CF/88 – ART. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. A expressa vedação de censura ou licença no art. 5º, IX da CF não pode ser interpretada no sentido de tornar a liberdade de expressão como absoluta, ou seja, sem nenhuma forma de limitação. A CF impede a criação de um órgão estatal oficial de censura prévia de conteúdos a serem divulgados, como existia na época da ditadura militar. Censura estatal: No período de ditadura militar (1964-1985) existia um departamento de censura federal dentro da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça. Este órgão encaminhava censores para dentro das redações de jornais, emissoras de TV e rádio para analisarem notícias que podiam ou não ser divulgadas. Artistas deviam encaminhar suas obras (livros, música, peças de teatro, filmes, novelas, etc) para serem analisadas pelo órgão de censura. A censura podia vetar integralmente as obras ou exigir adaptações. Obs: crescimentos de atos de censura estatal atualmente A CF/88 proíbe expressamente qualquer espécie de censura estatal prévia a conteúdos de notícias ou manifestações artísticas. São preocupantes atos governamentais recentes de censura: Restrições à divulgação de informações ou dados estatais de interesse público; Ingerência do governo em publicidade de órgãos estatais e critérios de aprovação de conteúdo artístico; Violência e ameaças contra jornalistas e órgãos de imprensa no país.
Podem existir outros limites à liberdade de expressão, para harmonizá-la com
os demais direitos fundamentais, como a proteção da intimidade, privacidade, honra e imagem, além da proteção especial da criança e do adolescente, dentre outros. O STF já entendeu que no conflito com outros direitos fundamentais, a liberdade de expressão deve ocupar uma posição dominante.
Limites à Liberdade de Expressão
São considerados limites válidos à liberdade de expressão, dentre outros: Proteção da criança e do adolescente; Discurso de ódio; Lei criminal: crimes de apologia e incitação à fato criminoso; Proteção dos direitos de personalidade: intimidade, privacidade, honra e imagem.
Para a proteção da condição vulnerável da criança e do adolescente, o
ECA estabelece: Proibição da participação ou do acesso de criança e adolescente em espetáculos de sexo explícito ou conteúdo pornográfico; A obrigação de exibição de classificação indicativa de idades para programas de TV; Proibição de identificação de nome ou imagens de menores infratores pelos meios de comunicação. Classificação indicativa da programação da TV CF/88, ART. 220, §3º - compete à lei federal: I – regular as diversões e espetáculos público, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada. Classificação indicativa no STF STF manteve a necessidade de que qualquer espécie de espetáculo público avise previamente a classificação indicativa etária. STF julgou inconstitucional a limitação de horários para que programas possam ser veiculados a partir de sua classificação indicativa de idade.
Discurso de Ódio (hate speech)
O surgimento das redes sociais tem causado um grande aumento de discursos de ódio em todo o mundo, incluindo o Brasil. Vários países tem procurado maneiras de proibir o discurso de ódio sem comprometer a liberdade de expressão. Pode-se alegar liberdade de expressão para divulgar ideias racistas? Manifestar-se publicamente disseminando ódio ou preconceito contra etnias, raças, nacionalidades ou religiões. Conduta proibida em tratados internacionais assinados pelo Brasil. Conduta tipificada como crime na Lei 7.716/89 (Lei de Racismo) no Brasil. Conduta reprovada em decisões do STF. Hate Speech nos EUA 1ª Emenda à CF dos EUA “O congresso não deve fazer leis ... ou diminuir a liberdade de expressão, ou da imprensa...” Predomina a teoria libertária, de que as ideias devem circular em um livre mercado, para que estejam sujeitas ao debate público e à contestação. Suprema Corte aceita a posição predominante da liberdade de expressão em confronto com outros direitos fundamentais. Suprema Corte admite manifestações neonazistas, discurso racista, homofóbico, etc. O atual posicionamento da Suprema Corte dos EUA é o de que o discurso de ódio é liberado quando feito no plano abstrato. O discurso de ódio somente pode ser proibido se direcionado a ações concretas de violência contra o grupo discriminado.