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Vanessa Bastos – Turma 104

FOP – UPE
Núcleos de Preenchimento resina, a depender dessa
estrutura remanescente,
A ideia inicial quando se pensa em núcleo de
essas restaurações não
preenchimento é o verbo preencher.
terão longevidade, irão
• Definição: acrescentar algo que cair/soltar por falta de
falta para torná-lo completo. uma estrutura que
retenha o material
Com isso, vamos preencher/acrescentar restaurador que virá, seja
alguma coisa ao nosso dente para torná-lo resina, cerâmica.
completo a algo que foi perdido.
Algumas vezes precisamos
• Núcleo de Preenchimento: pensar em aumentar a
qualquer elemento que ocupa a área de contato, a área de
posição central na composição de retenção para que a
uma estrutura; no centro. coroa/restauração
Pensando anatomicamente, o núcleo de definitiva tenha
preenchimento estará posicionado no canal longevidade, e não venha
radicular, envolvendo câmara pulpar. Sendo a cair, ficando retida na
assim, para colocar o núcleo de boca o máximo de tempo
preenchimento precisamos ter tratamento possível.
endodôntico. A resina é um núcleo de
Os núcleos de preenchimento são indicados preenchimento, em que
para dentes com coroas totais ou vai preencher algo que
parcialmente destruídas. Desse modo, as está faltando, mas para
características da coroa clínica preparada pequenas perdas só a
são recuperadas, conferindo ao dente resina já é suficiente, em
condições biomecânicas para receber e que podemos até pensar
manter a prótese em função por um longo em alguns casos numa
período de tempo (o máximo de tempo – faceta de resina do que
longevidade). apenas uma restauração
Classe IV, com isso
Quando se pensa em núcleo de estaremos aumentando a
preenchimento eles podem ser pinos de área de adesão e área de
fibra de vidro (anatomizados ou não) ou as retenção da restauração,
próprias resinas compostas, que podem ser em que dificilmente a restauração irá cair
um retentor intrarradicular ou um núcleo quando comparada a uma restauração
de preenchimento apenas a resina classe IV.
composta.
Entretanto nem todos os casos têm
Para quê indicar um núcleo de necessariamente a indicação de uma faceta,
preenchimento para um dente a ser mas nos casos em que for feita uma faceta
reabilitado? no lugar de uma classe IV, a área de
retenção aumenta e o risco de o
Se nós pensarmos em dentes
preenchimento cair é menor.
que perderam parcialmente
ou totalmente a coroa, se
pensar estritamente em
reabilitar com novas coroas
ou com restaurações em

1
Prótese Fixa
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Já para esse outro caso Como determinar qual núcleo de
pensamos que podemos preenchimento indicar?
fazer uma classe IV em resina,
Se será só uma resina na classe IV, uma
uma faceta em
resina/cerâmica ou podemos faceta, uma coroa, um retentor
pensar em preparar esse intrarradicular.
dente para ele receber uma São fatores necessários a considerar na
coroa protética, mas para tomada de decisão:
preparar precisamos
preencher uma parte do que 1. Vitalidade Pulpar
foi perdido para depois fazer O tratamento endodôntico
uma coroa definitiva. NÃO implica necessariamente
E algumas vezes nesses casos no uso de retentor
de preenchimento, se o intrarradicular.
dente tiver tratamento • Fator que ainda está sendo
endodôntico ele também estudado se realmente não é
receberá um núcleo de necessário, os estudos promissores
preenchimento, mas esse e há bons resultados, mas num
núcleo estará envolvido com curto intervalo de tempo → de não
um retentor intrarradicular. colocar nenhum retentor
Hoje já aparecem algumas intrarradicular para reabilitar dente
teorias que se o dente está com endodontia.
tratado endodonticamente Dúvida na aula: Então atualmente sempre
não necessariamente coloca?
precisamos colocar um
núcleo de preenchimento (eu R: Sempre NÃO, pois nem todos trabalham
acho que ele quis dizer da mesma forma. Mas tendemos a colocar
retentor intrarradicular). e a filosofia da disciplina irá seguir que:

Mas os estudos ainda estão • Dentes reabilitados com coroas


avançando nessa linha, com tendo uma boa estrutura/
isso precisamos de tempo quantidade de remanescente
para saber se o tratamento dentário colocaremos.
dará certo ou não, pois um ano não é tempo
Não é uma decisão estritamente da
suficiente de acompanhamento pensando
vitalidade pulpar, temos que ver os dois
em longevidade, quando já se têm estudos
fatores. Pois não adianta falarmos que não
comprovando que os retentores
tem vitalidade pulpar, mas não vou usar
intrarradiculares vão durar muito mais
retentor se não tenho quantidade
tempo do que um ano.
remanescente coronária.

2. Quantidade de remanescente
coronário

Precisamos ver a qualidade do


remanescente coronário, se é esmalte e
dentina de qualidade.

2
Prótese Fixa
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Veremos também se tem tecido cariado ou Após a resina composta feita, será realizado
não; se temos esmalte sem suporte (fica o preparo indicado para esse dente caso vá
fragilizado). reabilitar com uma coroa (seguindo
princípios) e a coroa será feita sobre o
Tudo isso precisa ser avaliado e ao final da
remanescente com um núcleo de
adequação desse dente avaliaremos a
preenchimento em resina composta.
quantidade de remanescente coronário que
existe naquela estrutura para ......................................................................
aproveitarmos na reabilitação.
Após análise de toda estrutura
Quantidade de remanescente coronário remanescente e verificada a existência de
estrutura coronária insuficiente (<50%)
• Existindo aproximadamente
para reter uma restauração direta ou
metade da estrutura coronal, de
indireta e resistir às forças mastigatórias,
preferência envolvendo todo o
portanto, havendo riscos para a estrutura
terço cervical do dente, o restante
dental, PODE ser REALIZADA A INDICAÇÃO
da coroa pode ser restaurado com
DO RETENTOR INTRARRADICULAR.
material de preenchimento (núcleo
de preenchimento como a resina O retentor intrarradicular vem para reter
composta) uma restauração, aumentar a área de
contato e melhorar a retenção.
Os estudos mostram que a
resina composta é suficiente Por muito tempo se pensava que o retentor
para ter durabilidade tendo no vinha para fortalecer a estrutura dentária,
mínimo 50% da estrutura, uma vez que sabemos que dentes tratados
preferencialmente envolvendo endodonticamente são mais frágeis que os
o terço cervical. dentes vitais.

OBS.: nesses casos a vitalidade pulpar será Dúvida da aula: Então se tiver mais de 50%
preservada. podemos fazer uma restauração direta em
resina?
Não estamos relacionando se foi um
trauma, se perdeu a vitalidade por isso, mas R: Sim. Mas o foco da abordagem é
só em relação a estrutura coronária. principalmente em restaurações indiretas,
tentando pensar em Prótese Fixa. Como no
Preferencialmente se não tiver terço
caso de um dente com indicação de uma
cervical pensaremos por outro lado e
coroa, se tem mais de 50%, consigo o
faremos outras avaliações como oclusão,
restante preencher com resina e fazer o
estética.
preparo mantendo a estrutura.
• Não envolveu terço cervical e tem Dúvida da aula: O preparo pode ser feito
mais de 50% - com resina composta antes da colocação da resina?
conseguimos reabilitar.
R: Não. O preparo deve ser feito após a
colocação da resina, até para ele ser
incluindo nos princípios de preparo, de
angulação de paredes, inclinações. Com isso
reestabelecemos a coroa no formato
anatômico e em seguida prepara. Caso se
prepare antes, perdemos as referências
para o preparo dental. Nos casos em que se

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Prótese Fixa
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restaure depois, o profissional já tem uma
habilidade de fazer isso.

Para colocarmos o retentor intrarradicular


se o dente não tiver tratamento
endodôntico prévio, precisamos indicar,
pois para sua colocação é necessário esse
tratamento pois o retentor ocupa a parte
central do dente (canal radicular e câmara
pulpar). Isso é desfavorável, gerando o movimento
de alavanca. Até isso irá fazer parte da nossa
tomada de decisão de colocar um retentor
Dentes Anteriores  Dentes Posteriores
intrarradicular ou não.

OBS.: a tendência de colocar no


remanescente anterior é maior do que no
dente posterior, porque a dissipação de
carga é mais desfavorável, então se colocar
um retentor melhoramos o sentido de
rotação do dente, diminuindo o braço de
alavanca e evita que a restauração venha a
soltar.

Qual a principal diferença no Porque se tenho uma força oblíqua num


comportamento biomecânico de dentes pequeno remanescente de um
anteriores e posteriores? preenchimento coronário com resina
composta, a chance de soltar é bem maior.
Direcionamento de Forças
Dentes Posteriores
Dentes Anteriores
Nos dentes posteriores, o direcionamento
Nos dentes anteriores teremos o de forças é mais favorável, que é a axial,
direcionamento/dissipação de forças paralela ao longo eixo do dente, que é mais
oblíquo, por conta do padrão oclusal do favorável para dissipação de forças e para
paciente que tende a rotacionar o dente qualquer preenchimento que se resolva
numa linha de fulcro. fazer.

Pois apesar de os molares receberem mais


cargas que os dentes anteriores, a forma de
dissipação da carga é mais favorável.

Tipos de Retentores Intrarradiculares

Então o contato que se dá na palatina dos


dentes anteriores, gerando uma força
oblíqua em relação ao longo eixo desse
dente, tendendo a rotacionar o dente
através de uma linha de fulcro (linha
imaginária que o dente tende a rodar sobre
ela).

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Prótese Fixa
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Há uma infinidade de tipos de retentores Hoje o que mais será abordado é a utilização
intrarradiculares, desde retentores dos pinos de fibra de vidro. Até uns 8 anos
metálicos pré-fabricados até os mais atrás, o retentor intrarradicular do tipo
modernos que são os pinos de fibra de núcleo metálico fundido ainda era um
vidro, até também os pinos anatomizados pouco mais utilizado, pois o pino de fibra de
que é uma nova forma de se trabalhar com vidro estava surgindo, mas esse último é
pinos de fibra de vidro pré-fabricados. atualmente o mais utilizado na rotina
clínica.
Atualmente podemos ver 3 tipos de
retentores: Para trabalharmos com pinos de fibra de
vidro, precisamos pensar em 3 requisitos
• Pinos pré-fabricados de metal
básicos:
rosqueáveis (não se usa mais, mas
encontraremos pacientes com • Composição;
esses tipos de retentores): • Características;
→ Foram utilizados por muito • Tipos;
tempo, mas se viu que o • O preparo do remanescente
rosqueio desse pino pré- dentário;
fabricado metálico dentro • Cimentação (cuidadoso e criterioso
de um conduto radicular para garantir longevidade).
gera tensão e aumenta o
risco de fratura do 1974 → Começou adicionar fibras à matriz
remanescente; resinosa para formar um pino – Woo.
• Pinos pré-fabricado de fibra de 1987 → Necessidade de material com
vidro; propriedades mais próximas do
• Núcleo metálico fundido (menos remanescente dental/corrosão (para tentar
utilizados). formar um corpo único, com módulo de
elasticidade semelhante para que diminua o
risco de fratura).
Composição

80% de Fibra de Vidro

20% de Matriz Resinosa

Isso é importante porque para tratar o


material, para preparar e para cimentar,
precisamos saber da composição para saber
como tratar, como cimentar, quais agentes
Pinos de Fibra de Vidro
de união utilizar.
Características

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Prótese Fixa
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Módulo de elasticidade: é a capacidade do Segundo conclusões de alguns estudos:
material de deformar até uma deformação
• Não foram encontradas diferenças
elástica, não entrando numa deformação
estatisticamente significativas
plástica (não retorna ao seu estado
entre as taxas de sobrevivência e
original).
insucesso de dentes tratados
Se compararmos o módulo de elasticidade endodonticamente restaurados
do pino de fibra de vidro e do metal, o de com pinos reforçados com fibra de
fibra de vidro se aproxima mais ao da vidro ou metálicos.
dentina.
Mas há artigos que dizem que o pino de
fibra de vidro tem taxa maior de sobrevida
quando comparados aos pinos metálicos.

Ao analisar através de um consenso é visto


que não há ainda uma diferença estatística
ainda, não há nenhuma evidência entre taxa
de falha de pino de fibra e núcleo metálico
fundido, independentemente de região, de
Se fizermos uma analogia/comparação aos estrutura coronária, se tem remanescente
carros de fórmula 1 que ao longo dos anos maior ou menor de 2mm (há muito tempo
evoluíram muito, em que antes eram carros dizia-se que remanescente com menos de
com eixos mais rígidos e pesados, e, 2mm é obrigatório colocar núcleo metálico
atualmente esse carro é formado por 90% fundido/com mais de 2mm coloca pino de
de fibra de carbono. fibra de vidro).
Qual a grande diferença que mudou esse Conclusão de outro trabalho:
cenário de um carro mais antigo para um
carro mais novo? • Nossos resultados indicam que
ambos os pinos de contenção
A diminuição do índice de morte nesses podem ser considerados uma
acidentes, porque numa batida com o carro alternativa adequada na
antigo, a carga ia direto para o condutor, já restauração do tratamento de
nos dias de hoje não ocorre, em que as dentes tratados
forças não foram dissipadas para o endodonticamente. Portanto, a
condutor (fibra de carbono → estrutura escolha do pino (fibra ou metal)
“amortece” essas cargas →  índice de pode ser baseada na preferência do
morte). dentista ou nas características
individuais do paciente, pois as
Então, fazendo a analogia do carro de
taxas de falha para pinos diferentes
corrida para a nossa boca o “elo” mais fraco
são semelhantes.
é o dente, e a depender do nível de fratura
que ele venha a ter, o pilar pode ser Daí vamos avaliar o custo-benefício de se
perdido. realizar um ou outro. Têm dentistas que até
hoje utilizam núcleos metálicos, só que de
Pino de fibra de vidro X Núcleo metálico
ligas áureas (mais semelhante ao módulo de
fundido
elasticidade da dentina → garantindo maior
Ao analisar a literatura, não há uma longevidade em comparação aos de ligas
definição que o pino de fibra de vidro é básicas → ligas mais duras).
melhor que o núcleo metálico fundido.

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Prótese Fixa
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A escolha ficará a critério do profissional e a Tamanho
depender do paciente. Largura/Volume

• Considerando por exemplo fatores


como tempo de trabalho: no Quanto ao tamanho existem diversos
retentor intrarradicular através de tamanhos do pino de fibra, desde 0,5
um pino de fibra de vidro fazemos (menor diâmetro) até o tamanho 3 (maior
no mesmo momento no paciente, diâmetro). A escolha do que vai ser utilizado
já no núcleo metálico fundido dependerá do remanescente dentário.
precisamos de um laboratório.
A FGM lançou o Whitepost DC que é o pino
de dupla conicidade, facilitando ainda mais
a adaptação ao conduto radicular.

• Nem sempre o conduto tem uma


conicidade única, podendo se
estreitar ao se aproximar da apical.

Ainda quanto às características:

• Alta resistência fadiga e flexão e


módulo de elasticidade próximo ao
da dentina;
• Capacidade de absorver impacto Toda a decisão do tamanho do pino que irá
sem levar esse stress para a utilizar será através da sobreposição do
estrutura dental (dissipação de pino sobre as radiografias periapicais.
força e absorção do impacto);
• Translúcido (dificulta o controle Alguns fabricantes mandam a
radiográfico) transparência, que facilita para ver o que
→ Entretanto as empresas melhor se adapta ao conduto radicular e
tendem a aumentar a escolhe o melhor adaptado.
radiopacidade dos núcleos, • Quanto menor a linha de
melhorando a composição cimentação entre o pino de fibra, o
dessas fibras (colocação de retentor e o dente são melhores,
uma fibra interna + diminuindo a chance de falha, de
radiopaca → para facilitar o soltura.
controle radiográfico).
• Melhores qualidades estéticas
• Economia de tempo e custos
(quando comparado aos núcleos
metálicos fundidos).
→ Acaba saindo mais barato,
pois no núcleo metálico
precisamos fazer o padrão
em resina e levar ao
laboratório para ser
transformado.

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Prótese Fixa
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Quanto melhor a adaptação no conduto,
menor o espaço entre o pino e o dente, e
1. Comprimento
menor a linha de cimentação, trazendo
assim mais longevidade, menor risco de
falha.

• O retentor intrarradicular deve


Conicidade
ocupar ⅔ do comprimento do
Formato
remanescente dentário (pode ser
mais, desde que tenha o mínimo de
Os melhores são os pinos de dupla 4mm de guta percha).
conicidade, sendo utilizado muitas
Se eu dividir o remanescente em 3 partes,
vezes o termo DC pelos fabricantes.
ele ocupa 2 desse comprimento total, desde
A dupla conicidade favorece a que deixemos no mínimo 4mm de material
adaptação dos pinos ao longo do obturador no ápice do dente.
conduto.
E que ocupemos no mínimo metade ⅟₂ do
Algumas vezes quando trabalhávamos suporte ósseo da raiz envolvida (o retentor
sem ter pino com dupla conicidade quando colocado deve ultrapassar pelo
tínhamos que alargar muito o conduto para menos a metade da inserção óssea do
que ele chegasse no comprimento total. remanescente radicular).

• Esse alargamento do conduto, OBS.: esses princípios de comprimento para


desgasta parede e fragiliza a retentor intrarradicular serve para núcleo
estrutura, em que essa estrutura já metálico fundido e pino de fibra de vidro.
vem com tratamento endodôntico, Ex.: pode ficar 7mm de remanescente de
sem vitalidade, o paciente perde guta percha, desde que esteja ocupando
um pouco a propriocepção do no mínimo ⅔ (passando da metade do
dente quando comparado ao dente suporte ósseo).
vital (por isso  o risco de fratura).
Preparo do Remanescente Dentário

Nesse preparo vamos abordar:

1. Comprimento do pino
2. Diâmetro
3. Inclinação das paredes do conduto

......................................................................

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Prótese Fixa
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Ainda na decisão do comprimento comparando o diâmetro da broca utilizada
precisamos ver a condição do tratamento para desobturar o conduto.
endodôntico antes de desobturar.

Os tratamentos endodônticos duvidosos,


em que não vejo a luz do canal obturada,
mesmo sem a presença de lesão →
RETRATAR!

A partir do momento que cimento um


retentor intrarradicular, o objetivo é nunca
remover dali, pois o processo de remoção
tem risco de fratura, trepanar uma raiz,
desviar do conduto. Cuidado com a porção apical pois o
diâmetro MD (mésio-distal) nessa região é
2. Diâmetro mais estreito (cuidado para não forçar e
correr o risco de fraturar a região ou a broca
O diâmetro do retentor utilizada).
intrarradicular deve ter no
máximo ⅓ do diâmetro total da BROCA SOBREPONDO RADIOGRAFIA.
raiz.

• A espessura da dentina
deve ser maior na face vestibular
dos dentes anterossuperiores, já
que a força é maior nesse sentido.

Se quiser alargar mais conduto,


fragilizarei o remanescente e corro risco de
Utilizaremos as brocas gates e largo, porque
fratura.
têm pontas diferentes e com finalidades .
Quanto MAIOR o diâmetro, MAIOR será sua
• Gates Glidden:
retenção e resistência, PORÉM DEVE SER
broca inicial,
CONSIDERADO O POSSÍVEL
com ponta ativa
ENFRAQUECIMENTO DA RAIZ. Ou seja, não
pequena e com
vale a pena esse ganho em relação ao risco.
poder de corte
em
profundidade
maior.
• Largo: usada após a Gates, com
ponta ativa maior e poder de corte
mais lateral.

O estabelecimento do diâmetro é através


da radiografia periapical, sempre

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Prótese Fixa
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Se decidimos por exemplo que vamos • Entrar e sair do conduto com as
desobturar 10mm do dente, vamos decidir brocas ativadas (risco de travar e
por transparência a broca que vai utilizar, fraturar dentro do canal);
no diâmetro adequado do dente (adaptação • Intercalar GG-Largo (para ganhar
da broca no conduto), então por exemplo se em profundidade e remover guta
a Gates 2 se adaptar estritamente no percha e resto de cimento
conduto utilizo ela, e após isso utilizo a endodôntico das paredes);
broca largo para limpar as paredes do canal. • Uso de vários cursores
endodônticos (preencher de curso
• Gates irá desobturar e a largo
da base até o comprimento que se
limpará (precisa não deixar guta
quer trabalhar);
percha nas paredes circundantes do
• A guta percha é macia, em caso de
conduto);
resistência PARAR.
• A Gates tem que ser a que se adapta
→ A guta percha mais nova é
perfeitamente no conduto. Se
macia. Se for muito antiga
utilizar uma menor, corre o risco de
ela fica bem mais rígida,
ela perfurar a guta percha, laçar e
sentindo uma certa
puxar a guta até o ápice (precisará
resistência, principalmente
reobturar o dente novamente).
inicialmente para romper
Em resumo, cuidado para utilizar a Gates ela.
adaptada no canal e cortando totalmente a
guta percha, e até o processo de rotação da 3. Inclinação das paredes do conduto
broca acaba aquecendo, derretendo a guta
A inclinação das paredes
e corre o risco de laçar e puxar tudo.
não deve ser acentuada.
No momento de toda desobturação, ao Quanto maior a
sentir resistência, para e confere conicidade, menor a
radiograficamente se está seguindo o retenção e o risco de
percurso do conduto. fragilizar a parede do
remanescente.
OBS.: se o dente tiver alguma curvatura
(antes dos ⅔), o princípio de ⅔ deixará de • Inclinações
existir, pois não tenho como atingir ⅔ de um excessivas geram
dente, se ele tem uma curvatura. Mesmo menor retenção,
tendo lima rotatória flexível que seja além de gerar concentração de
possível desobturar abaixo da curvatura, o forças.
pino não é flexível, não entrando abaixo de
A inclinação aceitável é de 10°,
curvatura. Caso a curvatura seja depois dos
que já é a próximo da
⅔ considera como conduto normal.
inclinação de um conduto
Dicas importantes: radicular.

• Cuidado com o longo eixo do dente • A inclinação aceitável é


(p/ não correr risco de perfurar o de 10 graus. Em casos
remanescente); de grandes inclinações
• Verificar se as brocas estão uma alternativa é
empenadas; aumentar o
comprimento do pino.

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Prótese Fixa
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Técnica de Confecção e caso esteja com


pino bem adaptado,
se ficar adesivo
https://www.youtube.com/watch?v=s5jiga empoçado o
FdF9w retentor não entra
por completo.
Vídeo mostrando o passo a passo da 7. Manipulação do
confecção de um pino de fibra de vidro. cimento no sistema
Inicialmente o canal já se apresenta automix, preenche o
desobturado no comprimento adequado. conduto de baixo
até a parte mais
1. Coloca-se o coronal.
retentor e confere que 8. Insere o pino e
chegou no assenta em todo o
comprimento correto. conduto, pressiona
para o
assentamento final
2. Corte do excesso do e remove o excesso
pino (algumas pessoas de cimento.
deixam para cortar o 9. Fotopolimerização.
excesso depois, mas o
professor gosta de fazer
antes).
3. Tratamento do pino
(será visto na aula de
cimentação). No vídeo
está utilizando o silano
que é um agente de
união.
4. Preparo do conduto
dependerá do tipo de
cimento que utilizará.
No vídeo ele condiciona
porque utilizará um
cimento convencional
(precisa de
condicionamento e
lavagem da dentina) e
um adesivo
convencional. Então a sequência é basicamente:
5. Lavagem e remoção • Preparo do remanescente quanto à
de todo excesso de comprimento, largura;
água.
• Prova do pino;
6. Aplicação do
• Preparo da estrutura dentária para
adesivo e no vídeo ele
adesão/cimentação;
fotopolimeriza o adesivo. OBS.: O
• Cimentação;
professor NÃO fotopolimeriza, pois
• Confecção do núcleo do
há risco de ficar adesivo empoçado
preenchimento.

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Prótese Fixa
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Para a confecção do • Hoje é muito difícil
núcleo de conseguirmos uma adaptação
preenchimento ele está perfeita do pino ao conduto
utilizando o próprio radicular.
cimento, que é
Caso cimente um pino não adaptado, como
classificado como CORE
um conduto muito largo e o pino fica
(corpo), em que ele
“solto”, a linha de cimentação é muito
pode ser utilizado para
grande e a chance de falha é maior.
fazer o preenchimento
coronário. Então, atualmente personalizamos o pino
de fibra de vidro, que consiste em
Caso não fosse do tipo
anatomizar ele ao formato do conduto
CORE, o preenchimento
radicular.
coronário deve ser com
resina composta. Pino de Fibra de Vidro Anatomizado
Em seguida, ele fez um
preparo convencional
para coroa total. Após Decidimos radiograficamente o quanto
isso serão feitos os vamos desobturar do conduto
passos de moldagem e radicular. Deixando no mínimo 4mm de
confecção da coroa. guta percha apical.

Desobturamos seguindo toda a


sequência de Gates, Largo, removendo
toda a guta e cimento.

Pinos de fibra de vidro personalizados é


outra modalidade que estamos
utilizando hoje.

O caso do vídeo anterior em que só fez


a cimentação do pino, será feita quando
o pino estiver totalmente adaptado ao
conduto radicular. Conduto limpo e a guta percha selando
apicalmente o dente.

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Prótese Fixa
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Ao provar o Após assentar no
pino, nesse conduto, dá uma
caso por fotopolimerizada
exemplo de 2 segundos,
seja o pino remove e coloca
3, diante novamente,
dessa fotopolimeriza,
adaptação fazendo umas 3
no conduto, vezes esse processo de 2 segundos, porque
caso se faça uma cimentação nessa se colocar dentro e polimerizar 100%, se
condição, terá uma linha de cimentação tiver alguma retenção, não sairá da boca do
muito grande → Anatomizar o pino paciente.
com resina composta.
O pino precisa sair anatomizado ao conduto
Inicia com o preparo do paciente. Seguirá em seguida o mesmo
do pino, em que pode processo do vídeo anterior.
aplicar ácido fosfórico
• O cimento é auto-adesivo ou
(não está
não é auto-adesivo.
condicionando o pino,
• A depender disso utilizaremos a
mas sim
estratégia de preparo dos
desengordurando), há
remanescentes dentários e dos
autores que só utiliza
pinos.
álcool a 70%.
Logo após, será cimentado e a parte
Após o álcool 70%,
coronária será feita (com cimento de
aplica o silano (agente
corpo/CORE ou com resina composta).
de união da matriz do
pino a resina que virá). Abaixo ocorre o processo de preparo,
desengordurando a resina e o pino sendo
Aplica-se adesivo no
cimentado. É removido todo excesso e há
pino e com resina
uma linha de cimentação mínima.
composta envolvendo
o pino, para colocar no
conduto e modelar.

OBS.: O conduto já
precisa estar isolado
com gel íntimo
hidrossolúvel (KY – à
base água e não impõe
a polimerização). OBS.: a ideia de se colocar o pino com o
• Não utilizar cimento foi muito utilizada, mas os estudos
vaselina pois é oleoso mostram que geram muita bolha. O IDEAL é
e não há garantia que utilizar o cimento automix com a ponteira e
depois conseguirá injetar do ápice para a parte coronária
limpar a região apical, (garante a não formação de bolha – as
além de impedir a bolhas fragilizam o sistema).
polimerização da resina.

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Prótese Fixa
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Ao chegar no processo de modelar o
conduto (copiar a parte interna), utilizamos
um pino de resina pré-fabricado.

Primeiro isola o conduto com gel íntimo


hidrossolúvel e carregamos o pino com
resina acrílica vermelha (Duralay), em
seguida levamos o conduto para
anatomizar.
Por último cimentar, fotopolimerizar e
ajustar do preparo, tendo um retentor
preparo com núcleo de preenchimento e o
preparo coronário pronto para ser moldado
e coroa ser feita.

Núcleo Metálico Fundido

O processo de preparo Ao final apresentamos o conduto modelado


do remanescente, com resina acrílica vermelha (específica
desobturação, para o processo de fundição – para na
comprimento, largura queima não deixar resíduos). O formato
será igual ao que foi coronário se assemelha ao outro, em que se
abordado. fez um preparo com brocas de preparo
convencional e mandamos para o
Mas para fazermos o laboratório.
pino metálico, antes precisamos fazer um
padrão em resina e mandar para o Na sessão seguinte, recebei isso em metal e
laboratório, para que a transforme em cimentamos no paciente. Nesse meio
metal. tempo entre preparar e cimentar, o
paciente estará com um provisório com
• Resina Duralay: é a resina utilizada retentor intracanal.
e que é específica para o processo
de fundição. Dúvida na aula: Então terá mais esse custo,
enquanto o pino de fibra de vidro posso
colocar no mesmo dia?

R: O provisório sempre irá existir, não


sendo um custo a mais. O custo a mais será
o padrão de resina, além da hora clínica de
consultório para confeccionar e o custo
laboratorial →  custo.

Inevitavelmente nunca farei em uma


sessão.
Já temos o conduto todo adequado,
preparado e desobturado como se fosse
para cimentar um pino de fibra de vidro.

14
Prótese Fixa
Vanessa Bastos – Turma 104
FOP – UPE
convencional em conduto radicular e que
Endocrown traz longevidade para os casos.

Há uma linha hoje das coroas do tipo


endocrown, em que não colocamos o
retentor intrarradicular no dente, mas esse
retentor virá na coroa do paciente.
Entretanto o retentor não ocupará o espaço
do conduto radicular, mas só da câmara
pulpar.
Indicações
Endocrown é uma corota total
normalmente de um dente • Dentes posteriores em situações de
posterior, ancorada na porção perda excessiva de tecido dental
interna da câmara pulpar e nas coronal
margens da cavidade, sendo a • Espaço interoclusal limitado
obtenção de retenção • Raízes curtas, obliteradas ou
macromecânica fornecida pelas frágeis, que impeçam o uso de
paredes pulpares, e a retentores
microrretenção fornecida pela
→ Exemplo: tem uma
cimentação adesiva.
calcificação no terço
• Não funcionaria para dentes cervical da raiz, em que o
anteriores, por conta das forças endodontista não
oblíquas, em que o braço de conseguiu passar a
alavanca tenderia a fraturar o calcificação;
dente. → Podemos tentar trabalhar
com a endocrown;
Então, o retentor faz parte da coroa, → Preserva a câmara pulpar,
inclusive é cerâmico da foto acima. preenche a câmara com a
“parte radicular da coroa”.
• Quando não é possível atingir a
espessura adequada da cobertura
cerâmica ou resinosa;
• Altura residual das paredes
mínimas de 2mm
→ Se tiver uma câmara pulpar
com menos de 2mm está
Precisamos preparar o conduto, em que ele contraindicada.
fica obturado, mas precisamos da câmara
É algo novo, mas que mostra uma tendência
pulpar preparada.
de bons resultados, mesmo com suas
• Dentes que não tem altura de limitações.
câmara pulpar de no mínimo 2 mm
estaria contraindicada a endocrow.

É algo novo, promissor pois estamos


deixando de utilizar retentor intrarradicular

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Prótese Fixa

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