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Art. 169º CP
Nº1: “Quem profissionalmente ou com intenção lucrativa,
fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra
pessoa de prostituição é punido com pena de prisão de seis
meses a cinco anos”.
Nº2: Se o agente cometer o crime previsto no número
anterior:
a) Por meio de violência ou ameaça grave;
b) Através de ardil ou manobra fraudulenta;
c) Com abuso de autoridade resultante de uma relação
familiar, de tutela ou curatela, ou de dependência
hierárquica, económica ou de trabalho;
Ou
d) Aproveitando-se de incapacidade psíquica ou de
situação de especial vulnerabilidade da vítima;
É punido com pena de prisão de um a oito anos.”
+
“Stuart Mill infere da liberdade individual a liberdade de procurar e de dar conselho, mas não já a
licitude da conduta de quem, profissionalmente ou com finalidade lucrativa, contribua para
condutas autolesivas(abrindo casas de jogo, traficando drogas ou explorando a prostituição…). Neste
ponto, Stuart Mill concebe argumentos a favor de posições opostas: se o jogo, o consumo de drogas e a
prostituição são lícitos, parece não ter sentido, em certa perspetiva, passarem a ser ilícitos só por causa
da dedicação profissional ou da atividade lucrativa (é esta, afinal, a tese derrotada, a propósito do
lenocínio, no Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 144/2004); no entanto, o facto de o Estado permitir
condutas autolesivas em nome de um princípio da liberdade individual não significa que deixe de ter
opinião sobre elas e que deva estimulá-las – deixando abrir casas de jogo, permitindo o tráfico de
drogas ou admitindo o lenocínio. No fundo, é esta diferenciação, reconhecida por Stuart Mill, que
explica, por exemplo, a descriminalização do consumo (Lei 30/2000, de 29 de novembro), em contraste
com a severa punição do tráfico de droga (Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro) na Ordem Jurídica “
O trecho discute a controvérsia sobre se a defesa de uma moralidade pode justificar a intervenção do Direito Penal com base na
coesão social, considerando o pluralismo ideológico e a liberdade de escolha. Isso envolve analisar a repercussão de
comportamentos contrários à moral dominante na interação social e o conceito de bem jurídico. Além disso, é necessário
considerar perspectivas científicas sobre como a autonomia de pessoas sem maturidade física e emocional pode ser afetada pela
imposição de estereótipos. Radicalizar o ponto de vista liberal poderia levar à rejeição da intervenção do Direito Penal na maioria
das questões relacionadas à sexualidade entre adultos, mesmo em situações de condicionamento da autonomia sexual, desde
que haja consentimento livre e formal. Neste trecho, Stuart Mill argumenta que a liberdade individual inclui o direito de buscar e dar
conselhos, mas existe uma ambiguidade quanto à licitude das condutas autolesivas, como abrir casas de jogo, traficar drogas ou
explorar a prostituição com fins lucrativos. Ele reconhece argumentos a favor de posições opostas: se essas atividades forem
legais, parece não haver motivo para proibi-las apenas por motivos profissionais ou lucrativos. No entanto, o Estado pode ter uma
Foram surgindo várias divergências em relação a esta
opinião sobre essas atividades e optar por não incentivá-las, mesmo que permita condutas autolesivas em nome da liberdade
individual. Essa diferenciação explica, por exemplo, a descriminalização do consumo de drogas em contraste com a punição
matéria; no acórdão 396/2007, a Senhora Conselheira
severa do tráfico de drogas na ordem jurídica.
DECISÃO:
Em face do exposto, decide-se:
a) Não julgar inconstitucional a norma incriminatória
constante do artigo 169º CP;
b) Revogar o acórdão nº 134/2020, proferido nos
presentes autos; e, consequentemente
c) Julgar improcedente o recurso originariamente
interposto.