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CULTURAIS RÍTMICAS,
EXPRESSIVAS E
GÍMNICAS
O CORPO E O MOVIMENTO���������������������������� 4
O MOVIMENTO E A CULTURA AO
LONGO DOS ANOS����������������������������������������� 9
O MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA
CULTURA BRASILEIRA�������������������������������� 22
O RITMO DE TUDO��������������������������������������� 33
A COMPREENSÃO DO SOM������������������������� 37
OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA����������������������� 40
Os domínios do desenvolvimento humano����������������������� 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������������� 65
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book você poderá aprender o conceito
de corpo e sua incrível capacidade de gerar movi-
mento. Será abordado o papel do movimento no
desenvolvimento individual de cada um de nós e
como ele influenciou o avanço da humanidade.
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O CORPO E O MOVIMENTO
Para começarmos, proponho a você o seguinte
questionamento: o que é o corpo? Em princípio,
em uma visão reducionista, podemos pensar que
se trata de um conjunto de sistemas fisiológicos
compostos por órgãos, ossos e tecidos diversos.
Mas podemos julgar correta uma definição tão
rasa? O conceito de corpo é amplo e a cada análise
podemos ter uma resposta diferente.
O corpo pode ser descrito pela ciência como matéria,
definido ainda por outras áreas como um conjunto
de sistemas que trabalham harmonicamente vi-
sando ao equilíbrio e à preservação da vida. Essa
dinâmica envolve desde diminutas células até
estruturas macroscópicas como órgãos, ossos,
pele, músculos etc.
É interessante notar que o mesmo conceito é ex-
plicado pela Psicologia de maneira bastante ampla
e reflexiva. Freud pontuava que o corpo possui
dois significados, um o corpo real, que podemos
tocar e ver, que ocupa um espaço e é galgado na
anatomia, e outro o corpo como princípio de vida
e individualização, com significados particulares
ao indivíduo.
A relação entre o corpo e a mente produz uma visão
única do indivíduo – a chamada imagem corporal,
que pode ser compreendida como a forma com que
o corpo se apresenta para o indivíduo, sendo esta
relação única e subjetiva, uma vez que está ligada
à percepção do próprio. No entanto, essa relação
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não é imutável, ou seja, ela pode mudar, uma vez
que é construída com base em experiências vividas
anteriormente e anseios futuros.
Esse corpo, dotado de dinamismo, conceitos
intrínsecos e demandas próprias que envolvem
a existência e a percepção, serve ainda de ins-
trumento de linguagem e expressão. Graças a
complexas estruturas, o corpo é capaz de produzir
algo fantástico que move a humanidade e permite
a nossa evolução: o movimento.
Vencer a inércia faz do homem um ser único, uma
vez que é capaz de empregar o corpo não somente
em tarefas voltadas para a sobrevivência, mas tam-
bém em tarefas minuciosas que requerem destreza,
cognição e treinamento. Enquanto os animais se
movimentam de forma a buscar a preservação da
vida, isto é, caçar, fugir de predadores e encontrar
abrigo, nós seres humanos vamos além. Fazemos
o uso do movimento na arte, no esporte, na recre-
ação e em muitas outras situações. Mais do que
isso, o movimento serve também para manifestar
ideias e para expressar emoções e sentimentos.
O movimento é natural ao ser humano. O bebê
movimenta-se dentro do ventre da mãe, sem ao
menos ter visto o mundo de fora. Ao nascer, chora,
agita braços e pernas, abre os olhos. Até o primeiro
semestre de vida ele não compreende o seu corpo
como uma identidade única, ele ainda acredita ser
uma extensão de sua mãe.
A descoberta do bebê em relação a si e ao seu corpo
e à sua desvinculação à ideia de “extensão da mãe”
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se dá através do movimento. Ao movimentar-se,
a criança aprende a reagir a estímulos, expressar
emoções e desejos e firmar a sua identidade e o
seu processo de descoberta do mundo.
Hoje em dia o movimento é altamente valorizado
e reconhecido como parte fundamental do desen-
volvimento infantil, sendo fortemente incentivado
por médicos e entidades de saúde voltadas à
criança. No passado, era comum que mães e pais
aninhassem seus bebês em cueiros, popularmente
chamados de “charutinhos” – técnica que consiste
em enrolar a criança em mantas ou tecidos redu-
zindo a sua mobilidade. Atualmente, reconhece-se
que a prática não deve ser incentivada, uma vez
que a diminuição da capacidade de movimento da
criança aumenta as chances de morte por Síndrome
da Morte Súbita Infantil, além de comprometer o
seu desenvolvimento.
Figura 1: Bebê enrolado em um cueiro.
Fonte: Maesdepeito
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O movimento está ligado a processos biológicos,
psicológicos e sociais, pois é por meio dele que
somos estimulados e nos desenvolvemos. É atra-
vés do movimento que a criança explora o mundo
e constrói conhecimentos através dessas experi-
ências. Além do repertório motor, esse processo
permite ganhos nos domínios cognitivo e afetivo,
pois a criança passa a aprender a lidar com o
outro e como estabelecer relações. Um exemplo
disso são os jogos infantis. A criança, por meio
do movimento, aprende a lidar com os colegas, a
seguir regras, a realizar gestos específicos, além
de experimentar os conceitos de ganhar e perder.
Até agora pudemos observar a importância do
movimento no desenvolvimento e na maturação
de cada indivíduo. Mas, e quando pensamos na
importância do movimento para o todo?
Vimos anteriormente que o movimentar-se estava
ligado às atividades fundamentais de sobrevivência
como a caça, por exemplo. Deixo aqui o seguinte
questionamento: quando o ser humano passou
a dedicar sua capacidade motora para outras
finalidades?
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Figura 2: Pintura rupestre representando o movimento.
Fonte: Todamateria
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O MOVIMENTO E A
CULTURA AO LONGO DOS
ANOS
Inegavelmente somos seres sociais. Graças ao
intelecto e à capacidade de interagir nós nos tor-
namos seres políticos, exploramos as relações
sociais e estabelecemos a nossa convivência
através da formação de grupos.
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Além de fatores ligados à subsistência, o homem
se organizou em sociedades não apenas por ques-
tões relacionadas à segurança, mas também por
razões afetivas e biológicas. De fato, não fomos
criados para vivermos sós.
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A ideia de cultura, como pudemos observar, é bas-
tante ampla, o que permite incluir diversos com-
ponentes como a fé, a linguagem, a indumentária,
as relações interpessoais, os valores, as crenças,
a noção de tempo, a arte, o conceito de universo,
os alimentos e tudo mais que tange o comporta-
mento humano.
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como Apolo. Essa divindade, filha de Zeus com
uma titã, representava o sol, a perfeição, a cura
e a verdade. Sempre representado muito jovem,
atlético e bonito, Apolo era considerado o patrono
da ginástica e de todos os espaços de prática. Por-
tanto, o movimento era extremamente valorizado
e difundido nessa cultura, juntamente ao culto do
corpo ideal, sempre registrado de maneira forte e
atlética, como Apolo. Além do fundo religioso, o
movimento na forma da ginástica também estava
ligado ao culto ao corpo, à saúde e ao intelecto, o
que fazia com que fosse adotado por todos – reli-
giosos, soldados, intelectuais e demais cidadãos.
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Figura 3: Representação em mármore do deus Apolo.
Fonte: Wikipedia
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pismo, lançamento de disco, salto em distância,
lançamento de dardo e luta.
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Figura 4: As ruínas do antigo anfiteatro na Acrópoles de
Atenas, Grécia.
Fonte: Todamateria
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foram cedidas gentilmente aos romanos, mas sim
como frutos de muitas batalhas. Nessa época, as
relações eram frágeis e tudo podia se tornar motivo
para um confronto. Por esse motivo, os romanos
possuíam um poderoso contingente militar, o qual
era preparado por meio de treinamentos e ginásti-
ca. Além disso, os romanos mantiveram algumas
tradições gregas como danças para marcar mo-
mentos importantes e o teatro. Não à toa, foi na
Roma Antiga que a frase “mente sã num corpo
são” surgiu, oriunda de um poema de Juvenal – do
latim “mens sana in corpore sano”.
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Nesse momento da história, a Igreja Católica
passou a exercer o controle e o domínio dos cos-
tumes, das artes e da vida cotidiana nas pessoas.
A fé politeísta e o culto à beleza do corpo foram
fortemente reprimidos. Tudo agora era pautado
na religiosidade e na moral. Ao menor sinal de um
comportamento que fugisse às regras, a pessoa
era delatada e severamente punida.
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com a preparação física, a equitação, arco e flecha,
esgrima, corrida e luta.
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Michelangelo, Caravaggio, dentre tantos outros.
A cultura e o movimento, até então, nunca haviam
sido tão valorizados.
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Figura 5: Movimentos calistênicos sendo reproduzidos em
aula de educação física escolar em Porto Alegre nos anos
1930.
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nauta para ir ao espaço até a reabilitação de uma
pessoa com lesão medular.
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O MOVIMENTO NA
CONSTRUÇÃO DA
CULTURA BRASILEIRA
O Brasil é um país de dimensões continentais.
Sendo o maior do Hemisfério Sul e o quinto dentre
todo o globo. Nosso passado revela a influência de
diferentes países, o que se observa até mesmo nos
dias de hoje, com o êxodo moderno de imigrantes
que buscam em nosso território uma nova vida.
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Os povos indígenas também deixaram raízes na
arte. As máscaras, o culto à natureza, as pinturas
corporais e as danças ritmadas até hoje ecoam
na nossa cultura. Na língua portuguesa também
encontramos diversas palavras cuja etimologia
remete aos primeiros habitantes do Brasil. Por
exemplo, um famoso ponto da cidade de São Pau-
lo, o parque do Ibirapuera significa, em tupi, “lugar
que já foi mato” ou, ainda, o Rio Tietê – “caudal”,
“volumoso” na mesma língua.
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Figura 6: Indígenas disputando cabo de guerra.
Fonte: Escolaeducacao
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Essas pessoas escravizadas vindas do continente
africano chegaram aqui em aproximadamente
1538 e gradualmente substituíram a mão de obra
indígena. Africanos de diferentes regiões, tribos
e costumes eram capturados e trazidos para as
Américas – lembrando que tristemente a escravidão
não foi um processo exclusivo do Brasil, apesar
de nosso país ter sido um dos últimos a aboli-la.
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tribuiu de maneira importante para a construção
da nossa cultura.
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que 6 milhões de pessoas sejam praticantes da
modalidade, sendo representada até mesmo por
atletas de elite em competições internacionais de
mixed matial arts (MMA).
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Figura 7: Grupo dançando a umbigada, dança de matriz
africana originada nos quilombos.
Fonte: Globo
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recomeçar a vida em um novo país junto de suas
famílias. Vale lembrarmos que o governo brasileiro
criou condições particularmente favoráveis para
que a proposta se tornasse atraente o bastante
para convencer essas pessoas a largarem tudo
por uma vida nova em solo brasileiro.
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O jiu-jitsu brasileiro, internacionalmente conhecido
como brazilian jiu-jitsu, foi fruto do encontro de um
imigrante japonês, conhecido como Conde Koma
e um brasileiro, Carlos Gracie. Anos mais tarde o
esporte seria regulamentado e difundido mundo
afora.
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Figura 8: Representação da quadrille que inspirou a nossa
quadrilha junina.
Fonte: Papodegordo
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É importante destacar-se que a cultura é um
componente dinâmico que sofre influências a
todo momento. Indígenas, africanos e europeus
constituíram a nossa identidade nacional, que está
em constante construção.
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O RITMO DE TUDO
Até agora discorremos sobre a cultura e o movimen-
to sem entrarmos em um mérito importantíssimo,
que cabe uma sessão somente a ele. O quicar de
uma bola, as batidas do coração, o compasso de
um relógio, as estações do ano, o dia e a noite –
tudo é ditado por um ritmo.
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do corpo. Mas de que maneira o ritmo se encaixa
nesse contexto?
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Figura 9: O metrônomo é um instrumento que dita o anda-
mento musical graças ao balanço de uma haste metálica.
Fonte: Wikipedia
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ritmos musicais que encontramos mundo afora e
sobretudo no nosso país. É difícil pensar nesses
elementos e não os associar à dança, um tema
bastante rico que veremos futuramente.
O ritmo pode ser marcado de diferentes maneiras
e está relacionado ao tempo musical. Pode ser
marcado por uma batida, como um instrumento
de percussão, com o próprio corpo, como o gesto
de bater palmas ou pés, ou por meio de uma con-
tagem – e é fundamental para a cadência do som.
Não à toa as músicas são classificadas de acordo
com as batidas dadas dentro do período de um
minuto, o que é popularmente chamado de batidas
por minuto (BPM). Essa medida leva em conta o
andamento do som, isto é, o grau de velocidade
do compasso.
Músicas com maior BPM tendem a ser mais
rápidas, enquanto um menor BPM representa o
oposto. Interessante pensar na relação BPM da
música com o BPM do nosso coração. Músicas
com maior BPM tendem a aumentar a frequência
cardíaca, uma vez que está ligada às emoções,
sendo o contrário também verdadeiro. Sons com
menos BPM comumente levam a um estado de
relaxamento ou tranquilidade, o que invariavelmente
mantém uma frequência cardíaca também mais
baixa ou dentro da normalidade. Esse fenômeno
é bastante revelador ao pensarmos na relação
ritmo e fisiologia.
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A COMPREENSÃO DO SOM
Sabemos que o cérebro dos seres humanos é uma
máquina incrível, pois é ele, junto à nossa capa-
cidade de memória e linguagem, que nos permite
compreender o que é a música.
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música pelo cérebro e as demais estruturas envolvidas no
processo.
Com a força da
pressão a cóclea se
mexe e o líquido
dentro dela também.
O tímpano aciona os Essa movimentação
ossinhos do ouvido, ativa as pequenas
que se movem e células ciliadas em
pressionam a cóclea. seu interior.
Fonte: Estudopratico
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capaz de montar esse verdadeiro quebra-cabeça de
diferentes variáveis. O conjunto dessas atividades
motoras e cognitivas envolvidas no processamento
da música é chamado de função cerebral.
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OS BENEFÍCIOS DA
MÚSICA
OS DOMÍNIOS DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Até o momento, pudemos compreender como
nosso cérebro consegue interpretar um som sob
a perspectiva da fisiologia, mas quais seriam os
seus efeitos em relação ao nosso desenvolvimento?
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Nesta seção estudaremos como a musicalidade
é capaz de influir em cada um desses domínios e
todos os benefícios que ela pode proporcionar no
processo de desenvolvimento.
Domínio cognitivo
A convivência com a música é algo básico a
todos, porém alguns vão além e dedicam-se ao
aprendizado de instrumentos. Essas pessoas,
segundo a ciência, passam a desenvolver determi-
nadas habilidades além da própria música, como
maior grau de atenção, concentração e controle
emocional. Não por acaso, hoje, já nos primeiros
anos escolares, são oferecidas aulas de música
aos pequenos. Do ponto de vista fisiológico, esse
fenômeno é explicado através do desenvolvimento
do córtex auditivo primário, uma vez que ele é in-
fluenciado pela repetição da experiência, ou seja,
quanto maior ela for, maior é o número de células
estimuladas e reativas a sons e tons musicais.
Pensando nisso, podemos inferir que à medida
que vivenciamos essas experiências ocorre uma
reorganização em nosso cérebro, graças à chamada
plasticidade neural.
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da saúde. Por exemplo, a música pode reduzir
níveis de estresse, melhorar a qualidade do sono,
aumentar o ânimo e melhorar o nosso humor.
Domínio psicossocial
Todos os benefícios de se ouvir e/ou praticar
música estão relacionados à ativação de diferen-
tes estados emocionais, que por sua vez geram
reações fisiológicas como resposta. Por exemplo,
músicas com mais batidas por minuto, comumen-
te associadas às músicas agitadas, provocam
o aumento da frequência cardíaca, o que leva a
um estado de maior ânimo e disposição, sendo
elas normalmente a escolha número um na hora
de se praticar exercícios físicos ou participar de
competições.
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Domínio motor
Já pudemos constatar que a compreensão do som
na forma de música requer diferentes capacidades
e provoca diferentes respostas, o que invariavel-
mente nos leva a pensar no domínio motor.
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MÚSICA COMO
EXPRESSÃO DA CULTURA
Já tratamos do papel da cultura na construção das
sociedades e pudemos observar como o movimento
foi visto ao longo da história em diferentes cultu-
ras. Agora vamos compreender como a música se
tornou um componente fundamental da cultura.
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da corte portuguesa e se tornou uma espécie de
“estilo oficial”.
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ÁFRICA
Antropólogos e estudiosos no assunto consideram
o continente africano como o berço da humanida-
de. É formado por 54 países e é o segundo mais
populoso do planeta, o que nos dá uma ideia da
efervescência cultural dessa terra.
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necessariamente entre si. Isso se deve ao fato da
música ser uma representação da vida.
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saudar ancestrais e marcar eventos importantes
em seu meio social.
Fonte: Unisinos
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A diáspora do povo negro, provocada pela interfe-
rência do homem branco em seu continente natal,
fez com que essas pessoas aportassem em terras
distantes na condição de escravizados. Por mais
que seus algozes tenham tentado apagar os seus
valores religiosos e podar as suas raízes culturais,
é inegável a sua sobrevivência e difusão. Seja o
samba no Brasil ao som de pandeiros e outros
instrumentos de percussão, a dançante rumba
cubana ou o revolucionário rock and roll nos Esta-
dos Unidos, todos possuem o DNA da mãe África
e de seus filhos mundo afora.
ORIENTE MÉDIO
Não raro, essa região do planeta é confundida
com um continente. O Oriente Médio é uma re-
gião localizada na parte oeste da Ásia, também
conhecida como Ásia Ocidental, e compreende os
principais países árabes como Líbano, Irã, Iraque,
Arábia Saudita e Emirados Árabes, dentre outros.
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Apesar da sua prevalência instrumental, no pas-
sado, mulheres de belas vozes eram escolhidas
para entoar canções. E não somente, também
aprendiam a tocar instrumentos.
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são. O material talhado em argila recebeu o nome
de H6 e conta de maneira milenar uma história
um tanto interessante. A canção narra a história
de uma jovem que não pode ter filhos e crê que
o fato se deve ao seu comportamento. Em uma
tentativa de reparação, a moça sai à noite para
rezar para a deusa Nikkal, deusa da Lua, e leva
consigo uma pequena oferenda com sementes
ou óleo de gergelim.
ÍNDIA
É um fato que a música é um fenômeno universal,
mas a sua construção e compreensão difere de
lugar para lugar. Na maior parte do planeta, se
você perguntar qual é a base fundamental de uma
composição, a resposta será a mesma: as notas
musicais.
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Um raga pode ser compreendido como um con-
junto de normas de como construir uma melodia.
É ele que define se a escala deve ser ascendente
ou descendente, as notas a serem tocadas e por
aí em diante.
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pluricultural foi construída através de uma história
milenar. No entanto, o processo de modernização
do país deu novos ares à cultura.
EXTREMO ORIENTE
Retornamos mais uma vez ao continente asiático,
dessa vez à região denominada como “extremo
oriente”. Compõem esse território países como o
Japão, a China, a Coréia do Norte, a Coréia do Sul,
Taiwan e Mongólia.
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Por exemplo, há mais de 4 mil anos a.C. filósofos
chineses já descreviam a presença da música e
atribuíam sua existência à natureza. Voltando ainda
mais na linha temporal, na região também foram
encontradas 16 flautas confeccionadas em ossos.
Especialistas estimam que os artefatos tenham
entre 8 e 9 mil anos de existência.
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o canto e a arte. Uma de suas muitas incumbências
é o estudo e a prática do shamisen, um instrumento
semelhante a um banjo de três cordas, cujo som
melancólico por vezes é acompanhado pela flauta
– outro instrumento que as gueixas também devem
saber tocar. Por fim, o repertório musical dessas
mulheres também era composto por instrumentos
de percussão, como o ko-tsuzumi, um pequeno
tambor de ombro em forma de ampulheta, e o
taiko, um tambor de chão.
Fonte: Japanesetradmusic
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k-pop (do inglês Korean pop), é o novo fenômeno
entre os mais jovens, ultrapassando as fronteiras
do país asiático e ganhando destaque pelo mundo.
OCEANIA
Esse continente é basicamente formado por um
conjunto de ilhas, cujos países mais conhecidos
são: Nova Zelândia, Austrália, Samoa e Papua
Nova Guiné. Sua rica cultura remonta ao tempo
dos seus povos originários, como os aborígenes
que habitaram o território que hoje conhecemos
como Austrália ou os maoris, na Nova Zelândia.
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como uma forma de demonstrar força e unidade
frente a um inimigo. Os passos são acompanhados
de palavras cadenciadas e cantadas em tom forte.
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Figura 13: Imagem de um aborígene tocando um
didgeridoo.
Fonte: Thepoweredit
AMÉRICAS
A América é um vasto continente, que cobre de
norte a sul o globo terrestre e é lar dos mais di-
versos povos. Aqui trataremos desse lugar na sua
essência original: os povos nativos.
Antes da chegada dos europeus colonizadores
e, posteriormente, das pessoas negras escravi-
zadas vindas da África, habitavam essas terras
uma imensa quantidade de povos indígenas de
diferentes etnias, regiões e culturas. Em comum,
o fato de que viam na natureza uma forma de
conexão com o sagrado. Não raro, celebravam
colheitas, fenômenos climáticos, a fertilidade, a
caça e momentos importantes como o nascimento,
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a união e a guerra, dentre outros. Nesse contexto,
a musicalidade marca rituais de modo integrativo
com outras formas de expressão cultural, como a
própria dança.
Os nativos norte-americanos costumavam empregar
em suas músicas a voz e instrumentos de percussão.
A primeira podia aparecer como um solo, um coral
ou um canto responsorial (como um jogo musical
no qual um indivíduo pergunta e todos respondem
ou repetem a fala). A percussão era feita a partir
do som de tambores e chocalhos. Normalmente
iniciava-se com batidas lentas e constantes que
aumentavam gradualmente, acompanhadas não
somente pelo canto, mas por coreografias também.
A América pré-colombiana, isto é, antes da chega-
da de Cristóvão Colombo e seus homens, contava
com povos como os incas, os maias e os astecas
na região da América Central e da Cordilheira dos
Andes, ao sul do continente. Esses grupos forma-
ram verdadeiros impérios, cujos resquícios até
hoje são contemplados e visitados como pontos
turísticos preservados como patrimônios da hu-
manidade. Sua musicalidade estava relacionada
principalmente à religiosidade, com uma profunda
relação com a poesia. As apresentações contavam
com o acompanhamento de instrumentos, danças
e encenações.
Até os dias de hoje, como resultado do sincretismo
cultural proporcionado pelos povos originários da
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região e a influência da colonização espanhola,
podemos ver apresentações musicais típicas das
regiões que refletem todo esse passado, sobre-
tudo no Peru. Em geral, toca-se o charango, um
instrumento de cordas com formato semelhante
a um violão; a zampoña, uma espécie de flauta
confeccionada a partir do junco, e a ocarina, ou-
tro instrumento de sopro, feito de barro, pedra ou
madeira, em formato oval.
Alguns grupos indígenas brasileiros acreditavam
que a música era um presente dado pelos deuses,
uma vez que ela se fazia presente tanto nas fes-
tividades coletivas quanto na esfera íntima e era
um importante elemento socializador, uma vez
que promoviam o contato entre diferentes tribos
por meio da linguagem não verbal.
A música para esses grupos estava presente, mais
uma vez, em rituais e cerimônias e havia regras e
determinações para o uso de certas melodias, além
da escolha daquele que iria cantá-la, bem como o
momento certo para isso ser feito. Dessa forma,
algumas canções e instrumentos só poderiam ser
praticados por homens, outros só por mulheres
e outros, ainda, só para um determinado rito ou
celebração.
As flautas possuem um importante destaque para
algumas etnias, sendo a sua prática normalmente
reservada aos homens.
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Figura 14: Homens indígenas brasileiros tocando flauta.
Em algumas etnias, mulheres são proibidas até mesmo de
escutar o seu som.
Fonte: Emaze
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A MÚSICA E O RITMO
NO CONTEXTO DAS
EXPRESSÕES CORPORAIS
Certamente você já ouviu a máxima “o corpo fala”.
E, de fato, essa é uma verdade. Ainda que de uma
forma não verbal, podemos utilizar do corpo para
nos comunicarmos. Seja um gesto, uma careta, um
sinal ou uma coreografia complexa. Tudo passa
pela expressão corporal.
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feições de um bebê os pais conseguem identificar
se ele está com fome, com a fralda suja, com dor
etc. Faz parte da nossa natureza.
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com a expressão corporal. Motivo esse que é objeto
de estudo de inúmeros pesquisadores da área.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book pudemos compreender conceitos
interligados e muito importantes. Inicialmente, pu-
demos ver como a música, até então uma simples
vibração no ar, é captada pelo sistema auditivo e
processada no cérebro. Um processo rico e com-
plexo da natureza humana.
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forma de maneira independente da visão eurocên-
trica do neoclassicismo.
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fundamental na Índia, seja nas celebrações religio-
sas, na vida cotidiana ou no cinema, representado
por Bollywood.
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tom gradualmente. Os povos nativos da América
Central também possuíam forte relação com a
música. Um dos exemplos é a música peruana
marcada pelo som do charango, da zampoña e da
ocarina. Já os homens dos povos nativos do nosso
país usavam a flauta para compor suas músicas,
algo nem sempre permitido às mulheres – o que
variava de etnia para etnia. Algumas músicas eram
cantadas somente por eles, outras somente por
elas e a depender do ritual.
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Referências Bibliográficas
& Consultadas
ALENCAR, V. P. Música e cultura: todo povo tem
a sua música. Uol, Educação, [20--]. Disponível
em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/
artes/musica-e-cultura-todo-povo-tem-a-sua-
musica.htm. Acesso em: 17 jul. 2020.