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Giovanna Carranza

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GESTÃO DE MATERIAIS

ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS:

Recursos Materiais e Patrimoniais: Definição e Objetivos

Pesquisas feitas em algumas empresas revelaram os seguintes dados:

• 30% a 60% do estoque de ferramentas ficam espalhados pelo chão das fábricas,
perdidos, deteriorando-se ou não disponíveis (dentro de caixas de ferramentas pessoais);
o que resulta em média de 20% do tempo dos operadores desperdiçado procurando por
ferramentas.

Se somarmos meia hora por turno, chegaremos em mais de três semanas de trabalho
perdidas por ano. Imagine quanto estas empresas deixaram de ganhar por não estarem
gerenciando de maneira eficaz estes recursos do processo produtivo.

A administração de materiais é muito mais do que o simples controle de estoques,


envolve um vasto campo de relações que são interdependentes e que precisam ser bem
geridos para evitar desperdícios.

A meta principal de uma empresa é maximizar o lucro sobre o capital investido e para
atingir mais lucro ela deve usar o capital para que este não permaneça inativo. Espera-se
então, que o dinheiro que está investido em estoque seja necessário para a produção e o
bom atendimento das vendas. Contudo, a manutenção de estoques requer investimentos
e gastos elevados; evitar a formação ou, quando muito, tê-los em número reduzidos de
itens e em quantidade mínimas, sem que, em contrapartida, aumente o risco de não ser
satisfeita a demanda dos usuários é o conflito que a administração de materiais visa
solucionar.

O objetivo, portanto, é otimizar o investimento em estoques, aumentando o uso


eficiente dos meios internos da empresa, minimizando as necessidades de capital
investido.

A grande questão é poder determinar qual a quantidade ideal de material em estoque,


onde tanto os custos, como os riscos de não poder satisfazer a demanda serão os menores
possíveis.

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A administração de recursos escassos é uma grande preocupação dos gerentes,


engenheiros, administradores e praticamente todas as pessoas direta ou indiretamente
ligadas às atividades produtivas, tanto na produção de bens tangíveis quanto na prestação
de serviços. As empresas possuem e precisam de cinco tipos de recursos:

1. materiais;
2. patrimoniais;
3. de capital ou financeiros;
4. humanos; e
5. tecnológicos.

A administração dos recursos materiais engloba uma sequência de operações que tem
seu início na identificação do fornecedor, passando para a compra do bem, seu
recebimento, transporte interno e acondicionamento, além de seu transporte durante o
processo produtivo, sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, sua
distribuição ao consumidor final. A figura abaixo demonstra esse ciclo.

A administração de recursos patrimoniais trata de uma sequência de operações que,


assim como a administração dos recursos materiais, tem início na identificação do
fornecedor, passando pela compra e recebimento do bem para, depois, lidar com sua
conservação, manutenção ou, quando for o caso, alienação.

A administração de materiais tem por finalidade principal assegurar o contínuo


abastecimento de artigos necessários para comercialização direta ou capazes de atender
aos serviços executados pela empresa. As empresas objetivam diminuir os custos
operacionais para que elas e seus produtos possam ser competitivos no mercado.

Mais especificamente, os materiais precisam ser de qualidade produtiva para assegurar


a aceitação do produto final. Precisam estar na empresa prontos para o consumo na data
desejada e com um preço de aquisição acessível, a fim de que o produto possa ser
competitivo, dando, assim, à empresa um retorno satisfatório do capital investido.

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Seguem os principais objetivos da área de administração de recursos materiais e


patrimoniais:

• Preço Baixo - reduzir o preço de compra implica aumentar os lucros, se mantida a mesma
qualidade.
• Alto Giro de Estoques - implica melhor utilização do capital, aumentando o retorno sobre
os investimentos e reduzindo o valor do capital de giro.
• Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem fundamentalmente da eficácia das áreas
de controle de estoques, armazenamento e compras.
• Continuidade de Fornecimento - é resultado de uma análise criteriosa quando da
escolha dos fornecedores. Os custos de produção, expedição e transportes são afetados
diretamente por este item.
• Consistência de Qualidade - a área de materiais é responsável apenas pela qualidade de
materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas, a
qualidade dos produtos e/ou serviços constitui-se no único objetivo da Gerência de
Materiais.
• Despesas com Pessoal - obtenção de melhores resultados com a mesma despesa ou
mesmo resultado com menor despesa - em ambos os casos o objetivo é obter maior
lucro final. As vezes compensa investir mais em pessoal porque se pode alcançar com
isso outros objetivos, propiciando maior benefício com relação aos custos.
• Relações Favoráveis com Fornecedores - a posição de uma empresa no mundo dos
negócios é, em alto grau, determinada pela maneira como negocia com seus
fornecedores.
• Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve estar interessada em aumentar a
aptidão de seu pessoal.
• Bons Registros - são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o
papel da administração de material, na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma
indireta.

Gestão de Estoques

As Organizações cada vez mais percebem a necessidade de implementação de novas


tecnologias e novas práticas de gestão. As melhorias ou sua falta acabam por impactar toda
a cadeia produtiva onde a Organização está inserida.

Para que estas melhorias ou ações implementadas não falhem, torna-se necessário um
acompanhamento constante para medir e avaliar os seus resultados. A utilização de
Indicadores de Desempenho busca cumprir este papel, dentro do processo de melhoria
contínua.

Indicadores de Desempenho são indicadores quantitativos que permitem mensurar as


ações nos processos, ou seja, permitem que os gestores avaliem as ações e melhorias
implementadas.

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Um modelo para avaliar o desempenho em uma cadeia produtiva considera os


seguintes parâmetros:

1 – Necessidade de identificar e estabelecer indicadores para cada fator condicionante


da competitividade, relacionados à dimensão da Organização, que engloba produtividade,
capacidade gerencial, qualidade, logística interna, marketing e capacidade de inovação;
2 – Necessidade do acompanhamento global, que implica na condição de conhecer a
performance de cada um dos elos, que no conjunto são determinantes da competitividade
da cadeia produtiva;
3 – Necessidade de um modelo de indicadores que sejam passíveis de comparação, em
relação a si próprio ou à sua evolução em relação a indicadores equivalentes de
organizações similares, nacionais ou de outros países, consideradas benchmark, ou seja,
verificar o que as Organizações líderes no seu segmento de mercado estão utilizando como
processos e adaptar o modelo, de acordo com as características da Organização.

Como vimos no tópico anterior, temos três áreas onde devemos atuar para montar os
Indicadores de Desempenho, que são:

• Transportes;
• Armazenagem/manutenção de estoques, e
• Processamento de pedidos

Na área de Transportes é fundamental conhecer e cadastrar todos os eventos


importantes que ocorrem quando da distribuição física dos produtos.

• Levantar os custos com transportes a partir de frota própria e da frota locada para fins
de comparação de custos, incluindo custos com mão-de-obra, combustível, taxas,
licenciamento, percentual de oferta dos serviços (% de contratação de veículos x
necessidades ou frota própria x % de veículos efetivamente em serviço excluídos tempos
de paradas para manutenção e/ou reparos);
• Comparar os custos dos produtos quando a entrega é feita pelos fornecedores c o m
aqueles quando a entrega é centralizada e/ou regionalizada (Unidades Armazenadoras
Regionais);

Na área de Armazenagem/Manutenção de Estoques é fundamental conhecer e


cadastrar todos os eventos importantes que ocorrem quando da armazenagem dos
produtos.

• Levantar os custos de manutenção de estoques na Unidade Armazenadora de


Materiais, basicamente: os Giros de Estoque, materiais inservíveis, obsoletos, sem
utilização, perdas, desvios, furtos; custos com serviços públicos (telefonia, comunicação
de dados, energia elétrica, gás, aluguel); manutenção predial; custos com mão-de-obra
própria e terceirizada; custos com equipamentos de manuseio de materiais, custo com
estantes, paletes, prateleiras, etc.

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Na área de Processamento de Pedidos, apesar de seus valores serem inexpressivos


em relação aos demais custos logísticos, devem ser levantados para análise de possíveis
distorções.

• Levantar os salários dos funcionários envolvidos com as aquisições, o aluguel do espaço


destinado ao setor de compra, os papéis usados na emissão do pedido, utilização de
sistemas informatizados, etc.

Finalmente, de posse destes dados cadastrais dos custos podemos estabelecer


Indicadores de Desempenho, estabelecer estratégias de distribuição de materiais, aí
incluída a regionalização de Unidades Armazenadoras de Materiais, baseados em:

• Tempo de Atendimento dos pedidos;


• Índice de Eficácia de Atendimento dos pedidos: que depende da fixação do Tempo
Padrão de Atendimento;
• Nível de Serviço: número de requisições atendidas em relação às requisições efetuadas

- Acurácia do Inventário ou Indicador de Eficácia do Inventário: quantidade de itens


com saldo correto em relação ao total de itens em estoque;

• Custo de transporte para entrega dos pedidos;


• Custo médio por Unidade Armazenadora de Materiais;
• Índice de Rotatividade ou Giro de Estoque;
• Custo de um determinado produto quando entregue diretamente pelo
fornecedor;
• Custo médio de determinado produto armazenado

Para tratar sobre o tema níveis de serviço em relação à gestão de recursos


materiais, vamos conhecer seus indicadores de desempenho:

• tempo do ciclo do pedido para cada fornecedor (qual o tempo entre a solicitação
da compra até o seu recebimento);
• média de pedidos e valor faturado para cada fornecedor no período;
• porcentagem de pedidos atrasados de cada fornecedor;
• porcentagem de pedidos de produção não realizados em tempo;
• número de indisponibilidades resultantes de atrasos na produção;
• número de atrasos na produção devido às indisponibilidades.

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PONTO DE PEDIDO

Os pedidos de compra devem ser emitidos quando as quantidades estocadas atingirem


níveis suficientes apenas para cobrir o estoque de segurança (que corresponde à
quantidade mínima que deve existir em estoque, destinada a cobrir eventuais atrasos no
ressuprimento, mantendo o fluxo regular de produção) e os de consumo previstos para o
período correspondente ao prazo de entrega dos fornecedores.

O Ponto de Pedido corresponde à quantidade que, ao ser atingida, dá início ao processo


de reposição. Ele é calculado da seguinte forma:

JUST IN TIME

É um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser


produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer
organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes.

O just in time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção ou Produção enxuta.


Com este sistema, o produto ou matéria prima chega ao local de utilização somente no
momento exato em que for necessário. Os produtos somente são fabricados ou entregues
a tempo de serem vendidos ou montados. O conceito de just in time está relacionado ao
de produção por demanda, onde primeiramente vende-se o produto para depois comprar
a matéria prima e posteriormente fabricá-lo ou montá-lo.

Nas fábricas onde está implantado o just in time o estoque de matérias primas é mínimo
e suficiente para poucas horas de produção. Para que isto seja possível, os fornecedores
devem ser treinados, capacitados e conectados para que possam fazer entregas de
pequenos lotes na frequência desejada.

A redução do número de fornecedores para o mínimo possível é um dos fatores que


mais contribui para alcançar os potenciais benefícios da política just in time. Esta redução,
gera, porém, vulnerabilidade em eventuais problemas de fornecimento, já que
fornecedores alternativos foram excluídos. A melhor maneira de prevenir esta situação é
selecionar cuidadosamente os fornecedores e arranjar uma forma de proporcionar
credibilidade dos mesmos de modo a assegurar a qualidade e confiabilidade do
fornecimento (Cheng et. al., 1996, p. 106).

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As modernas fábricas de automóveis são construídas em condomínios industriais, onde


os fornecedores just in time estão a poucos metros e fazem entregas de pequenos lotes na
mesma frequência da produção da montadora, criando um fluxo contínuo.

O sistema de produção adapta-se mais facilmente às montadoras de produtos onde a


demanda de peças é relativamente previsível e constante, sem grandes oscilações.

Uma das ferramentas que contribui para um melhor funcionamento do sistema Just in
Time é o Kanban.

KANBAN

É uma palavra japonesa que significa literalmente registro ou placa visível.

Em Administração da produção significa um cartão de sinalização que controla os fluxos


de produção ou transportes em uma indústria. O cartão pode ser substituído por outro
sistema de sinalização, como luzes, caixas vazias e até locais vazios demarcados.

Coloca-se um Kanban em peças ou partes específicas de uma linha de produção, para


indicar a entrega de uma determinada quantidade. Quando se esgotarem todas as peças,
o mesmo aviso é levado ao seu ponto de partida, onde se converte num novo pedido para
mais peças. Quando for recebido o cartão ou quando não há nenhuma peça na caixa ou no
local definido, então deve- se movimentar, produzir ou solicitar a produção da peça.

O Kanban permite agilizar a entrega e a produção de peças. Pode ser empregado em


indústrias montadoras, desde que o nível de produção não oscile em demasia. Os Kanbans
físicos (cartões ou caixas) podem ser Kanbans de Produção ou Kanbans de Movimentação
e transitam entre os locais de armazenagem e produção substituindo formulários e outras
formas de solicitar peças, permitindo enfim que a produção se realize Just in time.

ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Para falar sobre ética na administração de materiais vamos, primeiramente, entender


o conceito de ética.

Valores éticos podem se transformar, da mesma forma como a sociedade se


transforma, considerando que, na sociedade, desempenhamos papéis diferenciados e
adequados a cada espaço de convivência. Cada sociedade se compõe de um conjunto de
ethos, ou seja, de um modo de ser, que confere um caráter àquela organização.

A palavra "ética" vem do grego ethos, que, por sua vez, significa "modo de ser" ou
"costume" ou "caráter".

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Conceitualmente, ética é um conjunto de princípios e normas que devem direcionar a


boa conduta dos seres humanos. Ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes e pode
ser a própria realização de um tipo de conhecimento.

A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.

Agora que já sabemos o que é ética, vamos entender seu funcionamento na


administração de materiais.

Apesar de, teoricamente, quanto mais se vende mais se obtém ganho, torna-se
estratégico para qualquer em- presa o controle adequado de seus estoques, de forma a
reduzir os custos gerados pela existência deles.

Ao se administrar de forma adequada os estoques e se empregar a logística nos


processos de compra e venda, algumas das etapas mais importantes na gestão do negócio
estarão asseguradas.

Agir de forma correta em prol dos interesses organizacionais; priorizá-los atendendo as


questões individuais e, ao mesmo tempo, sendo honesto; respeitar os clientes, a
concorrência; ser cumpridor das leis e saber valorizar de qualquer organização. Já o manter-
se ético diante das situações do dia a dia vai depender de cada indivíduo, de cada
administrador. Todo administrador em seu processo de formação é brindado com uma
série de saberes socio- lógicos, filosóficos e humanos que o credenciam a agir de maneira
ética no exercício da profissão.

A análise das relações de poder e de comportamentos esperados em um sistema


organizacional qualquer requer uma concepção de ser humano e de trabalho.

As empresas, em geral, procuram minimizar o desperdício de materiais, tendo um


eficiente controle do seu estoque (entrada/saída de material) no almoxarifado. Os
estoques são um ativo da firma e, como tal, comparecem em valor monetário no balanço
mensal das empresas. Do ponto de vista financeiro, representam um investimento de
capital, disputando os fundos limitados ou escassos da mesma.

Os investimentos totais em estoques devem ser relacionados às eficiências relativas


segundo as quais seus fundos são usados. Dessa forma, um dos índices financeiros que têm
sido usados tradicionalmente para avaliar o desempenho global das empresas é o
quociente de rotação do estoque. Um alto quociente de rotação é considerado desejável,
pois indicará que a empresa está atingindo o seu objetivo de venda com o mínimo
investimento em estoques.

Nos dias de hoje, é essencial uma adequação das empresas aos novos programas da
Administração, muito mais voltada para a valorização profissional que para a exploração do
trabalhador, ainda que essas duas perspectivas sejam antagónicas na sociedade brasileira.

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É possível alterar concepções éticas na Administração, procurando adaptar-se às


novas realidades de um mundo em contínua transformação.

Para além do mercado e do lucro, outros valores de- vem ser levados em
consideração nos processos empresariais.

A ética é o "pilar" de qualquer sistema administrativo, que não se resume em decorar


o "código de ética", mas sim em assumir uma postura proativa na construção da
consciência e responsabilidade social.

Previsão de estoques

Função Suprimento: Métodos de Previsão da Demanda

É necessário ressaltar que infelizmente prever é um processo falível. A fábrica que


esperava vender um milhão de televisões descobrirá frequentemente que a demanda real
é diferente de sua previsão. Se ela exceder a previsão, o gerente tem de ter em mãos uma
quantidade que permita satisfazer a demanda maior. Se a demanda cair, poderá haver
excesso de material. Então, o que fazer? O gerente de materiais toma suas próprias
decisões, autorizado pela alta administração, que dará a previsão da demanda de produto
final para materiais e não para Vendas (que deve vender tanto quanto for possível),
enquanto as áreas de Materiais e Produção devem estar prontas para suprir o quanto possa
ser vendido.

O suprimento de materiais comprados está igual- mente sujeito às flutuações da


demanda dos mesmos. No geral, o problema básico da gerência de materiais consiste na
rapidez com que os fornecedores possam responder às variações de demanda, e não na
sua capacidade em responder. Quase todos os fornecedores ficam encantados por dobrar
as remessas para seus clientes, porém, dificilmente seriam capazes de dobrar sua produção
sem semanas, ou mesmo meses, de aviso prévio.

Assim, o problema-chave do gerente de materiais raramente é sua capacidade de obter


os produtos de que necessita, mas, sim, a maneira de obtê-lo na data correta.

O gerente de materiais preocupa-se com três tipos fundamentais de previsão:


1. Demanda de materiais comprados: em geral, deriva diretamente da demanda pelos
produtos finais da empresa.
2. Suprimento de materiais comprados: na maioria dos casos, a preocupação básica é o
prazo de entrega, o número de semanas ou meses que precisa esperar pela entrega de
materiais específicos, depois de terem sido encomendados.
3. Preços pagos pelos materiais comprados: isso tem relação direta com o sucesso da
empresa, pois muito poucas podem ignorar as flutuações nos preços dos materiais
comprados.

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Segundo Faria (1985) o conceito de planejamento de estoques seria: O estabelecimento


da distribuição racional no tempo e no espaço dos recursos disponíveis, com o objetivo de
atender um menor desperdício possível a hierarquia de prioridades necessárias para a
realização, com êxito, de um propósito previamente definido”.

O dilema do gerenciamento de estoques está fundamentado em dois fatores:


- O primeiro consiste em manter estoques a níveis aceitáveis de acordo com o
mercado, evitando a sua falta e o risco de obsolescência;
- O segundo trata dos custos que esses proporcionam em relação aos níveis e ao
dimensionamento do espaço físico.

Assim nenhuma organização pode planejar detalhadamente todos os aspectos de suas


ações atuais ou futuras, mas todas podem e devem ter noção para onde estão dirigindo-se
e determinar como podem chegar lá, ou seja, precisam de uma visão estratégica de todo o
complexo produtivo.

Neste posicionamento todas as empresas devem constituir políticas para a


administração de materiais, que atribui grande ênfase às compras, criando a cada dia
parcerias com fornecedores qualificados, mantendo a qualidade de seus produtos e o bom
atendimento a seus clientes, ou seja, buscando criar uma economia de escala que é aquela
que organiza o processo produtivo de maneira que se alcance a máxima utilização dos
fatores produtivos envolvidos no processo, buscando como resultado baixos custos de
produção e o incremento de bens e serviços.

Ela ocorre quando a expansão da capacidade de produção de uma empresa ou indústria


provoca um aumento na quantidade total produzida sem um aumento proporcional no
custo de produção. Como resultado, o custo médio do produto tende a ser menor com o
aumento da produção.

CONFLITOS ENTRE DEPARTAMENTOS

A administração de materiais envolve vários departamentos, desde a aquisição até a


venda para o consumidor, durante esse processo, é normal surgirem conflitos sobre a
quantidade a ser adquirida, o prazo de entrega, os custos envolvidos, veremos agora em
sentido estrito, o ponto de vista de alguns departamentos sobre a quantidade de matéria
prima a ser adquirida.

Departamento de compras: é a favor de grande quantidade, pois obtém grandes


descontos, reduzindo assim, os custos e consequentemente aumentando os lucros.

Departamento de produção: o maior medo deste departamento é que falte MP, pois
sem ela a produção fica parada, ocasionando atrasos podendo até mesmo perder o cliente,
portanto. Ele é a favor de grande quantidade para produzir grandes lotes de fabricação e
diminuir o risco de não ter satisfeita a demanda de consumidores.

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Departamentos de vendas e marketing: é a favor de grande quantidade de matéria-


prima, pois significa grandes lotes de fabricação e consequentemente, grande quantidade
de material no estoque para que as entregas possam ser realizadas rapidamente, o que
resultará em uma boa imagem da empresa, aumentará as vendas e consequentemente os
lucros.

Departamentos financeiro: é a favor de pequena quantidade de material no estoque,


pois à medida que aumenta a quantidade significa: alto investimento de capital - caso não
venda, este capital fica inativo; alto risco - as perdas podem ser maiores, obsolescência,
altos custos de armazenagem.

A administração de materiais visando harmonizar os conflitos existentes entres os


departamentos e para poder determinar a quantidade ideal que deve ter no estoque adota
a seguinte política de estoques:
• Estabelece metas para entregas dos produtos aos clientes;
• Quantidade / capacidade dos almoxarifados
• Previsão de estoques
• Lote econômico
• Rotatividade, prazo médio em dias
• Até que nível deverão oscilar os estoques para atender uma alteração de consumo.
• Até que ponto será permitida a especulação com estoques, fazendo compra antecipada
com preços mais baixos ou comprando uma quantidade maior para obter desconto.

Em função desses critérios apresentados acima, a administração de materiais irá


determinar a quantidade ideal a se ter no estoque. Portanto, a quantidade ideal a
permanecer no estoque é o mínimo, porém, o mínimo necessário para satisfazer a
demanda.

PLANEJAMENTO E REQUISITOS DE MATERIAL: MRP:

Técnica para determinar a quantidade e o tempo para a aquisição de itens de demanda


dependente necessários para satisfazer requisitos do programa mestre.

CRP (PLANEJAMENTO DE REQUISITOS DE CAPACIDADE):

Técnica para determinar que pessoal e capacidade de equipamentos são necessários


para atender aos objetivos de produção incorporados no programa mestre de produção e
o plano de requisitos de material.

O MRP (Planejamento das Necessidades de Materiais) é um sistema de inventário que


consiste em tentar minimizar o investimento em inventário. Em suma, o conceito de MRP
é obter o material certo, no ponto certo, no momento certo. Tudo isto através de um
planejamento das prioridades e a Programação Mestra de Produção.

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Este sistema tem funções de planejamento empresarial, previsão de vendas,


planejamento dos recursos produtivos, planejamento da produção, planejamento das
necessidades de produção, controle e acompanhamento da fabricação, compras e
contabilização dos custos, e criação e manutenção da infraestrutura de informação
industrial.

A criação e manutenção da infraestrutura de informação industrial passa pelo cadastro


de materiais, estrutura de informação industrial, estrutura do produto (lista de materiais),
saldo de estoques, ordens em aberto, rotinas de processo, capacidade do centro de
trabalho, entre outras.

A grande vantagem da implantação de um sistema de planejamento das necessidades


de materiais é a de permitir ver, “rapidamente”, o impacto de qualquer replanejamento.
Assim pode-se tomar medidas corretivas, sobre o estoque planejado em excesso, para
cancelar ou reprogramar pedidos e manter os estoques em níveis razoáveis.

Normalmente, a previsão dos estoques é fundamentada de acordo com a área de


vendas, mas em muitos casos de logística, em específico a Administração de Estoques,
precisa prover os fornecedores de informações quanto a necessidades de materiais para
atender a demanda mesmo não tendo dados da área de vendas/ marketing.

A previsão das quantidades futuras é uma tarefa importantíssima no planejamento


empresarial e esta deverá levar em consideração os fatores que mais afetam o ambiente
e que possam interferir no comportamento dos clientes.

Segundo DIAS, 1996 devemos considerar duas categorias de informações as quais são:

1) Informações quantitativas:
• Eventos
• Influência da propaganda.
• Evolução das vendas no tempo.
• Variações decorrentes de modismos.
• Variações decorrentes de situações econômicas.
• Crescimento populacional.

2) Informações qualitativas:
• Opinião de gerentes.
• Opinião de vendedores.
• Opinião de compradores.
• Pesquisa de mercado.

É bom reforçar, que por si só não são suficientes as informações quantitativas e


qualitativas, é necessário também, a utilização de modelos matemáticos.

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Quanto a Evolução de Consumo Constante (ECC), é quando o volume de consumo


permanece constante, sem alterações significativas. Como exemplo, estão as empresas
que mantêm suas vendas estáveis, seja lá qual for seu produto, mercado ou concorrentes.

Quanto a Evolução de Consumo Sazonal (ECS), o volume de consumo passa por


oscilações regulares no decorrer de certos períodos ou do ano, sendo influenciado por
fatores culturais e ambientais, com desvios de demanda superiores/inferiores a 30% de
valores médios é o caso de: sorvetes, enfeites de natal, ovos de páscoa etc.

Em relação a Evolução de Consumo e Tendências (ECT), o volume de consumo


aumenta ou diminui drasticamente no decorrer de um período ou do ano, sendo
influenciado por fatores culturais, ambientais, conjunturais e econômicos, acarretando
desvios de demanda positiva ou negativa.

Exemplos: negativos serão os produtos que ficaram ultrapassados no mercado


(máquina de escrever) ou que estão sofrendo grande concorrência ou ainda, por motivos
financeiros (a empresa perde seu crédito e passa a reduzir sua produção). Em relação aos
desvios positivos, temos as indústrias de computadores com um crescimento ascendente
no mercado.

Na prática podemos visualizar combinações dos diversos modelos de evolução de


demanda, em decorrência das variáveis que influenciam as empresas, mas num percentual
maior pela qualidade da administração empresarial realizada.

Se conhecermos bem a evolução de demanda, ficará mais fácil elaborarmos a previsão


futura de demanda, podemos classificar a demanda em:

Itens de demanda independente: são aqueles cuja demanda não depende da demanda
de nenhum outro item. Típico exemplo de um item de demanda independente é um
produto final. Um produto final tem sua demanda dependente do mercado consumidor e
não da demanda de qualquer outro item.

Itens de demanda dependente: são aqueles cuja demanda depende da demanda de


algum outro item. A demanda de um componente de um produto final, por exemplo, é
dependente da demanda do produto final. Para a produção de cada unidade de produto
final, uma quantidade bem definida e conhecida do componente será sempre necessária.
Os itens componentes de uma montagem são chamados de itens “filhos” do item “pai”,
que representa a montagem.

Quantos copos de liquidificador se deve comprar?


Depende da quantidade de motorzinho fabricado.

A diferença entre os dois itens (demanda independente e demanda dependente) é que


a demanda do primeiro tem de ser prevista com base nas características do mercado

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consumidor e a demanda do segundo por dependente de outro item, é calculada com base
na demanda deste.

A Previsão de Estoques é o ponto de partida, a base da administração de materiais.


Qualquer tipo de consumo deve ser previsto e se possível calculado, e para tanto
poderemos usar diversos modelos disponíveis no mercado como:

• Método do Último Período (MUP)

É o mais simples, sem fundamento matemático, utiliza como previsão para o próximo
período o valor real do período anterior.

Janeiro 5000
Fevereiro 4400
Março 5300
Abril 5600
Maio 5700
Junho 5800
Julho 6000

Exemplo: A VIPAS, teve neste ano, o volume de vendas de vidros:

De acordo com o método MUP calcular a previsão de demanda para agosto. Para
agosto (MUP)= o último período foi julho, 6.000 unidades portanto, a previsão para agosto
será de 6.000 unidades. Verificamos a precariedade deste método e infelizmente é muito
utilizado nas empresas devido às vezes pela própria falta de maiores conhecimentos por
parte dos responsáveis pelas previsões na empresa.

• Método da Média Móvel (média aritmética) (MMM)

A previsão do próximo período é obtida por meio de cálculo da média aritmética do


consumo dos períodos anteriores. Como resultado desse modelo teremos valores menores
que os ocorridos caso o consumo tenha tendências crescente, e maiores se o consumo tiver
tendências decrescentes, nos últimos períodos.

Verificamos também, que trata de um modelo muito utilizado por empresas sem muito
conhecimento sobre o assunto em questão, não traz tal modelo confiabilidade de previsão
pelos motivos informados anteriormente.

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Exemplo: Usando os mesmos valores do exemplo anterior temos:

Janeiro 5000
Fevereiro 4400
Março 5300
Abril 5600
Maio 5700
Junho 5800
Julho 6000
SOMA 37800

De acordo com o método MMM calcular a previsão de demanda para agosto é a soma
total dividido por 7, dando um resultado de 5400. Este método é precário porque não leva
em consideração a demanda crescente.

• Método da Média Móvel Ponderada (MMP)

A previsão é dada através de ponderação dada a cada período, de acordo com a


sensibilidade do administrador, obedecendo algumas regras:

1ª O período mais próximo recebe peso de maior ponderação entre 40% a 60%, e para
os outros haverá uma redução gradativa para os mais distantes.
2ª O período mais antigo recebe peso de menor ponderação e deve ser igual a 5%.
3ª A soma das ponderações deve ser sempre 100% (40 a 60 % para o mais recente e
para o ultimo, 5%).

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Este modelo elimina em parte algumas precariedades dos modelos anteriores, mas
mesmo assim verifica alguns problemas como a alocação dos percentuais será sempre
função da sensibilidade do responsável pela previsão portanto, se não for bem analisado.

Exemplo: Usando os mesmos parâmetros dos consumos nos exemplos anteriores


teremos:

Onde P(MMP)= Previsão próximo período através do método da média ponderada.


C1, C2, C3, Cn= Consumo nos períodos anteriores P1, P2, P3, Pn = Ponderação dada
a cada período as variáveis, poderá ocasionar erros de previsão.

Para o exemplo em questão daremos as ponderações para cada período, conforme o


enunciado (regra mencionada).

Janeiro 5000
Fevereiro 4400
Março 5300
Abril 5600
Maio 5700
Junho 5800
Julho 6000

Obs.: Reforçando o enunciado anterior, as ponderações são fundamentadas de acordo


com influência do mercado. A soma deverá ser 100% sendo o maior valor para o último
período (o anterior ao que será calculado), para o período mais recente (40% a 60%) e para
o último (5%).

Substituindo na formula: P(MMP)=(C1xP1) +(C2xP2) +(C3xP3) +(C4xP4) +(C5+P5) + (C6xP6)


+(C7+P7)
Pagosto(MMP)=(6.000x0,4)+(5.800x0,2)+(5.700x0,15)+(5.600x0,08)+(5.300x0,07)+(4.4
00x0,05)+(5.000x05)

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Pagosto(MMP)=(2.400)+(1160)+(855)+(448)+(371)+( 220)+ (250)


Pagosto(MMP)=5.704 (Previsão para Agosto)

•Método da Média com Suavização Exponencial (MMSE) ou Método da Média


Exponencialmente Ponderada (MMEP)

Neste método, a previsão é obtida de acordo com o consumo do último período, e


teremos que utilizar também a previsão do último período. Ele procura fazer a eliminação
das situações exageradas que ocorreram em períodos anteriores. É simples de usar e
necessita de poucos dados acumulados sendo auto adaptável, corrigindo-se
constantemente de acordo com as mudanças dos volumes das vendas. A ponderação
utilizada é denominada constante de suavização exponencial que tem o símbolo (@) e pode
variar de 1>@>0.

Na prática @ tem uma variação de 0,1 a 0,3 dependendo dos fatores que afetam a
demanda.

Para melhor entendimento teremos: P(MMSE)= [(Ra x @) + (1 - @) x]

Onde: P(MMSE)= Previsão próximo período através do método da média com


suavização exponencial

Ra = Consumo real no período anterior Pa = Previsão do período anterior


@ = Constante de suavização exponencial (desvio – padrão)

Exemplo: Usando os mesmos valores dos exemplos anteriores e sabendo-se que a


previsão de julho foi de 6.200 e o Consumo real foi de 6000(calculada anteriormente no
final de junho), calcule a previsão para agosto com uma constante de suavização
exponencial de 15%.

• P (MMSE)= [(Ra x@) + (1 - @) x Pa]


• P (MMSE)= [(6.000x0,15) +(1-0,15) x 6.200]
P(MMSE)=[900+(0,85x6.200)]
• P(MMSE)=900+5.270)
• P(MMSE)=6.170 Unidades

A previsão para agosto será 6.170 Unidades

Este método permite que obtenhamos um padrão de condução das previsões com
valores próximos da realidade. Assim as vendas reais e as previsões seguem uma tendência
que facilita as projeções do administrador. Este modelo é eficaz quando apenas
trabalhamos com ele.

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ARMAZENAMENTO DE ESTOQUES

CUSTOS

São diretamente proporcionais ao estoque médio e ao tempo de permanência em


estoques. À medida que aumenta a quantidade de material em estoque, aumenta os
custos de armazenagem que podem ser agrupados em diversas modalidades:

✓ Custos de capital: juros,depreciação ( o capital investido em estoque deixa de


render juros)
✓ Custos com pessoal: salários encargos sociais (mais pessoas para cuidar do
estoque)
✓ Custos com edificações: aluguel, imposto, luz (maior área para guardar e
conservar os estoques)
✓ Custos de manutenção: deterioração, obsolescência, equipamento (maiores as
chances de perdas e inutilização, bem como mais custos de mão-de-obra e
equipamentos). Este custo gira aproximadamente em 25% do valor médio de seus
produtos.

Também estão envolvidos os custos fixos (que independem da quantidade), como por
exemplo o aluguel de um galpão.

Custo de pedido

São inversamente proporcionais aos estoques médios. Quanto mais vezes se


comprar ou se preparar a fabricação, menores serão os estoques médios e maiores serão
os custos decorrentes do processo tanto de compras como de preparação, ou seja, maior
estoque requer menor quantidade de pedidos,com lotes de compras maiores, o que
implica menor custo de aquisição e menores problemas de falta ou atraso e ,
consequentemente, menores custos . O total das despesas que compõem os custos de
pedidos incluem os custos fixos (os salários do pessoal envolvidos na emissão dos
pedidos- que independem da quantidade) e variáveis (referentes ao processo de
emissão e confecção dos produtos).

Custo por falta de estoque

No caso de não cumprir o prazo de entrega de um pedido colocado, poderá ocorrer


ao infrator o pagamento de uma multa ou até o cancelamento do pedido, prejudicando
assim a imagem da empresa perante ao cliente. Este problema acarretará um custo
elevado e de difícil medição relacionado com a imagem, custos, confiabilidade,
concorrência etc.

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LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS – LEC

É a quantidade que se adquire, onde os custos totais são os menores possíveis.

RESTRIÇÕES AO LOTE ECONÔMICO

1. Espaço de Armazenagem - uma empresa que passa a adotar o método em seus


estoques, pode deparar- se com o problema de falta de espaço, pois, às vezes, os
lotes de compra recomendados pelo sistema não coincidem com a capacidade de
armazenagem do almoxarifado;
2. Variações do Preço de Material - Em economias inflacionarias, calcular e adquirir a
quantidade ideal ou econômica de compra, com base nos preços atuais para suprir
o dia de amanhã, implicaria, de certa forma, refazer os cálculos tantas vezes quantas
fossem as alterações de preços sofridas pelo material ao longo do período, o que
não se verifica, com constância, nos países de economia relativamente estável,
onde o preço permanece estacionário por períodos mais longos;
3. Dificuldade de Aplicação - Esta dificuldade decorre, em grande parte, da falta de
registros ou da dificuldade de levantamento dos dados de custos. Entretanto, com
referência a este aspecto, erros, por maiores que sejam, na apuração destes custos
não afetam de forma significativa o resultado ou a solução final. São poucas
sensíveis à alterações razoáveis nos fatores de custo considerados. Estes são,
portanto, sempre de precisão relativa;
4. Natureza do Material - Pode vir a se constituir em fator de dificuldade. O material
poderá tornar-se obsoleto ou deteriorar-se;
5. Natureza de Consumo - A aplicação do lote econômico de compra, pressupõe, em
regra, um tipo, de demanda regular e constante, com distribuição uniforme. Como
isto nem sempre ocorre com relação à boa parte dos itens, é possível que não
consigamos resultados satisfatórios ou esperados com os materiais cujo consumo
seja de ordem aleatória e descontínua. Podemos, nestas circunstâncias, obter uma
quantidade pequena que inviabilize a sua utilização.

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS

TIPOS DE ESTOQUES

Existem diversos tipos de estoques que são estocados em diversos almoxarifados os


quais mencionamos as principais categorias:

1) Almoxarifados de matérias-primas:

- Materiais diretos: são aqueles que entram diretamente na elaboração e


transformação dos produtos, ou seja, todos os materiais que se agregam ao produto,

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fazendo parte integrante de seu estado. Podem também ser itens comprados prontos
ou já processados por outra unidade ou empresa.

- Materiais indiretos (auxiliares): são aqueles que ajudam na elaboração, execução e


transformação do produto, porém diferenciam dos anteriores pois não se agregam a
ele, mas são imprescindíveis no processo de fabricação.

2) Almoxarifados de produtos em processos (intermediários): são os itens


que entraram no processo produtivo, mas ainda não são produtos acabados.

3) Almoxarifado de produtos acabados: é o local dos produtos prontos e


embalados os quais serão distribuídos aos clientes. O seu planejamento e controle
é de suma importância tendo em vista que o não giro do mesmo irá onerar o custo
do produto, além de forte injeção á obsolescência.

4) Almoxarifado de manutenção: é o local onde estão as peças de reposição,


apoio e manutenção dos equipamentos e edifícios ou ainda os materiais de
escritório “papel e caneta” usados na empresa.

Obs: Os estoques de produtos acabados matérias-primas e material em processo não


podem ser vistos como independentes. Quaisquer que forem as decisões sobre um dos
tipos de estoque, elas terão influência sobre os outros tipos de estoques. Esta regra às vezes
é esquecida nas estruturas de organização mais tradicionais e conservadoras.

CLASSIFICAÇÃO

Sem o estoque de certas quantidades de materiais que atendam regularmente às


necessidades dos vários setores da organização, não se pode garantir um bom
funcionamento e um padrão de atendimento desejável.

Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços administrativos e à produção


de bens e serviços, formam grupos ou classes que comumente constituem a classificação
de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o serviço a que se
destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais que neles são
relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda, estocagem, etc.

Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, dimensão, peso, tipo, uso
etc. A classificação não deve gerar confusão, ou seja, um produto não poderá ser
classificado de modo que seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A
classificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material ocupe seu
respectivo local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios
se estiverem próximos entre si.

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Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo critérios


adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem, contudo, causar confusão ou
dispersão no espaço e alteração na qualidade.

OBJETIVO DA CLASSIFICAÇÃO

O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalogação, simplificação,


especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais
componentes do estoque da empresa.

IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO

O sistema de classificação é primordial para qualquer Departamento de Materiais,


pois sem ele não poderia existir um controle eficiente dos estoques, armazenagem
adequada e funcionamento correto do almoxarifado.

CRITERIOS DE CLASSIFICAÇÃO

Entre outros, costuma-se dividir os materiais segundo os seguintes critérios:

1 - Quanto à Sua Estocagem

a) Materiais estocáveis

São materiais que devem existir em estoque e para os quais serão determinados
critérios de ressuprimento, de acordo com a previsão de consumo.

b) Materiais não-estocáveis

São materiais não destinados à estocagem e que não são críticos para a operação da
organização; por isso, seu ressuprimento não é feito automaticamente. Sua aquisição se
dá mediante solicitação dos setores usuários, e sua utilização geralmente é imediata.

c) Materiais de estocagem permanente

São materiais mantidos em nível normal de estoque, para garantir o abastecimento


ininterrupto de qualquer atividade. Aconselha-se o sistema de renovação automática.

d) Materiais de estocagem temporária

Não são considerados materiais de estoque e por isso são guardados apenas durante
determinado tempo, até sua utilização.

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2 - Quanto à Sua Aplicação

a) Materiais de consumo geral


São materiais que a empresa utiliza em seus diversos setores, para fins diretos ou
indiretos de produção.

b) Materiais de manutenção
São os materiais utilizados pelo setor específico de manutenção da organização.

3 - Quanto à Sua Perecibilidade

É o critério de classificação pelo perecimento (obsolescência) significa evitar o


desaparecimento das propriedades físico-químicas do material. Muitas vezes, o fator
tempo influencia na classificação, assim, a empresa adquire determinado material para ser
utilizado em data oportuna, e, se porventura não houver consumo, sua utilização poderá
não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos.

Existem recomendações quanto a preservação dos materiais e sua adequada


embalagem para proteção à umidade, oxidação, poeira, choques mecânicos, pressão etc.

4 - Quanto à Sua Periculosidade

A adoção dessa classificação visa a identificação de materiais, como, por exemplo,


produtos químicos e gases, que, por suas características físico-químicas, possuam
incompatibilidade com outros, oferecendo riscos à segurança.

A adoção dessa classificação é de muita utilidade quando do manuseio, transporte e


armazenagem de materiais.

Catalogação de Materiais

Para um melhor controle do material em estoque, e também para um atendimento


mais rápido ao consumidor, cada item em estoque deve possuir um código próprio. Esse
código pode se referir, por exemplo, ao número da prateleira, estante, armário ou depósito
onde o material esteja armazenado.

Normalização e Padronização de Material

• Normalização: a normalização trata da forma pela qual os materiais devem ser


utilizados em suas diversas finalidades, tornando-os "normais" à sua aplicação, ou seja,
é o seu uso adequado.
• Padronização: objetiva facilitar a identificação do material, bem como a sua

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aplicação (vários comprimentos de pilha).

Outras Classificações de Material

Classificar um material é agrupá-lo segundo sua for- ma, dimensão, peso, utilidade, tipo
etc. A classificação não deve gerar confusão, ou seja, um produto não pode ser classificado
de forma a ser confundido com outro, mesmo havendo semelhança entre eles.

Classificar é ordenar os produtos, segundo critérios previamente adotados, agrupando-


os de acordo com a semelhança, sem causar dispersão no espaço ou alteração na
qualidade.

Os materiais podem ser agrupados de várias formas, conforme a necessidade de cada


empresa, tais como: estado de conservação, utilização, natureza, marca, características
etc. Cada classificação deve atender aos objetivos desejados, para que seja possível realizar
uma grande variação de classificações. A atividade de classificação é muito importante no
momento do cadastro do material em um sistema de controle do estoque, em que os
materiais devem ser classificados em grupos e subgrupos, criados conforme as
necessidades de classificação e de agrupamento dos materiais de cada empresa.

Existem diversas formas para realizar classificações de materiais. Dentre as mais


clássicas, estão: Quanto à Industrialização:

-Matérias Primas: materiais destinados à transformação em outros produtos,


com consumo diretamente proporcional ao volume de produção;

- Produtos em Processo: materiais que estão em diferentes etapas da produção.


Representam a transição de matéria-prima para produto acabado; Produtos
semiacabados: materiais procedentes da produção que, para serem considerados
acabados, necessitam ainda de algum detalhe de acabamento (retoque, pintura,
inspeção etc.); Produtos Acabados: materiais que já estão prontos; seus processamentos
foram completados, podendo ser estocados, utilizados ou vendidos.

• Quanto ao Aspecto Contábil:

Materiais Imobilizados: itens pertencentes ao património (ativo imobilizado), os quais


são armazenados ou utilizados, tendo aplicação já definida. Seu gerenciamento e controle
são feitos de forma distinta dos demais materiais; Material em Estoque: referentes aos
materiais estocados pela empresa; são destinados à produção ou revenda, compõem o
ativo circulante. Podem ser classificados em três tipos:

a) Matéria-prima;
b) Material para revenda;

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c) Material de consumo. Os materiais de consumo estocados figuram,


contabilmente, como despesa.

• Quanto à Demanda:

Materiais de Demanda Permanente: sempre são movimentados no estoque, nunca


devem faltar;

Materiais de Demanda Eventual: são aqueles que possuem movimentação em


determinados períodos, normalmente para atender à demanda de determinada época.
Sua compra deve ser cuidadosamente planejada para que não ocorram sobras nem faltas,
que certamente acarretarão em redução da margem de lucro. São comuns na
comercialização de produtos de demanda eventual, acordos de consignação entre as
empresas revendedoras e fornecedoras.

• Quanto à Movimentação:

Materiais Ativos: são itens estocados que possuem sua movimentação ativa;

Materiais Inativos: são itens estocados sem movimentação. Estes devem ser
identificados e sua permanência em estoque analisada, caso não seja compensadora,
devemos retirá-los do estoque, pois somente representam capital de giro parado e em
desvalorização; - Materiais Descontinuados: são itens que a empresa não mais movimenta.
Como não é possível excluí-los do sistema de controle de estoque, por possuírem
movimentações registradas, os mesmos são classificados como descontinuados.

CODIFICAÇÃO DE MATERIAIS

Codificar um material significa representar todas as informações necessárias,


suficientes e desejadas por meio de números ou letras, com base na classificação
obtida do material.

A tecnologia de computadores está revolucionando a identificação de materiais e


acelerando o seu manuseio.

A chave para a rápida identificação do produto, das quantidades e do fornecedor


é o código de barras lineares ou código de distribuição. Esse código pode ser lido com
leitores óticos (scanners). Os fabricantes codificam esse símbolo em seus produtos e
o computador, no depósito, decodifica a marca, convertendo-a em informação
utilizável para a operação dos sistemas de movimentação interna, principalmente os
automatizados.

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CLASSIFICAÇÃO ABC (Metodologia de cálculo da curva ABC)

A curva ABC é um importante instrumento para o administrador. Ela permite identificar


aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração.
Obtém-se a curva ABC com a ordenação dos itens conforme a sua importância relativa.

Uma vez obtida a sequência dos itens e sua classe ficação ABC, disso resulta,
imediatamente, a aplicação preferencial das técnicas de gestão administrativas, conforme
a importância dos itens. A curva ABC é utilizada para a administração de estoques, para
definição de políticas de vendas, estabelecimento de prioridades para a programação da
produção e uma série de outros problemas usuais na empresa. Após os itens terem sido
ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas das
seguintes maneiras:

• Classe A: grupo de itens mais importantes que devem ser trabalhados com uma
atenção especial pela administração.
• Classe B: grupo intermediário.
• Classe C: grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no
entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem custo para manter estoque.

A Classe A corresponde aos itens que, nesse caso, dão a sustentação de vendas.
Podemos perceber que apenas 20% dos itens correspondem a 80% do faturamento (alta
rotatividade).

A Classe B responde por 30% dos itens em estoque e 15% do faturamento (rotatividade
média).

A Classe C compreende sozinha a 50% dos itens em estoque, respondendo por apenas
5% do faturamento.

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Passos para montar a Classe ABC:


✓ relacionar os itens analisados no período que estiver sendo analisado;
✓ definir o valor total do consumo;
✓ arrumar os itens em ordem decrescente de valor;
✓ somar o total do faturamento;
✓ definir os itens da Classe A = 80% do faturamento;
✓ Faturamento Classe A = Faturamento Total x 80;
✓ definir os itens da Classe B = 15% do faturamento;
✓ definir os itens da Classe C = 5% do faturamento;
✓ após conhecidos esses valores, identificar os itens de cada classe.

Armazenagem de Materiais

O espaço e o layout de urna área de armazenamento deve ser estruturado de forma


que seja possível utilizar ao máximo a sua área total. Os espaços devem ser aproveita- dos
inteiramente, mediante o uso de prateleiras, estruturas porta-paletes, empilhamento de
materiais ou a combinação destas formas de armazenamento.

Na implantação do layout de um almoxarifado/depósito deve-se prever e programar o


seguinte:
✓ a disponibilidade dos equipamentos adequados para facilitar a carga e descarga dos
materiais (empilhadeiras, guindastes, carregadores, paletes, docas, escadas móveis
etc.);
✓ a técnica de armazenagem a ser utilizada;
✓ a quantidade e os tipos de materiais a armazenar;
✓ os espaços das portas devem ser suficientemente largos e altos;
✓ altura da plataforma de desembarque de forma a facilitar a carga e descarga, em
conformidade com a altura dos caminhões;
✓ resistência do piso suficiente para a movimentação de equipamentos e o
empilhamento de materiais;
✓ a altura máxima permitida para as pilhas;
✓ fluxo de trânsito dos materiais em veículos trans- portadores;
✓ dimensionamento e instalação de equipamentos para combate a incêndios,
conforme normas da ABNT e do Corpo de Bombeiros;
✓ medidas de segurança para evitar acidentes de trabalho;
✓ altura adequada que permita ventilação do ambiente.

Normas de estocagem

Cada material tem suas características próprias e, consequentemente, normas


apropriadas. Alguns necessitam de ambientes especiais para sua conservação (carnes.
explosivos. produtos químicos, gazes etc.), outros podem ser acondicionados sem a
necessidade de cuidados especiais, no entanto, é de fundamental importância que sejam

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respeitadas as características individuais de cada um dos materiais.

A princípio deve-se armazenar obedecendo a classificação dos grupos de materiais,


depois deve-se observar as normas de armazenamento inerentes a cada produto.

Movimentação de Materiais

Todas as movimentações de materiais devem ser efetuadas por meio das notas
fiscais ou documentos internos para movimentação de materiais.

Existem três tipos de movimentações: Entrada, Saída e Transferência.


• Entrada: é a movimentação de materiais que entram no estoque da empresa. Estas
entradas são registradas por meio do cadastro das notas fiscais emitidas pelos
fornecedores;
• Saídas: é a baixa do estoque registrada por meio da emissão de notas fiscais de
vendas ou, em se tratando de movimentações internas, via requisições de materiais.
• Transferências: são movimentações de materiais efetuadas entre almoxarifados ou
filiais da mesma empresa. Esta operação gera débito e crédito entre as unidades da
empresa, mas não afeta o resultado final do saldo do estoque geral. O registro desta
operação é efetuado via emissão de notas fiscais de transferência ou por documento
interno de requisição de materiais.

Os documentos que comprovam as movimentações dos materiais dão origem a


lançamentos no cadastro de movimento do sistema de controle do estoque, que deve
possuir opções específicas para digitação de cada uma das modalidades de movimentação
de materiais. Por outro lado, estes documentos fornecem elementos de controle aos
órgãos de custo e/ou à contabilidade da empresa.

Recebimento e localização de Materiais

O recebimento verifica o cumprimento do acordo firmado entre a área de compras e o


fornecedor. Por esse motivo, é uma rotina de grande importância para a gestão dos
estoques. Para isso, é necessário que seja obedecida a rotina de recebimento de materiais
estabelecida pela empresa.

O recebimento inclui todas as atividades envolvidas no fato de aceitar materiais para


serem estocados. O pro- cessamento imediato é o principal objetivo dessa função, que
geralmente envolve:

✓ controle e programação das entregas;


✓ obtenção e processamento de todas as informações para o controle de estocagem
especial, localização do estoque existente, considerações contábeis (PEPS –
✓ Primeira que Entra e Primeira que Sai ou UEPS - Último a Entrar Primeiro a Sair);

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✓análise dos documentos envolvidos;


✓programacão e controle:
✓sinalização para a descarga;
✓ descarga.
✓ No recebimento dos materiais solicitados, alguns principais aspectos deverão ser
considerados, como:
✓ Especificação técnica: conferência das especificações pedidos com as recebidas.
✓ Qualidade dos materiais: conferencia física do material recebido.
✓ Quantidade: executar contagem física dos materiais, ou utilizar técnicas de amostragem
quando for inviável a contagem um a um.
✓ Preço.
✓ Prazo de entrega: conferência se o prazo está dentro do estabelecido no pedido.

Na definição da localização adequada para o armazenamento devemos considerar:

✓ volume das mercadorias/espaço disponível;


✓ resistência/tipo das mercadorias (itens de fino acabamento);
✓ número de itens;
✓ temperatura, umidade, incidência de sol, chuva, etc.;
✓ manutenção das embalagens originais/tipos de embalagens;
✓ velocidade necessária no atendimento;

o sistema de estocagem escolhido deve seguir algumas técnicas imprescindíveis na


administração de materiais. As principais técnicas de estocagem são:

- carga unitária: dá-se o nome de carga unitária à carga constituída de embalagens de


transporte que arranjam ou acondicionam uma certa quantidade de material para
possibilitar o seu manuseio, transporte e armazenamento como se fosse uma unidade. A
formação de carga unitária se dá através de palieis (pallet é um estrado de madeira
padronizado, de diversas dimensões.
- caixas ou gavetas: é a técnica de estocagem ideal para materiais de pequenas
dimensões, como parafusos, arruelas e alguns materiais de escritório, materiais em
processamento, semiacabados ou acabados. Os tamanhos e materiais utilizados na sua
construção serão os mais variados em função das necessidades específicas de cada
atividade;
- prateleiras: é uma técnica de estocagem destinada a materiais de tamanhos diversos
e para o apoio de gavetas ou caixas padronizadas. Assim como as caixas, poderão ser
construídas de diversos materiais conforme a conveniência da atividade. As prateleiras
constituem o meio de estocagem mais simples e económico;
- empilhamento: trata-se de uma variante da estocagem de caixas para
aproveitamento do espaço vertical. As caixas ou pallets são empilhados uns sobre os
outros, obedecendo a uma distribuição equitativa de cargas.

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Embalagens de Proteção

As embalagens em um produto possuem um impacto relevante sobre o custo e a


produtividade dos sistemas logísticos. A compra de materiais de embalagem, a execução
de operações automatizadas ou manuais de embalagem e a necessidade subsequente de
descartar a própria embalagem representam os custos mais evidentes. O que não é
imediatamente notado, contudo, é que os custos de compra e de eliminação das
embalagens são absorvidos pelas empresas nas pontas extremas do canal de distribuição
e que os ganhos de produtividade gerados pela embalagem são diluídos por todo o sistema
logístico. Assim, o impacto da embalagem passa facilmente despercebido ou é, no mínimo,
subestimado.

As embalagens são geralmente classificadas em dois tipos: embalagem para o


consumidor, com ênfase em marketing, e embalagem industrial, com ênfase na logística.

• Embalagem para o consumidor (ênfase em marketing) - o projeto final da


embalagem é frequentemente baseado nas necessidades de fabricação e de marketing,
negligenciando as necessidades de logística. O projeto da embalagem de consumo dever
ser voltado para a conveniência do consumidor, ter apelo de mercado, boa acomodação
nas prateleiras dos varejistas e dar proteção ao produto. Geralmente, embalagens ideais
de consumo (por exemplo, grandes embalagens e tamanhos inusitados, que aumentam a
visibilidade para o consumidor) são muito problemáticas do ponto de vista logístico. Um
projeto adequado de embalagem deve considerar todas as necessidades logísticas ligadas
a ela. Para isso, deve ser feito um estudo de como a embalagem é influenciada por todos
os componentes do sistema logístico.

• Embalagem industrial (ênfase em logística) - produtos e peças são embalados


geralmente em caixas de papelão, sacos, pequenas caixas ou mesmo barris, para maior
eficiência no manuseio. Essas embalagens são usadas para agrupar produtos e são
chamadas embalagens secundárias. Naturalmente, considerações logísticas não podem
dominar inteiramente o projeto das embalagens.

A utilidade de uma embalagem está ligada à forma como ela afeta tanto a
produtividade quanto a eficiência logística. Todas as operações logísticas são afetadas pela
utilidade da embalagem - desde o carregamento do caminhão e a produtividade na
separação de pedidos até a utilização do espaço cúbico no armazenamento e no
transporte.

O inventário dos estoques é um procedimento de controle que deve ser executado com
periodicidade semestral, trimestral, mensal e até mesmo semanal ou diária, conforme cada
empresa e a confiabilidade atribuída aos controles, ou pelo menos uma vez ao ano, quando
é obrigatório.

Este procedimento consiste na contagem dos materiais de um determinado grupo ou

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de todos os materiais em estoque, avaliando e identificando possíveis erros nas


movimentações. Antes ou após as operações de inventário também devem ser realizadas
arrumação e limpeza da área de armazenamento e manutenção dos itens estocados.

Seus objetivos básicos são:


• realizar auditoria sobre serviços desenvolvidos pela Área de Estoques;
• levantamento real da situação dos estoques, para compor o balancete da
empresa;
• identificar e eliminar itens sem movimentação;
• identificar e eliminar materiais com defeito e/ou danificados;
• sugerir opções de melhoria dos métodos de controle dos estoques;
• identificar e corrigir erros nas movimentações dos materiais.

Inventário Físico

O inventário físico consiste na contagem física dos itens de estoque. Caso haja
diferenças entre o inventário físico e os registros do controle de estoques, devem ser feitos
os ajustes conforme recomendações contábeis e tributárias. O inventário físico é a
contagem de todos os estoques da empresa, para verificação se as quantidades
correspondem aos controles do estoque. Essa contagem também deve ser efetuada em
componentes, aguardando definição da qualidade para serem rejeitados. O benefício dos
inventários é a verificação de eventuais desvios no controle - estoques de peças rejeitadas,
cujos controles não são lançados por alguma falha.

Essas faltas não registradas e não controladas podem causar problemas de atrasos nas
entregas de pedidos aos clientes, pois o planejamento de compras não irá suprir a falta
desses materiais por falha nas informações. O maior benefício é ter os estoques com as
quantidades corretas. Hoje, em empresas que trabalham com volumes de estoques
pequenos, pratica-se o inventário contínuo, no qual são feitas contagens semanais de um
pequeno percentual do universo de peças para verificação de diferenças de peças entre o
físico e o controle. Essa prática é denominada verificação de acuracidade do estoque, na
qual até um determinado percentual de desvio é aceito, mas, acima desse valor, ações são
imediatamente tomadas para corrigir os desvios.

O inventário físico é geralmente efetuado de dois modos: periódico ou rotativo.

• Inventário rotativo - o inventário rotativo é um método de inventário físico em que o


estoque é contado em intervalos regulares, dentro de um exercício. Esses intervalos (ou
ciclos) dependem do código de inventário rotativo definido para os materiais. O
inventário rotativo permite que os artigos de alta rotatividade sejam contados com
Inventário periódico.

• o inventário periódico ocorre em determinados períodos, normalmente no


encerramento dos exercícios fiscais, ou duas vezes por ano faz-se a contagem física de

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todos os itens em estoque. Nessas ocasiões, coloca-se um número maior de pessoas


com a função específica de contar os itens. É uma força-tarefa designada
exclusivamente para esse fim, já que tal contagem deve ser feita no menor espaço de
tempo possível (geralmente de l a 3 dias). Inventários contábeis do imobilizado -
constituem-se na pesquisa da documentação contábil existente, tais como:
- diários e razão auxiliar;
- notas fiscais;
- fichas patrimoniais;
- guias de importação.

COMO AVALIAR O DESEMPENHO DO DEPARTAMENTO DE MATERIAIS

Dentro de cada uma das subáreas da administração de materiais poderão ser


estabelecidos indicadores de desempenho próprios que devem fornecer informações
sobre a realidade da área de materiais, possibilitando assim a tomada de ações corretivas
de forma a eliminar os desvios, e para isso é preciso que:

✓ Os dados coletados sejam completos e confiáveis;


✓ Que expressem informação de valor para a empresa;
✓ Devem ser simples de forma a que os próprios operadores possam coletá-los sem
confusão;
✓ Devem ser de fácil entendimento por todos.

Como exemplos podemos citar:


✓ % de erros nas ordens de compra
✓ % de itens comprados recebidos na data correta
✓ % de falta de matérias-primas Rotatividade dos estoques
✓ % do ativo imobilizado em estoques
✓ % de produtos acabados entregues aos clientes nas datas combinadas, etc.

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

O maior objetivo do custeio do estoque é a determinação de custos adequados às


vendas, de forma que o lucro apropriado seja calculado. Em adição ao fator lucro, existe
um número de outros fatores que influenciam as decisões relativas à seleção dos métodos
de custeio de estoque. A lista destes fatores, excluindo a definição de lucro, incluiria:

✓ Aceitação do método pelas autoridades do Imposto de Renda;


✓ A parte prática da determinação do custo;
✓ Objetividade do método;
✓ Utilidade do método para decisões gerenciais.

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1. AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

O método de avaliação escolhido afetará o total do lucro a ser reportado para um


determinado período contábil. Permanecendo inalterados outros fatores, quanto maior for
o estoque final avaliado, maior será o lucro reportado, ou menor será o prejuízo. Quanto
menor o estoque final, menor será o lucro reportado, ou maior será o prejuízo.

Considerando que vários fatores podem fazer variar o preço de aquisição dos materiais
entre duas ou mais compras (inflação, custo do transporte, procura de mercado, outro
fornecedor, etc.), surge o problema de selecionar o método que se deve adotar para avaliar
os estoques. Os métodos mais comuns são:

✓ Custo Médio Ponderado

Este método, também chamado de método da média ponderada ou média móvel,


baseia-se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos efetivos.

O método de avaliação do estoque ao custo médio é aceito pelo Fisco e usado


amplamente. Por esse critério, os estoques são avaliados pelo custo médio de aquisição,
apurado a cada entrada de mercadorias, ponderado pelas quantidades adquiridas e pelas
anteriormente existentes.

O princípio contábil de Custo de Aquisição determina que se incluam no custo dos


materiais, além do preço, todos os outros custos decorrentes da compra, e que se
deduzam todos os descontos e bonificações eventuais recebidas.

✓ PEPS ou FIFO (Primeiro a entrar, primeiro a sair) (First in – First Out)

À medida que ocorrem as vendas, ocorre às baixas no estoque a partir das primeiras
unidades compradas, o que equivaleria ao raciocínio de que vendemos/compramos
primeiro as primeiras unidades compradas/produzidas. Justificando, a primeira unidade a
entrar no estoque é a primeira a ser utilizada no processo de produção o ou a ser vendida.

Entretanto, não é objeto do o procedimento em si, e sim o conceito do resultado


(lucro).

Enumeram-se, algumas vantagens deste método:


✓ Os itens usados são retirados do estoque e a baixa é dada nos controles de maneira
lógica e sistemática;
✓ O resultado obtido espelha o custo real dos itens específicos usados nas saídas;

O movimento estabelecido para os materiais, de forma contínua e ordenada,


representa uma condição necessária para o perfeito controle dos materiais, especialmente

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quando estes estão sujeitos a deterioração, decomposição, mudança de qualidade, etc.

✓ UEPS ou LIFO (Último a entrar, primeiro a sair) (Last in – Last out)

É um método de avaliar estoque muito discutido. O custo do estoque é determinado


como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas a entrar) fossem as
primeiras unidades vendidas (saídas) (primeiro a sair). Supõe-se, portanto, que o estoque
final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo destas unidades.

Segue-se que, de acordo com o método UEPS, o custo dos itens vendidos/saídos tende
a refletir o custo dos itens mais recentemente comprados (comprados ou produzidos, e
assim, os preços mais recentes). Também permite reduzir os lucros líquidos relatados por
uma importância que, se colocada à disposição dos acionistas, poderia prejudicar as
operações futuras da empresa.

Algumas considerações do método UEPS:

✓ É uma forma de se custear os itens consumidos de maneira sistemática e realista; nas


indústrias sujeitas as flutuações de preços, o método tende a minimizar os lucros das
operações;
✓ Em períodos de alta de preços, os preços maiores das compras mais recentes são
apropriados mais rapidamente às produções reduzindo o lucro;
✓ O argumento mais generalizado em favor do UEPS é o de que procura determinar se a
empresa apurou, ou não, adequadamente, seus custos correntes em face da sua receita
corrente. De acordo com o UEPS, o estoque é avaliado em termos do nível de preço da
época, em que o UEPS foi introduzido.

Planilha pelo PEPS:

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Planilha pelo UEPS:

E por fim a planilha pelo Custo Médio:

Podemos ver que as unidades tanto de entradas, saídas e saldo final são iguais em todas
as planilhas. O valor de entrada da mercadoria também igual. Agora no valor baixado do
estoque, e no valor do estoque final temos diferenças nas três planilhas.
O quadro abaixo demonstra mais claramente essa diferença.

✓ Vejam que a avaliação pelo método do PEPS nos dá um valor total baixado do estoque
(valor na coluna de saídas) de R$ 880,00 e um saldo final de R$ 270,00.
✓ O Método do UEPS nos dá um valor baixado do estoque de R$ 900,00 e um saldo final
de mercadorias de R$ 250,00.
✓ E o método do custo médio nos dá um valor baixado do estoque de R$ 888,80 e um
estoque final de mercadorias de R$ 261,20.

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