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Ficha de leitura 1

Nome: Jaqueline José David Jaime

JASPAR J.(1995) CONCEITO DE ORDENAMENTO DO


TERRITÓRIO

O ordenamento é o “acto de ordenar; ordenação; de um


Dicionário da território: estudo profundo e detalhado de um território (país,
Língua região, etc.) para conhecer todas as suas características e que
Portuguesa 0n-
constituirá a base para a elaboração de um plano cuja
Line (2005)
finalidade é a utilização racional desse território, ou seja, o
aproveitamento das potencialidades, a maximização da
produção a par com a protecção do ambiente, visando o
desenvolvimento socio-económico e a melhoria da qualidade
de vida.”

O ordenamento do território “corresponde, na maior parte


Dicionário de
Geografia
dos casos à vontade de corrigir os desequilíbrios de um
(Baud, espaço nacional ou regional e constitui um dos principais pg.262
Bourgeat e campos de intervenção da Geografia aplicada. Pressupõe por
Bras, 1999, um lado, uma percepção e uma concepção de conjunto de
p.262) um território e, por outro lado, uma análise prospectiva.”

O ordenamento do território “é a acção e a prática (mais do


que a ciência, a técnica ou a arte) de dispor com ordem,
Dictionaire de através do espaço de um país e com uma visão prospectiva,
l’urbanisme et os homens e as suas actividades, os equipamentos e os meios
de de comunicação que eles podem utilizar, tendo em conta os pg.38
l’aménagement constrangimentos naturais, humanos e económicos, ou
(Merlin e
Choay, 2000, mesmo estratégicos. (...) Todas as definições insistem no
p.38) carácter voluntarista, mas também na sua dimensão
prospectiva: será perigoso separar a planificação no espaço
da planificação do tempo que será estritamente económica.”
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As várias definições apresentam as diferentes perspectivas


dos autores sobre o conceito de ordenamento do território.
Este, apesar de enunciado de formas diversas, assenta em
algumas ideias chave (ou características) que adiante serão
exploradas.

Uma das características frequentemente referida é a do


ordenamento do território ser visto como uma política
Alves (2001) pública, sendo essencialmente uma tarefa do Estado e de
outros poderes públicos”; Jesúsa Farga (referido por Frade, pg.21
1999, p.28), considera-o como “uma função pública
destinada a coordenar a actividade administrativa, a
territorializar as diversas políticas sectoriais, a obter o
equilíbrio regional e a protecção do ambiente.

Nesta perspectiva, o ordenamento do território consiste no


Fernanda
estabelecimento de normas de carácter programático, com pg.11
Oliveira (2002)
um conteúdo de mera coordenação e orientação das acções a
executar aos níveis nacional e regional. A Carta Europeia do
Ordenamento do Território (Conselho da Europa, 1988, p.9),
também o assume como política pública, pois este é “a
expressão espacial das políticas económicas, sociais,
culturais e ecológicas da sociedade.”; Fernanda Oliveira
(2002, p.11) explica que o ordenamento do território, é “a
aplicação ao solo de todas as políticas públicas,
designadamente económico-sociais, urbanísticas e
ambientais, visando a localização, organização e gestão
correcta das actividades humanas.

Outras características do ordenamento do território, para


Carlos Silva além de ser uma política sectorial, são:
(2001) pg.33
 Fenómeno social: em que o ordenamento do
território se refere ao modo como o território está
organizado, em diversas escalas, às suas causas e
problemas”;
 Técnica: como estudo de um território para
identificação das necessidades e potencialidades com
vista a definir um plano de acção”;
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 Ciência interdisciplinar: que estuda a organização e o


desenvolvimento do território a várias escalas: local,
regional, nacional e supranacional.”

Rui Alves Pretendendo resumir o conceito, Rui Alves (2001) define


(2001); duas perspectivas do ordenamento do território: o sentido
lato e o sentido restrito. Amplamente, o ordenamento do
território “pode ser visto como uma política pública a que
Merlin et assenta bem o conceito apontado por Merlin et Choay (1996,
Choay (1996)
p.35), que o consideram como o processo que tem em vista a
disposição no espaço e no tempo dos homens e das suas
(Alves, 2001) actividades, dos equipamentos, as infra-estruturas e os meios pg.35
de comunicação que eles podem utilizar, numa visão
prospectiva e dinâmica, tendo em conta as condicionantes
naturais, humanas e económicas” (Alves, 2001, p.19).
(Costa Lobo et
al., 1990) Restritamente, será “um processo integrado e racional de
pg.19
organização do espaço biofísico, de acordo com as vocações
e capacidades e que, com base em conhecimento técnicos e
científicos identifica as invariantes do território, com vista “à
demarcação de espaços e fixação de classes de uso do solo”,
tendo em vista o uso e a transformação do território, numa
perspectiva dinâmica e adaptativa em função da evolução
das necessidades das populações e suas actividades.” (Costa pg.213
Lobo et al., 1990, p.213). Neste contexto, o ordenamento do
território procura determinar as condições de equilíbrio
dinâmico na estrutura biofísica do território tendo em conta
aspectos económicos, sociais, culturais e políticos, no
sentido de as entender como pré-condições ao processo de
planeamento do território” (Alves, 2001, p. 19).

2. PRINCÍPIOS, OBJECTIVOS E DESTINATÁRIOS DO


ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Segundo a Carta do Ordenamento do Território (Conselho da


Europa, 1988, p.10), são quatro os princípios de
Carta do ordenamento do território:
Ordenamento  Democrático: deve ser conduzido de modo a
do Território assegurar a participação das populações interessadas
(Conselho da
e dos seus representantes políticos;
Europa, 1988)
 Integrado: deve assegurar a coordenação das
diferentes políticas sectoriais e a sua integração numa
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abordagem global; pg.10


 Funcional: deve ter em conta a existência de
especificidades regionais, fundamentadas em valores,
cultura e interesses comuns que, por vezes,
ultrapassam fronteiras administrativas e territoriais,
assim como a organização administrativa dos
diferentes países.
 Prospectivo: deve analisar e tomar em consideração
as tendências e o desenvolvimento a longo prazo dos
fenómenos e intervenções económicas, ecológicas,
sociais, culturais e ambientais.”
Rui Alves (2001, p.21 e 22), acrescenta mais alguns
princípios que considera fundamentais para o ordenamento
do território:
 Igualdade: promove a organização territorial que
garanta, de forma generalizada, as mesmas condições
e oportunidades de acesso a bens e serviços a todos
os cidadãos (os cidadãos são iguais perante a lei);
 Equidade: que trata de forma equitativa os cidadãos,
as organizações, e os territórios; estabelece a
perequação na distribuição dos recursos públicos,
designadamente os financeiros, entre territórios mais
desenvolvidos e territórios menos desenvolvidos, de
forma a corrigir desequilíbrios e distorções existentes
nos níveis de desenvolvimento;
 Interesse público: em que a intervenção do Estado e
dos poderes públicos, sobre o território, deve
prosseguir sempre finalidades de interesse colectivo;
 Liberdade e Responsabilidade: que garante a
liberdade de intervenção individual e da iniciativa
privada na organização do território, desde que no
cumprimento das normas e directrizes e na garantia
do interesse público;

 Sustentabilidade: que promove a organização do


território, salvaguardando e protegendo valores e
recursos perenes, como sejam, os naturais, culturais e
ambientais; e promovendo a sustentabilidade da
organização do território, de modo a viabilizar a
estrutura territorial.”
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