Kumar et al. (2010).

No segundo experimento, o intuito O terceiro e último experimento


foi demonstrar que a microbiota alterada serviu como uma contraprova. Neste
dos camundongos KO era a principal procedimento, com o objetivo de
causadora do comportamento aberrante estabelecer uma relação de causalidade
observado (Fig. 9A). Para isso, os dois entre a microbiota intestinal alterada dos
grupos de camundongos foram tratados camundongos KO e o comportamento
com antibióticos ao longo de seis semanas hiperfágico observado nos mesmos, foi feita
para a eliminação da microbiota intestinal. uma transferência dessa microbiota para
Passado o período, foi visto que o camundongos Wild-Type desprovidos de
comportamento hiperfágico antes microbiota. Como esperado, foi visto que os
observado nos camundongos KO foi camundongos que receberam essa
completamente abolido e os dois grupos comunidade de microrganismos disbiótica
passaram a apresentar um comportamento apresentaram o mesmo comportamento
alimentar bastante semelhante (Fig. 9B). aberrante hiperfágico já descrito para os

15 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Figura 9 – A - Após tratamento com antibióticos os camundongos selvagens e os camundongos nocaute


apresentaram o mesmo tipo de comportamento, caracterizado como normal. B - Comparação
do consumo alimentar diário pelo peso dos animais (g camundongo⁻¹ dia⁻¹), onde é possível
notar que os dois grupos de animais ingeriram quantidades semelhantes de alimento.
Baseado em Vijay-Kumar et al. (2010).

camundongos KO, indicando que a al., 2018; MORAIS et al., 2020).


microbiota intestinal pode desempenhar O Eixo Intestino-Cérebro já era bem
um papel importante na modulação da conhecido da ciência, tendo sido estudado
quantidade de alimento ingerida (Fig. 10). extensivamente ao longo dos últimos 60
anos (DOUGLAS, 2018), sendo importan-
As relações entre o Eixo Microbioma- tíssimo para a integração de toda a fisiologia
Intestino-Cérebro e a Saúde Mental animal, já que regula uma das necessidades
básicas da vida, a obtenção de nutrientes.
Dentro desse contexto de Contudo, houve uma expansão recente do
manipulação do comportamento animal, conhecimento ao se adicionar a dimensão
um outro tópico que vem ganhando muita microbiana nesse eixo. Através dessa nova
atenção diz respeito aos avanços feitos na visão do funcionamento do organismo foi
compreensão do Eixo Microbioma- possível constatar influências da microbiota
Intestino-Cérebro. Dentro desse arcabouço no estado emocional, na saúde mental e
teórico é possível explicar parte das diversas desordens psiquiátricas (RHEE et al., 2009;
influências dos microrganismos associados OSADCHIY et al., 2019; LEE et al., 2020) e no
em vários comportamentos complexos de aprendizado e memória (NOVOTNÝ et al.,
mamíferos (ALLEN et al., 2016; MARTIN et 2019; LEGER & MCFREDERICK; 2020),

16
NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO
REDE – 2021; 5:1-33.

Figura 10 – Transferência de microbiota intestinal entre grupos de camundongos. Foi


observado nesse experimento que a microbiota alterada dos camundongos KO
era responsável pelo comportamento hiperfágico desses animais, uma vez que
ela promoveu o mesmo tipo de comportamento aberrante em camundongos
Wild-Type desprovidos de microbiota. Baseado em Vijay-Kumar et al. (2010).

dentre outros aspectos. sobre a mucosa intestinal ou irão chegar ao


A compreensão mais básica do cérebro através da circulação, atravessando
funcionamento do Eixo Microbioma- a barreira hematoencefálica. Desta forma,
Intestino-Cérebro é representada na Fig. 11. podem agir sobre comportamentos
Nela é possível observar que o cérebro pode complexos relacionados com a memória,
atuar sobre o intestino através de duas vias aprendizado, tomada de decisões e humor,
principais bastante conhecidas: o Eixo além das interações sociais (MONTIEL-
Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA) e o CASTRO et al., 2013).
Nervo Vago, que funciona como uma via Estudos que buscam compreender
bidirecional. Logo, o cérebro atua os detalhes desse Eixo e suas influências no
diretamente sobre as funções intestinais, comportamento humano enfrentam
que por sua vez se refletem na microbiota algumas dificuldades, uma vez que a
intestinal do organismo. Os microrganismos experimentação deve ser limitada por
associados respondem às mudanças através questões éticas. Assim, parte deles se utiliza
de metabólitos que irão atuar diretamente de métodos não-invasivos como tomogra-

17
NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO
REDE – 2021; 5:1-33.

Figura 11 – O Eixo Microbioma-Intestino-Cérebro. O cérebro atua sobre as funções


intestinais que por sua vez influenciam a microbiota intestinal. Através da
produção de metabólitos, esta então atua sobre o intestino e o cérebro,
influenciando diversos comportamentos complexos.

fias computadorizadas, aplicações de questionários que avaliavam a percepção


entrevistas, questionários e exames de da capacidade de lidar com situações de
urina. Outros medem o impacto de estresse e exames dos níveis de cortisol
manipulações diretas da microbiota presente na urina dos voluntários, foi visto
humana, como por exemplo a que os probióticos melhoram todas as
administração de prebióticos, substratos variáveis medidas. Houve inclusive uma
específicos que favorecem certos grupos diminuição dos níveis de cortisol livre, um
microbianos, e probióticos, cepas de hormônio relacionado com as vias de
microrganismos vivos específicos que irão resposta ao estresse.
povoar o sistema digestivo. Uma Entretanto, muitas dessas
investigação que ilustra bem essa investigações ainda estão em fases iniciais,
abordagem consistiu em um estudo duplo assim como nossa compreensão de como os
cego de curta duração com 55 voluntários microrganismos podem influenciar direta-
(MESSAOUDI et al., 2011). Nesse mente e indiretamente comportamentos
experimento, foram administrados complexos em humanos. Ainda são
probióticos conhecidos previamente, necessários muitos estudos antes de ser
compostos por Lactobacillus helveticus e possível determinar que uma composição
Bifidobacterium longum. Através de microbiana particular seja melhor que outra

18 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

no sentido de uso como tratamento clínico microbiota do animal, e, portanto, seu odor
para distúrbios como ansiedade, depressão, também será único. Além disso, organismos
autismo e outros transtornos (RHEE et al., que pertencem à ordem Carnivora tem a
2009, MESSAOUDI et al., 2011). peculiaridade de possuir dobras de
tegumento chamadas glândulas anais
Comunicação Animal e a (GORMAN & TROWBRIDGE, 1989), onde
Microbiota: A Hipótese da
acumula-se uma grande diversidade de
Fermentação
microrganismos, desde arqueas e bactérias
Outra dimensão das influências dos à eucariontes como fungos e protistas. Os
microrganismos no comportamento animal primeiros estudos sobre a hipótese da
advém de estudos na área das interações fermentação datam da década de 1970,
sociais, mais especificamente na quando Martin L. Gorman (1976) publicou
comunicação entre indivíduos da mesma as primeiras investigações sobre as
espécie (ARCHIE & THEIS, 2011; EZENWA & interações sociais do mangusto-indiano
WILLIAMS, 2014; NOONAN et al., 2019). (Herpestes auropunctatus). O pesquisador
Nesse contexto, surge uma nova constatou que secreções e odores oriundos
interpretação de uma hipótese já bem das glândulas anais desses animais eram
conhecida, a Hipótese da Fermentação. importantes para identificação individual,
Dentro dessa hipótese, é defendido que os interações sociais e delimitação de
odores utilizados na comunicação animal, território (GORMAN, 1976).
principalmente de mamíferos que Contudo, recentemente houve uma
dependem fortemente do olfato, são expansão dessa hipótese no sentido de que
metabólitos gerados a partir dos processos este perfil fermentativo único também
fermentativos da microbiota (EZENWA & fosse explorado a fim de obter informações
WILLIAMS, 2014; LECLAIRE et al., 2017; sobre as condições fisiológicas do próprio
ZHOU et al., 2021). animal hospedeiro. Estes perfis olfativos
Essas substâncias em sua grande trariam então o status reprodutivo, a saúde
maioria são ácidos carboxílicos voláteis geral, o sexo e idade/estágio de
originados a partir da fermentação de desenvolvimento dos indivíduos, além do
substratos de origem animal, como lipídios, reconhecimento de prole (THEIS et al.,
proteínas e carboidratos. Como a 2012; 2013; DOUGLAS et al., 2018). Esta
composição microbiana de cada indivíduo é hipótese foi parcialmente demonstrada em
única, o perfil fermentativo gerado pela uma série de estudos feitos com duas

19 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

espécies de hienas, a Hyaena hyaena e a pode funcionar como um indicador


Crocuta crocuta (Fig. 12) (THEIS et al., 2012, confiável do estado de reprodução das
2013), e com o texugo-europeu, Meles fêmeas, do sexo, da idade e da identidade
meles (NOONAN et al., 2019). Nesses individual e de grupo, demonstrando a
trabalhos foi observado que o perfil importância das comunidades microbianas
fermentativo individual de cada animal associadas na comunicação desses animais.

Figura 12 – Algumas interações sociais são mediadas pelo perfil fermentativo único gerado
pela microbiota associada às glândulas anais de hienas. Os ácidos carboxílicos
voláteis servem como indicadores de diversas características do hospedeiro e
são percebidos por outros membros da espécie.

A microbiologia de Metazoa no contexto do fragmentação e perda de habitats e a


Antropoceno extinção de diversas espécies selvagens
(PIEVANI, 2014). Diversos estudos que se
O impacto gerado pelas atividades debruçam sobre essas questões têm
humanas no planeta Terra foi formalizado apontado a necessidade de reconhecer o
como uma nova era geológica denominada papel do microbioma como um
Antropoceno (CRUTZEN, 2002). Nela, a componente essencial para uma explicação
biodiversidade passou a enfrentar mais completa e/ou preditiva sobre as
obstáculos de proporções antes respostas desses organismos ao ambiente
desconhecidas, como a massiva e rápida em mudança (GILLINGS & PAULSEN, 2014;

20 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

TREVELLINE et al., 2018; ZHU & PENUELAS, parte da microbiota necessária para a
2020). De maneira mais abrangente, os metabolização de xenobióticos (viz.
estudos apontam que influência dos qualquer substância estranha ao
microrganismos associados pode acontecer organismo, como uma toxina, por exemplo)
no processo de fragmentação e perda de comuns na sua dieta folívora. Logo, essa
habitats; e na relação entre extinções e o perda de metabolização afeta diretamente
cativeiro. a aptidão biológica desses primatas e
consequentemente se traduz na redução da
O microbioma e a degradação de população de animais já criticamente
habitats ameaçados de extinção (Fig. 13) (IUCN,
2021).
A degradação ou perturbação de A degradação de habitats afeta não
seus habitats naturais é um problema que apenas mamíferos e seu microbioma
afeta diretamente a aptidão biológica dos intestinal, mas também diretamente estas
organismos. Existem diversos estudos que relações em outros grupos, como no caso
mostram que ambientes considerados do microbioma cutâneo de anfíbios. Para os
subótimos têm a capacidade de alterar o anfíbios, esta microbiota é vital para a
microbioma dos habitantes (BAHRNDORFF manutenção da homeostase do organismo,
et al., 2016; WEST et al., 2018), como já foi principalmente no que diz respeito à
documentado em primatas (AMATO et al., imunidade e proteção contra patógenos e
2013), anfíbios (PREUSS et al., 2020), predadores (revisão em JIMÉNEZ &
roedores (LAVRINIENKO et al., 2018) e aves SOMMER, 2017). Esses organismos
(WU et al., 2018). dependem da estruturação do habitat e dos
Um exemplo disso é o macaco reservatórios microbianos do ambiente
colobo-vermelho, endêmico das florestas para a reposição daqueles normalmente
do arquipélago de Zanzibar, na Tanzânia. Os associados à pele (LOUDON et al., 2014;
impactos da degradação do habitat desses JIMÉNEZ & SOMMER, 2017). Em um
primatas são tão extremos que já começam extensivo trabalho feito com uma espécie
a se refletir no futuro da espécie. Um brasileira, foi demonstrado que sapos-folha
trabalho comparando o microbioma das (Proceratophrys boiei) habitantes de
populações desses macacos (BARELLI et al., florestas fragmentadas e contínuas
2015) constatou que aqueles de ambientes apresentavam diferentes indicadores de
perturbados por ação humana perderam diversidade da microbiota cutânea (ASSIS et

21 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Figura 13 – Os macacos colobos-vermelhos de florestas perturbadas na Tanzânia possuem uma


microbiota com capacidade de metabolização de toxinas diminuída. Isso é um dos fatores
que ameaçam a sobrevivência dessa espécie na natureza.

al., 2020). Populações que habitavam áreas diversidade microbiana maior do que as
degradadas, e, portanto, mais suscetíveis a populações de florestas contínuas (Fig. 14).
poluição, estressores e mudanças nos Os resultados apontam que essas
regimes hídricos e térmicos, tinham uma diferenças se devem principalmente às

Figura 14 – A microbiota de populações de sapo-folha (Proceratophrys boiei) divergem


dependendo do ambiente. Foi observada uma diversidade microbiana menor
em anfíbios de áreas contínuas em relação àqueles de áreas fragmentadas.
Contudo, essa maior diversidade não implica na boa saúde geral do animal.

22 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

características do hospedeiro (ASSIS et al., manutenção das espécies fragilizadas,


2020). Desta forma, é necessária uma algumas das quais, como o sapo-de-
interpretação desses resultados a partir da Wyoming, o órix-de-cimitarra, a pomba-de-
visão funcional da comunidade microbiana socorro ou o rinoceronte-branco do Norte,
associada, já que uma maior diversidade só existem atualmente em cativeiro.
pode ser um reflexo de um estado de Contudo, apesar desses esforços
disbiose, o que já foi visto também para observa-se que a disbiose desses animais
outras espécies, como para o sapo-de- cativos apresenta um perigo real para essas
montanha Lithobates vibicarius (JIMÉNEZ et iniciativas de conservação. Muitas doenças
al., 2020). Portanto, uma microbiota mais estão relacionadas com o desequilíbrio das
diversa não necessariamente implica na boa microbiotas cutâneas ou intestinais e
saúde geral do animal, visto que sua diversos estudos apontam mudanças
composição é mantida pela fina regulação significativas no microbioma entre
mediada pelo sistema imune do populações de animais cativos e selvagens
hospedeiro, que se encontra prejudicado (MCKENZIE et al., 2017; TREVELLINE et al.,
em organismos impactados. 2018; WEST et al., 2018; BATES et al., 2019;
GIBSON et al., 2019). Os principais motivos
A relação entre extinções, cativeiro desse desequilíbrio da comunidade
e a microbiota dos animais microbiana associada decorrem principal-
mente das dietas simplificadas desses
Atualmente mais de 15 mil espécies animais, que muitas vezes não condizem
de animais estão ameaçadas de extinção, com a variedade e quantidade de alimentos
seja por ação humana direta como a caça e que são encontrados no ambiente natural
extermínio ou indireta como a destruição e (BORBÓN-GARCÍA et al., 2017). Os próprios
poluição de habitats (IUCN, 2021). Com isso, recintos onde os animais são mantidos
surgiram diversas iniciativas voltadas para a podem contribuir para esse desequilíbrio, já
conservação dessas espécies, como que muitos são mal estruturados e alguns
zoológicos, unidades de conservação, animais têm a necessidade de obter certos
santuários ecológicos, centros de grupos de microrganismos a partir de
reabilitação de vida silvestre, dentre outras. reservatórios microbianos do habitat
Na grande maioria dessas estratégias, o (JIMÉNEZ & SOMMER, 2017). Além disso,
cativeiro definitivo ou temporário constitui toda uma outra dimensão é adicionada ao
uma ferramenta essencial para a consideramos os tratamentos veterinários,

23 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

principalmente a utilização exacerbada de microbiome engineering ou estruturação do


antibióticos para o tratamento de doenças, microbioma (Fig. 15). Através da provisão
prática que se traduz em um microbioma de substratos naturais, alterações de dietas
disbiótico e reflete na saúde geral dos ou suplementação com prebióticos e/ou
organismos (WEST et al., 2018). probióticos é possível reverter muitos
Apesar desta associação da ciência estados disbióticos nestes animais (WEST et
do microbioma com a fisiologia da al., 2018). Em casos mais extremos, mesmo
conservação ser uma aplicação o transplante direto da microbiota de
relativamente nova, os tomadores de animais selvagens para animais cativos
decisão, sejam eles biólogos, zootecnistas, pode ser uma alternativa igualmente válida.
médicos veterinários, gestores ou outros, Esses esforços se traduzem em uma maior
possuem algumas opções. Em face a resistência à patógenos e na melhora da
animais cativos e disbióticos, por saúde geral do organismo hospedeiro,
decorrência de doenças, mudanças de implicando em um aumento na aptidão
habitat ou dietas alteradas, é possível a biológica e nas taxas de sobrevivência dos
aplicação de ações simples que podem ser animais, mesmo caso estes sejam
encapsuladas em um conceito chamado reintroduzidos na natureza.

Figura 15 – Esquema geral das ações a serem tomadas frente a um animal com microbioma disbiótico.
A estruturação do microbioma se tornou uma opção cada vez mais tangível para mitigar os
efeitos colaterais do cativeiro sobre os animais. Baseado em West et al. (2018).

24 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Conclusões nismos, cada vez mais outras áreas do


conhecimento biológico estão se
Com as lições aprendidas a partir aproximando da ciência do microbioma.
desses diversos estudos torna-se Recentemente, tópicos como as mudanças
inquestionável a importância das climáticas e as suas relações com o
associações entre microrganismos e microbioma têm sido foco de intensas
animais, principalmente no que diz respeito discussões na literatura. A cronobiologia,
ao funcionamento desses hospedeiros. neurobiologia e biologia evolutiva também
Desde as primeiras descrições sobre os são áreas que podem se beneficiar desta
líquens na segunda metade do século XIX multidisciplinaridade e interação. Além
até os dias de hoje, múltiplas simbioses disso, outros tópicos que vêm ganhando
foram descobertas e estudadas, ocupando destaque são as investigações que focam no
um espaço de importância dentro das viroma e microeucarioma - vírus e diversos
diversas áreas de conhecimento como a eucariotas associados aos metazoários.
ecologia, zoologia, microbiologia, Logo, talvez seja necessária uma
imunologia e fisiologia animal. readequação dos livros didáticos e das
Em tempos recentes, a integração grades curriculares dos cursos de ciências
de diferentes disciplinas trazida pela ciência da vida. É imperativo estabelecer e
do microbioma permitiu um destaque ainda apresentar uma síntese dos conhecimentos
maior dessas interações entre micror- construídos nas últimas três décadas sobre
ganismos e animais. Para além do sistema as influências microbianas em outros
digestivo e da nutrição, as bactérias, aspectos da fisiologia animal além do
arqueas, fungos, protistas e vírus sistema digestivo e nutrição para as novas
influenciam diversos aspectos da biologia gerações de pesquisadores e profissionais.
animal, desde a modulação e maturação do De forma geral, as associações
sistema imunológico até mesmo ao entre microrganismos e animais deixaram
comportamento e na comunicação. Além de ser uma exceção, como visto por Frank e
disso, é clara a importância da microbiologia DeBary na década de 1870, e passaram a ser
dos metazoários considerando os desafios uma regra. Todos os organismos, em algum
cada vez mais custosos para a estágio da sua vida natural, estão
biodiversidade do planeta no Antropoceno. associados com múltiplas linhagens de
Considerando a pervasividade das microrganismos. Deste modo, torna-se mais
associações entre animais e microrga- crível aceitar que os metazoários nunca

25 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

foram, em nenhum momento de sua microbiota of Proceratophrys boiei


(Amphibia, Anura) across forest
história evolutiva, indivíduos.
fragments. Ecology and Evolution, v.
10, n. 2, p. 901-913, 2020.
Agradecimentos AYRES, J. S.; SCHNEIDER, D. S. Tolerance of
infections. Annual Review of
Os autores agradecem à Fundação Immunology, v. 30, p. 271–294, 2012.
de Amparo à Pesquisa do Estado de São BABONIS, L. S.; MARTINDALE, M. Q.
Phylogenetic evidence for the modular
Paulo (FAPESP) pelo financiamento através evolution of metazoan signalling
da bolsa 19/04707-8. Este artigo é uma pathways. Philosophical Transactions
of the Royal Society B: Biological
contribuição do Núcleo de Pesquisa em Sciences, v. 372, n. 1713, p. 1-19, 2016.
Biodiversidade Marinha da Universidade de BAEDKE, J.; FÁBREGAS-TEJEDA, A.; NIEVES
São Paulo (NP-BioMar) - São Sebastião, SP, DELGADO, A. The holobiont concept
before Margulis. Journal of
Brasil. Experimental Zoology Part B:
Molecular and Developmental
Evolution, v. 334, n. 3, p. 149–155,
Referências Bibliográficas 2020.
BAHRNDORFF, S.; ALEMU, T.; ALEMNEH, T.;
LUND NIELSEN, J. The microbiome of
ALEGADO, R. A.; BROWN, L. W.; CAO, S.;
animals: Implications for conservation
DERMENJIAN, R. K.; ZUZOW, R.;
biology the microbiome of animals.
FAIRCLOUGH, S. R.; CLARDY. J.; KING,
International Journal of Genomics, v.
N. A bacterial sulfonolipid triggers
2016, n. January, p. 1–7, 2016.
multicellular development in the
closest living relatives of animals. Elife, BARELLI, C.; ALBANESE, D.; DONATI, C.;
v. 1, p. 1-18, 2012. PINDO, M.; DALLAGO, C.; ROVERO, F.;
CAVALIERI, D.; TUOHY, K. M.; HAUFFE,
AMATO, K. R.; YEOMAN, C. J.; KENT, A.;
H. C.; FILIPPO, C. Habitat fragmentation
RIGHINI, N.; CARBONERO, F.; ESTRADA,
is associated to gut microbiota
A.; GASKINS, H. R.; STUMPF, R. M.;
diversity of an endangered primate:
YILDIRIM, S.; TORRALBA, M.; GILLIS M.;
implications for conservation.
WILSON, B. A.; NELSON, K. E.; WHITE,
Scientific reports, v. 5, n. 1, p. 1-12,
B. A.; LEIGH, S. R. Habitat degradation
2015.
impacts black howler monkey
(Alouatta pigra) gastrointestinal BATES, K. A.; SHELTON, J. M.; MERCIER, V.
microbiomes. The ISME Journal, v. 7, n. L.; HOPKINS, K. P.; HARRISON, X. A.;
7, p. 1344–1353, 2013. PETROVAN, S. O.; FISHER, M. C.
Captivity and infection by the fungal
ARCHIE, E. A.; THEIS, K. R. Animal behaviour
pathogen Batrachochytrium
meets microbial ecology. Animal
salamandrivorans perturb the
Behaviour, v. 82, n. 3, p. 425–436,
amphibian skin microbiome. Frontiers
2011.
in Microbiology, v. 10, n. August, p. 1–
ASSIS, A. B.; R. BEVIER; C., CHAVES 13, 2019.
BARRETO, C.; ARTURO NAVAS, C.
BAUER, E.; WILLIAMS, B. A.; SMIDT, H.;
Environmental influences on and
VERSTEGEN, M. W.; MOSENTHIN, R.
antimicrobial activity of the skin
Influence of the gastrointestinal

26 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

microbiota on development of the DINAN, T. G.; CLARKE, G.; CRYAN, J. F. A


immune system in young animals. psychology of the human brain–gut–
Current Issues in Intestinal microbiome axis. Social and
Microbiology, v. 7, n. 2, p. 35–52, 2006. Personality Psychology Compass, v.
BERG, G.; RYBAKOVA, D.; FISCHER, D.; 11, n. 4, p. 1-22, 2017.
CERNAVA, T; VERGÈS, M. C.; CHARLES, DOHRMANN, M.; WÖRHEIDE, G. Dating
T.; CHEN, X.; COCOLIN, L.; EVERSOLE, early animal evolution using
K.; CORRAL, G. H.; …; SCHLOTER, M. phylogenomic data. Scientific Reports,
Microbiome definition re-visited: old v. 7, n. 3599, p. 1-6, 15 dez. 2017.
concepts and new challenges. DOUGLAS, A. E. Symbiosis as a general
Microbiome, v. 8, n. 1, p. 1–22, 2020. principle in eukaryotic evolution. Cold
BLOW, F.; BUENO, E.; CLARK, N.; ZHU, D. T.; Spring Harbor Perspectives in Biology,
CHUNG, S. H.; GÜLLERT, S.; SCHMITZ, R. v. 6, n. 2, p. 1–14, 2014.
A.; DOUGLAS, A. E. B-vitamin nutrition DOUGLAS, A. E. Symbiotic interactions.
in the pea aphid-Buchnera symbiosis. Oxford; New York: Oxford University
Journal of Insect Physiology, v. 126, n. Press, 1994.
5, p. 1-11, 2020.
DOUGLAS, A. E.; WERREN, J. H. Holes in the
BORBÓN-GARCÍA, A.; REYES, A., VIVES- Hologenome: Why Host-Microbe
FLÓREZ, M.; CABALLERO, S. Captivity Symbioses Are Not Holobionts. mBio,
shapes the gut microbiota of Andean v. 7, n. 2, p. 1–7, 2016.
bears: Insights into health surveillance.
Frontiers in Microbiology, v. 8, n. JUL, DOUGLAS, A. E. Fundamentals of
p. 1–12, 2017. microbiome science: how microbes
shape animal biology. Princeton
BORDENSTEIN, S. R.; THEIS, K. R. Host University Press, 2018.
biology in light of the microbiome: Ten
principles of holobionts and DOUGLAS, A. E. Multiorganismal Insects:
hologenomes. PLoS Biology, v. 13, n. 8, Diversity and Function of Resident
p. 1–23, 2015. Microorganisms. Annual Review of
Entomology, v. 60, n. 1, p. 17–34, 2015.
BURKHARDT, P. The origin and evolution of
synaptic proteins - Choanoflagellates ENGL, T.; EBERL, N.; GORSE, C.; KRÜGER, T.;
lead the way. Journal of Experimental SCHMIDT, T. H. P.; PLARRE, R.; ADLER,
Biology, v. 218, n. 4, p. 506–514, 2015. C.; KALTENPOTH, M. Ancient symbiosis
confers desiccation resistance to
CHASTON, J.; DOUGLAS, A. E. Making the stored grain pest beetles. Molecular
most of “omics” for symbiosis Ecology, v. 27, n. 8, p. 2095–2108,
research. Biological Bulletin, v. 223, n. 2018.
1, p. 21–29, 2012.
ERWIN, D. H. Early metazoan life:
CRUTZEN, P. J. Geology of mankind. In: Paul Divergence, environment and ecology.
J. Crutzen: A Pioneer on Atmospheric Philosophical Transactions of the
Chemistry and Climate Change in the Royal Society B: Biological Sciences, v.
Anthropocene. Springer, Cham, 2016. 370, n. 1684, 2015.
p. 211-215.
EZENWA, V. O.; GERARDO, N. M.; INOUYE,
DAYEL, M. J.; KING, N. Prey capture and D. W.; MEDINA, M.; XAVIER, J. B.
phagocytosis in the choanoflagellate Animal behavior and the microbiome.
Salpingoeca rosetta. PLoS ONE, v. 9, n. Science, v. 338, n. 6104, p. 198–19
5, p. 1–6, 2014.
EZENWA, V. O.; WILLIAMS, A. E. Microbes
and animal olfactory communication:

27 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Where do we go from here? BioEssays, rhino health. Scientific Reports, v. 9, n.


v. 36, n. 9, p. 847–854, 2014. 1, p. 1–11, 2019.
FLANNIGAN, K. L.; DENNING, T. L. GILBERT, S. F.; SAPP, J.; TAUBER, A. I. A
Segmented filamentous bacteria- Symbiotic View of Life: We Have Never
induced immune responses: a Been Individuals. The Quarterly
balancing act between host protection Review of Biology, v. 87, n. 4, p. 325–
and autoimmunity. Immunology, v. 341, 2012.
154, n. 4, p. 537–546, 2018. GILLINGS, M. R.; PAULSEN, I. T.
FLÓREZ, L. V.; BIEDERMANN, P. H.W.; ENGL, Microbiology of the anthropocene.
T.; KALTENPOTH, M. Defensive Anthropocene, v. 5, p. 1–8, 2014.
symbioses of animals with prokaryotic GORMAN, M. L. A mechanism for individual
and eukaryotic microorganisms. recognition by odour in Herpestes
Natural Product Reports, v. 32, n. 7, p. auropunctatus (Carnivora: Viverridae).
904–936, 2015. Animal Behaviour, v. 24, n. 1, p. 141–
FRAUNE, S.; ANTON-ERXLEBEN, F.; 145, 1976.
AUGUSTIN, R.; FRANZENBURG, S.; GORMAN, M. L.; TROWBRIDGE, B. J. The
KNOP, M.; SCHRÖDER, K.; WILLOWEIT- Role of Odor in the Social Lives of
OHL, D.; BOSCH, T.C.G. Bacteria- Carnivores. Em: Carnivore Behavior,
bacteria interactions within the Ecology, and Evolution. Boston, MA:
microbiota of the ancestral metazoan Springer US, p. 57–88, 1989.
Hydra contribute to fungal resistance.
The ISME Journal, v. 9, n. 7, p. 1543– GREENSPAN, S. E.; LYRA, M. L.; MIGLIORINI,
1556, 2015. G. H.; KERSCH-BECKER, M. F.; BLETZ, M.
C.; LISBOA, C. S.; PONTES, M. R.;
FUJIMURA, K. E.; DEMOOR, T.; RAUCH, M.; RIBEIRO, L. P.; NEELY, W. J.; REZENDE,
FARUQI, A. A.; JANG, S.; JOHNSON, C. F.; ROMERO, G. Q.; WOODHAMS, D. C.;
C.; BOUSHEY, H. A.; ZORATTI, E.; HADDAD, C.F.B.; TOLEDO, L. F.;
OWNBY, D.; LUKACS, N. W.; LYNCH, S. BECKER, C.G. Arthropod-bacteria
V. House dust exposure mediates gut interactions influence assembly of
microbiome Lactobacillus enrichment aquatic host microbiome and pathogen
and airway immune defense against defense. Proceedings of the Royal
allergens and virus infection. Society B: Biological Sciences, v. 286,
Proceedings of the National Academy n. 1905, p. 1-10, 2019.
of Sciences of the United States of
America, v. 111, n. 2, p. 805–810, 2014. GRUBER-VODICKA, H. R.; DIRKS, U.; LEISCH,
N.; BARANYI, C.; STOECKER, K.;
GEST, H. The discovery of microorganisms BULGHERESI, S.; HEINDL, N. R.; HORN,
by Robert Hooke and Antoni van M.; LOTT, C.; LOY, A.; WAGNER, M.;
Leeuwenhoek, fellows of the Royal OTT, J. Paracatenula, an ancient
Society. Notes and Records of the symbiosis between thiotrophic
Royal Society, v. 58, n. 2, p. 187–201, Alphaproteobacteria and catenulid
2004. flatworms. Proceedings of the
GIBSON, K. M.; NGUYEN, B. N.; NEUMANN, National Academy of Sciences of the
L. M.; MILLER, M.; BUSS, P.; DANIELS, United States of America, v. 108, n. 29,
S.; AHN, M. J.; CRANDALL, K. A.; p. 12078–12083, 2011.
PUKAZHENTHI, B. Gut microbiome HAMILTON, P. T.; PENG, F.; BOULANGER, M.
differences between wild and captive J.; PERLMAN, S. J. A ribosome-
black rhinoceros – implications for inactivating protein in a Drosophila
defensive symbiont. Proceedings of

28 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

the National Academy of Sciences, v. Drosophila neotestacea: an emerging


113, n. 2, p. 350-355, 2016. symbiotic mutualism? Molecular
HENTSCHEL, U.; PIEL, J.; DEGNAN, S. M.; Ecology, v. 19, n. 2, p. 414-425, 2010.
TAYLOR, M. W. Genomic insights into JIMÉNEZ, R. R.; SOMMER, S. The amphibian
the marine sponge microbiome. microbiome: natural range of variation,
Nature Reviews Microbiology, v. 10, n. pathogenic dysbiosis, and role in
9, p. 641–654, 2012. conservation. Biodiversity and
HESS, M.; SCZYRBA, A.; EGAN, R.; KIM, T.- Conservation, v. 26, n. 4, p. 763–786,
W.; CHOKHAWALA, H.; SCHROTH, G.; 2017.
LUO, S.; CLARK, D. S.; CHEN, F.; ZHANG, JIMÉNEZ, R. R.; ALVARADO, G.; SANDOVAL,
T.; MACKIE, R. I.; PENNACCHIO, L. A.; J.; SOMMER, S. Habitat disturbance
TRINGE, S. G.; VISEL, A.; WOYKE, T.; influences the skin microbiome of a
WANG, Z.; RUBIN, E. M. Metagenomic rediscovered neotropical-montane
Discovery of Biomass-Degrading Genes frog. BMC Microbiology, v. 20, n. 1, p.
and Genomes from Cow Rumen. 1–14, 2020.
Science, v. 331, n. 6016, p. 463–467, KONG, H. H.; SEGRE, J. A. Skin microbiome:
2011. Looking back to move forward. Journal
HOOKS, K. B.; O’MALLEY, M. A. Dysbiosis of Investigative Dermatology, v. 132,
and its discontents. mBio, v. 8, n. 5, p. n. 3 PART 2, p. 933–939, 2012.
1–11, 2017. KOPP, C.; DOMART-COULON, I.; ESCRIG, S.;
HUANG, Y. T.; SKELTON, J.; HULCR, J. Lipids HUMBEL, B. M.; HIGNETTE, M.;
and small metabolites provisioned by MEIBOM, A. Subcellular investigation
ambrosia fungi to symbiotic beetles are of photosynthesis-driven carbon
phylogeny-dependent, not assimilation in the symbiotic reef coral
convergent. The ISME Journal, v. 14, n. Pocillopora damicornis. mBio, v. 6, n. 1,
5, p. 1089–1099, 2020. p. 1-14, 2015.
HUGHES, D. P.; ANDERSEN, S. B.; HYWEL- KOROPATNICK, T. A.; ENGLE, J. T.; APICELLA,
JONES, N. L.; HIMAMAN, W.; BILLEN, J.; M. A.; STABB, E. V.; GOLDMAN, W. E.;
BOOMSMA, J. J. Behavioral MCFALL-NGAI, M. J. Microbial factor-
mechanisms and morphological mediated development in a host-
symptoms of zombie ants dying from bacterial mutualism. Science, v. 306, n.
fungal infection. BMC Ecology, v. 11, n. 5699, p. 1186–1188, 12 nov. 2004.
1, p. 1-10, 2011. LANE, N. The unseen World: Reflections on
IUCN. The IUCN Red List of Threatened Leeuwenhoek (1677) ‘Concerning little
Species. Version 2021-1. Disponível animals’. Philosophical Transactions of
em: < https://www.iucnredlist.org >. the Royal Society B: Biological
Acesso em: 01 de mai. de 2021. Sciences, v. 370, n. 1666, p. 1-10, 2015.
IVANOV, I. I; ATARASHI, K.; MANEL, N.; LAUNDON, D.; LARSON, B. T.; MCDONALD,
BRODIE, E. L; SHIMA, T.; KARAOZ, U.; K.; KING, N.; BURKHARDT, P. The
WEI, D.; GOLDFARB, K. C; SANTEE, C. A; architecture of cell differentiation in
LYNCH, S. V. Induction of intestinal choanoflagellates and sponge
Th17 cells by segmented filamentous choanocytes. PLoS Biology, v. 17, n. 4,
bacteria. Cell, v. 139, n. 3, p. 485-498, p. 1–22, 2019.
2009. LAVRINIENKO, A.; MAPPES, T.; TUKALENKO,
JAENIKE, J.; STAHLHUT, J. K.; BOELIO, L. M.; E.; MOUSSEAU, T. A.; MØLLER, A. P.;
UNCKLESS, R. L. Association between KNIGHT, R.; MORTON, J. T.;
Wolbachia and Spiroplasma within THOMPSON, L. R.; WATTS, P. C.

29 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Environmental radiation alters the gut MCDERMOTT, A. J.; HUFFNAGLE, G. B. The


microbiome of the bank vole Myodes microbiome and regulation of mucosal
glareolus. The ISME Journal, v. 12, n. immunity. Immunology, v. 142, n. 1, p.
11, p. 2801–2806, 2018. 24–31, 2014.
LECLAIRE, S.; JACOB, S.; GREENE, L. K.; MCFALL-NGAI, M.; HADFIELD, M. G.;
DUBAY, G. R.; DREA, C. M. Social BOSCH, T. C. G.; CAREY, H. V.;
odours covary with bacterial DOMAZET-LOŠO, T.; DOUGLAS, A. E.;
community in the anal secretions of DUBILIER, N.; EBERL, G.; FUKAMI, T.;
wild meerkats. Scientific Reports, v. 7, GILBERT, S. F.; HENTSCHEL, U.; KING,
n. 1, p. 1–13, 2017. N.; KJELLEBERG, S.; KNOLL, A. H.;
LEDERBERG, J.; MCCRAY, A. T. B. `Ome KREMER, N.; MAZMANIAN, S. K.;
Sweet `Omics--A Genealogical Treasury METCALF, J. L.; NEALSON, K.; PIERCE, N.
of Words. The Scientist. v. 15, n. 7, p. E.; RAWLS, J. F.; REID, A.; RUBY, E. G.;
1-8. 2001. RUMPHO, M.; SANDERS, J. G.; TAUTZ,
D.; WERNEGREEN, J. J. Animals in a
LEE, S. H.; YOON, S. H.; JUNG, Y.; KIM, N.; bacterial world, a new imperative for
MIN, U.; CHUN, J.; CHOI, I. Emotional the life sciences. Proceedings of the
well-being and gut microbiome profiles National Academy of Sciences, v. 110,
by enterotype. Scientific Reports, v. n. 9, p. 3229-3236, 2013.
10, n. 1, p. 1–9, 2020.
MCKENZIE, V. J.; SONG, S. J.; DELSUC, F.;
LEGER, L.; MCFREDERICK, Q. S. The gut– PREST, T. L.; OLIVERIO, A. M.; KORPITA,
brain–microbiome axis in bumble bees. T. M.; ALEXIEV, A.; AMATO, K. R.;
Insects, v. 11, n. 8, p. 1–9, 2020. METCALF, J. L.; KOWALEWSKI, M.;
LOUDON, A. H.; WOODHAMS, D. C.; AVENANT, N. L.; LINK, A.; DI FIORE, A.;
PARFREY, L. W.; ARCHER, H.; KNIGHT, SEGUIN-ORLANDO, A.; FEH, C.;
R.; MCKENZIE, V.; HARRIS, R. N. ORLANDO, L.; MENDELSON, J. R.;
Microbial community dynamics and SANDERS, J.; KNIGHT, R. The effects of
effect of environmental microbial captivity on the mammalian gut
reservoirs on red-backed salamanders microbiome. Integrative and
(Plethodon cinereus). The ISME Comparative Biology, v. 57, n. 4, p.
Journal, v. 8, n. 4, p. 830–840, 2014. 690–704, 2017.
MAI, V.; UKHANOVA, M.; BAER, D. J. MEDZHITOV, R. Pattern Recognition Theory
Understanding the extent and sources and the Launch of Modern Innate
of variation in gut microbiota studies; a Immunity. The Journal of Immunology,
prerequisite for establishing v. 191, n. 9, p. 4473–4474, 2013.
associations with disease. Diversity, v. MESSAOUDI, M.; VIOLLE, N.; BISSON, J.-F.;
2, n. 9, p. 1085–1096, 2010. DESOR, D.; JAVELOT, H.; ROUGEOT, C.
MARTIN, C. R.; OSADCHIY, V.; KALANI, A.; Beneficial psychological effects of a
MAYER, E. A. The Brain-Gut- probiotic formulation (Lactobacillus
Microbiome Axis. Cellular and helveticus R0052 and Bifidobacterium
molecular gastroenterology and longum R0175) in healthy human
hepatology, v. 6, n. 2, p. 133–148, volunteers. Gut Microbes, v. 2, n. 4, p.
2018. 256-261, 2011.
MAZMANIAN, S. K.; ROUND, J. L.; KASPER, MIAO, E. A.; ANDERSEN-NISSEN, E.;
D. L. A microbial symbiosis factor WARREN, S. E.; ADEREM, A. TLR5 and
prevents intestinal inflammatory Ipaf: Dual sensors of bacterial flagellin
disease. Nature, v. 453, n. 7195, p. in the innate immune system.
620–625, 2008.

30 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

Seminars in Immunopathology, v. 29, and beyond. Functional Ecology, v. 28,


n. 3, p. 275–288, 2007. n. 2, p. 341–355, 2014.
MIAO, E. A.; ANDERSEN-NISSEN, E.; OSADCHIY, V.; MARTIN, C. R.; MAYER, E. A.
WARREN, S. E.; ADEREM, A. The The Gut–Brain Axis and the
microbiota-gut-brain axis: Microbiome: Mechanisms and Clinical
Neurobehavioral correlates, health Implications. Clinical Gastroenterology
and sociality. Frontiers in Integrative and Hepatology, v. 17, n. 2, p. 322–
Neuroscience, v. 7, n. OCT, p. 1–16, 332, 2019.
2013. OULHEN, N.; SCHULZ, B. J.; CARRIER, T. J.
MORAIS, L. H.; SCHREIBER, H. L.; English translation of Heinrich Anton
MAZMANIAN, S. K. The gut de Bary’s 1878 speech, ‘Die
microbiota–brain axis in behaviour and Erscheinung der Symbiose’ (‘De la
brain disorders. Nature Reviews symbiose’). Symbiosis, v. 69, n. 3, p.
Microbiology, v. 19, n. 4, p. 241–255, 131–139, 2016.
2021. PETERSEN, J. M.; OSVATIC, J. Microbiomes
MORALES, D. K.; GRAHL, N.; OKEGBE, C.; in Natura: Importance of Invertebrates
DIETRICH, L. E. P.; JACOBS, N. J.; in Understanding the Natural Variety of
HOGAN, D. A. Control of Candida Animal-Microbe Interactions.
albicans metabolism and biofilm mSystems, v. 3, n. 2, p. 1–7, 2018.
formation by Pseudomonas aeruginosa PIEVANI, T. The sixth mass extinction:
phenazines. mBio, v. 4, n. 1, p. 1–9, Anthropocene and the human impact
2013. on biodiversity. Rendiconti Lincei, v.
NOONAN, M. J.; TINNESAND, H. V.; MÜLLER, 25, n. 1, p. 85–93, 2014.
C. T.; ROSELL, F.; MACDONALD, D. W.; PRADEU, T. A Mixed Self: The Role of
BUESCHING, C. D. Knowing Me, Symbiosis in Development. Biological
Knowing You: Anal Gland Secretion of Theory, v. 6, n. 1, p. 80–88, 2011.
European Badgers (Meles meles) Codes
for Individuality, Sex and Social Group PRADEU, T.; CAROSELLA, E. D. The self
Membership. Journal of Chemical model and the conception of biological
Ecology, v. 45, n. 10, p. 823–837, 2019. identity in immunology. Biology and
Philosophy, v. 21, n. 2, p. 235–252,
NOVOTNÝ, M.; KLIMOVA, B.; VALIS, M. 2006.
Microbiome and cognitive impairment:
Can any diets influence learning PREUSS, J. F.; GREENSPAN, S. E.; ROSSI, E.
processes in a positive way? Frontiers M.; LUCAS GONSALES, E. M.; NEELY, W.
in Aging Neuroscience, v. 11, n. JUN, p. J.; VALIATI, V. H.; WOODHAMS, D. C.;
1–7, 2019. BECKER, C. G.; TOZETTI, A. M.
Widespread Pig Farming Practice
OHNMACHT, C.; MARQUES, R.; PRESLEY, L.; Linked to Shifts in Skin Microbiomes
SAWA, S.; LOCHNER, M.; EBERL, G. and Disease in Pond-Breeding
Intestinal microbiota, evolution of the Amphibians. Environmental Science
immune system and the bad and Technology, v. 54, n. 18, p. 11301–
reputation of pro-inflammatory 11312, 2020.
immunity. Cellular Microbiology, v. 13,
n. 5, p. 653–659, 2011. RAINEY, P. B. Effect of Pseudomonas putida
on hyphal growth of Agaricus bisporus.
OLIVER, K. M.; SMITH, A. H.; RUSSELL, J. A. Mycological Research, v. 95, n. 6, p.
Defensive symbiosis in the real world - 699–704, 1991.
advancing ecological studies of
heritable, protective bacteria in aphids REDMOND, A. K.; MCLYSAGHT, A. Evidence

31 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

for sponges as sister to all other BORDENSTEIN, S. R. Getting the


animals from partitioned Hologenome Concept Right: An Eco-
phylogenomics with mixture models Evolutionary Framework for Hosts and
and recoding. Nature Their Microbiomes. mSystems, v. 1, n.
Communications, v. 12, n. 1, p. 1-14, 2, p. 1–6, 2016.
2021. THEIS, K. R.; VENKATARAMAN, A.; DYCUS, J.
RHEE, S. H.; POTHOULAKIS, C.; MAYER, E. A. A.; KOONTER, K. D.; SCHMITT-MATZEN,
Principles and clinical implications of E. N.; WAGNER, A. P.; HOLEKAMP, K. E.;
the brain-gut-enteric microbiota axis. SCHMIDT, T. M. Symbiotic bacteria
Nature Reviews Gastroenterology and appear to mediate hyena social odors.
Hepatology, v. 6, n. 5, p. 306–314, Proceedings of the National Academy
2009. of Sciences, v. 110, n. 49, p. 19832-
ROSENBERG, E.; SHARON, G.; ATAD, I.; 19837, 2013.
ZILBER-ROSENBERG, I. The evolution of THEIS, K. R.; SCHMIDT, T. M.; HOLEKAMP, K.
animals and plants via symbiosis with E. Evidence for a bacterial mechanism
microorganisms. Environmental for group-specific social odors among
Microbiology Reports, v. 2, n. 4, p. hyenas. Scientific Reports, v. 2, n. 1, p.
500–506, 2010. 1-8, 2012.
ROSENBERG, E.; ZILBER-ROSENBERG, I. TIBBS, T. N.; LOPEZ, L. R.; ARTHUR, J. C. The
Symbiosis and development: The influence of the microbiota on immune
hologenome concept. Birth Defects development, chronic inflammation,
Research Part C - Embryo Today: and cancer in the context of aging.
Reviews, v. 93, n. 1, p. 56–66, 2011. Microbial Cell, v. 6, n. 8, p. 324–334,
ROSENBERG, E.; ZILBER-ROSENBERG, I. The 2019.
hologenome concept of evolution after TREVELLINE, B. K.; FONTAINE, S. S.; HARTUP,
10 years. Microbiome, v. 6, n. 1, p. 1- B. K.; KOHL, K. D. Conservation biology
14, 2018. needs a microbial renaissance: A call
SANABRIA, N. M.; HUANG, J. C.; DUBERY, I. for the consideration of host-
A. Self/nonself perception in plants in associated microbiota in wildlife
innate immunity and defense. management practices. Proceedings of
Self/Nonself - Immune Recognition the Royal Society B: Biological
and Signaling. v. 1, n. 1, p. 40–54, 2010. Sciences, v. 286, n. 1895, p. 1-9 2019.

SCHARF, M. E.; PETERSON, B. F. A Century of TSUTSUI, N. D. Scents of self: The expression


Synergy in Termite Symbiosis component of self/non-self
Research: Linking the Past with New recognition systems. Annales Zoologici
Genomic Insights. Annual Review of Fennici, v. 41, n. 6, p. 713–727, 2004.
Entomology, v. 66, p. 23–43, 2021. VIJAY-KUMAR, M.; AITKEN, J. D.;
SHANG, Y.; FENG, P.; WANG, C. Fungi That CARVALHO, F. A.; CULLENDER, T. C.;
Infect Insects: Altering Host Behavior MWANGI, S.; SRINIVASAN, S.;
and Beyond. PLoS Pathogens, v. 11, n. SITARAMAN, S. V; KNIGHT, R.; LEY, R.
8, p. 1–6, 2015. E.; GEWIRTZ, A. T. Metabolic syndrome
and altered gut microbiota in mice
THEIS, K. R.; DHEILLY, N. M.; KLASSEN, J. L.; lacking Toll-like receptor 5. Science, v.
BRUCKER, R. M.; BAINES, J. F.; BOSCH, 328, n. 5975, p. 228-231, 2010.
T. C. G.; CRYAN, J. F.; GILBERT, S. F.;
GOODNIGHT, C. J.; LLOYD, E. A.; SAPP, WEISS, B. L.; WANG, J.; AKSOY, S. Tsetse
J.; VANDENKOORNHUYSE, P.; ZILBER- immune system maturation requires
ROSENBERG, I.; ROSENBERG, E.; the presence of obligate symbionts in

32 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO


REDE – 2021; 5:1-33.

larvae. PLoS Biol, v. 9, n. 5, p. 1-12,


2011.
WEST, A. G.; WAITE, D. W.; DEINES, P.;
BOURNE, D. G.; DIGBY, A.; MCKENZIE,
V. J.; TAYLOR, M. W. The microbiome in
threatened species conservation.
Biological Conservation, v. 229, p. 85-
98, 2019.
WU, Y.; YANG, Y.; CAO, L.; YIN, H.; XU, M.;
WANG, Z.; LIU, Y.; WANG, X.; DENG, Y.
Habitat environments impacted the
gut microbiome of long-distance
migratory swan geese but central
species conserved. Scientific Reports,
v. 8, n. 1, p. 1–11, 2018.
XIMENEZ, C.; TORRES, J. Development of
Microbiota in Infants and its Role in
Maturation of Gut Mucosa and
Immune System. Archives of Medical
Research, v. 48, n. 8, p. 666–680, 2017.
ZHOU, W.; QI, D.; SWAISGOOD, R. R.;
WANG, L.; JIN, Y.; WU, Q.; WEI, F.; NIE,
Y. Symbiotic bacteria mediate volatile
chemical signal synthesis in a large
solitary mammal species. The ISME
Journal, p. 1-11, 2021.
ZHU, Y. G.; PENUELAS, J. Changes in the
environmental microbiome in the
Anthropocene. Global Change Biology.
v. 26, n. 6, p. 3175–3177, 2020.

33 NASCIMENTO-SILVA & CUSTÓDIO

Você também pode gostar