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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Importância da Leitura

Afonso Agapito Afonso e código do estudante 708235352

Curso de Licenciatura em Ensino de Língua Português


Cadeira de MIC II
2º Ano

Pemba, Abril, 2024

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Classificação
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Categorias Indicadores Padrões Máxima tutor
Capa 0,5
Índice 0,5
Aspectos Introdução 0,5
Estrutura organizacionais Discussão 0,5
Conclusão 0,5
Bibliografia 0,5
Contextualização
(Indicação clara do 1,0
Introdução problema)
Descrição dos objectivos 1,0

Metodologia adequada ao 2,0


Conteúdo
objecto do trabalho
Articulação e domínio do 2,0
discurso
Revisão bibliográfica
nacional e internacionais
Análise e
relevantes na área de
discussão
estudo
Exploração dos dados 2,0
Conclusão Contributos teóricos 2,0
práticos
Aspectos Formatação Paginação, tipo e tamanho
Gerais de letra, paragrafo, 1,0
espaçamento entre linhas
Referências Normas APA 6ª Rigor e coerência das
Bibliográficas edição em citações/referências 4,0
citações e bibliograficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser Preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 5
1. Importância da Leitura................................................................................................................. 6
1.1. Conceito .................................................................................................................................... 6
1.2. A importância da Leitura .......................................................................................................... 7

1.3. Relação da leitura com a produção textual ............................................................................... 8


1.4. Leitura: etapas de um processo ............................................................................................... 10
Conclusão ...................................................................................................................................... 13
Bibliografia .................................................................................................................................... 14

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Introdução
A leitura assume papel importante na vida do aluno quando é uma actividade constante,
diversificada, incentivada e construída significativamente, numa relação de interação com o
contexto social ao qual está inserido. Dessa forma, uma prática social de leitura é imprescindível
porque permite que o aluno experimente sentimentos, descubra conhecimentos e desvele o
desconhecido. Através da leitura o aluno poderá ter condições de ser um ser crítico e
participativo, compreendendo os textos com mais profundidade e percebendo a realidade
social/histórica em que vive.
Neste contexto, a presente trabalho da cadeira de MIC II onde visa abordar sobre: A Importância
da Leitura.

Objectivos
O presente trabalho traz com sigo os seguintes objectivos:
 Objectivo Geral: analisar a importância da leitura para a realização de um trabalho
académico.
 Objectivos específicos: identificar a importância da leitura e as etapas da leitura;
Caracterizar a importância da leitura para a realização de um trabalho académico;
Descrever as etapas da leitura.

Metodologia

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a de consulta bibliográfica de variadas
obras, artigos e trabalhos científicos, neste contexto os autores da referida obra estão devidamente
citados dentro do trabalho assim como na bibliografia final.

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1. Importância da Leitura
1.1. Conceito
De acordo com Freire “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas se
antecipa e se alonga na inteligência do mundo...A compreensão do texto a ser alcançada por sua
leitura implica as relações entre o texto e o contexto” (Freire, 1986, p.11). Nesse sentido,
entende-se que a leitura compõe-se de um todo relacionado: decodificação, compreensão e
relação com o mundo. A decodificação pode ser entendida como o processo inicial de contacto
com o mundo da escrita: a alfabetização. Processo esse que deve ser construído na relação entre a
prática cotidiana da escola e fora dela, numa verdadeira socialização da linguagem.
Com essa visão, entende-se que é lendo, desde o início da escolarização, que alguém se torna
leitor e não aprendendo primeiro para poder ler depois, mesmo porque “não se ensina uma
criança a ler: é ela quem se ensina a ler com a nossa ajuda e a de seus colegas e dos diversos
instrumentos da aula, mas também a dos pais e de todos os leitores encontrados” (Jolibert, 1994,
p.14).
A leitura, portanto, é um instrumento de compreensão do que se vê ou se sente, fazendo relação
individual com o meio, com as pessoas e com os objetos; para ampliar-se a novas leituras e novas
relações. Nesse desejo, quanto maior for o número de relações estabelecidas, maior será a riqueza
de conhecimentos adquiridos.
Segundo Leffa “Ler para alguns autores é extrair o significado do texto. Para outros é atribuir um
significado. As diferenças entre as duas acepções são discutidas e uma definição mais abrangente
é proposta”. (Leffa, 1996, p.9).
Nessa perspectiva, a leitura é um processo de significação que envolve a representação do
mundo. Na visão de Leffa (1996), ler consiste, na sua essência, em olhar para uma coisa e ver
outra. A leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermédio de outros elementos
da realidade. Nessa triangulação da leitura, o elemento intermediário é aquele que, muitas vezes,
não é visível, mas precisa ser compreendido. Por isso, a verdadeira leitura só é possível quando se
tem o conhecimento prévio do mundo, reconhecendo as imagens fragmentadas e relacionando-as
com a sua vida. Levando em conta que não se lê apenas pela palavra escrita, mas também através
de sinais não-linguísticos, é possível ler o próprio mundo que nos cerca. No entanto, a visão de
mundo a ser dada depende da posição em que cada pessoa está em relação a ele. Diferentes
posições refletem diferentes segmentos da realidade. Portanto, numa concepção mais geral, ler é
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usar segmentos da realidade para chegar a outros segmentos. Dentro desta noção, tanto a palavra
escrita como os objetos podem ser lidos, desde que sirvam como elementos intermediários,
indicadores de outros elementos. Esse processo de acesso indireto à realidade, é a condição
básica para que ocorra o acto da leitura.
Um verdadeiro acto de leitura faz supor o reconhecimento da dimensão sócio-histórica da
linguagem, das injunções de poder e das diferentes posições dos sujeitos nos textos.

1.2. A importância da Leitura


A leitura é uma actividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda para
a vida do ser humano, pois possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de
experiências, desenvolvendo a originalidade, autenticidade, o senso crítico e o progresso
intelectual.
Para Silva, “Ler é em última instância, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas
também um modo de ser, existir, no qual o indivíduo compreende e interpreta-a com a expressão
registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo”. (1986, p.43).
É através da prática da leitura que o leitor toma conhecimento da importância do pensamento e da
actividade crítica para a compreensão do mundo em que vive. Além disso, passa a participar mais
intensamente na sociedade, a interferir e perceber problemas existentes, bem como, ser capaz de
comunicar-se com mais facilidade, de sugerir, criticar e, consequentemente, produzir textos mais
coerentes, coesos e eficazes. Vista desta forma, a leitura exerce papel fundamental na produção
de texto, pois é por meio dela que o aluno amplia seu vocabulário, desenvolve sua capacidade de
raciocínio, de organização de ideias, argumentação e análise crítica dos factos, escrevendo, assim,
com mais eficiência, disponibilidade, qualidade e discernimento da realidade.
Nesse entendimento, o acto de ler e escrever não pode ser reduzido a seu aspecto mecânico, mas
deve ser concebido como processo de significação fundamental para a plena formação do
indivíduo.
Segundo Foucambert, “Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que
certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita,
significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é”. (1994,
p.5).

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A leitura é um meio de expressão, comunicação e organização do pensamento, num movimento
constante de atribuir e compartilhar significados. Por intermédio da leitura e escrita, ao mesmo
tempo, o indivíduo tem acesso ao conhecimento elaborado pela humanidade e pode contribuir
para esse mesmo acervo.
Considera-se o ato de ler de grande importância, porque é um meio de facilitar a comunicação
entre as pessoas, interligando ideias e sentimentos, inteligências e vontades, proporcionando a
cada um a ampliação de conhecimentos e, consequentemente, a libertação do analfabetismo
cultural que ainda atinge grande parte da nossa população.
Segundo Silva “ler é, numa primeira instância possuir elementos de combate à alienação e
ignorância.” (1992, p.76). Na compreensão desta definição está subentendido a dicotomia das
classes sociais, mantida pela ideologia da classe que está no poder. Por isso, dominar o
mecanismo da leitura e ter acesso àqueles livros que falam criticamente e a respeito dessa
estrutura injusta e discriminatória da nossa sociedade, é ser capaz de detectar aqueles aspectos
ideológicos que servem para alienar, massificar e forçar o povo a permanecer na ignorância.
A prática constante da leitura aprimora a capacidade de discernimento do real, conduzindo o
leitor a um exercício crítico da realidade em que vive, descobrindo-se como ser histórico e social,
com uma perspectiva de vida na busca de novas soluções aos conflitos existenciais. É pela leitura
que o ser torna-se capaz e conhecedor do mundo sem precisar viajar de lugar para lugar.
Nesse sentido, a leitura estimula, completa e permite ao indivíduo outros modos de comunicação,
por isso ela é a melhor forma possível de melhorar a expressão em todos os níveis. No entanto, a
leitura é uma atividade que requer do leitor assimilação, conhecimento, interiorização e reflexão.
Por isso, é importante que o professor ofereça à criança várias actividades de pesquisa, leitura e
debates, oportunizando-a para que faça suas próprias construções e reflexões sobre o que leu.

1.3. Relação da leitura com a produção textual


Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento é expresso por
palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Como essas
actividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que: quem não pensa (ou pensa
mal), não escreve ( ou escreve mal): quem não lê (ou lê mal) não escreve ( ou escreve mal).
Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê.
Entender o que se lê significa ir além do simples reconhecimento do significado das palavras que
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aparecem no texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance a
finalidade maior da leitura: a compreensão das ideias e, num segundo momento, os recursos
utilizados pelo autor na elaboração do texto. “A compreensão do texto a ser alcançada por sua
leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto” (Freire, 200l, p.11)
Apesar do grande poder dos meios eletrônicos de comunicação de massa, a leitura ainda é uma
das fontes mais ricas de informação. A leitura não só nos ensina os mecanismos da língua escrita,
mas também nos fornece ideias que nos ajudam na tarefa de escrever.
Em termos de linguagem, assim como em muitos outros domínios, a criação e a descoberta não
ocorrem no vazio. Existem convenções linguísticas que a criança necessita dominar. Não será,
portanto, simplesmente incentivando e respeitando os textos produzidos espontaneamente pelas
crianças e tampouco impondo-lhes, através de um treino repetitivo de textos simplificados, em
modelo correto de língua escrita, que estaremos possibilitando o momento de elas serem capazes
de criar textos compatíveis aos padrões convencionados para o português escrito. Temos de
oferecer-lhes oportunidades de contato com diferentes modelos, contextualizando a língua escrita
através de seus usos, mesmo antes de se tornarem efetivamente capazes de ler e escrever.
Engana-se quem pensa que uma criança fica esperando a permissão da escola para iniciar suas
leituras. O crescimento urbano popularizou o uso de símbolos, códigos, sinais e imagens e é
preciso entendê-los.
A aquisição da língua escrita não se dá unicamente no espaço escolar. Muitos pequenos leitores
já estão se formando em seu ambiente familiar graças ao contato frequente com livros escritos
principalmente para eles. E aí que se pode afirmar que as crianças começam a gostar da leitura
antes de aprender a ler: ouvindo histórias lidas por adultos, folheando seus próprios livros,
examinando as gravuras, criando seus próprios enredos, sempre de acordo com suas motivações e
interesses imediatos. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente.” (Freire, 2001, p.11)
Para que a leitura faça sentido, é preciso, antes de mais nada, que esteja em sintonia com as
motivações de quem lê. Quando se fala em sintonia, em prazer de ler, deve ficar claro que a
satisfação não se reduz ao lúdico, ao recreativo. O prazer está tanto em obter uma informação, em
compreender uma instrução, em estudar um tema, em tomar conhecimento de fatos, em embalar-
se na poesia e em dar asas à imaginação.
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De acordo com pesquisas realizadas em bibliotecas e livrarias, as crianças, na idade em que
normalmente iniciam a escolarização, preferem as histórias que falam do cotidiano, de pessoas,
de animais, de fatos da vida em família e escolar. E que falam também de medos, de fantasmas,
de fantasias, de dificuldades e de situações novas.
Na concepção de leitura que temos entendemos a leitura como o encontro efectivo da pessoa do
aluno com o texto. Isso significa que ele participa do ponto de vista ou da mensagem veiculada
pelo texto lido. Não só os compreende como insere nesse contexto abstraído sua visão de mundo
e o acumulado pelas demais leituras até então realizadas. Assim, a leitura de textos provoca, no
leitor, um movimento de reflexão sobre o mundo e sobre o mundo do texto. A prática de ler
acaba envolvendo o aluno. Ler é valorosa ação e acontecimento para que o aluno extrapole e
avance enquanto ser que pensa e que descobre o pensamento dos outros, através da palavra e da
sua organização. Nesse sentido é que há a troca. E então leitura e troca podem se sinônimos.
A leitura, por esse ponto de vista, torna-se um grande investimento pedagógico, e um importante
material que circula pelas aulas. É aí se retorna ao papel de orientador do professor para que
ocorra o encontro do leitor com o texto, no sentido de o ler ir impulsionando o leitor e também o
seu escrever. O texto que lemos tem o seu lado de organização e escuta. Alguém o criou. O que
será que determina a este ou aquele autor escrever um texto? É por aí que o aluno atua. Do lado
de cá da leitura. Nas atividades de estudo do texto, quando ele compreende a sua mensagem, ou
avalia a opinião do autor, ou ainda relaciona ideias nele implícitas, estamos a um passo ou no
ritmo da extrapolação de suas ideias. A leitura reconstrói o próprio texto em direção ao contexto
do aluno-leitor.
A leitura favorece a escritura do aluno. Muito mais que isso, é apoio para as suas descobertas;
não só da linguagem como também das descobertas e vivências da humanidade. A leitura da
produção impulsiona, justifica e aprimora a quantidade de novos escritos.

1.4. Leitura: etapas de um processo


São quatro as etapas do processo de leitura: decodificação, compreensão, interpretação e
retenção. O processo é sequencial: cada etapa completa-se a partir da anterior. Segundo Cabral
(1986, p.12), há fases mais periféricas que acionam a memória visual e estão ligadas ao
reconhecimento e à compreensão dos símbolos escritos – as palavras. Na visão desta autora,
leitura é um acto criativo que exige do receptor uma posição ativa de acionar conhecimentos
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anteriores para a aquisição de novos conhecimentos, julgando-os criticamente. Assim, as fases de
compreensão e interpretação revelam-se como as mais importantes, mas pressupõem a primeira
delas: decodificação.
É importante definir cada uma destas fases. A decodificação pode ser definida como o momento
em que o receptor reconhece os símbolos escritos, ligando-os a um significado. Para que seja
integrante do processo descrito, essa fase deverá preceder as seguintes. De outro modo, a leitura
permanecerá no nível do significante: a decodificação é apenas fonológica.
A segunda etapa, a da compreensão, completa-se a partir da primeira. Realiza-se quando o leitor
percebe as informações que o texto oferece, tornando-se capaz de aprofundar a leitura,
percebendo as ideias principais, a temática, e realizando mecanismos de inferências. Em resumo,
é quando o leitor lê as entrelinhas.
Para que isto aconteça, alguns procedimentos relacionados aos mecanismos de construção da
língua e aos elementos externos à ela devem ser cumpridos. Relacionam-se à coesão e à
coerência textuais, num processo que tem seu início na microestrutura do texto e se completa
macro estruturalmente. Implica compreensão lexical, isto é, entender novos sentidos em palavras
já conhecidas e recuperar significados de palavras antes desconhecidas, a partir de informações
presentes no texto. Depois, é necessário perceber as relações que se estabelecem no interior do
texto, a partir de suas unidades constitutivas: das palavras à frase, na construção do sentido.
Esta fase exige um desenvolvimento cognitivo para que se realize o processo de inferência, ou
seja, incursões no texto em busca de informações não explícitas, mas recuperáveis. Para Poersch
(1991, p.131) essa recuperação é feita a partir dos dados expressos e do conhecimento que o
leitor possui da língua como código e como produto cultural, isto é, todo o conhecimento de
mundo embutido numa determinada língua. O autor refere-se, ainda, ao conteúdo metaplícito do
texto, que pressupõe do leitor um conhecimento do contexto sócio-cultural e histórico em que o
texto e seus interlocutores estão inseridos.
Este conteúdo metaplícito é sistematizado por Beaugrand & Dressler apud Koch (1991, p.12) que
o define como critérios de textualidade: a coesão e a coerência textuais, distinguindo os que são
centrados no texto e os que são externos a ele, centrados nos interlocutores. São esses dados
extra-textuais que abrem os caminhos para a interpretação, a terceira etapa do processo de leitura.
A interpretação, na sequência do processo, é definida como o momento em que o leitor extrapola
o texto, amplia o significado original com novos significados, faz uso de sua capacidade crítica e
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julga aquilo que lê. Neste momento, o leitor está apto a reformular conceitos, questionar
temáticas, analisá-las e, finalmente, completar a construção do sentido do texto. É preciso ir além,
não apenas do que está explícito, mas do que pode ser recuperado por inferências ou por
pressuposições. A interpretação se realiza quando os limites aparentes do texto são ultrapassados
e as intenções do texto, e de seu autor, são percebidas, aceitas ou contestadas.
Menegassi (1995, p.88) considera que, se tais intenções são muito evidentes, a interpretação
poderá ser dirigida, independente da vontade do leitor. Mas, se o texto apresenta alguma
complexidade ou é um texto literário, entram em jogo também as intenções do leitor. A partir daí
pode-se falar em diversidade de interpretações, pois cada leitor pode realizá-las individualmente,
considerando fatores como conhecimento de mundo, emoções, vivência cultural, momento
histórico-social em que leitor e autor estão inseridos.
Quando se analisa a construção de um texto, a interpretação acontece na medida em que se
tornam conhecidos os mecanismos de produção linguística que possibilitam a apreensão de
determinado sentido e não de outros. Logo, pode-se dizer que não se atribui um sentido ao texto,
mas descobre-se que mecanismos linguísticos foram acionados para produzir significados que
projetam nele um sentido específico.
A quarta etapa do processo é a retenção, ou seja, “a capacidade de reter as nformações mais
importantes na memória a longo prazo” (Cabral, 1986). Esta etapa ocorre em dois níveis. O
primeiro relaciona-se à compreensão e é mais superficial: o leitor memoriza do texto as idéias
principais ou sua temática, preenchendo uma necessidade de memorização imediata da leitura. O
segundo nível de retenção acontece a partir da interpretação e, neste caso, o aprofundamento da
leitura é maior e a memorização resultante mais sólida e eficiente. Isto acontece porque os
conhecimentos identificam-se com os fatos vividos, ocorrendo um processo de transferência entre
vivência e cognição.
Estas etapas fazem parte de um processo coeso, cuja complexidade se manifesta a partir de um
desenvolvimento progressivo no qual a etapa anterior desencadeia a posterior, que a
complementará. Os momentos mais importantes estão no nível da compreensão e da
interpretação, entretanto, eles não se completam sem que a decodificação aconteça.

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Conclusão
O presente trabalho conclui que a leitura compõe-se de um todo relacionado: decodificação,
compreensão e relação com o mundo. A decodificação pode ser entendida como o processo
inicial de contacto com o mundo da escrita: a alfabetização. Processo esse que deve ser
construído na relação entre a prática cotidiana da escola e fora dela, numa verdadeira socialização
da linguagem.
A leitura é um processo de significação que envolve a representação do mundo.
A leitura é uma actividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda para
a vida do ser humano, pois possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de
experiências, desenvolvendo a originalidade, autenticidade, o senso crítico e o progresso
intelectual.
É através da prática da leitura que o leitor toma conhecimento da importância do pensamento e da
actividade crítica para a compreensão do mundo em que vive. Além disso, passa a participar mais
intensamente na sociedade, a interferir e perceber problemas existentes, bem como, ser capaz de
comunicar-se com mais facilidade, de sugerir, criticar e, consequentemente, produzir textos mais
coerentes, coesos e eficazes.
A leitura é um meio de expressão, comunicação e organização do pensamento, num movimento
constante de atribuir e compartilhar significados. Por intermédio da leitura e escrita, ao mesmo
tempo, o indivíduo tem acesso ao conhecimento elaborado pela humanidade e pode contribuir
para esse mesmo acervo.
São quatro as etapas do processo de leitura: decodificação, compreensão, interpretação e
retenção.

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Bibliografia
Cabral, L. S. (1986). Processos psicolingüísticos de leitura e a criança. Letras de hoje. Porto
Alegre.
Foucambert, Jean. (1994). A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas.
Freire, Paulo. (1986). A importância do ato de ler. 14.ed. São Paulo: Cortez.
Freire, Paulo. (2001). A importância do ato de ler : em três artigos que se completam. 41. ed. São
Paulo: Cortez.
Jolibert, Josetti. (1994). Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul.
Koch, I. G. V. (1991). O texto e a construção do sentido. São Paulo: Contexto.
Leffa, Vilson J. (1996). Aspectos da Leitura. Uma perspectiva psicolingüística. Porto Alegre:
sagra.
Menegassi, R. J. (1995). Compreensão e interpretação no processo de leitura: noções básicas ao
professor. Maringá: Revista UNIMAR.
Poersch, J. M. (1991). Por um nível metaplícito na construção do sentido textual. Porto Alegre.
Silva, Ezequiel. T. (1986). Leitura na escola e na biblioteca. Campinas, SP: Papirus,
Silva, Ezequiel. T. (1992). Leitura no Contexto Escolar. São Paulo: Ática, 1992.

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