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As Igrejas

Primeiro Templo

Fig. Primeiro templo situado na rua das Areias, em 1938.

Fonte: Arquivo da IEADCG.

Desde a chegada de Felipe Nery Fernandes, a Assembleia de Deus em


Campina Grande começou a se desenvolver de forma surpreendente. O
número de novos crentes ao passar dos anos só aumentava, e era necessário
a construção de um espaço para a realização dos cultos, já que as residências
não estavam mais comportando tanta gente, como observou o recém-chegado
evangelista Manoel Pessoa Leão, no ano de 1928. É importante lembrarmos
que Campina Grande na década de 1920 estava no auge de seu
desenvolvimento proveniente do algodão. A cidade que em 1907 tinha apenas
20 mil habitantes, passa a ter 130 mil habitantes em 1939. Fazia-se preciso a
construção de um novo local para realização dos trabalhos, visando
acompanhar o progresso da cidade.

Coube então ao pastor Manoel Leão, enviado diretamente de


Pernambuco, tal missão. Os relatos nos contam que novo líder da igreja
campinense começou a conversar com os membros, buscando locais para a
construção de um templo. Movido pela chama do Espirito Santo, e ao perceber
as dificuldades enfrentadas pelo pastor, o irmão José Benone decide doar um
terreno situado na Rua das Areias, hoje conhecida como Rua Presidente João
Pessoa.
Na época, a radial, assim como a Rua Getúlio Vargas, servia como um
elo de ligação, que unia a cidade do ponto onde ela nasceu, até sua expansão
aos bairros, como é o caso do Monte Santo e em direção ao Sertão. O local era
conhecido principalmente por ser um centro comercial, existindo nele diversos
galpões, que durante o dia eram cheios de trabalhadores, mas a noite, por não
ser uma área habitacional, ficavam praticamente vazios. Entretanto, atendendo
a necessidade de expansão o templo foi construído e inaugurado.

Foi nesse espaço que a


Fig. Templo situado na Rua das Areias.
Assembleia de Deus em Campina
Grande recebeu no ano de 1936 a
convenção regional do Nordeste, que
contou com a importante presença dos
missionários Joel Carlson e Samuel
Nystron, além de diversos pastores e
evangelistas, dos estados da Paraíba,
como foi o caso do pastor Cicero Canuto,
presidente da igreja em João Pessoa, de
Fonte: Arquivo da IEADCG. Pernambuco e do Rio Grande do Norte.

Em 1945, ano que marca o início da gestão do pastor Silvino Silvestre, o


templo não mais atendia a necessidade dos irmãos de Campina Grande, sendo
assim vendido para que se arrecadasse dinheiro para a construção em um
novo local de um espaço maior para a realização dos trabalhos. Por conta
disso, a localização original do primeiro templo em solo campinense foi perdida.
Todavia, em minhas pesquisas em busca da reconstrução da nossa história,
senti o enorme desejo de buscar o que aconteceu com a nossa primeira casa.

É bem verdade que nossa cidade passou por diversas mudanças entre
as décadas de 1930 até 1950. É importante lembrarmos que desde a chegada
do trem em 1907, através da ferrovia Great Western, Campina Grande começa
a passar por um processo citado por Aranha (2001), como sendo o da busca
pela “modernidade”. Entre esses anos os administradores da Rainha da
Borborema compartilhavam de um mesmo ideal, que visava trazer o progresso
através de um novo processo de urbanização. O decreto de Número 51, citado
por Souza (2001), do ano de 1935, que ainda estava em vigor na época que o
templo foi vendido, proferido pelo prefeito Antônio Diniz (1934-1935),
determinou que todos os prédios da cidade se adequassem a diversos
requisitos, que iam desde o acréscimo de um novo pavimento, até sua
destruição para que se realizasse uma nova construção. Nessa lei, em seu
artigo primeiro, uma das ruas citadas para que se adequasse as mudanças era
a João Pessoa, antiga Rua das Areias, onde se localizava o primeiro templo.

A primeira delas é a de que o templo tenha sido derrubado, assim dando


lugar a uma nova construção. No livro História das Assembleias de Deus no
Brasil, o autor Emilio Conde ao citar a igreja em Campina Grande, diz que o
templo estava localizado na Rua das Areias, no número 655.Em segundo lugar,
acreditamos que o prédio ainda possa estar de pé na Rua João Pessoa,
servindo agora como uma loja comercial. Como já citamos neste livro, desde a
época de sua construção, a rua das Areias, que ao longo da sua história,
também foi chamada de Rua Dr. João Leite, era um importante centro de
comércio dos mais variados seguimentos. Então seria normal pensarmos que
após a mudança de local de culto, a antiga casa de oração que foi vendida,
tenha sido transformada em um empreendimento. Hoje, ao observarmos os
monumentos históricos ali dispostos, é possível perceber certa semelhança de
um deles, com a fachada de nossa primeira igreja.

Fig. Prédio situado na rua João Pessoa.

Templo Central

Fig. Templo Central inaugurado em 1950.

Fonte: Google Maps.


Fonte: Livro História das Assembleias de Deus no Brasil – Emilio Conde

Diante
da necessidade de um local que oferecesse mais conforto aos membros e
visitantes da igreja, o pastor Silvino Silvestre vê a oportunidade para a
construção de um novo templo, já que o antigo, situado na rua das Areias –
Atualmente rua João Pessoa – não estava mais comportando o público.
Seguindo a orientação de Deus, marca característica do seu ministério, sempre
conduzindo suas ações através da orientação divina, e após um período de
oração que envolveu toda a congregação na época, o pastor deu início a uma
série de ações com o objetivo de dinamizar o crescimento da igreja.

Uma das primeiras aconteceu em 1945, onde o primeiro templo


construído ainda sob a administração do pastor Manoel Leão foi vendido, por
cerca de 35 mil réis, com o intuito da obtenção de um terreno em um bairro
residencial. No mesmo ano, a igreja adquiriu um grande espaço, situado no
bairro da Prata, próximo ao centro, região está que estava recebendo muitas
habitações. O local era bastante peculiar, havendo em frente a ele um curral, e
diversos pés de mangueiras, fruta que aliás alimentou em diversas ocasiões os
trabalhadores no período de construção.

O novo templo seria gigantesco, com 600 m² de área construída, fato


que fez os irmãos e sobretudo diversos pastores de outras igrejas do Nordeste
acharem não ser possível a realização do projeto. A igreja na década de 1940
tinha um resumido número de membros e congregados, a maioria era pobre,
uma obra como a que estava sendo proposta parecia impossível de ser
realizada. Contudo, como já foi citado neste livro, o pastor Silvino Silvestre da
Silva era um homem de muita oração, e mesmo diante de tanta desconfiança,
no dia 20 de maio de 1945 a pedra fundamental foi lançada, em um momento
que ficou marcado na memória de todos que participaram por conta da grande
manifestação do poder de Deus.

Ao longo dos quase cinco anos


Fig. Interior do Templo Central na década de 1950.
de construção, foram diversas as
campanhas realizadas, descritas por
irmãos da época como empolgantes.
Desde o piso até as instalações
elétricas e hidráulicas, como também
na pintura e na aquisição das
bancadas, houve um movimento
constante de cada membro. Foram
muitos os mutirões de homens,
Fonte: Arquivo da IEADCG. mulheres, jovens e crianças que
demonstravam ter imenso prazer em construir o novo templo onde iriam adorar
a Deus. Os gastos, que foram muitos, a princípio eram mantidos através da
contribuição dos próprios crentes, além da ajuda de diversos irmãos de todo
estado. Contudo, quando os recursos dos paraibanos se esgotaram, o pastor
Silvino Silvestre começou a fazer viagens em todas as regiões do Brasil,
utilizando o dom de comunicação que Deus o havia entregue, apelando ao
coração de amigos e até mesmo de desconhecidos, retornando por diversas
vezes a Campina Grande com suprimentos necessários para a continuidade da
obra.

O trabalho iniciado ainda em 1944, foi finalizado e inaugurado em um


domingo, dia 22 de janeiro de 1950, em uma linda festa que durou cerca de 29
dias. Nesse grandioso evento foram muitos os desfiles, estudos bíblicos, e
cultos evangelísticos, além da realização de um grande batismo nas aguas e
também as consagrações. Diversas caravanas estiveram presentes em
Campina Grande para este dia que ficou marcado na história, algumas delas
vieram diretamente dos estados do Norte do Brasil, além delas, tivemos
também muitas da região Nordeste, como as que vieram dos estados de
Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Um fato interessante desse grandioso
evento, é que diversos irmãos campinenses e de algumas cidades da Paraíba
vieram ao templo montados a cavalo, e por conta disso, existiam diversas
argolas em um espaço feito na construção para que os animais ficassem
amarrados.

Ao todo chegaram à rainha da Borborema cerca de 20 ônibus, além de


caminhões e vários outros automóveis. Foram servidas na festa cerca de 5.000
refeições. Todo o evento foi sem dúvidas um fato marcante na história da
cidade, não somente por conta da quantidade de pessoas, mas sim pelas
bênçãos de Deus derramadas através dos batismos com o Espirito Santo, e a
salvação de almas.

Hoje o templo central tem Fig. Templo Central atualmente.

mais de 70 anos, e ainda é utilizado


por toda a igreja em Campina
Grande. No ano de 2012, toda a sua
estrutura passou por uma grande
reforma, onde foi feita uma troca de
toda a cobertura, além da
substituição de toda a bancada.
Além disso, houve a construção de
Fonte: Arquivo da IEADCG.
uma nova galeria, acima do púlpito,
Borborema, na rua Maurilio
no lugar do antigo tanque batismal,
Pacheco de Brito.
que hoje funciona no bairro Serra da

Fig. Congresso da Juventude no espaço de eventos.


Em 2015 foi construído o espaço
de eventos da Igreja, que atualmente
recebe diversas atividades, que vão desde
os congressos de departamentos, até a
convenção, que todos os anos é realizada
no mês de janeiro. O local comporta cerca
de 3.000 mil pessoas sentadas, e fica
localizado ao lado do templo, na rua
Getúlio Vargas.

Fonte: Arquivo da IEADCG. As primeiras congregações


Hoje a assembleia de Deus em Campina Grande conta com 102
congregações na cidade, estando em todos os bairros, além de 110 templos
em diversos municípios do estado da Paraíba. Contudo, para se chegar a toda
essa expansão, que é registrada desde os tempos do pastor Silvino Silvestre,
foram necessárias diversas batalhas. Em sua administração ocorreram a
construção de templos nas cidades de Ingá, Galante, Boqueirão, Santana,
Juazeirinho e Barra de Santa Rosa. Além disso deixou iniciada a construção no
bairro de Santa Rosa, conhecido na época como Moita, e um terreno comprado
nos Cuités.

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