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NA FLORESTA
A PEDAGOGIA DE UMA
ESCOLA NA FLORESTA
Todos os direitos deste ebook estão
kit de Verão
Como íntegramos as diferentes áreas
do currículo?
Como já referi acima, na Escola da Floresta seguimos o
currículo inglês que é constituído por sete áreas que
passo a nomear: literacia, numeracia, artes,
desenvolvimento Social e emocional, desenvolvimento
físico, comunicação e linguagem e estudo do
meio. A primeira forma de integrar todas estas áreas é
através das estações de trabalho onde existem
atividades potenciadoras dos objetivos para as
diferentes áreas. A comunicação e a linguagem envolve
dar às crianças oportunidades de experimentar um
ambiente rico em linguagem para desenvolvera sua
confiança e a sua competência para se expressar, falar,
comunicar e ouvir em várias situações. O ambiente ao ar
livre é incrivelmente rico e promotor da linguagem. Isto
deve-se essencilamente ao facto de ser um meio onde
facilmente se cria a sensação de liberdade e alegria,
apanhe-se luz natural e respira-se muito oxigénio.
Assim, as crianças usam linguagem verbal e não verbal
para expressar os seus sentimentos, necessidades,
pensamentos e para pensar através dos problemas.
Na atividade física proporcionamos oportunidades para
as crianças serem ativas, interativas e desenvolverem a
sua coordenação, controle e movimento. Como parte das
suas brincadeiras não estruturadas, as crianças podem
correr, subir às árvores, brincar em circuitos, subir e
descer diferentes níveis do terreno, participar em
qualquer outro jogo físico ou rotina na floresta,
movimentando todo o corpo. Acreditamos também nos
benefícios do yoga, mindfulness e meditação como parte
do desenvolvimento físico e mental. Por este motivo,
procuramos incorporar asanas, pranayamas, atenção
plena e meditação no nosso quotidiano.
O desenvolvimento pessoal, social e emocional envolve
ajudar as crianças a desenvolver uma atitude positiva
para consigo mesmas e com os outros; desenvolver as
relações interpessoais; o respeito pelos outros; expandir
habilidades sociais e aprender a gerir os seus
sentimentos, assim como entender o comportamento
apropriado quando estão em grupo e ter confiança
nas suas próprias habilidades.
Outras ferramentas importantes que usamos com os
alunos para proporcionar um ambiente mais centrado na
criança são:
O questionamento: permitir que as crianças
questionem as coisas, sejam curiosas e expressem as
sua dúvidas a qualquer momento.
Lista de escolhas diárias: os alunos podem escolher e
votar diariamente entre uma variedade de atividades.
Interação: semanalmente, incluímos muitas atividades
que permitem esperar pela sua vez, partilhar, colaborar
e desenvolver o entendimento. Para além disso
respeitamos a opção do aluno de dizer "não" às
atividades (a menos que seja um problema de saúde e
segurança ou que quebre as regras do grupo).
Finalmente garantimos que as crianças conheçam seus
direitos e as suas responsabilidades.
Trabalho das emoções: na Escola da Floresta ajudamos
os alunos a entender e a identificar as diferentes
emoções dentro de si e dos outros e as consequências
delas nas suas ações.
Os mais pequenos têm oportunidade de liderar atividades
para os seus pares com apoio do adulto e sem
imposições. Para além disso, permitimos que as crianças
resolvam o problema por elas antes de o adulto
intervir.Damos-lhe também a oportunidade de trabalhar
os seus pontos fortes sem enfatizar as fraquezas.
No que diz respeito às outras quatro áreas mais
específicas, estas são integradas da seguinte forma:
Literacia: O desenvolvimento da escrita será feito
através do uso de paus na lama e na terra para fazerem
marcas e escreverem palavras simples. Também terāo
acesso a papel e lápis para escreverem as suas notas.
No sistema inglês a formação correta das letras ou das
palavras não é relevante até mais tarde, porque na
verdade o que interessa é que as crianças escrevam
independetemente dos erros ou da formação da letra.
Cantigas, rimas e poemas, assim como livros de ficção
e não ficção são excelentes recursos para serem
relacionados com o ambiente natural. Por este motivo,
os alunos terão acesso a um cantinho da leitura
diariamente.
Matemática: na floresta, as crianças têm oportunidade
de associar cores e organizar os elementos naturais de
acordo com vários critérios. Há oportunidades para
contar e calcular, explorar padrões, formas e espaços no
ambiente natural. Os mais novos podem ainda fazer
medições de capacidade e comprimento. Estes objetivos
podem materializar-se através de atividades como:
construir cabanas, cozinhar no fogo, apanhar paus de
diferentes dimensões ou através da brincadeira
imaginária. A pedagogia da Escola na Floresta permite o
uso constante de linguagem positional e descritiva.
Estudo do Meio: Os mais pequenos terão a oportunidade
de descobrir e identificar seres vivos. Eles mostram
curiosidade por falar e perguntar acerca do que foi visto
e do que está a acontecer. Assim desenvolvem uma
mente inquisitiva fazendo previsões, discutindo eventos
passados fazendo sequências de tempo, descobrindo
como é que o meio natural funciona. Existem sempre
oportunidades para os mais pequenos planearem e
construirem usando várias ferramentas.
Expressões Artísticas: O ambiente natural alimenta as
oportunidades das crianças para explorar texturas e
cores. Há também oportunidades para fazer música,
contar histórias criativas, brincadeira imaginária e estão
disponíveis também uma série de recursos naturais que
ajudam as crianças a dar asas à imaginação.
A Estrutura do Espaço em Fotos
Canto da Leitura
Zona de reunião e
almoço
Abrigo
Casa de
Banho
O Papel do Adulto
O papel do adulto na Escola na Floresta tem variadas
facetas, todas elas muito importantes no
desenvolvimento socio-emocional da criança.
O adulto é um facilitador, guia, modelo, negociador,
promotor de investigação, parceiro de brincadeira e
aquele que dá conforto. Gollov, um investigador das
escolas na floresta nórdicas afirma que os adultos têm a
função de observar e promover diferentes atividades,
contudo a sua principal missão é ensinar as crianças a
tomar decisões e a assumir responsabilidades. Nas
escolas da floresta a aprendizagem deve ser iniciada
pelas crianças e não imposta pelos adultos.
Se uma criança quiser construir uma casa para pássaros,
ela será capaz de decidir que materiais usar, contudo o
adulto tem a missão de facilitar as técnicas para
concretizar o projeto.
A criança pode também demonstrar um interesse pelos
números, contudo cabe ao adulto apresentar-lhe a
melhor forma de manipular o conceito de número.
Os educadores precisam assim de ouvir atentamente as
ideias, sugestões e perguntas das crianças, assim como
sondar o seu pensamento, fazendo perguntas relevantes
e desafiadoras. É também importante que façam
sugestões e incentivem as crianças a explorar mais as
sua ideias.
De seguida dou alguns exemplos de perguntas com as
quais os adultos podem interagir com crianças:
Qual foi a primeira coisa que fizeste?
O que é que tu descobriste sobre...?
Estou a perguntar-me como / por que chegaste a essa
conclusão ?
Gostaria de saber o que vai acontecer a seguir?
Consegues adivinhar o que ...?
O que / por que é que tu achas ...?
E se...?
O que poderias tentar a seguir?
Farias algo diferente?
Existe algo / alguém que possa ajudar?
E no Inverno?
Construir cabanas
Construir abrigos à prova de água
Gravar e identificar o canto dos pássaros
Fazer um baloiço com corda
Camuflar roupas com elementos naturais
Usar ferramentas para fazer instrumentos naturais
Criar esculturas com barro e elementos naturais
Cozinhar no fogo ( com supervisão do adulto)
Criar um espetáculo de fantoches
Fazer nós
Fazer tecelagem com elementos naturais
Fazer mandalas com elementos naturais
Criar uma horta
Fazer um herbário
Criar um álbum fotográfico da fauna da floresta local
Observar e identificar de pássaros
Gravar os sons do Inverno
Preparar bebidas quentes para beber na floresta
Fazer uma recolha de lixo na mata local
Evidêcias Ciêntíficas
Os benefícios de aprender na natureza
As evidências ciêntificas sobre os benefícios da
educação na natureza são cada vez mais fortes. Começo
por fazer referência a um estudo que está currentemente
a ser aplicado nas escolas britânicas.
As universidades de Stirling e Edimburgo concluíram que
uma milha diária é uma “intervenção efetiva” e tem
resultados positivos mensuráveis ao nível da
concentração, saúde mental e atividade física.
O objetivo é que todos os dias, durante o horário das
aulas, os alunos corram ou andem, no exterior, se
possível na natureza por 15 minutos (~ 1 milha) a um
ritmo auto-selecionado.
Outros estudos demonstram que as crianças agora sabem
menos sobre o mundo natural do que nunca na história da
humanidade. Segundo a National Trust, menos de uma em
cada dez crianças brinca regularmente em lugares
selvagens em comparação com a geração anterior, um
terço nunca subiu a uma árvore e uma em cada dez não
sabe andar de bicicleta.
Um estilo de vida cada vez mais fechados e sedentários está a levar
ao crescimento de sintomas físicos e mentais angustiantes,
incluindo obesidade, problemas comportamentais, stress e falta de
consciência da natureza e dos seus benefícios.
Felizmente, aumentar o tempo ao ar livre para as crianças é a forma
mais simples de lidar com esses problemas e uma educação
florestal oferece uma gama de benefícios comprovados à saúde e
ao bem-estar.
Angela Hanscom, uma terapeuta ocupacional pediátrica, no seu livro
Descalços e Felizes relata com evidências todos os problemas que a
ausência de natureza tem despontado no desenvolvimento da
crianças e o que é que podemos fazer para os melhorar.
Richard Luov criador da expressão Deficit de Natureza e
investigador do relacionamento das crianças com o mundo natural
nos contextos atuais e históricos, também apresenta fortes
argumentos acerca da ausência de Natureza na vida das crianças e o
seu impacto no mundo escolar atual.
Referências
Associação Escola da Floresta - Forest School Portugal
https://www.facebook.com/escoladaflorestapt/
umaescolanafloresta@gmail.com
@umaescolanafloresta
@umaescolanafloresta
https://www.etsy.com/shop/umaescolanafloresta