Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É TRISTEZA OU DEPRESSÃO?
BATE-PAPO COM ESPECIALISTA
Diretoria Editorial
Camila Cury
Diretoria Executiva
Bruno Oliveira
Gerência Pedagógica
Denise Cavalini
Revisão
Joice Karoline Vasconcelos dos Santos
Marília Gabriela Moreira Pagliaro
Imagens
Shutterstock
É TRISTEZA
OU DEPRESSÃO?
4
RETOMANDO O CONCEITO
Professor, inicie esta aula retomando A tristeza é um fenômeno normal
brevemente o conteúdo apresentado no que faz parte da vida psicológica de
vídeo bate-papo com especialista, com o Dr. todos nós em determinados momentos.
Augusto Cury. Lembre-se de orientar seus A tristeza é desencadeada por
alunos a assistir ao vídeo antes da aplicação acontecimentos difíceis e desagradáveis,
do conteúdo em sala de aula, pois ele será inerentes à vida do ser humano, como
o ponto de partida do trabalho presencial. a morte de um ente querido, a perda de
No entanto, o fato do aluno não tê-lo emprego, os desencontros amorosos,
feito não o impede de participar da aula; é os desentendimentos familiares, as
necessário apenas que você seja um pouco dificuldades econômicas etc. Por exemplo,
mais detalhista ao abordar os conceitos a ele estar triste porque alguma coisa que
relacionados. É essencial, professor, que você encaramos como negativa aconteceu
também assista ao vídeo, a fim de melhor se conosco não nos impede de reagir com
preparar para apresentar o tema à turma. alegria a um estímulo agradável.
Nesse primeiro slide é abordada a Por outro lado, a depressão tem
definição de tristeza e de depressão, assim como características principais o humor
como a diferença entre elas. Inicie a aula triste, vazio ou irritável, acompanhado
questionando os alunos sobre o que é de mudanças somáticas e cognitivas que
tristeza e depois sobre o que é depressão afetam significativamente a capacidade
(os efeitos na apresentação irão auxiliá-lo funcional da pessoa. Embora possa
quanto a essa ordem). Depois dos alunos ocorrer apenas um episódio de depressão,
expressarem suas opiniões, exiba os geralmente é uma condição recorrente. É
conceitos apresentados no slide e enfatize a muito importante distinguir tristeza ou luto
diferença entre estar triste e estar deprimido. normais do transtorno depressivo.
5
O segundo slide contempla alguns dados estatísticos sobre depressão e suicídio, com
o propósito de alertar os jovens para a dimensão da prevalência desses transtornos em
nossa sociedade.
Acontecimentos traumáticos;
Sentimento de
Humor deprimido na Perda ou ganho desvalorização ou de
maior parte do dia significativo de peso culpa excessiva,
quase todos os dias
Interesse ou prazer
marcadamente Agitação ou lentidão Habilidade reduzida de
diminuídos em relação a psicomotora quase pensar ou se concentrar,
todas ou quase todas as todos os dias quase todos os dias
atividades
Pensamentos recorrentes
Insônia ou sono Fadiga ou perda de sobre morte, pensamentos
excessivo quase energia quase todos os suicidas sem um plano,
todos os dias tentativa de suicídio ou plano
dias
para cometer suicídio
6
Após a apresentação dos sintomas da Psiquiatria. Já para atuar como psicólogo
depressão, passaremos, então, às práticas deve-se cursar cinco anos de Psicologia
necessárias àquele que se identifica com e, em seguida, especializar-se na área e
sintomas depressivos. Professor, inicie na abordagem escolhida. Isso significa
questionando os alunos sobre o que eles que o psiquiatra terá como foco, primeiro,
fariam se identificassem alguns sintomas a identificação da desordem mental que
da depressão em si. Posteriormente, está acometendo o paciente e, em seguida,
apresente o conteúdo do slide como se o tratamento medicamentoso de tal
segue: desordem. O psicólogo se interessa pelas
u Em primeiro lugar, ter alguns dos causas subjacentes ou psicológicas que estão
sintomas da depressão não quer dizer que motivando o adoecimento mental daquela
você tem depressão. Só um profissional pessoa, buscando ajudá-la a compreender e
da área da psiquiatria ou psicologia pode a lidar melhor com sua condição. Psiquiatra e
fazer esse diagnóstico. Os sintomas podem psicólogo são profissionais complementares.
estar relacionados a outras questões, como Em casos graves, a julgar pela avaliação
doenças diversas, efeitos colaterais de dos profissionais, é indicado que o paciente
medicações etc., por isso é importante fazer faça um tratamento combinado, ou seja,
uma avaliação com um especialista. psicoterapia com o psicólogo e tratamento
medicamentoso com o psiquiatra.
u Depressão é uma doença e precisa de
u Questionaros pensamentos depressivos
tratamento. Quando não tratada pode levar
o depressivo a pensamentos suicidas. e buscar estratégias cognitivas de
enfrentamento desses pensamentos.
u Procurar um psicólogo.
u Realizar atividades prazerosas.
u Procurar um psiquiatra.
u Realizar atividade física.
Observação: Psiquiatra e Psicólogo são
u Participar de associações e/ou grupos de
profissionais diferentes. A primeira diferença
se refere à formação acadêmica de cada um informação e esclarecimento sobre a doença
dos profissionais. Para atuar como psiquiatra e suas manifestações para o(a) portador(a),
deve-se cursar seis anos de Medicina e seus familiares e amigos.
dedicar mais dois ou três à residência em
7
BATE-PAPO
Professor, sugerimos que, após a Portanto, muitas vezes também é
apresentação desses conceitos, prossiga com necessário um tratamento medicamentoso
um bate-papo motivado pelas perguntas além da psicoterapia, o que não significa que
disponibilizadas no slide. Nesse momento a pessoa que toma medicação para depressão
você pode organizar os alunos em duplas seja “fraca”, mas que ela possui alterações no
ou grupos ou mesmo trabalhar com a turma cérebro que precisam ser tratadas. Levantar
toda, conforme sua necessidade. O mais essa questão com os alunos é importante
importante é que os jovens apresentem suas para combater preconceitos que podem levar
impressões sobre o assunto, partilhando uma pessoa que esteja com depressão a não
experiências e visão de mundo. procurar ajuda por acreditar que teria que se
“livrar” dessa condição sozinha.
A primeira questão se refere à crença
de alguns de que a depressão é frescura e A segunda questão aborda as causas
não doença. É importante destacar que a do aumento da prevalência da depressão em
depressão não é um transtorno puramente jovens (Por que a prevalência de depressão
de ordem psicológica, o depressivo em jovens tem aumentado?). Estimule os
apresenta alterações químicas e estruturais alunos a opinar sobre os desafios próprios da
que levam a uma disfunção cerebral. adolescência que podem estar relacionados
às causas da depressão entre jovens. Dentre
“Estudos com a tecnologia de esses desafios, podem ser consideradas
neuroimageamento apontam que, na causas de depressão: grande cobrança por
depressão, há redução de atividade em bons desempenhos, cyberbullying e bullying,
áreas corticais, como córtex cingular dificuldade em lidar com perdas e frustações
anterior, área associada a funções como próprias do ciclo vital da adolescência,
modulação de respostas emocionais, alterações hormonais próprias da idade,
motivação e atenção. Em contrapartida, busca de identidade e perda de idealizações
há maior metabolismo de áreas mais (por exemplo, corpo ideal). Em resumo,
‘primitivas’ do cérebro, como a ínsula, cobranças irrealistas de padrões de beleza e
relacionada à sensação de repulsa, e do de desempenho, uso excessivo da tecnologia
sistema límbico como um todo, com amplo (internet ou jogos) que desconectam o jovem
papel no processamento de emoções do mundo real, entre outras, são variáveis que
negativas.” (Mente e Cérebro, 2013) podem se transformar em conflitos mais sérios.
8
Após esse rico momento de quais você se sente grato etc. Essas dicas
exposição de ideias e de debate sobre o podem ser tópicos de discussão em sala
assunto, exiba o vídeo que exemplifica de aula caso você considere pertinente
como é viver com depressão. Ele foi criado estender o assunto e o cronograma
e publicado pela Organização Mundial permita.
de Saúde (OMS) para despertar uma
reflexão sobre a depressão. No vídeo, a Título do vídeo: “Eu tinha um cachorro
doença foi representada por um cachorro preto, seu nome era depressão.
preto que acompanha a personagem [LEGENDADO]”
incansavelmente e a impede de realizar Autor/canal: inzectoinzecto
muitas de suas tarefas. Ao final, são
Duração: 4:23
apresentadas algumas dicas de como
lidar com a condição: ser emocionalmente Endereço eletrônico: https://www.youtube.
sincero com as pessoas, praticar exercícios com/watch?v=dFKsN9J0hTM Acesso em: 02
físicos, colocar sentimentos no papel, ago. 2018. (Todos os direitos reservados ao
canal © Inzectoinzecto.)
lembrar-se de pessoas e situações às
9
COMO LIDAR COM OS
PENSAMENTOS ANGUSTIANTES?
PRATIQUE O D.C.D.
(DUVIDAR, CRITICAR E DETERMINAR).
CRITICAR:
DUVIDAR:
Deve-se combater, através da crítica, todo pensamento
negativo e destrutivo. Estamos acostumados a criticar as
Duvide, questione tudo aquilo que coisas e as pessoas, mas não criticamos nossos pensamentos.
o perturba e que, de certa forma, o Os pensamentos que induzem a culpa e a preocupação
controla. devem ser criticados e transformados em soluções e planos
construtivos. Por exemplo, criticar a necessidade de me
preocupar com o que os outros falam de mim.
DETERMINAR:
Determinar é o agir, a mudança do estado negativo
para o estado positivo, é aquilo que motiva.
Determine não ser vítima ou escravo dos
pensamentos e conflitos interiores.
10
ATIVIDADE:
APLICAÇÃO DA TÉCNICA D.C.D.
OBJETIVO integrantes e que cada grupo irá aplicar a
técnica D.C.D. em um dos casos. As fichas com
Aplicação da técnica D.C.D. em quatro a descrição dos casos estão disponibilizadas
breves relatos de caso. em encartes para impressão. Distribua cópia
dos casos aos grupos (um caso por grupo);
MATERIAL NECESSÁRIO se o número de grupos for superior a quatro,
mais de um grupo irá analisar o mesmo caso.
Fichas com os casos de estudo
disponibilizadas em encartes, lápis e papel. Durante a realização da atividade
coloque-se à disposição dos grupos
PROCEDIMENTO para esclarecer dúvidas e auxiliá-los
na aplicação da técnica. Essa etapa da
Essa atividade consiste da análise atividade deve durar 15 minutos, em
de quatro breves relatos. As situações- média; informe esse tempo para análise
-problemas são: adolescente depressiva, do conteúdo e discussão de ideia aos
tentativa de suicídio frustrada, luto pela alunos. Sinta-se à vontade para ajustar
perda do pai e sentimento de impotência esse período se sentir necessidade.
frente à percepção de que algo não está
bem. Em todos os casos as personagens Após a execução da atividade, peça
que vivem tais situações são adolescentes. aos alunos que sentem-se formando um
Cada caso será apresentado em um slide. círculo ou semicírculo para que iniciem o
debate.
Professor, explique aos alunos que você
irá organizá-los em grupos de três ou quatro
11
DEBATE
Professor, inicie o debate estimulando que os colegas que praticavam bullying
os alunos a falar sobre como aplicaram poderiam perceber na garota sinais de
a técnica em cada caso, por meio da depressão, assim como os professores
pergunta “Quais foram as alternativas de perceberam?
pensamentos propostas por vocês para
o caso sob análise?”. Então, pergunte aos No segundo caso, podemos abordar
outros grupos se têm outras sugestões as possíveis dificuldades que a jovem
de respostas. pode ter tido para identificar os sintomas
da depressão: por exemplo, ela estava
A segunda questão proposta para o deprimida ou realmente ninguém gostava
debate aborda a dificuldade em identificar dela?
a depressão. Com relação ao primeiro
caso, podemos associar as dificuldades O terceiro caso, que retrata uma
em identificar a depressão às dificuldades situação de luto normal, não é um caso
próprias do contexto que a jovem vive, de depressão. O luto é um processo
o que talvez a tivesse motivado a não necessário e fundamental para preencher
procurar por ajuda. Adicionalmente, o vazio deixado por qualquer perda
podemos questionar os alunos sobre a significativa, não apenas de alguém, mas
percepção dos colegas de sala da jovem também de algo importante, tal como:
em relação ao comportamento dela: será objeto, viagem, emprego, ideia etc.
12
Fase 5. Aceitação: é o estágio final em que o indivíduo não sente mais o
desespero e consegue enxergar a realidade como ela realmente é, sentindo-se
pronto para enfrentar a perda ou a morte.
Nesse caso, professor, auxilie os quarto caso. Nesse sentido, enfatize que
alunos a diferenciar o estado de luto quando não buscamos por ajuda, o quadro
da depressão e a identificar o estágio de depressão se agrava. No primeiro caso,
de luto em que o jovem se encontra, a jovem chegou a exibir comportamentos
que correspondem aos estágios da de automutilação; já no segundo caso,
raiva e início do estágio de barganha ou houve uma tentativa frustrada de suicídio.
negociação. Esses estágios podem ser Você, professor, pode ainda questionar os
observados pela fala “...se tivesse morrido alunos sobre o motivo que as jovens dos
porque estava na hora, iria doer menos”. dois primeiros casos (1 e 2) poderiam ter
tido para não buscar ajuda e aproveitar a
Por fim, no quarto caso, aborde as oportunidade para trabalhar preconceitos
dificuldades que a própria jovem e sua socialmente adquiridos que nos levam a
família podem ter tido em identificar não procurar por ajuda nesses casos e a
a depressão (por exemplo, a falta de acreditar que temos que resolver esses
convívio familiar). problemas sozinhos.
13
d) Escute e responda com base no que a pessoa está falando. O diálogo é
extremamente importante; fique atento para não falar em demasia esquecendo-se
de se colocar na posição de bom ouvinte. Nunca deixe de escutar e prestar atenção
no que o outro tem a dizer. Responda de acordo com o rumo da conversa.
e) Tente fazer a pessoa refletir sobre a situação. É necessário encorajá-la a
pensar no futuro, seus objetivos e desejos. Isso faz com que ela queira caminhar até
lá.
f) Demonstre vontade de ajudar. Não fique com pressa e não demonstre
impaciência. Estar presente no momento importa mais do que qualquer compromisso.
g) Não diga “NÃO”. A negação do problema psicológico que a pessoa está
enfrentando pode atrapalhar. Não a contrarie negando ou minimizando o que ela
sente. A hora não é apropriada para sermões e brigas. Se não tiver o que dizer,
apenas fique em silêncio.
h) Leve ajuda até a pessoa em vez de esperar que ela a procure por si própria.
Para quem está em um quadro de depressão profunda, procurar ajuda é muito difícil,
por isso muitos não o fazem. Jogar tudo nos ombros de quem passa por uma crise
é injusto, e cabe também aos amigos e familiares assumir a responsabilidade pelos
problemas.
A última pergunta serve para despertar a atenção para o fato das tentativas de suicídio
estarem relacionadas a uma vontade de findar com a dor e não com a vida, como proposto
pelo Dr. Augusto Cury no vídeo. A maioria dos suicídios está relacionada a comportamentos
impulsivos que objetivam colocar fim ao sofrimento psíquico. Com isso, com auxílio de
amigos, familiares e profissionais e o uso de técnicas como D.C.D., podemos racionalizar
esses pensamentos suicidas e diminuir sua frequência e possível execução.
As tentativas de
suicídio estão
relacionadas à vontade
Como podemos
de acabar com a dor, o
ajudar um amigo em
sofrimento psíquico, ou
que identificamos
ao desejo de acabar
traços de tristeza ou
com a vida?
depressão?
Por quê?
14
FECHAMENTO
Professor, para finalizar esta aula, enfatize que a depressão é uma doença que
precisa de diagnóstico e tratamento e não uma invenção ou “frescura”. As pessoas têm
sentimentos e pensamentos diferentes em relação a um mesmo acontecimento, não
se sentir triste com uma situação que afeta a outra pessoa não significa que a tristeza
dessa pessoa não exista. Destaque a necessidade de, sempre que se perceberem
com sintomas depressivos, buscar por ajuda; coloque-se, você também, professor,
à disposição para ouvir seus alunos. Espera-se que ao final da aula o aluno consiga
refletir sobre seus sentimentos e pensamentos e aplicar a técnica D.C.D. para vislumbrar
alternativas as suas situações-problemas.
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
16
ENCARTE
APLICAÇÃO DA TÉCNICA
D.C.D.
CASO 1
“Fico muito triste de repente. Para aliviar essa tristeza, corto a pele, me queimo, me
mordo. Fiz isso várias vezes.” O relato é de Julia, 16 anos de idade, a caçula da família.
Ela tem uma rotina difícil; convive com um pai alcoólatra. No colégio, a delicada situação
familiar serve de motivo para o bullying, o que a leva a se isolar na biblioteca durante o
recreio. Diz não ter amigos e afirma que ninguém gosta dela. Passa os intervalos lendo;
gosta de romances como os de John Green, mas não consegue se concentrar, e seu
rendimento escolar vem caindo bastante.
CASO 2
“Eu nunca tinha passado por isso em minha vida, nunca tinha pensado em morrer,
nunquinha! Foi um ato impulsivo.” O relato é de Angélica, 15 anos de idade, encontrada
por sua mãe desacordada em seu quarto ao lado de várias caixas de remédios. Angélica
mora com a mãe, o padrasto e uma irmã que tem dois anos de idade, fruto desse novo
relacionamento materno. O pai de Angélica é ausente, com relacionamento bastante
restrito a poucas vezes durante a infância. Adicionalmente, não cultiva um bom
relacionamento com sua mãe, que, segundo ela, só se preocupa com seu novo marido
e sua outra filha. Queixa-se de que ninguém gosta dela, de que ninguém se preocupa
com ela; Angélica sente-se um peso na vida da mãe. A mãe de Angélica toma remédios
para dormir e, em um momento de desespero, “de dor insuportável”, Angélica pegou os
remédios da mãe e resolveu tomar vários desses comprimidos para acabar com sua dor.
Felizmente, sua mãe a encontrou a tempo e a levou para o hospital onde foi rápida e
corretamente atendida.
u Técnica D.C.D.: DUVIDAR
CRITICAR
DETERMINAR
APLICAÇÃO DA TÉCNICA
D.C.D.
CASO 3
“...fiquei revoltado porque meu pai tinha uma vida inteira ainda pela frente; 47 anos,
novo pra caramba, e tiraram a vida dele... Nossa, se tivesse morrido porque estava na
hora, iria doer menos... A gente fica mal por dentro quando não sabe o que pensar... se eu
pudesse chegar nessa pessoa... (o assassino) nem sei o que faria na hora... nossa, fiquei
muito mal, fiquei destruído por dentro. Nada justifica uma pessoa tirar a vida de outra;
é horrível.” O relato é de João, 17 anos de idade, que perdeu o pai assassinado em uma
tentativa de assalto enquanto trabalhava de segurança em um banco.
CASO 4
“Todo dia é difícil levantar; não tenho vontade de fazer nada, nem de comer. Tenho
poucos amigos na escola e, como não tenho vontade de conversar, acho que estou perdendo
os poucos amigos que eu tenho. Meus pais trabalham bastante e fico muito sozinha em
casa; tem dias que não levanto do sofá a tarde toda. Eu ligo a TV, fico assistindo às séries
sem parar; às vezes nem presto atenção no que está acontecendo no episódio. Sei que
algo não está bem dentro de mim, mas não sei o que fazer. Eu preciso de ajuda.” Esse
relato é de Bruna, 16 anos de idade, filha única. Os pais de Bruna trabalham o dia todo e
ela passa muito tempo sozinha em casa, ficando responsável por sua própria alimentação.
Muitas vezes seus pais chegam bastante tarde do trabalho, cansados e estressados, e
eles acabam não tendo tempo para uma simples conversa.