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O que Administração de empresas e enfermagem têm em comum?

A enfermagem ao longo de sua história, tem sido solicitada a reagir a evolução


das forças tecnológicas e sociais. As novas responsabilidades administrativas, que são
parte dos serviços de enfermagem requerem enfermeiros administradores com
conhecimentos, habilidades e competências em vários aspectos administrativos.

Quais as principais teorias administrativas de enfermagem?

Teoria Cientifica

Criada por Taylor (1903), caracteriza-se por considerar a administração uma


ciência aplicada na racionalização e no planejamento das atividades operacionais.
Ênfase nas tarefas. Nesta teoria o trabalhador sabia cada vez menos do todo que
constituía o seu trabalho restringindo e focando seu saber somente na tarefa que lhe
cabia. Ainda nesta teoria se propunha o incentivo salarial e o prêmio compatível com a
produção.

Qual a influência da teoria científica na enfermagem atual?

Sua influência para a enfermagem atual reside na existência de locais que


utilizam a divisão de tarefas na realização do cuidado em detrimento ao atendimento
integral. Em ambos as situações o enfermeiro tem papel norteador, ou seja, de
direcionar sua equipe o mais complacentemente possível focando em quaisquer uns dos
casos de prestação de cuidado (parcial ou integral) para o resultado do trabalho como
um todo e não apenas na atividade desenvolvida naquele momento pelo profissional.

Teoria Clássica

Corrente iniciada por Fayol (1916) para o tratamento da administração como


ciência na formatação e na estruturação das organizações. Ênfase na estrutura. Uma das
principais características dessa teoria estabelecida por Henry Fayol era a divisão do
trabalho em órgãos, não havia uma preocupação da divisão individual, mas sim
organizacional.
A partir disso que surgiu a divisão horizontal do trabalho que pressupunha o
agrupamento por atividades e a divisão vertical estabelecendo uma hierarquia
(KURCGANT, 1991). Fayol descrevia a empresa segundo seis funções: técnicas,
comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e administrativas.

Qual a influência da teoria clássica na enfermagem atual?

Remetendo aos dias atuais nas empresas onde a enfermagem atua, observa-se a
estruturação de segmentos ou órgãos que atuam individual e hierarquicamente de
maneira distinta. Nesta concepção da teoria clássica a divisão por departamentos e
consequentemente por autoridades responsáveis deve servir para organizar o serviço da
empresa em sua totalidade e não o separar de seus objetivos.
No cotidiano dos hospitais que em sua maioria trabalham com organogramas
onde há a divisão vertical e horizontal das atividades e gerências, cabe enfocar os tantos
conflitos vivenciados entre um setor e outro, uma gerência e outra, ocasionando uma
falta de resolutividade e consequentemente desmotivação do funcionário ao trabalho.

Teoria das Relações Humanas

Desenvolvida por Chester Barnard (1932), a teoria das relações humanas possui
como característica principal a visão do homem como social e não apenas um ser
econômico como vinha sendo suposto pelas teorias científica e clássica. Não se opõe
totalmente ao modelo da teoria de Taylor, entretanto engloba fatores como a motivação
humana e o trabalho grupal para se atingir o nível de produção esperada pela empresa.
Essa visão foi idealizada em 1930 e adveio juntamente com o desenvolvimento
de algumas ciências humanas, cita-se psicologia e sociologia.

Qual a influência da teoria das relações humanas na enfermagem atual?

A liderança é um aspecto que começa a ser trabalhado por esta teoria e emprega
aos dirigentes a maneira pela qual irá se relacionar com os empregados. Entretanto, uma
das maiores dificuldades encontradas é a manutenção de uma liderança não paternalista,
que consiga demonstrar os erros, sem, contudo, ferir a pessoa humana. Na época de sua
iniciação essa era uma das dificuldades, visualizada até hoje, liderar, sem omitir erros.
A teoria das relações humanas possui como característica principal a visão do
homem como social e não apenas um ser econômico como vinha sendo suposto pelas
teorias científica e clássica. Essa teoria engloba fatores como a motivação humana e o
trabalho multiprofissional para se atingir os objetivos esperados.

Teoria Burocrática

A teoria burocrática, idealizada por Max Weber (1940), surgiu em clara


oposição a suas antecessoras, ou seja, à Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas.
A primeira era criticada pelo seu excesso de mecanicismos e a segunda pelo seu
ingênuo romantismo. A teoria burocrática de Max Weber é uma espécie de organização
humana baseada na racionalidade, ou seja, os meios devem ser analisados e
estabelecidos de maneira totalmente formal e impessoal, a fim de alcançarem os fins
pretendidos.
A proposta burocrática visa à eficiência organizacional como objetivo básico, e
para tanto detalha pormenorizadamente como as coisas deverão ser feitas, ou seja, prevê
em detalhes o funcionamento organizacional. Desse modo, mantém um caráter racional
e uma sistemática divisão de trabalho.

Qual a influência da teoria Burocrática na enfermagem atual?

Caracteriza-se ainda pela impessoalidade nas relações humanas, considerando os


indivíduos apenas em função dos cargos e funções que exercem na organização. Na
organização do serviço de enfermagem nas instituições hospitalares ou mesmo nos
postos de saúde, há a regulamentação dos procedimentos de enfermagem por meio da
descrição de normas e rotinas como forma de programar um serviço de melhor
qualidade.

Teoria Comportamental

Datada de 1947, esta teoria teve como base principal a inserção de uma
preocupação nos processos organizacionais e não na estrutura. Enfatizou a motivação
humana por meio do conhecimento da teoria da Motivação de Maslow e a Teoria sobre
os dois fatores de Hertzberg.
Diante do estudo das teorias da administração e reportando o cotidiano da
enfermagem nas organizações é possível identificar preceitos de teorias diversas sendo
aplicadas por administradores e consequentemente ao pessoal de enfermagem que
integra o grupo de colaboradores. É importante obter conhecimento frente às teorias da
administração para que na aplicação do trabalho diário de enfermagem, se utilize os
meios mais adequados para o funcionamento.

Qual a influência da teoria comportamental na enfermagem atual?

Baseado na percepção desta teoria, atualmente educação continuada deve ser


vista como parte geradora de todo um sistema e focalizada igualmente na motivação
profissional. Pois, como já foi citado anteriormente, apenas a especialização não confere
a empresa um aumento de produtividade; então ao inserir um programa de educação
continuada aos profissionais de saúde é imprescindível que eles estejam interagindo de
maneira motivadora, para obtenção de resultados.

Teoria Contingencial

De autoria da Mary Follett (1926), corrente mais recente e que parte do princípio
de que a administração é relativa e situacional, isto é, depende de circunstâncias
ambientais e tecnológicas da organização.
Nesta teoria se enfatiza o fato de o ambiente externo ocasionar as modificações
de estruturação e organização de uma empresa. Também enfoca a tecnologia como um
alicerce que influencia nos resultados da empresa. A empresa deve ser ajustada e
adaptada ao ambiente e à tecnologia, assim como seus processos regulamentadores,
como meio de se manter ativa e eficiente.

Qual a influência da teoria Contingencial na enfermagem atual?

Diante do estudo das teorias da administração e reportando o cotidiano da


enfermagem nas organizações é possível identificar preceitos de teorias diversas sendo
aplicadas por administradores e consequentemente ao pessoal de enfermagem que
integra o grupo de colaboradores. É importante obter conhecimento frente às teorias da
administração para que na aplicação do trabalho diário de enfermagem, se utilize os
meios mais adequados para o funcionamento.
Nesta percepção a educação continuada deve ser vista como parte geradora de
todo um sistema e focalizada igualmente na motivação profissional. Pois, como já foi
citado anteriormente, apenas a especialização não confere a empresa um aumento de
produtividade; então ao inserir um programa de educação continuada aos profissionais
de saúde é imprescindível que eles estejam interagindo de maneira motivadora, para
obtenção de resultados.

As influências para o Setor Saúde

A atenção à saúde ao longo da história da humanidade vem sendo desenvolvida


de muitos modos e por diversos atores sociais. "Nunca foi um espaço exclusivo de
atuação profissional, e nem envolveu uma única abordagem diagnóstico terapêutica". É
possível, no entanto, identificar em diferentes períodos históricos abordagens
hegemônicas. Desenvolve-se em diversos espaços sociais, porém, atualmente, no
mundo todo ocorre, majoritariamente em instituições formais públicas e privadas de
âmbito ambulatorial ou hospitalar.
O trabalho em saúde "é um trabalho essencial para a vida humana e é parte do
setor de serviços. É um trabalho da esfera da produção não material, que se completa no
ato de sua produção. [...] O produto é indissolúvel do processo que o produz, é a própria
realização da atividade. O trabalho em saúde envolve um trabalho profissional,
realizado por trabalhadores que dominam os conhecimentos e técnicas especiais para
assistir o indivíduo ou grupo com problemas de saúde ou com risco de adoecer, em
atividades de cunho investigativo, preventivo, curativo ou com o objetivo de
reabilitação".
No espaço institucional, esse trabalho envolve um conjunto de profissionais
especializados, sendo que o número e a composição da equipe são definidos, dentre
outros critérios, pelo tipo e complexidade do serviço prestado. Nos espaços
ambulatoriais atuam, pelo menos, médico, enfermeiro e trabalhadores de enfermagem
de nível médio (quando existem), porém, dependendo da complexidade destes serviços
pode-se observar a presença de outros profissionais como: nutricionistas, psicólogos,
bioquímicos, odontólogos, assistentes sociais e outros. No hospital, instituição
geralmente mais complexa, observa-se uma inserção cada vez maior de profissões da
saúde além de trabalhadores das áreas administrativas, limpeza, manutenção ou outras
que se fizerem necessárias.
Uma análise da organização do trabalho, nestes espaços tem que considerar os
diferentes processos de trabalho e as diferenças institucionais. Além disso, as
necessidades de atenção à saúde e o modelo assistencial adotado demandam mudanças
gerenciais. Exemplo disto é o processo de implantação, no Brasil, do Sistema Único de
Saúde (SUS) cujas diretrizes de descentralização e regionalização, e princípios de
integralidade, equidade e resolutividade geram demandas gerencias diferenciadas,
exigindo mudanças na organização e gestão do trabalho para sua concretização.
A organização do trabalho e o gerenciamento no setor saúde, especialmente no
ambiente hospitalar sofre, até hoje, forte influência do modelo taylorista/fordista, da
administração clássica e do modelo burocrático.
As organizações de saúde configuram-se em instituições complexas, em que
convivem projetos políticos bastante diferenciados entre si, influenciando a gestão e
organização do trabalho. A instituição hospitalar coloca-se como um amplo campo de
disputas de grupos profissionais altamente qualificados e com grande autonomia de
trabalho, os quais não se subordinam às chefias superiores ou a uma direção, no clássico
modelo taylorista fordista. Além disso, existe uma forte fragmentação das linhas de
mando entre as várias categorias e as corporações organizam-se, até certo ponto,
segundo lógicas próprias. Estudos recentes realizados no Brasil apontam que nas
instituições hospitalares existem três grupos principais: os médicos, a enfermagem e o
corpo administrativo.8,9
A enfermagem constitui um corpo profissional muito fechado, com elevado grau
de autonomia em relação à direção. Gerencia o dia a dia das unidades assistenciais e
possui, internamente, uma linha de mando vertical formalizada e legitimada, nos moldes
tayloristas fordistas. Nesta estrutura as enfermeiras têm grande poder sobre os técnicos e
auxiliares de enfermagem, porém, isto não se observa em relação à categoria médica,
com quem disputa o projeto assistencial e vivencia cotidianamente uma série de
conflitos.
A estrutura organizacional dos hospitais segue ainda nos dias de hoje as
diretrizes estabelecidas por organogramas clássicos, as estruturas hierarquizadas
verticais, fragmentação das responsabilidades, formalização das relações, pautando-se
nas lógicas de autoridade legal, herdados da concepção burocrática. No entanto,
atualmente, muitos autores têm desenvolvido estudos em busca de novos rumos para a
gestão e organização do trabalho em saúde utilizando teorias administrativas mais atuais
como a estruturalista, a contingencial e outras, bem como tem apontado as dificuldades
para promover mudanças no modelo de gestão, em especial nos hospitais públicos
brasileiros.
A organização do trabalho, a divisão parcelar e a fixação do profissional a uma
determinada etapa do processo terapêutico, tendem a produzir alienação. Para mudar a
realidade do trabalho em saúde "é necessário reaproximar os trabalhadores do resultado
de seu trabalho. [...] voltar a valorizar o orgulho profissional. É necessário que as
instituições procurem mecanismos que favoreçam o envolvimento dos trabalhadores
para efetuar as mudanças. [...] tornar a reinvenção uma possibilidade cotidiana e garantir
a participação da maioria nesses processos são maneiras de implicar trabalhadores com
as instituições e com os pacientes".

A enfermagem neste contexto...

Na 2ª metade do século XIX, o modelo proposto por Florence Nightingale na


Inglaterra, influenciado pela lógica de organização capitalista do trabalho, institui a
divisão entre trabalho intelectual e manual e a hierarquização no trabalho da
enfermagem, ainda tão presente em nossos dias. Neste modelo a enfermeira
desempenha a função de gerente centralizador do saber, que domina a concepção do
processo de trabalho de enfermagem e delega atividades parcelares aos demais
trabalhadores de enfermagem.
A teoria da administração científica, que tem influenciado a organização e
gestão do trabalho industrial, também tem influenciado os serviços de saúde e a
enfermagem. Como herança desta teoria, presente até os dias atuais, destaca-se: a ênfase
no "como fazer", a divisão do trabalho em tarefas, a excessiva preocupação com
manuais de procedimentos, rotinas, normas, escalas diárias de distribuição de tarefas,
fragmentação da assistência, dentre outros. Destaca-se na equipe a preocupação em
cumprir a tarefa e o desempenho é avaliado pelo quantitativo de procedimentos
realizados. Técnicos e auxiliares cuidam da assistência direta e a enfermeira assume a
supervisão e o controle do processo de trabalho.
A enfermeira gerencia o trabalho da equipe com muitas características das
abordagens taylorista, fayolista e burocrática. Volta-se para o cumprimento de normas
rotinas e tarefas, reproduzindo aquilo que outros profissionais e a instituição esperam,
deixando, muitas vezes, de priorizar as necessidades do doente e gerando
descontentamento e desmotivação nos trabalhadores de enfermagem. O poder de
decisão é centralizado no enfermeiro/a, enfatiza-se a disciplina desconsiderando as
pessoas e as relações interpessoais.
Herda da teoria burocrática a excessiva burocratização. O pessoal de
enfermagem assume características de técnicos especializados, com comportamento e
posições definidas institucionalmente, valorizando normas e regras. As chefias de
enfermagem assumem um papel administrativo voltado para os interesses da instituição;
a vontade do enfermeiro se sobrepõe a dos demais trabalhadores, caracterizando um
processo de dominação, impessoalidade, relações hierárquicas e ênfase na comunicação
formal.
Percebe-se que mais recentemente a enfermagem tem sofrido a influência de
outras teorias da administração. Estas influências ainda não são suficientemente
significativas e não representam mudanças maiores na organização dos serviços de
enfermagem. "A busca por novas formas de gestão nos serviços de saúde torna
necessária à incorporação de novos conhecimentos e habilidades, sintonizados a uma
prática administrativa mais aberta, mais flexível e participativa". No entanto, o ensino da
administração nos cursos de enfermagem continua, predominantemente, voltado para as
velhas teorias administrativas, não preparando o enfermeiro para uma intervenção
adequada na realidade e para uma gerência inovadora e centrada na aquisição de
competências.
No debate atual sobre a necessidade de mudança na gestão e organização do
trabalho na enfermagem destacam-se contribuições teóricas e práticas envolvendo a
defesa e implementação dos chamados "cuidados integrais"; o envolvimento da equipe
de enfermagem, bem como do usuário e família no planejamento e avaliação da
assistência; a gestão participativa dos serviços de enfermagem; o trabalho em equipe; a
educação no trabalho como forma de garantir o desenvolvimento contínuo dos
trabalhadores e também como fator de motivação para o trabalho.

Organização em Enfermagem

As atividades de gestão são parte integrante da prática de enfermagem, em


especial do enfermeiro. Desde o século XIX, a organização do ambiente terapêutico é
parte importante do trabalho da enfermagem e em especial do enfermeiro. Nos últimos
anos, consolidou-se a compreensão de que o papel profissional do enfermeiro está
identificado pelas dimensões da assistência na atenção à saúde, educação, pesquisa e
gestão, dimensões estas que se integram, se complementam e que influenciam
diretamente na qualidade da assistência (PIRES et al.,2004; LORENZETTI et al.,
2014).
As instituições de saúde, enquanto organizações complexas, dispõem de uma
constituição que vive, cresce e se desenvolve e que para funcionar, precisam se
organizar e se estruturar para o alcance de seus objetivos. Geralmente tudo é organizado
de uma maneira lógica e racional. Os recursos, as filosofias, os talentos administrativos,
são alocados, arranjados e agrupados, havendo a necessária divisão do trabalho, para
que as atividades sejam desenvolvidas da melhor maneira possível e os objetivos da
instituição assim possam ser alcançados. As atividades de gestão são constitutivas da
prática da enfermagem, em especial do enfermeiro, desde a institucionalização da
profissão, em meados do século XIX. Durante estes mais de 150 anos, a organização do
ambiente terapêutico é parte importante do trabalho da enfermagem, sendo que esteve
alicerçado, desde a sua concepção, na divisão técnica e social do trabalho (PIRES;
GELBCKE; MATOS, 2004).
No serviço de enfermagem – SE, é grande o número de pessoas, a complexidade
e diversidade de atividades, a divisão do trabalho, o estabelecimento de relações entre
cada um, na busca de se coordenar esforços para o alcance do objetivo comum proposto,
ou seja, a prestação do cuidado de enfermagem. Para que estas atividades sejam
conduzidas, orientadas e coordenadas, torna-se necessário que se defina a estrutura
organizacional do SE, e assim começamos a compreender a importância da organização
em enfermagem.

Conceito e Finalidade da Organização

A gestão da assistência de enfermagem aplica o processo de organização para a


realização da sua missão de assegurar cuidado seguro e de qualidade nas situações de
saúde e doença. No A enfermagem adota escolhas de concepção gerencial, de
dimensionamento de pessoal, uso de materiais e tecnologias, tipo/métodos de divisão do
trabalho, estrutura hierárquica e relações de poder (ANDRADE; AMBONI, 2010).
Desta maneira, a dimensão de gestão na enfermagem engloba a organização e gerência
de processos assistenciais e administrativos que se constituem no trabalho nuclear do
enfermeiro (PEDUZZI; ANSELMI, 2002).
A atribuição de organizar consiste na atividade complexa de formatação da
estrutura organizacional, envolvendo a definição das pessoas, tecnologias, materiais e
demais recursos necessários para o alcance dos objetivos de uma determinada
instituição, empresa ou organização. Implica na divisão do trabalho, responsabilidades,
níveis de autoridade e tipo de concepção de gestão a ser adotada. A formatação das
estruturas organizacionais tem sua representação gráfica nos organogramas
(LORENZETTI; ORO; MATOS; GELBCKE, 2014).
Organização como entidade social, por ser constituída de pessoas, estruturada e
dirigida para objetivos específicos é “qualquer empreendimento humano destinado a
atingir determinados objetivos”.
Organização como parte integrante e segunda função do processo administrativo
é “o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos, estabelecendo as
relações entre eles e as atribuições de cada um”. A organização se incumbe do
agrupamento das atividades necessárias para atingir os objetivos da empresa, o que
envolve a reunião de pessoas e recursos, sob a autoridade e coordenação de outra
pessoa. Assim, a organização vai lidar com pessoas, órgãos e relações de autoridade e
responsabilidade, para que objetivos sejam atingidos, os planos executados e as pessoas
possam trabalhar eficientemente.
A organização serve para agrupar todos os recursos da instituição, e, portanto,
também o SE, para que estes trabalhem em conjunto, pela própria impossibilidade de
todo trabalho ser realizado por uma única pessoa.

Autoridade e Responsabilidade

A autoridade é decorrente da posição hierárquica que cada um ocupa no


organograma da instituição. Pode ser entendida como a capacidade do superior de tomar
decisões que afetam a conduta dos subordinados, ou seja, autoridade é o poder de
garantir a execução das ordens frente aos subordinados. Sua importância decorre da
necessidade de se garantir que as coisas sejam realizadas conforme o que foi planejado e
organizado.
A distribuição da autoridade e da responsabilidade entre os elementos dos
diversos níveis da estrutura organizacional é representada pela hierarquia da
organização formal. A autoridade e responsabilidade fluem verticalmente em linha reta,
do mais alto nível da organização ao nível mais baixo.
A responsabilidade pode ser definida como a obrigação de um subordinado, ao
qual um superior designou uma tarefa, de realizar o serviço que está sendo exigido.
Responsabilidade entendida como “obrigação” só pode ser aplicada às pessoas.
A responsabilidade NÃO é delegada, mesmo que a execução de uma atividade
seja atribuída a um subordinado, quem delegou será sempre responsável por ela. A
autoridade e a responsabilidade devem ser equivalentes, ou seja, quando se atribui a um
subordinado a responsabilidade pela execução de uma atividade, deve-se atribuir-lhe
também a autoridade necessária para a realização dessa atividade. A autoridade pode ser
representada por uma pirâmide invertida, sendo que a medida que se sobe na cadeia de
comando até o topo da estrutura organizacional, a área de autoridade se expande
gradativamente em cada nível hierárquico.
No serviço de enfermagem (SE) as habilidades estão diretamente ligadas ao
conhecimento, perspectiva e atitude do enfermeiro, ou seja, ele tem que conhecer, saber
fazer e fazer acontecer, para o sucesso do desempenho da equipe de enfermagem e para
o alcance dos objetivos do (adaptado de CHIAVENATO, 2000).

Manual de Enfermagem

O conteúdo do ME será determinado pela necessidade de informação existente


na unidade/serviço/instituição onde será implantado, e poderá conter: regulamento do
estabelecimento de saúde; regimento do SE; filosofia do SE; estrutura administrativa do
SE e da instituição; planta física da unidade; descrição das funções de cada elemento da
equipe; descrição dos cuidados de enfermagem; normas, rotinas e procedimentos;
roteiros; descrição e funcionamento dos equipamentos; quadro de pessoal da unidade;
direitos e deveres dos elementos da equipe e outros.

Na elaboração de instrumentos administrativos, e, portanto, do ME, faz-se


necessário conhecer a finalidade dos diversos recursos e para isso sua definição:

• Estatuto: é um instrumento que constitui um conjunto de normas e princípios


para presidir a organização e o funcionamento de uma empresa, devendo ser elaborado
preferencialmente pela entidade mantenedora (em equipe).
• Regulamento: é o ato normativo de caráter estável, baixado pela administração
superior, para regular e ampliar o estatuto, as leis e direitos para caracterizar a
organização.
• Regimento: é o ato normativo de caráter flexível, aprovado pela direção
executiva, dispõe sobre os objetivos, a organização, a política de funcionamento, as
estruturas e as atribuições gerais, o pessoal, os impressos, rotinas, roteiros e relatórios,
para conduzir e orientar o serviço; é mais minucioso e específico e rege o serviço.
• Norma: são atos normativos que orientam uma conduta / os executantes no
cumprimento de uma atividade. Devem ser simples e direcionados para uma
determinada situação; devem ser práticos; devem orientar (manuais); não devem,
obrigatoriamente, padronizar conduta rígidas; devem facilitar o estabelecimento de
critérios; não devem engessar o atendimento.
• Atividade: é um conjunto de meios e processos que materializam uma função.
• Procedimento: é a descrição detalhada, simplificada e objetiva de como
desenvolver uma ação.
• Rotina: é um componente da organização de um serviço e descreve
sistematicamente todos os passos a serem dados para a realização das tarefas que
compõe uma atividade.
• Roteiro: é a descrição sistemática das atribuições de cada um na sequência
lógica de sua realização (geralmente já vem inserida na rotina).
• POP – procedimento operacional padrão: é a descrição sistematizada, clara e
objetiva de um determinado procedimento para o serviço.
• Relatório: deve exprimir a qualidade e os aspectos quantitativos de um serviço
em determinado período; deve conter: introdução (identificação do SE e objetivos
propostos), desenvolvimento (descrição objetiva das atividades realizadas), conclusão
(objetivos alcançados, facilidades e dificuldades), sugestões e recomendações.

PROCESSO DE ENFERMAGEM É O MÉTODO DA CIÊNCIA DO CUIDADO

O Processo de Enfermagem (PE) como método gerenciador do cuidado que


permite organizar e planejar o trabalho da equipe de enfermagem nos vários
ambientes de atuação em saúde e em diversos momentos do atendimento e
acompanhamento ao paciente.
Parte-se do conceito dessa ferramenta para além da documentação dos dados
relacionada às etapas do PE. Neste sentido, trata-se de um método de gerenciamento
do cuidado que, ao ser implantado e implementado nas unidades de saúde, contribui
para o processo de trabalho intelectual e autônomo do enfermeiro, ao mesmo tempo
em que oferta cuidado seguro, planejado e organizado para o paciente.
Sendo assim, o PE é a sistematização e organização das ações interrelacionadas
da enfermagem, um importante método de trabalho que permite organizar e planejar
o trabalho da enfermagem, que deve ser organizado em uma abordagem ética e
humanizada, direcionado a resolução de problemas e com foco nas necessidades do
paciente; também é considerado uma prática moderna e possui consequências diretas
na área da educação e prática clínica.
A relevância da utilização do PE na prática assistencial está em compreender
que é necessária sua aplicação como método científico para o planejamento das ações
de enfermagem, visando organizar o cuidado a partir da tomada de decisão do
enfermeiro para atender às necessidades de saúde dos pacientes.
A profissão de enfermagem é regulada pelo Código de Ética de Enfermagem,
onde são apresentados os direitos, deveres e proibições do exercício dos profissionais
dessa área. Assim, orienta-se que as resoluções e pareceres dessa autarquia
respaldam, de forma ética, as ações e competências da equipe de enfermagem nas
unidades de saúde.
Desta forma, ressalta-se a importância da Resolução do Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen) nº 358/20091, que apresenta e orienta sobre a sistematização da
assistência de enfermagem e a implementação do PE nos ambientes públicos e
privados de saúde onde os profissionais estão inseridos em suas práticas.
Além disso, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem - CEPE
apresenta princípios fundamentais de Enfermagem para organizar ações e intervenções
para o cuidado da pessoa, da família e da coletividade por meio da aplicação do PE em
suas práticas.
Para tanto, essa Resolução orienta que o PE seja implantado e implementado
em cinco fases, que são: coleta de dados de enfermagem (histórico de enfermagem),
diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e
avaliação de enfermagem. No entanto, cada unidade de saúde deve avaliar sua
realidade junto a sua equipe para estabelecer quais etapas serão implantadas,
considerando o tempo necessário que os profissionais necessitam para aprimoramento
técnico e execução do processo.
Recomenda-se que o gerente ou gestor de enfermagem sigam as disposições e
orientações desse regulamento, uma vez que tanto enfermeiros como técnicos e
auxiliares de enfermagem possuem atribuições específicas e participação em todo o
processo que envolve essa metodologia assistencial.

Enfermagem – Gerenciamento de Conflitos e Negociação

O conflito é um fenômeno cotidiano, decorrente de divergências ou


discordâncias internas ou externas entre indivíduos, que resulta de diferença de ideias,
valores ou sentimentos, comportamento cultural ou crenças pessoais ou profissionais.
Assim, uma situação de conflito é aquela em que as pessoas se colocam em posições
antagônicas, com percepções e ideias divergentes. Situações como essas são
inevitáveis nos dias de hoje, pois as empresas, instituições e serviços são constituídos
por pessoas com diferentes formações, conceitos e valores que se interagem em prol
de objetivos e metas de trabalho. Dessa forma, os conflitos podem ter como principais
causas os problemas de comunicação, a estrutura organizacional, a disputa de papéis
entre os empregados, a escassez de recursos, os mal-entendidos e a falta de
compromisso profissional.
Na enfermagem não é diferente. Nós, enfermeiros lidamos com pessoas todo o
tempo, gerenciando e liderando a equipe de enfermagem, cuidando dos pacientes,
interagindo com a comunidade e com a equipe multidisciplinar. Por isso, devemos nos
preparar para identificar, analisar e conduzir situações de conflito no trabalho, de
modo a torná-la uma situação positiva que impulsione e motive a equipe que
lideramos, possibilitando o crescimento dos membros da equipe e da instituição. Caso
isso não ocorra, poderemos dar um cunho negativo à situação conflituosa,
prejudicando a instituição e interferindo de forma negativa na motivação dos
trabalhadores, comprometendo a qualidade da assistência prestada. Não devemos nos
esquecer de que a capacidade de compreender e lidar com conflitos de maneira
adequada é uma habilidade essencial dos líderes (MARQUIS, HUSTON, 2010: p.510).
Portanto, ao se posicionar como líder, o enfermeiro deve instrumentalizar sua
equipe na construção de espaços saudáveis de negociação, tornando possível que o
conflito seja uma forma de crescimento e amadurecimento da equipe para possíveis
mudanças (EDUARDO et al., 2016).
Conflito pode ser definido como o desacordo, interno ou externo, que resulta
de divergências nos pensamentos, valores ou sentimentos das pessoas (LIMA et al.,
2014). De acordo com Marques et al. (2015) é comum que nas relações humanas haja
conflitos e esses podem ser classificados como funcional ou disfuncional. O conflito
funcional possibilita a criação de novas ideias e mudanças construtivas. Já o
disfuncional, estimula a violência e o afastamento dos envolvidos.
Os conflitos podem acontecer entre pessoas; entre grupos distintos ou
departamentos; entre pessoas e organização e entre pessoas e um grupo, tendo
caráter relacional. Há também aqueles vinculados a questões profissionais específicas.
No entanto, eles ocorrem, na sua maioria, no cerne das organizações e, por isso,
devem ser contextualizados nas suas diferentes abordagens, não se esquecendo da
relação direta com o poder, tanto para sua ocorrência como também para sua
negociação.
Os efeitos negativos de um conflito estão relacionados à forma como vamos
lidar com ele. Surgem quando há desmotivação e falta de cooperação nos grupos,
predominando a desconfiança e a sobreposição dos valores pessoais aos institucionais.
Essa relação conflituosa pode gerar sentimentos ambíguos, relação hostil entre as
pessoas envolvidas, dificuldade na comunicação, desperdício de energia, ambiente
improdutivo e tenso. Há interferência no fluxo de comunicação, tornando-a distorcida,
e as tomadas de decisões são inadequadas, sem compartilhamento (CIAMPONE;
KURCGANT, 2010).
Os efeitos positivos ou benéficos do conflito referem-se à oportunidade de
incrementar entendimento das diferentes perspectivas de análise dos problemas.
Ocorrerá, então, uma mobilização dos recursos e energia de ambas as partes, que se
voltam para a busca de soluções alternativas. Abrese a perspectiva de desenvolvimento
das lideranças, transparência na exposição dos fatos e impressões sobre a situação
conflituosa. Dessa forma, todos aprendem e refletem juntos, caracterizando um
trabalho em equipe. São fatores desencadeantes de mudanças pessoais, grupais e
organizacionais, que impulsionam o crescimento pessoal, a inovação e a produtividade,
mantendo o respeito e a dignidade humana (CIAMPONE; KURCGANT, 2010; SPAGNOL
et al., 2010).
Os conflitos não devem ser evitados e sim gerenciados (BRISTOT et al., 2017).
Tendo em vista a inevitabilidade da ocorrência dos conflitos, sua resolução também é
inevitável e, quando devidamente gerenciados, poder ser benéficos ao ambiente de
trabalho e aos profissionais, trazendo oportunidades para melhorar as relações
interpessoais e o trabalho em saúde. Para tanto, é preciso buscar a origem do conflito,
a fim de criar estratégias de ação e resolver a situação da melhor forma possível,
sempre levando em consideração todas as pessoas envolvidas (BRISTOT et al., 2017).
É necessário aprendermos a lidar com as próprias emoções, aceitar que as
pessoas são diferentes e que podem pensar e ter objetivos diferentes, mas podem
conviver harmoniosamente. Para isso, o enfermeiro deve buscar soluções criativas e
conciliadoras, utilizando ferramentas administrativas, através de conhecimento teórico
e prático, que vão beneficiar todos os envolvidos.
O negociador também precisa de habilidades como: ser proativo, clareza em
sua comunicação, assertividade, boa habilidade para escutar, ser criativo, mediador e
garantir a confidencialidade no processo (CIAMPONE; KURCGANT, 2010; SPAGNOL et
al., 2010; SALES et al., 2007).
Para o processo de negociação devemos identificar claramente o problema a
ser solucionado, definindo suas causas e consequências, visualizando os pontos críticos
ou nós críticos e os atores envolvidos em sua resolução. Alguns passos são importantes
para iniciar a negociação (CIAMPONE; KURCGANT, 2010):
Separar as pessoas do problema;
Concentrar-se nos interesses básicos de ambas as partes;
Buscar alternativas de ganhos mútuos;
Encontrar critérios justos e objetivos para a solução do problema, satisfazendo
o máximo possível as partes envolvidas.
A finalidade da excelência na resolução de um conflito é a criação de uma boa solução
para todos os envolvidos, contribuindo para o crescimento da equipe e da instituição,
resultando em uma assistência de qualidade.
O estilo de negociação está pautado diretamente na ética do negociador, que
depende diretamente das especificidades culturais, pessoais, profissionais e
institucionais. Neste contexto, entende-se ética como um código de princípios e valores
morais que governam o comportamento de uma pessoa ou grupo (MARQUIS; HUSTON;
2010).

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