O ordenamento é o “acto de ordenar; ordenação; de um
Dicionário da território: estudo profundo e detalhado de um território (país, Língua região, etc.) para conhecer todas as suas características e que Portuguesa 0n- constituirá a base para a elaboração de um plano cuja Line (2005) finalidade é a utilização racional desse território, ou seja, o aproveitamento das potencialidades, a maximização da produção a par com a protecção do ambiente, visando o desenvolvimento socio-económico e a melhoria da qualidade de vida.”
O ordenamento do território “corresponde, na maior parte
Dicionário de Geografia dos casos à vontade de corrigir os desequilíbrios de um (Baud, espaço nacional ou regional e constitui um dos principais pg.262 Bourgeat e campos de intervenção da Geografia aplicada. Pressupõe por Bras, 1999, um lado, uma percepção e uma concepção de conjunto de p.262) um território e, por outro lado, uma análise prospectiva.”
O ordenamento do território “é a acção e a prática (mais do
que a ciência, a técnica ou a arte) de dispor com ordem, Dictionaire de através do espaço de um país e com uma visão prospectiva, l’urbanisme et os homens e as suas actividades, os equipamentos e os meios de de comunicação que eles podem utilizar, tendo em conta os pg.38 l’aménagement constrangimentos naturais, humanos e económicos, ou (Merlin e Choay, 2000, mesmo estratégicos. (...) Todas as definições insistem no p.38) carácter voluntarista, mas também na sua dimensão prospectiva: será perigoso separar a planificação no espaço da planificação do tempo que será estritamente económica.” Ficha de leitura 1
As várias definições apresentam as diferentes perspectivas
dos autores sobre o conceito de ordenamento do território. Este, apesar de enunciado de formas diversas, assenta em algumas ideias chave (ou características) que adiante serão exploradas.
Uma das características frequentemente referida é a do
ordenamento do território ser visto como uma política Alves (2001) pública, sendo essencialmente uma tarefa do Estado e de outros poderes públicos”; Jesúsa Farga (referido por Frade, pg.21 1999, p.28), considera-o como “uma função pública destinada a coordenar a actividade administrativa, a territorializar as diversas políticas sectoriais, a obter o equilíbrio regional e a protecção do ambiente.
Nesta perspectiva, o ordenamento do território consiste no
Fernanda estabelecimento de normas de carácter programático, com pg.11 Oliveira (2002) um conteúdo de mera coordenação e orientação das acções a executar aos níveis nacional e regional. A Carta Europeia do Ordenamento do Território (Conselho da Europa, 1988, p.9), também o assume como política pública, pois este é “a expressão espacial das políticas económicas, sociais, culturais e ecológicas da sociedade.”; Fernanda Oliveira (2002, p.11) explica que o ordenamento do território, é “a aplicação ao solo de todas as políticas públicas, designadamente económico-sociais, urbanísticas e ambientais, visando a localização, organização e gestão correcta das actividades humanas.
Outras características do ordenamento do território, para
Carlos Silva além de ser uma política sectorial, são: (2001) pg.33 Fenómeno social: em que o ordenamento do território se refere ao modo como o território está organizado, em diversas escalas, às suas causas e problemas”; Técnica: como estudo de um território para identificação das necessidades e potencialidades com vista a definir um plano de acção”; Ficha de leitura 1
Ciência interdisciplinar: que estuda a organização e o
desenvolvimento do território a várias escalas: local, regional, nacional e supranacional.”
Rui Alves Pretendendo resumir o conceito, Rui Alves (2001) define
(2001); duas perspectivas do ordenamento do território: o sentido lato e o sentido restrito. Amplamente, o ordenamento do território “pode ser visto como uma política pública a que Merlin et assenta bem o conceito apontado por Merlin et Choay (1996, Choay (1996) p.35), que o consideram como o processo que tem em vista a disposição no espaço e no tempo dos homens e das suas (Alves, 2001) actividades, dos equipamentos, as infra-estruturas e os meios pg.35 de comunicação que eles podem utilizar, numa visão prospectiva e dinâmica, tendo em conta as condicionantes naturais, humanas e económicas” (Alves, 2001, p.19). (Costa Lobo et al., 1990) Restritamente, será “um processo integrado e racional de pg.19 organização do espaço biofísico, de acordo com as vocações e capacidades e que, com base em conhecimento técnicos e científicos identifica as invariantes do território, com vista “à demarcação de espaços e fixação de classes de uso do solo”, tendo em vista o uso e a transformação do território, numa perspectiva dinâmica e adaptativa em função da evolução das necessidades das populações e suas actividades.” (Costa pg.213 Lobo et al., 1990, p.213). Neste contexto, o ordenamento do território procura determinar as condições de equilíbrio dinâmico na estrutura biofísica do território tendo em conta aspectos económicos, sociais, culturais e políticos, no sentido de as entender como pré-condições ao processo de planeamento do território” (Alves, 2001, p. 19).
2. PRINCÍPIOS, OBJECTIVOS E DESTINATÁRIOS DO
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Segundo a Carta do Ordenamento do Território (Conselho da
Europa, 1988, p.10), são quatro os princípios de Carta do ordenamento do território: Ordenamento Democrático: deve ser conduzido de modo a do Território assegurar a participação das populações interessadas (Conselho da e dos seus representantes políticos; Europa, 1988) Integrado: deve assegurar a coordenação das diferentes políticas sectoriais e a sua integração numa Ficha de leitura 1
abordagem global; pg.10
Funcional: deve ter em conta a existência de especificidades regionais, fundamentadas em valores, cultura e interesses comuns que, por vezes, ultrapassam fronteiras administrativas e territoriais, assim como a organização administrativa dos diferentes países. Prospectivo: deve analisar e tomar em consideração as tendências e o desenvolvimento a longo prazo dos fenómenos e intervenções económicas, ecológicas, sociais, culturais e ambientais.” Rui Alves (2001, p.21 e 22), acrescenta mais alguns princípios que considera fundamentais para o ordenamento do território: Igualdade: promove a organização territorial que garanta, de forma generalizada, as mesmas condições e oportunidades de acesso a bens e serviços a todos os cidadãos (os cidadãos são iguais perante a lei); Equidade: que trata de forma equitativa os cidadãos, as organizações, e os territórios; estabelece a perequação na distribuição dos recursos públicos, designadamente os financeiros, entre territórios mais desenvolvidos e territórios menos desenvolvidos, de forma a corrigir desequilíbrios e distorções existentes nos níveis de desenvolvimento; Interesse público: em que a intervenção do Estado e dos poderes públicos, sobre o território, deve prosseguir sempre finalidades de interesse colectivo; Liberdade e Responsabilidade: que garante a liberdade de intervenção individual e da iniciativa privada na organização do território, desde que no cumprimento das normas e directrizes e na garantia do interesse público;
Sustentabilidade: que promove a organização do
território, salvaguardando e protegendo valores e recursos perenes, como sejam, os naturais, culturais e ambientais; e promovendo a sustentabilidade da organização do território, de modo a viabilizar a estrutura territorial.” Ficha de leitura 1 Ficha de leitura 1 Ficha de leitura 1