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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CÂMPUS DE PATOS
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: MICROBIOLOGIA VETERINÁRIA

PARVOVIRUS: PANLEUCOPENIA FELINA

Discente: Maria Laura Felinto Vieira


Matrícula: 422140132

PATOS/PB
2024
1 INTRODUÇÃO

Os gatos são domesticados pelos seres humanos à milhares de anos e estão presentes
em muitos lares, como membros das famílias, por isso, seu adoecimento causa uma
preocupação aos seus tutores.
A panleucopenia felina é uma doença generalizada, altamente contagiosa que afeta
gatos domésticos e silvestres, causada pelo Parvovirus, gênero da família Parvoviridae, de
principal importância para a medicina veterinária. Essa enfermidade pode acometer gatos de
todas as idades, mas principalmente, os jovens recém-desmamados, pois os anticorpos
maternos estão em declínio em seus organismos.
Nesse trabalho será abordado sobre o agente etiológico da panleucopenia felina, seu
histórico, classificação e caracterização, além disso, será descrita as espécies susceptíveis a
essa doença, a etiologia, características clínicas, transmissão, patogenia, patologia,
diagnóstico e imunização para a panleucopenia felina.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Agente etiológico

O vírus da panleucopenia felina (FPV) faz parte do gênero parvovírus, ele foi
identificado como causador de enterite viral em gatos pela primeira vez em 1928, em 1940 a
enterite do visom foi descrita pela primeira vez, podendo também afetar gatos filhotes se
assemelhando a panleucopenia felina, que também pode ser causada por variantes do
parvovírus canino tipo 2 (CPV-2), descoberto em 1978, responsável por causar a parvovirose
canina, isso se dá devido à relação genética e antigênica muito próxima entre os dois vírus. O
parvovírus tem predileção por células em divisão, replica-se no núcleo das células formando
corpúsculos de inclusão intranucleares e é estável no meio ambiente.
Classificação: Reino-Shotokuvirae; filo-Cossaviricota; classe-Quintoviricetes; ordem-
Piccovirales; família-Parvoviridae; gênero-Parvovirus.

2.2 Panleucopenia Felina


A panleucopenia felina infecta a maioria das espécies de felídeos, sendo endêmica em
gatos não vacinados, outros animais, como guaxinins, marta das Aléutas, urso-gato-asiático e
a raposa, também podem ser acometidos pela infecção, no entanto, raramente desenvolvem a
forma clínica da doença. Gatos de todas as idades podem ser infectados, porém, os mais
susceptíveis são os gatos jovens recém desmamados, pois os anticorpos maternos estão
diminuindo, sendo alta a mortalidade de filhotes, pode ocorrer também a infecção intrauterina
que pode levar a morte do neonato ou causar anormalidades congênitas no sistema nervoso
central.
Os parvovirus são os menores vírus que se tem conhecimento, não possuem envelope,
possuem formato esférico e simetria icosaédrica, são compostos por uma molécula de fita
simples de DNA. Por não serem envelopados, são altamente resistentes as variações
ambientais, podendo sobreviver e manter seu potencial infeccioso de 5 a 10 meses no
ambiente, além disso, são resistentes ao aquecimento, a solventes, a desinfetantes e a
variações do pH. Além disso, é bastante comum a infecção em locais de criação, já que a
eliminação através das fezes ainda ocorre em menor quantidade por algumas semanas após a
recuperação clínica e em casos subclínicos, permitindo a permanência e a disseminação do
vírus no ambiente.
As características clínicas variam de acordo com a quantidade de vírus, idade do gato,
predisposições em potencial da raça imunidade materna transmitida, exposição prévia e
vacinação. Comumente as manifestações são agudas ou hiperagudas, levando a óbito em
menos de 12 horas, no trato gastrointestinal, devido a destruição de células das criptas
intestinais, há a má absorção de nutrientes, diarreia, vômito persistente até sepse, ao infectar
gatas prenhas, o vírus pode causar aborto ou reabsorção fetal, a depender do estágio da
gestação. Além disso, ocorre depressão, letargia, anorexia, desidratação severa e febre,
comum em filhotes na fase aguda da doença, já em filhotes entre 4 semanas e 12 meses de
idade, pode-se observar morte súbita, a recuperação dos animais sobreviventes se dá em até
cinco dias do início da doença.
O vírus da Panleucopenia felina pode ser transmitido por meio do contato direto com
gatos infectados, por fômites o por via transplacentária, tendo predileção por células com alta
taxa de replicação. O período de incubação varia entre 2 e 10 dias, a viremia se desenvolve
em 24 horas após a infecção, quando o vírus se adere a um receptor da célula em divisão
mitótica e a penetra, no citoplasma o ácido nucléico viral é desnudado, perdendo o capsídeo,
depois ele migra para o núcleo celular onde vai ser replicado, participando da síntese de
proteínas que vão ser codificadas pelo vírus, depois as novas partículas virais são montadas e
liberadas, promovendo a citólise de diversos tecidos, causando uma infecção lítica, levando a
sua destruição, já a infecção dos tecidos linfóides gera imunossupressão, no intestino ocorre a
citólise das criptas, interferindo na renovação celular, ocorre também a necrose da mucosa
intestinal seguida de colapso das vilosidades, levando a uma enterite, com absorção de toxinas
e translocação de bacteriana. Esse fator também leva a perda hídrica, desenvolvendo-se
também um quadro de endotoxemia, sepse e choque que ocasiona em óbito se não houver
intervenção rápida, ainda que se recuperem, os animais podem continuar com diarreia
permanente e incurável, devido a atrofia das vilosidades. Além disso, o vírus pode causar
destruição das células de linhagens mieloide e eritroide, gerando leucopenia na fase grave da
doença.
A doença pode variar entre as formas subclínica e hiperaguda. A forma subclínica pode
acometer gatos adultos jovens, que contenham anticorpos contra o FPV sem qualquer sinal
clínico da doença. A forma hiperaguda ocorre preferencialmente em animais muito jovens,
com menos de 2 meses, e, devido a choque séptico, pode resultar em morte por choque
séptico em menos de 12 horas. Além disso, nas infeções fetais e neonatais, os gatos podem
apresentar diversos sintomas neurológicos de hipoplasia cerebelar, como ataxia, hipermetria,
incoordenação e tremores não progressivos, outros sinais que podem ser observados são,
ataques epiléticos, mudanças de comportamento e déficits de reação, hidrocefalia e sinais
oculares como cegueira, hipoplasia do nervo óptico e displasia da retina.
Na necropsia, as alterações mais comuns são, a perda de condição corporal e mucosas
pálidas, no intestino, a mucosa encontra-se avermelhada, conteúdo intestinal liquefeito, assim
como serosa intestinal avermelhada. Macroscopicamente, os linfonodos mesentéricos se
apresentaram aumentados de volume e congestos, em fetos e filhotes que apresentem sinais
neurológicos, observam-se lesões na lâmina granular externa do cerebelo, assim como
hipoplasia cerebelar, na histopatologia, as alterações mais encontradas são necrose da mucosa
do intestino delgado, fusão e atrofia das vilosidades intestinas e dilatação das criptas, no baço,
pode se encontrar rarefação, necrose linfoide e hemorragia, na medula óssea, observa-se
diminuição mieloide e linfoide, dilatação de sinusóides e necrose, pode-se observar ainda, nos
linfonodos mesentéricos, necrose linfoide, hiperplasia, edema e congestão, no timo, há uma
perda da diferenciação do córtex e da medula.
O diagnóstico da doença pode ser feito através de exame de fezes, utilizando a
microscopia eletrônica, detecção do antígeno em testes imunocromatográficos, assim como do
aumento de anticorpos (IgM e IgG) nas amostras sorológicas. Ademais, outras formas de
diagnóstico podem ser utilizadas, como a Reação em Cadeia da Polimerase (Polimerase Chain
Reaction – PCR), imunofluorescência direta, Imunoabsorção Enzimática (Enzyme Linked
ImmunonoSorbent Assay – ELISA), isolamento viral, hemoaglutinação, inibição da
hemoaglutinação, os achados de necropsia e histopatologia, além da técnica de imuno-
histoquímica também são importantes ferramentas para auxiliar no diagnóstico de
panleucopenia felina.
O tratamento realizado em animais doentes é apenas de suporte, visando a
estabilização do quadro do animal, buscando principalmente restaurar e manter o equilíbrio
hidroeletrolítico e acidobásico, minimizar as perdas de líquidos, recuperar o epitélio intestinal
e evitar infecções secundárias. É indicado antibioticoterapia para controlar as infecções, bem
como prevenir a sepse, fluidoterapia, visando restaurar déficits hidroeletrolíticos e
desequilíbrios acidobásicos, para evitar acidose metabólica e hipocalcemia,
imunoestimulantes, a fim de estimular a produção de células mieloides, sendo recomendado
principalmente, na fase em que é estabelecido o quadro de panleucopenia, administração de
suplementos vitamínicos do complexo B, em alguns casos é necessária a transfusão sanguínea
ou plasmática para gatos que tenham desenvolvido hipoproteinemia, anemia severa ou
hipotensão, no caso de gatos anoréxicos, que apresentem quadros de diarreia ou vômito, ou
ainda com hipoproteinemia persistente, deve ser utilizado um estimulante de apetite.
A prevenção da panleucopenia felina é feita através da imunização, são utilizadas
vacinas atenuadas com o vírus vivo modificado ou ainda com o vírus inativo, encontradas em
vacinas polivalentes, como a Felocell 3 e a Nobivac: Feline 1-HCPCh. A vacinação deve ser
iniciada entre 6 e 8 semanas de idade, sendo necessário a repetição de doses a cada 3 ou 4
semanas, até que o animal complete 16 semanas de idade, além disso, é necessário que se faça
o reforço anual, não devendo ser vacinados, gestantes, filhotes com menos de 4 semanas e
gatos que apresentem sinais de clínicos da doença.

3 CONCLUSÃO

A panleucopenia felina é doença que acomete gatos de todas as idades, causando grave
infecção nos animais infectados, levando ao óbito, se não for tratada precocemente, além
disso, vale ressaltar a importância da vacinação e dos cuidados para se prevenir essa
enfermidade. Portanto, é extremamente importante que os profissionais médicos veterinários
tenham conhecimento sobre essa doença, a fim de que instruam bem os tutores de gatos sobre
a vacinação e sobre o correto tratamento da enfermidade.

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