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William Hardham

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William James Hardham, VC (Wellington, 31
William Hardham
de julho de 1876 – Wellington, 13 de abril de 1928)
foi um militar neozelandês que foi condecorado
com a Cruz Vitória, a maior condecoração por
bravura "diante do inimigo" que poderia ser
concedida na época a militares do Império
Britânico.

Nascido em Wellington, Hardham era ferreiro e


soldado em part-time na milícia local quando se
ofereceu para servir nas Forças Militares da Nova
Zelândia na Segunda Guerra dos Bôeres. Colocado
no 4.º Contingente, em 1900, estava a realizar uma
patrulha no Transvaal sul-africano quando foi
emboscado. Hardham subiu para o seu cavalo para
resgatar um soldado ferido sob fogo pesado e, por
isso, foi condecorado com a Cruz Vitória (VC).
Dispensado das Forças Militares da Nova Zelândia,
em 1901, ele voltou para outro período de serviço
Capitão William Hardham, em abril de 1916
na Segunda Guerra dos Bôeres, mas esteve apenas
brevemente na África do Sul antes de ser enviado à Nome completo William James Hardham
Inglaterra para a coroação do rei Eduardo VII e da Nascimento 31 de julho de 1876
Wellington, Wellington,
rainha Alexandra. Nova Zelândia

De volta à vida civil, envolveu-se cada vez mais na Morte 13 de abril de 1928 (51 anos)
Wellington, Wellington,
administração do rugby com a Wellington Rugby Nova Zelândia
Football Union; ele jogou rugby representativo Progenitores Mãe: Ann Hardham
pela Wellington na sua juventude, mas também Pai: George Hardham
continuou a servir na milícia. Quando a Primeira Serviço militar
Guerra Mundial começou, Hardham ofereceu-se
País Nova Zelândia
para servir no exterior com a Força Expedicionária
Serviço Forças Militares da Nova
da Nova Zelândia (NZEF) e foi destacado para a Zelândia
Wellington Mounted Rifles (WMR) como capitão.
Anos de serviço 1895–1919
Ferido durante a Campanha de Galípoli, foi
Patente Major
enviado de volta para a Nova Zelândia. Durante a
sua recuperação, foi nomeado comandante do Unidades 4.º Contingente da Nova
Zelândia
Hospital Queen Mary, em Hanmer Springs, mas Wellington Mounted Rifles
desejava regressar à NZEF e a um posto no Conflitos Segunda Guerra dos Bôeres
exterior. Ele voltou ao WMR, então na Palestina, Primeira Guerra Mundial
no final de 1917, mas a sua saúde estava Campanha de Galípoli
deteriorada e isso afetou-o pelo resto do seu Campanha do Sinai e
serviço militar. Tendo alcançado o posto de major Palestina
no final da guerra em 1918, foi dispensado do Condecorações Cruz Vitória
NZEF. Voltando à vida civil, trabalhou para um
jornal e mais tarde para o Departamento de Obras Públicas, além de se envolver em assuntos de
veteranos. Faleceu em 1928, aos 51 anos.

Infância e juventude
William James Hardham nasceu a 31 de julho de 1876, em Wellington, filho de George Hardham,
um trabalhador, e de sua esposa, Ann Hardham, com nome de nascimento Gregory. Recebeu a sua
educação na Mount Cook School e, quando terminou os estudos, conseguiu trabalho como ferreiro.
Um grande desportista, jogou rugby no Petone Rugby Club e também representou a Wellington no
rugby provincial;[1] acabaria por jogar 53 partidas pela Wellington. A sua carreira militar começou
em 1895, quando ingressou na Wellington Naval Artillery, uma unidade de milícia em part-time,
servindo na Companhia Petone.[2]

África do Sul
A Segunda Guerra dos Bôeres surgiu das tensões entre a República Boer da África do Sul e as
autoridades britânicas no Transvaal da África do Sul, tudo pelo controlo da região. Em setembro
de 1899, pouco antes do início das hostilidades, o Parlamento da Nova Zelândia ofereceu ao
governo britânico um contingente de infantaria montada das Forças Militares da Nova Zelândia
para servir na África do Sul, oferta essa que foi aceita.[3] Os voluntários eram abundantes e, em
1900, já dois contingentes haviam partido para a guerra.[4]

Hardham estava entre os que se ofereceram e foi colocado no 4.º Contingente da Nova Zelândia,
como sargento-mor ferrador.[1] Desembarcando na África Oriental Portuguesa em abril de 1900, o
4.º Contingente, apelidado de "Rough Riders", foi enviado como parte da Força de Campo da
Rodésia em torno de Mahikeng.[5] Além de uma breve ação em Ottoshoop, em agosto, os Rough
Riders passaram a maior parte do seu serviço de guerra no Transvaal, realizando patrulhas de
reconhecimento e a perseguir comandos bôeres.[4] Como parte do esforço para privar os bôeres de
recursos, eles também ajudaram a destruir plantações e a reunir civis e gado, momentos durante
os quais ocasionalmente lutavam com comandos armados.[6] A 28 de janeiro de 1901, Hardham
estava numa patrulha perto de Naauwpoort, no Transvaal, quando foi emboscado por vinte bôeres.
Embora a patrulha tenha conseguido retirar-se, um homem foi ferido e o seu cavalo foi baleado
por baixo dele. Vendo isso, Hardham cavalgou em seu auxílio e extraiu-o para um local seguro
enquanto estava sob fogo inimigo.[2]

Pelas suas ações, Hardham foi recomendado para a Cruz Vitória (VC) pelo general Herbert
Kitchener, comandante das forças britânicas na África do Sul.[2] A VC, instituída em 1856, era a
mais alta condecoração que poderia ser concedida a um militar do Império Britânico.[7] O
comandante local, major-general Ian Hamilton, acreditava que a Medalha de Conduta Distinta,
abaixo apenas para a VC, era uma forma mais apropriada de reconhecimento para Hardham. No
entanto, o comandante-em-chefe do Exército britânico, o marechal de campo Earl Roberts,
concordou com Kitchener e a atribuição da VC foi aprovada. A citação para a VC de Hardham, a
primeira a ser concedida a um neozelandês de uma unidade das Forças Militares da Nova Zelândia
servindo no exterior,[2] dizia:

On 28 January 1901, near Naauwpoort, this Non-Commissioned Officer was with a


section which was extended and hotly engaged with a party of about 20 Boers. Just
before the force commenced to retire Trooper McCrae was wounded and his horse
killed. Farrier- Major Hardham at once went under a heavy fire to his assistance,
dismounted and placed him on his own horse, and ran alongside until he had
guided him to a place of safety.
— The London Gazette, No. 27362, 4 de outubro de 1901[8]

Hardham foi condecorado com a VC, a única condecoração do


tipo concedida a um neozelandês na Guerra dos Bôeres, a 1 de
julho de 1901, por George, Príncipe de Gales, que estava na
África do Sul em visita. Este evento ocorreu antes mesmo de a
condecoração ser anunciada oficialmente no The London
Gazette. No momento da apresentação da VC, o verso da barra
suspensória e o reverso da própria medalha não traziam
gravados o seu nome, posto, unidade e data da ação que
resultou na condecoração, em desacordo com a prática normal;
provavelmente, Hardham arranjou a gravura sozinho mais
tarde.[2][7] Os Rough Riders passaram as últimas semanas de
serviço na África do Sul em operações ao norte de Klerksdorp,
patrulhando e negando comida aos comandos Boer. Eles
também estiveram envolvidos na captura de um comboio de
comando de Koos de la Rey em março de 1901. O contingente
partiu para a Nova Zelândia em junho de 1901,[9] e Hardham
foi dispensado dois meses depois.[2]

Hardham ofereceu-se para servir novamente na África do Sul,


desta vez com o 9.º Contingente e foi comissionado como
tenente em fevereiro de 1902.[2] Logo após a chegada do 9.º A Cruz Vitoria
Contingente na África do Sul no final de abril,[10] Hardham,
juntamente com 50 outros novos militares da Nova Zelândia,
servindo na África do Sul, foram enviados à Inglaterra para se
juntarem ao grupo oficial da Nova Zelândia que compareceu à
coroação do rei Eduardo VII e da rainha Alexandra, tendo
participado no desfile de tropas coloniais em Londres a 1 de
julho de 1902.[2][11][12]

Vida civil
Hardham voltou à vida civil após a sua visita a Londres e Parte do desfile para a coroação do
continuou a servir na Artilharia Naval. Em 1910, tendo rei Eduardo VII, em Londres
alcançado o posto de sargento e servido como voluntário na
milícia por 16 anos, foi agraciado com a Medalha de Longo e
Eficiente Serviço. Além do seu trabalho como ferreiro, ele também envolveu-se progressivamente
na administração do rugby; em 1908, iniciou um mandato de seis anos no comité da Wellington
Rugby Football Union.[2]

Primeira Guerra Mundial


Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, Hardham ofereceu-se como voluntário para a
Força Expedicionária da Nova Zelândia (NZEF), uma força criada para servir no exterior.[2]
Nomeado capitão da Wellington Mounted Rifles (WMR), Hardman era o segundo no comando do
2.º Esquadrão. Viajando no navio de tropas Arawa, embarcou com o corpo principal do NZEF
para o Médio Oriente em outubro de 1914.[13] O seu regimento fazia parte da Brigada de Infantaria
Montada da Nova Zelândia e estava destinado ao serviço na campanha de Galípoli.[14] Chegando
ao Egipto, o WMR passou vários meses em treino e instrução e, durante esse tempo, Hardham
ajudou a organizar eventos desportivos para manter os homens ocupados.[15]

Galípoli
Embora o WMR não tenha participado nos desembarques iniciais em 25 de abril de 1915 em
Galípoli, ele chegou à península algumas semanas depois, a 12 de maio, sem seus cavalos.[14] Em
poucos dias, o WMR estava envolvido em combates. Durante o ataque turco a Anzac Cove no dia
19 de maio, o WMR ajudou a evitar ataques em Quinn's Post. No final do dia, Hardham recebeu
ordens para liderar um grupo de ataque no trecho de um cume chamado Nek, de onde os soldados
turcos estavam disparar. A área sobre a qual o grupo deveria avançar foi varrida por tiros de
metralhadora turca e as ordens de ataque foram canceladas.[16] Logo depois, participou na Batalha
pelo Posto N.º 3, uma tentativa de capturar um posto avançado turco. Aborvido pela infantaria
montada de Canterbury a 28 de maio, um esquadrão do WMR imediatamente assumiu a posição,
mas foi atacado à noite e isolado por mais de 24 horas. Envolvido nos esforços para socorrer o
esquadrão sitiado, Hardham ficou ferido com gravidade, e outro oficial que veio em seu auxílio
também ficou ferido. Os soldados encurralados do WMR foram substituídos a 30 de maio e a
posição, muito exposta a novos ataques dos turcos, foi abandonada.[17][18]

Serviço de guerra posterior


Embora tratado dos seus ferimentos na mão e no peito, Hardham foi enviado de volta para a Nova
Zelândia em fevereiro de 1916.[2] Logo após o seu retorno, a 16 de março, casou-se com Constance
Evelyn, nascida Parsonson, na Igreja de São Pedro em Wellington. O seu irmão foi o padrinho.[19]
Ele tentou um regresso ao serviço ativo com a NZEF, mas em vez disso recebeu uma nomeação
como comandante do Hospital Queen Mary em Hanmer Springs. Inicialmente um cargo
temporário, ele desempenhou tão bem o seu cargo que o mesmo tornou-se permanente, sendo
também promovido a major.[2]

Hardham ainda aspirava um papel na NZEF e no final de 1917 as autoridades militares cederam,
ao que ele conseguiu juntar-se ao WMR, que servia na Palestina. A sua saúde estava fragilizada, e
ele ficou doente durante grande parte do restante da guerra.[2] Hardman acabou por ser enviado
de volta para a Nova Zelândia, sofrendo de malária.[1]

Pós-guerra e legado
Após a guerra, Hardham foi dispensado da NZEF, mas procurou um papel nas Forças Militares da
Nova Zelândia como soldado profissional. O seu pedido foi recusado por causa da sua saúde.[2]
Incapaz de regressar ao seu trabalho como ferreiro por causa da sua condição física precária,
encontrou emprego no The Dominion, um jornal em Wellington, e mais tarde no Departamento de
Obras Públicas. Hardman envolveu-se em assuntos relacionados com veteranos, sendo gerente de
clube na Associação de Soldados Retornados de Wellington e organizando desfiles do Dia Anzac.[1]
Hardham continuava envolvido com a administração do rugby,
servindo novamente no comité da Wellington Rugby Football
Union de 1921 a 1925. Ele acabou por se tornar num membro
vitalício.[1] Quando menino, o futuro comentarista de rugby
Winston McCarthy conheceu Hardham, mais tarde
descrevendo-o como "um homem muito silencioso e simples"
que lhe deu um livro histórico sobre rugby.[20]

Sofrendo de cancro no estômago, Hardham faleceu em sua Placa memorial no Queen's Garden,
casa no subúrbio de Ngaio, no dia 13 de abril de 1928, aos 51 Dunedin
anos. Recebeu um funeral militar, e entre os participantes
estava o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Gordon
Coates.[2][21][22] Enterrado no Cemitério Karori em Wellington, Hardham deixou a sua esposa. O
casal não teve filhos.[1] A sua VC é exibida no Museu Nacional do Exército em Waiouru. A Taça
Hardham, um troféu da competição de rugby do clube Wellington, é nomeada em sua honra[2] e
ele também é lembrado por uma placa no Jardim da Rainha em Dunedin.[23]

Referências
1. Taonga, New Zealand Ministry for Culture and Heritage Te Manatu. «Hardham, William James»
(https://teara.govt.nz/en/biographies/3h7/hardham-william-james) (em inglês). Consultado em
9 de fevereiro de 2023
2. Harper & Richardson 2007, pp. 85–88.
3. McGibbon 2000, p. 59.
4. Harper & Richardson 2007, pp. 78–80.
5. Hall 1949, pp. 40–41.
6. Hall 1949, p. 44.
7. McGibbon 2000, pp. 558–559.
8. «No. 27362» (https://www.thegazette.co.uk/London/issue/27362/page/6481). The London
Gazette. 4 de outubro de 1901. p. 6481
9. Hall 1949, p. 45.
10. Hall 1949, p. 76.
11. «The Coronation» (https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/EP19020611.2.29). The
Evening Post. LXIII. 11 de junho de 1902. Consultado em 11 de maio de 2019
12. «An Imperial Review» (https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/ODT19020703.2.38).
Otago Daily Times. 3 de julho de 1902. Consultado em 30 de abril de 2020
13. Wilkie 1924, pp. 6–7.
14. Stowers 2015, p. 95.
15. Wilkie 1924, p. 12.
16. Wilkie 1924, pp. 22–23.
17. Stowers 2015, pp. 99–100.
18. Wilkie 1924, pp. 27–32.
19. «Wedding in St. Peter's» (https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/DOM19160314.2.9).
The Dominion. 9. 14 de março de 1916. Consultado em 28 de março de 2021
20. McCarthy & Howitt 1983, p. 67.
21. «Obituary – Major Hardham V.C.» (https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/EP19280414.
2.84). The Evening Post. CV. 14 de abril de 1928. Consultado em 30 de abril de 2020
22. «Late Major Hardham – Funeral at Wellington» (https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/
NZH19280417.2.95). The New Zealand Herald. LXV. 17 de abril de 1928. Consultado em 30
de abril de 2020
23. «Cenotaph Record: Hardham, William James» (https://www.aucklandmuseum.com/war-memor
ial/online-cenotaph/record/C33953). Online Cenotaph. Auckland War Memorial Museum.
Consultado em 30 de abril de 2020

Bibliografia
Hall, D. O. W. (1949). The New Zealanders in South Africa 1899–1902. Wellington, Nova
Zelândia: War History Branch, Department of Internal Affairs. OCLC 911256466 (https://www.w
orldcat.org/oclc/911256466)
Harper, Glyn; Richardson, Colin (2007). In the Face of the Enemy: The Complete History of the
Victoria Cross and New Zealand. Auckland, Nova Zelândia: HarperCollins. ISBN 978-1-86950-
650-6
McCarthy, Winston; Howitt, Bob (1983). Haka: The Maori Rugby Story. Auckland, Nova
Zelândia: Rugby Press. ISBN 0-90-8630-077
McGibbon, Ian, ed. (2000). The Oxford Companion to New Zealand Military History. Auckland,
Nova Zelândia: Oxford University Press. ISBN 0-19-558376-0
Stowers, Richard (2015). Heroes of Gallipoli. Christchurch, Nova Zelândia: John Douglas
Publishing. ISBN 978-0-9941059-5-0
Wilkie, A. H. (1924). Official War History of the Wellington Mounted Rifles Regiment, 1914–
1919 (http://nzetc.victoria.ac.nz/tm/scholarly/tei-WH1-Moun.html). Auckland, Nova Zelândia:
Whitcombe and Tombs. ISBN 978-1-84342-796-4

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