Discentes: Alana Santos Cajuí Silva, Jandira Santos de Matos, Valéria
Carneiro Barbosa, Darlan Franco Carvalho e Narjara dos Santos Carvalho.
OAT – A cor de Amanda
1⁰) Que grupos raciais estão expostos a fatores de risco?
R: Os pardos e os pretos. 2⁰) A) Defina os fatores de risco a qual cada grupo está exposto. R: Nota se que em relação aos pardos podemos identificar a dificuldade de Amanda em se auto classificar pode ser baseada em dois fenômenos diferentes: o primeiro é em relação ao seu fenótipo, ou seja, a pigmentação de sua pele que, segundo ela, não é tão escura. O segundo é o fato de não sofrer discriminação na sociedade brasileira. Neste sentido, há uma consciência dos privilégios que pessoas classificadas como não negras adquirem em uma sociedade estruturada pelo racismo antinegro. Em sua fala fica evidente que a convivência com negros de pigmentação escura bem como a convivência com pessoas dos movimentos sociais que evidenciam um discurso baseado no ser negro através das discriminações vividas são os fatores que a colocam neste não lugar racial. No caso dos negros podemos citar a mãe de Amanda que trás com ela toda a experiência de ser negra numa sociedade racista. B) Descreva como esses fatores se configuram como de risco. R: Amanda relata estar em sofrimento e atravessa com insegurança a não identificação racial, o que é reforçado pelo pai, pelos privilégios de ter a pele mais clara, dessa forma, soma-se o sofrimento dela pela lealdade que tem a mãe e o pai, refletindo na preferencia de não definir por um lado, apesar de ser feliz e se identificar mais com a cultura e ancestralidade negra. Os fatores de risco para populações pretas e pardas incluem desigualdades socioeconômicas, acesso limitado a serviços de saúde de qualidade, discriminação racial, falta de representatividade nos sistemas de saúde e exposição a condições de vida desfavoráveis. Isso pode levar a disparidades em saúde, incluindo maior prevalência de doenças crônicas, taxas de mortalidade mais altas e acesso reduzido a cuidados médicos adequados. 3⁰) Que fatores de proteção podem reduzir/neutralizar esses fatores de risco? A)Cite pelo menos três fatores. R: Os fatores de risco podem ser neutralizados através da criação de políticas públicas, ações afirmativas e representatividade para a população de afrodescendentes brasileira.
B) Descreva seus respectivos impactos.
R: Políticas públicas: Através do fortalecimento da coesão social, garantia dos direitos perante a lei e a contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa de forma a assegurar o pleno desfrute dos direitos humanos e das liberdades fundamentais pelos povos afrodescendentes. Representatividade: A presença de pessoas negras em diferentes espaços, promovendo a inclusão, contribuição e a promoção do conhecimento, reconhecimento e respeito pela cultura, história e patrimônio dos povos afrodescendentes, inclusive através da pesquisa e educação. Ações afirmativas: Realizando treinamentos e palestras para combater o racismo, a discriminação racial e a intolerância correlatada, além da realização de programas de inclusão e treinamentos para afro-brasileiros, em prol da promoção da igualdade das oportunidades entre negros e brancos. C) Descreva como esses fatores são associados podem refletir em uma experiência de resiliência. R: Esses fatores associados podem refletir para a superação das adversidades e dificuldades que a população afrodescendente tem que enfrentar em decorrência do racismo e preconceito vivenciados constantemente, e também a garantia dos seus direitos assegurados perante a sociedade contribuindo para a valorização da contribuição destes na história e cultura brasileira. 4⁰) Que lógicas podem ser observadas... A)Na dinâmica familiar de Amanda? R: Na dinâmica familiar de Amanda, podemos observar com a sua fala que os efeitos da ideologia do embranquecimento, o fato de os estereótipos negativos estarem associados à cor e à raça negra fizeram com que os brasileiros mestiços e grande parte da população com ascendência africana, de maneira geral, como Amanda não se classificasse como negros, gerando um grande número de denominações para designar as cores dos não brancos, como moreno, pessoa de cor, marrom, escurinho etc. Portanto, essa forma de classificação não raramente eliminou a identificação dos mestiços com a negritude e fez com que estes não se classificassem como negros, bem como contribuiu para que permanecessem intactas todas as estereotipias e representações negativas dos negros .Neste sentido, é importante pensar que este movimento de redefinição, proposto pelos coletivos negros, por meio da linguagem está relacionado ao que o filósofo canadense: Charles Taylor, em seu texto A política de reconhecimento (1998) , apresenta como tese central: A necessidade e exigência de políticas de reconhecimento de grupos minoritários. A tese desse autor tem como premissa o fato de que toda identidade é construída e constituída de forma dialógica, ou seja, não há como um sujeito se reconhecer de forma positiva se a sociedade em que ele está inserido produz, acerca de seu grupo, estereótipos, preconceitos e discriminações que restringem a possibilidade de ser humano desses sujeitos. Assim, a representação negativa ou não representação dos grupos minoritários dentro de uma sociedade atua de forma perversa sobre a própria subjetividade da vítima: a própria autodepreciação torna-se um dos mais fortes instrumentos de opressão sobre os sujeitos pertencentes a grupos cuja imagem foi deteriorada. Portanto, o reconhecimento incorreto ou não reconhecimento de uma identidade marca suas vítimas de forma cruel, subjugando-as através de um sentimento de incapacidade, ódio e desprezo contra elas mesmas, e, dessa forma, a política de reconhecimento não é apenas um respeito a esses grupos, mas também uma necessidade vital para a constituição dos indivíduos. Para Amanda, ser negra e poder se considerar negra parece estar ligado ao significado de sofrer inferiorização, discriminação e ter uma vida socialmente marcada pela cor da pele. Neste sentido, percebe-se que o raciocínio sobre o que é ser negro e o que é ser branco (um dizer permitido a ela) alinha-se com as reflexões atuais de alguns coletivos que propagam que uma pessoa que não sofre discriminação não deve se autodeclarar negra, como vimos nas falas dela. B) Nos modos de classificação racial na família? R: A primeira é a classificação a partir da marca física, ou seja, os diferentes nomes remetem às cores dos corpos. A segunda e principal característica é que este continuo de nomes dados às diferentes matizes de cores dos brasileiros está sempre permeado pela ideologia do embranquecimento, segundo a qual “a classificação popular reflete antes de tudo uma hierarquização, uma relação assimétrica, um continuo vertical em que a categoria branca se situa no topo e a categoria negro, em baixo” (D’ADESKY, 2001, p. 37).Contudo, é preciso pensar que a categoria “cor” no Brasil tem sido usada como uma metáfora de raça e que, segundo Guimarães (1999), a noção de cor e a aparência física, no imaginário da população brasileira, substituíram oficialmente as raças. Ou seja, a cor da pele no Brasil é colada e atrelada à imagem de raça produzida pela ciência moderna. Dentro dessa lógica, quanto mais escura a cor da pele de um indivíduo, mais perto da ideia de raça negra estereotipada e estigmatizada pelo racismo moderno ele está localizado, e quanto mais perto da cor de pele branca, mais status e privilégios ele ganha. Amanda, com suas falas, ela se classifica nas duas, Quando falamos de “cor”, portanto, mesmo que isto seja uma metáfora para “raça”, estamos nos referindo a uma gama cromática infinita entre preto e o branco, que produz sentidos a partir das aparências fenotípicas do sujeito. O termo “raça”, por sua vez, pode ser interpretado e usado como categoria de identificação por origem familiar, ascendência, cultura, tradição, opção política, ideológica, entre outras. 5⁰) Diante do que foi discutido, de que forma é possível construir estados de saúde mental para as populações negras? R: Para construir estados de saúde mental positivos para populações negras, é fundamental adotar uma abordagem holística e sensível às suas necessidades específicas. Isso envolve garantir acesso equitativo a serviços de saúde mental, reduzir o estigma por meio de campanhas educativas, promover apoio social e comunitário, combater desigualdades socioeconômicas, fortalecer a resiliência cultural, assegurar representatividade nos serviços de saúde mental e integrar a saúde mental na abordagem global da saúde. Essas estratégias buscam reconhecer e atender às necessidades das comunidades negras de maneira sensível e culturalmente apropriada.