RESENHA: " Em busca de novas estratégias de desenvolvimento.
"
SACHS, Ignacy. Em busca de novas estratégias de desenvolvimento. Estudos
avançados, v. 9, p. 29-63, 1995.
O texto "Em busca de novas estratégias de desenvolvimento" de Ignacy
Sachs, publicado em 1995 na revista Estudos Avançados, aborda questões fundamentais relacionadas ao desenvolvimento socioeconômico, propondo uma reflexão sobre novas abordagens e estratégias para enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável. Sachs destaca a importância de uma visão holística que integre aspectos econômicos, sociais e ambientais, rompendo com paradigmas tradicionais centrados apenas no crescimento econômico.
O autor argumenta que os modelos tradicionais de desenvolvimento,
baseados no crescimento econômico desenfreado e na exploração dos recursos naturais, geraram graves problemas sociais e ambientais, como a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental. Para o autor as estratégias de desenvolvimento devem considerar a complexidade das relações entre sociedade, economia e meio ambiente, buscando soluções que promovam a equidade social, a preservação ambiental e o crescimento econômico sustentável. Ele critica abordagens que priorizam exclusivamente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sem levar em conta os impactos negativos sobre o meio ambiente e a qualidade de vida das populações. Ele aponta a importância de explorar a biodiversidade e a diversidade cultural para encontrar novos recursos e gerenciá-los de forma socialmente útil e ecologicamente prudente, integrando os conhecimentos das populações locais com as conquistas da ciência moderna.
Sachs defende a necessidade de uma mudança radical nos modelos de
desenvolvimento, buscando alternativas que conciliem o crescimento econômico com a justiça social e a sustentabilidade ambiental. Diante desse cenário, propõe a adoção de um modelo de desenvolvimento que privilegie a qualidade sobre a quantidade, promovendo a criação de empregos dignos, a redução das desigualdades sociais e a preservação dos recursos naturais. Ele defende a necessidade de uma governança democrática e participativa, que envolva a sociedade civil na definição e implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.
Além disso, o autor destaca a importância da cooperação internacional e
da solidariedade entre os países, especialmente no contexto da globalização, para enfrentar desafios comuns como a pobreza, a degradação ambiental e as mudanças climáticas. Ele enfatiza a necessidade de uma nova ordem econômica mundial baseada na justiça e na equidade, capaz de promover o desenvolvimento sustentável em escala global.
O autor ressalta a necessidade de reformas no sistema internacional,
incluindo uma reavaliação do funcionamento das instituições como a ONU e o FMI, para criar condições mais favoráveis ao desenvolvimento global, com ênfase na equidade nas relações internacionais. Ele questiona se as futuras organizações, como a Organização Mundial do Comércio, seguirão princípios que beneficiem os parceiros mais fracos, como foi feito na criação da CNUOED.
O texto também aborda a transição pós-Guerra Fria, destacando a
importância de encontrar um sucessor que combine os valores dos sistemas anteriores, priorizando o bem-estar de todos e garantindo o direito ao emprego. O autor enfatiza a necessidade de uma política de emprego adequada, elaborada a partir de dados locais, como elemento fundamental das políticas públicas de desenvolvimento.
A renovação do pensamento sobre desenvolvimento é apontada como o
principal desafio intelectual futuro, com a necessidade de formular uma teoria integrada centrada no ser humano e em todos os seres humanos. O autor destaca a importância de considerar o emprego como uma variável-chave nas estratégias de desenvolvimento, ressaltando a gravidade da situação e a necessidade de rever totalmente as metas e modalidades do desenvolvimento.
Por fim, o autor ressalta a complexidade das relações entre todas as
partes do sistema, destacando a interligação natural que une diferentes elementos e a importância de compreender o todo para entender as partes. Ele reconhece a existência de margens de manobra no campo do desenvolvimento, desde que haja uma revisão completa das metas e modalidades adotadas.
Ignacy Sachs conclui seu artigo defendendo a urgência de construir
novas estratégias de desenvolvimento que coloquem o ser humano e o planeta no centro das preocupações. Ele argumenta que é possível alcançar um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo justo, sustentável e próspero para todos. Sachs apresenta uma análise crítica das estratégias convencionais de desenvolvimento e propõe um novo paradigma baseado na sustentabilidade, na equidade e na participação social, destacando a importância de uma abordagem integrada e colaborativa para enfrentar os desafios do século XXI.