Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí
a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam,
este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e
cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que
todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que
lhes davam. […] Andavam todos tão bemdispostos, tão
bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam. (CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 1996)
TEXTO II
1
D) as duas produções, embora usem linguagens período colonial brasileiro, o Português, o Índio e o
diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma Negro formaram a base da população e que o
função social e artística. patrimônio linguístico brasileiro é resultado da:
E) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de A) contribuição dos índios na escolarização dos
grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo brasileiros.
momentos histórico, retratando a colonização. B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos
indígenas.
No Brasil colonial, os portugueses procuravam C) importância do Padre Antônio Vieira para a literatura
ocupar e explorar os territórios descobertos, nos quais de língua portuguesa.
viviam índios, que eles queriam cristianizar e usar como D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as
força de trabalho. Os missionários aprendiam os idiomas línguas tupi.
dos nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da
Ao longo do tempo, as línguas se influenciaram. língua tupi.
O resultado desse processo foi a formação de
uma língua geral, desdobrada em duas variedades: o Síntese entre erudito e popular
abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. Quase Na região mineira, a separação entre cultura
todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes liberais) é
aqueles que falavam apenas o português. marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os
valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão
3. (2010.2) De acordo com o texto, a língua geral formou- de várias culturas: portugueses aventureiros ou
se e consolidou-se no contexto histórico do Brasil degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as
Colônia. Portanto, a formação desse idioma e suas sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice
variedades foi condicionada: popular, consegue fazer essa síntese característica deste
A) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião momento único na história da arte brasileira: o barroco
dos portugueses. colonial.
B) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber (MAJORA, C. Br História, n. 3, mar. 2007 - adaptado)
linguístico dos índios.
C) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas 5. (2015.2) No século XVIII, a arte brasileira, mais
precisavam aperfeiçoar-se. especificamente a de Minas Gerais, apresentava a
D) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a
uma nova língua com os portugueses. escolha dos materiais. Artistas como Aleijadinho e
E) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por
anterior à chegada dos portugueses. peculiaridades que são identificadas por meio:
A) do emprego de materiais oriundos da Europa e da
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o interpretação realista dos objetos representados.
país era povoado de índios. Importaram, depois, da B) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da
África, grande número de escravos. O Português, o Índio interpretação formal com características próprias.
e o Negro constituem, durante o período colonial, as três C) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e
bases da população brasileira. Mas no que se refere à da homogeneização e linearidade representacional.
cultura a contribuição do Português foi de longe a mais D) da observação e da cópia detalhada do objeto
notada. representado e do emprego de materiais disponíveis na
Durante muito tempo o português e o tupi região.
viveram lado a lado como línguas de comunicação. Era o E) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da
tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. interpretação idealizada e linear dos objetos
Em 1694, dizia o Padre Antônio Vieira que "as famílias dos representados.
portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje
umas com as outras, que as mulheres e os filhos mística e Lisongeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma
domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala desgraça...
é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender Gregório de Matos
à escola.”
(TEYSSIER, P. História da Língua Portuguesa. Lisboa: Discreta e formosíssima Maria,
Livraria Sá da Costa, 1984) Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
4. (2011.1) A identidade de uma nação está diretamente E na rosada face a Aurora fria:
ligada à cultura de seu povo. O texto mostra que, no
2
Enquanto pois produz, enquanto cria 7. (2014.1) Com uma elaboração de linguagem e uma
Essa esfera gentil, mina excelente visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o
No cabelo o metal mais reluzente, soneto de Gregório de Matos apresenta temática
E na boca a mais fina pedraria: expressa por:
A) visão cética sobre as relações sociais.
Gozai, gozai da flor da formosura, B) preocupação com a identidade brasileira.
Antes que o frio da madura idade C) crítica velada à forma de governo vigente.
Tronco deixe despido, o que é verdura. D) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Que passado o Zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso de beldade.
(CUNHA, H. P. Convivência maneirista e barroca na obra de Gregório
de Matos. In: Origens da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 79.p. 90)
3
apresenta como estratégia discursiva sucessivas
interrogações, as quais têm por objetivo principal:
A) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o
conteúdo que será abordado no sermão.
B) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os
temas abordados nas pregações.
C) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não
possui respostas.
D) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador
sobre a eficácia das pregações.
E) questionar a importância das pregações feitas pela
Igreja durante os sermões.
4
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(COSTA, C. M. Poemas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012)
TEXTO II
Manuel da Costa Ataíde (Mariana, MG, 1762-
1830), assim como os demais artistas do seu tempo,
recorria a bíblias e a missais impressos na Europa como
ponto de partida para a seleção iconográfica das suas
composições, que então recriava com inventiva
liberdade.
Se Mário de Andrade houvesse conseguido a
oportunidade de acesso aos meios de aproximação ótica
da pintura dos forros de Manuel da Costa Ataíde,
imaginamos como não teria vibrado com o mulatismo das
figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado de
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua percepção
pioneira de um surto de racialidade brasileira em nossa
terra, em pleno século XVIII.
(FROTA, L. C. Ataíde: vida e obra de Manuel da Costa
Ataíde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982)