Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SINOPSE
CHARLIE
1
SLA significa Service Level Agreement (Acordo de Nível de Serviço), é usado para definir um acordo
entre um provedor de serviços e uma empresa.
Olho para Stevie. Ele me dá o sinal de boquete empurrando a
língua em sua bochecha.
Foda-se, eu murmuro de volta. Grande maldita camaradagem
neste escritório.
— Podemos falar sobre a aquisição, Mike? — Tim intervém,
interrompendo nosso impasse.
Todos se sentam, interessados.
Mike muda seu peso e suga o ar como se Tim tivesse dito uma
palavra maldosa.
— Eles ainda não vão nos dizer quem está comprando a empresa?
— Tim continua. — Ouvi dizer que é um dos gigantes da tecnologia.
Os olhos de Mike percorrem a sala. Ele está nervoso. — Espero que
não vejamos nenhuma mudança. — Tradução: Eu não tenho
absolutamente nenhuma porra de ideia.
— Será que o nosso salário vai continuar o mesmo?
— Nossos empregos continuarão os mesmos?
— Ainda podemos obter o desconto do Costa Coffee?
— Haverá demissões?
Demissões. Merda.
Não prestei atenção ao assunto da aquisição da empresa nas
últimas semanas. Vou ter que descobrir com Stevie o que ele sabe.
Mike levanta a mão para nos acalmar. — É um negócio normal, no
que nos diz respeito. Nada vai mudar.
Há alguns murmúrios.
— Comunicados irão sair em um dia ou dois — diz ele com
firmeza.
Comunicados. Eu odeio essa palavra. Comunicações, visão,
estratégia, visão estratégica, todas as palavras que fizeram Mike lamber
os lábios. — Haverá comunicados — é o que ele diz quando não tem
ideia do que está acontecendo.
Nosso barril de perguntas é interrompido por uma batida na
porta.
— Com licença, Mike. — Jackie sorri com falsa doçura. — Tenho
uma mensagem importante para Charlie. — Ela está deslumbrante, mas
é porque ela usa a recepção como salão.
Mike acena para ela continuar.
— É sua irmã. Ela diz que é uma emergência.
Oh Deus. Meu estômago revira.
Isto é mau.
Alguém está morto.
Papai está morto.
Houve notícias da Irlanda de que ele teve um ataque cardíaco... ou
ele finalmente teve uma overdose de bebida?
Não, mamãe está morta. Alguém colidiu com ela quando ela estava
dirigindo muito devagar.
Ambos estão mortos.
— Isso está bom. — Mike acena com a mão para me dispensar.
Tremendo, eu me levanto. Seja forte, Charlie. Você deve ser forte
por Callie.
Embora por que Callie sabe antes de mim? Certamente deve ser o
irmão mais velho que dá más notícias. Por que Tristan não está ligando?
Há algo de errado com Tristan?
Eu sigo Jackie até a recepção, pegando meu telefone. Com certeza,
há dez chamadas perdidas de Callie. Merda!
— Ela disse de quem é? É o papai? — Eu pergunto em um tom
alto.
Ela dá de ombros. — Não está na descrição do meu trabalho
perguntar.
Cadela.
Eu pego o telefone. —Callie? — eu gaguejo. — O que foi?
— Charlie! — ela grita sobre o barulho do tráfego. Parece que ela
está em uma rua movimentada.
Eu estou certa; Mamãe sofreu um acidente de carro. — Sim? — eu
grito. — O que foi? O que está acontecendo?
— Graças a Deus. — Ela exala pesadamente. — Estou em um
dilema. Estou do lado de fora da Selfridges com cem sacolas e não
consigo me mexer! Você terá que vir aqui e me ajudar a carregá-las até
o trem.
— O que? — Eu assobio em um tom baixo para que Jackie não
possa ouvir. — Você me tirou de uma reunião de gerenciamento porque
tem muitas sacolas de compras para levar para casa? Essa é a
emergência?
— Sim! — ela exclama. — Estou presa, e mamãe diz que devo
estar em casa em uma hora! Só quando fui à seção de calçados e comprei
os três pares de botas é que percebi que não conseguia levar tudo! Tive
que chamar um segurança, e ele me ajudou a chegar até a porta com as
malas, mas com uma atitude terrível considerando o quanto eu havia
comprado, reclamando que não estava na descrição de seu trabalho...
— Callie — interrompi, furiosa. — Você percebe que estou
trabalhando? Você não pode chamar uma de suas sagas de compras de
emergência e exigir que eu saia de uma reunião para isso! São 10h30 da
manhã de uma segunda-feira. Por que diabos você não está na escola?
— Mantenha suas calcinhas, não é como se você tivesse um
trabalho importante como Tristan. — Ela boceja. — Então, quanto
tempo você vai demorar?
— É melhor você rezar para que eu não desça aí, Callie. Porque se
eu fizer isso, você vai encontrar um estilete alojado no fundo do seu cu.
Agora, foda-se!
Eu desligo o telefone.
Inacreditável.
Jackie tosse atrás de mim.
Eu me viro para encará-la.
— Isso soa como um grande dilema — ela ronrona. — Sua pobre
irmã.
Eu atiro a ela um olhar venenoso. — Não está na descrição do seu
trabalho ouvir ligações privadas.
— E não está no seu tê-las — ela dispara de volta.
— Volte para sua hashtag, Jackie.
Ela revira os olhos. — Eu duvido que você saiba o que isso
significa.
— Estou muito ciente do uso. — Pegando uma folha de papel de
sua mesa, eu rabisquei furiosamente. — Você esqueceu que eu sou a
chefe do suporte de TI?
Eu coloco o papel em seu teclado. — Hashtag isso, Jackie.
#PORFAVORVÁSEFUDER
CAPÍTULO DOIS
CHARLIE
CHARLIE
2
Um cara muito gostoso e desejado.
O braço direito de Tristan. Eles se conheceram na universidade,
sem um tostão e com fome de sucesso, e construíram suas fortunas
juntos.
Ambos vieram de uma nova riqueza, que é uma das razões pelas
quais eles tinham tanto em comum. Isso os tornava ainda mais
excitantes para as mulheres. Eles tiveram a aspereza dos homens das
fazendas do condado cumpridas. Julie disse que pareciam sexo sujo.
O Grupo Nexus, a empresa de TI que mais cresce na Europa, com
presença dominante na Ásia e nos Estados Unidos.
Planejamento de recursos empresariais, contabilidade, vendas,
cadeia de suprimentos, gerenciamento de conteúdo — não era o
software mais sexy, mas com Danny Walker detendo a maioria das
ações, isso o tornava um homem muito rico e poderoso, e isso era sexy.
Sua agressividade nos negócios rendeu-lhe manchetes
consistentes e apelidos assustadores como ' Danny sujo' e ' Danny, o
destruidor'. Minha mídia social favorita é 'Walker Babaca'.
Reuniões sociais com Danny Walker me enchem de pavor. Isso
remonta a quando eu tinha vinte anos e estava bêbada em uma das
festas na casa de Tristan. Tristan ingenuamente permitiu que Cat e eu
comparecêssemos, então começamos a beber cidra no metrô para
entrar no clima.
Naquela noite, fiz um julgamento crítico errado. Eu interpretei mal
a tentativa de conversa de Danny Walker como flerte.
Quando ele me perguntou o que eu planejava fazer depois da
universidade, meu instinto natural foi subir em seu joelho, envolver
minhas pernas em volta de sua cintura e transar com ele.
Minha memória daquela noite é incompleta, mas lembro que ele
me rejeitou abertamente. Essa parte foi impressa em meu cérebro desde
então.
Lembro-me dele gritando comigo para sair de cima dele como se
pensasse que eu era uma estudante universitária estúpida e irrelevante.
Ele não estava muito longe do alvo.
Na manhã seguinte, acordei pendurada no sofá do apartamento de
Tristan, com Tristan gritando comigo. Danny não estava à vista.
Pensar que Danny Walker se interessaria por mim foi o erro mais
ingênuo que já cometi.
Só posso culpar a bebida e que foi a primeira vez que provei ostras.
Eu enfiei aquelas otárias em mim, sem perceber que elas estavam me
deixando com tanto tesão quanto um bonobo na selva.
A culpa é do Tristan, na verdade, por fornecer ostras.
O cara mal sorriu para mim desde então, mas tudo bem porque
oito anos depois, ainda não consigo olhar para ele sem ficar vermelha.
Até hoje, mal consigo acompanhar o que ele está dizendo.
Enquanto ele discute IPOs e outras siglas e jargões com Tristan, tenho
que fingir que não estou procurando na internet. Significa Oferta Pública
Inicial, para referência.
Minha contribuição para a conversa é balançar a cabeça
repetidamente como um pombo.
— Então onde está? — Cat espia por cima do meu ombro. —
Kensington? Este é definitivamente um bar gratuito, certo?
— É claro. — Reviro os olhos. — Tristan sempre coloca as mãos
nos bolsos.
— Vamos pegar um para a estrada para que eu tenha coragem de
me misturar com todos esses engravatados da cidade.
— Ok, apenas um — eu aviso. — Você sabe que é um peso leve.
Não vou sustentar você a noite toda.
Um vinho cada faz a transição para o acabamento da garrafa.
Fico mais sofisticada depois de uma garrafa de vinho, mais magra
também, penso ao passar pelo espelho ao sair.
Dez minutos depois, estamos no táxi e percebo que engolir uma
garrafa de vinho foi um grande erro.
Grande.
Imenso.
Cat é uma péssima passageira sóbria, ainda mais depois de beber
um litro de vinho barato da loja da esquina.
O taxista já conheceu pessoas como Cat antes. Um sinal
intimidador de 'vomitar e eu vou processar' nos encara do fundo de seu
assento.
Em questão de minutos, ela vira para mim, os olhos esbugalhados.
Eu vejo movimentos rápidos de engolir em sua garganta. Em seguida,
um jato silencioso de vômito respinga em meus pés.
Eu olho consternada entre meus pés e o sinal. Tendo já conseguido
alguns no banco dela, não podemos pedir ao motorista para parar, ou
ele pode ver e nos processar. Eu seria culpada por associação.
Felizmente, ele ainda não percebeu.
— Faça isso em silêncio — eu sussurro.
Para seu crédito, ela é uma vomitadora silenciosa, apesar do
movimento violento de seus ombros. Uma poça de líquido amarelo se
forma no chão ao redor de nossos sapatos, e rezo para que o motorista
não se vire.
Eu balbucio, tendo um monólogo comigo mesma que não exige
respostas de Cat, para distraí-la dos sons de ânsia de vômito.
Enquanto dirigimos pelo Hyde Park, o vômito felizmente diminui.
Paramos do lado de fora de um bar muito luxuoso. Vejo alguns dos
amigos de Tristan se misturando do lado de fora.
— Você terminou? — Eu pergunto, de frente para ela.
Seus lábios se contorcem, mas ela não responde. Ela abre a porta
do táxi agressivamente, errando por pouco um carro que passava.
— Puta merda, Cat! — Eu assobio, saindo do táxi.
— Sinto muito, senhor! — digo ao motorista, jogando algumas
notas de vinte libras pela janela para pagar a limpeza.
Cat corre para me encontrar na calçada, então abre a boca e ejeta
o arroto mais sujo, alto e ofensivo que já ouvi.
Eu coloco minhas mãos na minha boca em estado de choque.
Os amigos de Tristan param de falar abruptamente e giram suas
cabeças.
— Jesus, Cat — eu rosno para ela. — Fale sobre fazer uma entrada.
— Sinto muito — ela lamenta, os olhos arregalados. — Não iria
ficar.
— Você terminou agora? — eu falo.
Ela acena com a cabeça humildemente. — Essa é a última coisa.
— Nunca mais — murmuro, lamentando minha escolha de par.
Ela olha para o bar, ignorando os amigos de Tristan ainda olhando
para nós, e solta um assobio lento. — Então é champanhe.
O bar é tão prestigiado quanto possível. Duas belas anfitriãs estão
na porta com pranchetas, seu único propósito na vida é fazer com que
eu me sinta inadequada e indigna de entrar. Quatro seguranças
corpulentos as cercam, olhando desconfiados para nós.
Parece um dos clubes privados de membros do Tristan. Ele deve
ter alugado o bar inteiro para a noite.
O segurança maior estende a mão para nos bloquear enquanto
subimos os degraus. — Desculpe, temos um certo tipo de clientela aqui.
Aqueles que não arrotam na porta.
— Esta é a festa do meu irmão — eu retorqui, tentando parecer
digna. — Meu nome é Charlie, e meu irmão pagou uma pequena fortuna
por este local, então deixe-nos entrar.
Uma das garotas da prancheta folheia a lista e olha para nós com
decepção.
— Tudo bem — ela fala. — Mas mantenha-a sob controle. — Ela
mexe um dedo com nojo de Cat.
Cat faz beicinho. — Na verdade, sou professora em uma escola de
muito prestígio em Highgate.
— Senhora, eu não me importo se você é professora no Palácio de
Buckingham. — O segurança balança a cabeça. — Já conheci
construtores com modos melhores do que você.
Eu não poderia argumentar com isso.
— Apenas venha. — Eu a levanto até o último degrau, e a garota
da prancheta nº 2 relutantemente nos conduz através das cortinas de
veludo para um refúgio dos mais ricos e finos de Londres.
***
As festas de Tristan são o sexo imortalizado. Esta não é exceção. É
um zoológico de pessoas bonitas pingando de grifes, tomando coquetéis
decadentes enquanto discutem como são ricos e bem-sucedidos.
É verdade o que dizem, dinheiro atrai beleza. É difícil dizer quem
é naturalmente bonita e quem tem plástica. Quero dizer, quais são as
chances de que entre cem mulheres, cada uma tenha seios grandes e
lábios carnudos?
Com seus ternos sob medida e acessórios extravagantes, os
homens são criaturas igualmente luxuosas, tentando provar que têm o
maior pau por meio de seus relógios, abotoaduras e qualquer outra coisa
que informe seus companheiros de festa sobre seu patrimônio líquido.
São bebidas gratuitas sem fundo na torneira. Recebemos um
Bellini na porta. Cada mesa é abastecida com garrafas de champanhe
Moët e vodca Belvedere. É melhor eu ficar de olho em Cat.
Essas festas seriam tão divertidas, exceto por dois convidados -
um, Danny Walker, e dois, minha mãe irlandesa. Sendo o filho modelo,
Tristan convida minha mãe para todas as festas de aniversário. É
igualmente doce e assustador. Ele não quer que ela se sinta excluída.
Tem sido um problema dele desde que papai nos desonrou para
voltar correndo para a República da Irlanda nos braços de outra mulher,
deixando-nos com um monte de dívidas. Pela primeira vez na vida de
mamãe, ela teve que descobrir como pagar a hipoteca e as contas. Ela
era uma mulher desprezada; ainda assim, até hoje, não podemos falar
sobre o adúltero na presença dela.
Tivemos contato esporádico com ele, um ocasional cartão de
aniversário ou uma ligação de Natal bêbado ou, no caso de Tristan, um
pedido de empréstimo em dinheiro que nunca será devolvido.
Eu olho para o canto do bar e vejo a tempestade perfeita para a
humilhação. Tristan, Danny, seu amigo Jack Knight e uma loira
desamparada estão conversando com mamãe.
Mamãe está vestida como se estivesse em um casamento dos anos
90. Cabelo grande, ombreiras grandes e falando a cem milhas por hora.
Danny escuta, alheio às mulheres circulando, caindo sobre si
mesmas para serem notadas.
Babaca.
Sexy como o inferno, babaca lindo de tirar as calças, mas ainda
assim um babaca.
Com 1,93, ele é mais alto e mais largo do que qualquer outra
pessoa na sala, até mesmo Tristan, que está em segundo lugar. Seus
bíceps grossos estão dobrados sobre o peito largo, a camisa branca
esticada sob a pressão dos músculos e suas pernas grossas estão abertas
em uma pose masculina. Ele é um enorme Adonis de homem, o oposto
de como um magnata da tecnologia deveria ser. Cabelos pretos e
grossos, mandíbula quadrada e marcante, nariz romano que quero socar
e lábios carnudos e deliciosos.
Que chance eu tenho?
Toda aquela beleza desperdiçada em um idiota desagradável e
mal-humorado.
Cat murcha visivelmente ao meu lado. — O nível de testosterona
naquele canto deveria ser ilegal. Como devemos funcionar como
mulheres com aquele festival de salsicha? Eu definitivamente seria o
recheio de um sanduíche Tristan-Danny-Jack.
— Você pode não incluir meu irmão em suas fantasias doentias,
por favor? — Eu estreito meus olhos para ela.
— Você tem que admitir, eles são tão masculinos — ela diz. —
Homens masculinos. Não apenas rostos bonitos, todos pingando
dinheiro. Como é que não temos tanta sorte?
Reviro os olhos. — Não é sorte, Cat.
— Acho que escolhi uma vocação em vez de dinheiro — ela reflete
como se fosse uma mártir. Ela olha para o telefone e começa a digitar. —
Danny Walker, CEO e fundador do gigante da tecnologia Grupo Nexus
, patrimônio líquido estimado em £ 700 milhões. Nos últimos anos,
Danny tornou-se conhecido por suas aquisições agressivas na tentativa
de monopolizar a indústria de tecnologia do Reino Unido.
Eu espeto as costelas dela. — Você pode parar de persegui-lo
online? Os amigos de Tristan estão ao nosso redor!
— Fica mais interessante. — Ela me ignora. — O processo judicial
entre Danny Walker e um funcionário anterior, Sam Lynden, finalmente
foi concluído. Foi confirmado que Sam Lynden recebeu um pagamento
financeiro significativo depois de acusar o Sr. Walker de agressão física.
— Ele tem um temperamento — ela arfa. — Perigoso. — Ela clica
nas imagens. — Uau. Ele esteve com muitas mulheres gostosas.
Tiro o telefone de suas mãos.
— Charlie! Por aqui! — Eu sugo por entre os dentes com a voz.
Mamãe nos viu e está acenando freneticamente para nós.
Tristan sorri para mim, acenando para nós, e eu dou um pequeno
aceno.
Eu travo os olhos com Danny. Ele para abruptamente em sua
conversa com Jack.
Oh, Deus, aqueles olhos.
Meu estômago dá uma cambalhota. Os olhos castanhos
penetrantes me perfuraram, cruzando minha figura antes de pousar de
volta em meu rosto.
Suas sobrancelhas se juntam em uma carranca profunda, como se
até mesmo a minha visão o desagradasse. Onde ele adquiriu essa
capacidade fútil de me fazer sentir inadequada?
— Charlie! — Mamãe grita, agitando os braços freneticamente.
Várias pessoas se voltam para olhar para ela de forma estranha.
— Sim! — Eu murmuro de volta. O que a mulher está fazendo? Eu
posso vê-la claramente, mas ela está causando uma grande comoção.
— Vamos fazer isso — murmuro para Cat, que não precisa de
convite para ir.
— Olá a todos. — Abro um sorriso forçado para o grupo enquanto
me inclino para beijar Tristan. — Feliz aniversário, velhote
Ele me levanta para um abraço.
— Oi, mãe — eu a cumprimento.
Ela se inclina para um beijo no ar em cada bochecha; essa é a coisa
dela nessas festas.
Jack, o mais carismático dos amigos de Tristan, me puxa para um
abraço. — A deslumbrante Charlie, é sempre um prazer vê-la.
Tristan o sacode quando Jack me lança um sorriso que poderia
derreter minhas calças. — Comporte-se, Jack. Irmã. Fora dos limites.
Dou uma olhada de soslaio para Danny e percebo que ele está me
observando com cautela. Como se eu pudesse ser levemente contagiosa.
Os flashbacks me atingiram.
Eu subo em seu joelho e envolvo minhas pernas em torno dele.
— Danny — eu sufoco.
— Charlie — ele responde em seu baixo sotaque escocês. Ele
endurece enquanto calcula se deve me abraçar.
Essa voz. Por que isso me faz pensar em sexo? Meu nome saindo
de sua língua faz os cabelos da minha nuca se arrepiarem.
Eu odeio como ele me afeta. Devo ter algum distúrbio. Transtorno
de Excitação por Idiotas onde só estou interessada em homens que me
ignoram.
Eu aperto meu corpo contra suas coxas.
Pare com isso!
Eu acordo.
— Todos vocês já conheceram Cat antes. — Quando me viro, vejo-
a sorrindo como uma simplória e fazendo aquela pequena dança que faz
quando está nervosa.
— Oi — diz ela em um tom alto.
Tristan pigarreia e olha para Danny intencionalmente, que está
despenteando os cabelos com as mãos como se estivesse agitado.
— Charlie, Cat, esta é Jen. — Tristan coloca o braço nas costas da
loira deslumbrante.
Ela tem cabelos loiros compridos e lisos e é super magra com bolas
de praia presas no peito. Exatamente o tipo que meu irmão gosta.
— Oi, Jen. — Eu sorrio.
— Oi, Charlie, Cat. — Jen se inclina para um beijo. — É ótimo
conhecer a irmãzinha!
Eu endureço. Eu não sou a irmãzinha dela. Ela parece cinco anos
mais velha que eu, no máximo, não estou qualificada para falar como
minha nova madrasta.
— Jen é uma advogada de direitos humanos — mamãe anuncia,
claramente uma fã.
— Não gosto muito de falar sobre isso, mas sim, sou a advogada
de direitos humanos mais jovem de Londres. — Jen agita os olhos ao
redor do grupo. Satisfeita com os murmúrios de aprovação, ela segue em
frente. — O que você faz, Charlie?
— Suporte de TI. — Meus lábios se curvam em um permanente
sorriso falso, sabendo que ela só está perguntando porque nunca vai ser
tão bom quanto a mais jovem advogada de direitos humanos de
Londres.
— Isso é maravilhoso. — Ela leva a mão ao peito como se eu
tivesse acabado de revelar que sou uma cirurgiã cardíaca. — Desligue e
ligue de novo!
— A seu serviço.
Patético.
— O pessoal de suporte de TI da nossa empresa é um lixo — ela
acrescenta desnecessariamente. — Tenho certeza que você é muito
melhor, no entanto. — Ela me encara como se não acreditasse nisso nem
por um segundo.
— Certa. — Eu dou a ela um olhar mortal.
— Oh. — Ela coloca uma mão bem cuidada no bíceps de Danny.
— Danny pode conseguir um emprego para você na Nexus! Tenho
certeza de que ele poderia encontrar um emprego para você fazendo
alguma coisa.
— Não, tudo bem, não estou procurando — eu respondo
rapidamente quando Danny enrijece. Nem uma esperança no inferno eu
iria implorar aquele bastardo cruel, implacável e versátil por um
trabalho.
Além da óbvia vergonha de tentar molestá-lo, outra questão
gritante é que ele nunca vai me contratar. Eu não sou o 'calibre Nexus'.
Eu preciso sair desse tópico. — Cat é professora de teatro em
Highgate. Já que estamos revisando nossos currículos.
— Isso mesmo — Cat corta, olhando para Tristan atentamente. —
A minha é mais uma vocação do que uma carreira.
— Que adorável. Eu moro em Highgate — Jen diz. — Tenho um
pequeno sobrado lá. Comprei há alguns anos. O jardim é pequeno, mas
tem uma casinha de veraneio que posso usar como escritório, e a vista
da charneca é linda da varanda.
Eu a observo enquanto ela fala sobre o que é definitivamente uma
casa multimilionária como se fosse uma casinha bonita. — Parece
muito... pitoresco.
— Charlie e Cat vivem a vida de solteira em Kentish Town. — Os
olhos de Tristan se enrugam em diversão. — Garotas festeiras. Embora
você raramente venha mais às minhas festas, a menos que eu a force.
Isso porque tentei transar com seu melhor amigo gostoso.
— Kentish Town? — Jen olha para mim como se eu tivesse
acabado de sair de uma prisão de segurança máxima. — Acho que os
preços dos imóveis estão mais baixos lá, já que estão em alta!
— Estamos alugando — murmuro.
Ela tem uma hipoteca, e o que eu tenho? Ratos.
— Charlie sabe que vou ajudá-la quando ela quiser comprar —
Tristan intervém, supercompensando caso eles pensem que ele é um
idiota, com sua pobre irmã sem um tostão vivendo na miséria.
— Não — eu respondo consternada com a minha persona de caso
de caridade. — Quando eu comprar, eu mesmo faço.
Não estamos abordando este tema aqui. Tristan está sempre
tentando me dar dinheiro de graça.
— Há quanto tempo você está namorando Tristan? — Pergunto a
Jen educadamente. Eu não gosto dessa garota, então espero que não
dure. Isso nunca acontece com Tristan. Acho que vou ter que ser
boazinha por três meses, no máximo.
— Oh, não! — Ela ri. — Este lindo é meu. — Ela enfia um dedo nas
costelas de Danny.
Ele se mexe desconfortavelmente de um pé para o outro, com as
mãos enfiadas nos bolsos da calça. Ele permaneceu em silêncio durante
toda a conversa.
Meu estômago aperta e eu forço meu rosto feliz.
— Não, Charlie, eu não vou fazer isso. Eu não estou interessado —
ele diz enquanto me empurra de seu joelho.
Então esse é o tipo de Danny.
O oposto de mim. Loira, muito bem-sucedida, desamparada,
feminina.
— Onde está Ben? — pergunta Tristan.
— Charlie e Ben estão dando um gelo. Ela pode estar solteira em
breve — mamãe anuncia. — Novamente.
— Mãe! — Eu a encaro com horror, enquanto os homens
murmuram suas desculpas.
— Oh, coitadinha — Jen ronrona enquanto esfrega o braço de
Danny. — Meninos, vocês têm algum amigo legal para Charlie?
— Não — Danny responde com força desnecessária.
Eu atiro a ele um olhar e encontro um olhar sombrio. Então eu não
sou boa o suficiente para nenhum de seus amigos agora, também?
— Antes de Ben, Charlie tinha um monte de homens — Cat corta
inutilmente. — Ela não tem nenhum problema na atração. — De nada,
ela sorri para mim.
Tristan cospe em seu uísque.
Um rubor profundo invade minhas bochechas, espalhando-se até
que minhas orelhas fiquem vermelhas.
— Por cima do meu cadáver Charlie sairá com algum de nossos
amigos desprezíveis. — Tristan ri, mas todos nós ouvimos a dureza em
sua voz. — Não está acontecendo. Eles manterão suas malditas mãos
para si mesmos. Eu já notei alguns olhando para você esta noite.
— Bem, eu gosto de Ben — mamãe interrompe tristemente. — É
hora de você parar de pular de namorado em namorado.
Reviro os olhos. — Então você sai com ele.
Todos eles riem. Yippee. A vida amorosa de Charlie é hilária.
— Como vai o trabalho, mana? — Tristan me cutuca. — Você
conseguiu aquele aumento de salário que queria?
Quando eles se inclinam para ouvir, fico tentada a mentir.
— Não — eu respondo com um suspiro pesado. — Meu chefe é
um idiota.
— Você tem trabalhado muito duro neste trabalho — Cat
concorda em uma segunda tentativa de apoio. — Lembra que no seu
último você costumava tirar uma soneca no banheiro e dizer que estava
doente o tempo todo? Você não faz isso neste trabalho.
— Isso foi anos atrás — eu rosno. Depois desta noite, vou enviar
uma inscrição para o Guinness World Records para Cat como a pior
parceira de todas. — E eu estava entediada naquele trabalho.
— Não se preocupe, Charlie. — Jen coloca a mão sobre a minha.
— Se você precisar de algum conselho de carreira, ficarei feliz em ajudar.
— Obrigada, Jen — eu sussurro. — Parece que posso recorrer a
você para qualquer tipo de conselho de vida.
Meus olhos se abrem para ver Danny olhando para mim,
carrancudo.
— Ali está a garota que arrota como um construtor — eu ouço
atrás de mim em voz alta.
Pelo amor de Deus.
A boca de Jen cai aberta.
— Desculpe-nos — eu agarro o braço de Cat, o construtor
arrotando, e mostro a eles meu sorriso mais deslumbrante. — Nós
vamos para o bar.
CAPÍTULO QUATRO
CHARLIE
DANNY
Controle-se, cara.
Bebo o resto do copo como se fosse uísque barato em vez de um
dos mais antigos single malts do mundo. Meus dedos apertam o vidro
com tanta força que posso quebrá-lo. Eu estava guardando esse malte
para uma ocasião especial, mas esta noite exigia isso. Eu precisava de
algo para aliviar o estresse.
Eu me masturbei duas vezes no escuro, no meu escritório.
Ridículo. Não é o meu final típico para uma das festas de Tristan.
Eu me pergunto o que ela está fazendo agora. Ela foi para casa com
alguém? Já havia muitos fodidos ricos tentando. Ela está fazendo sexo
com um deles agora? O cantor de jazz parecia estar imaginando suas
chances.
Meu pau está latejando desde que percebi que ela não estava
usando sutiã. As costas nuas, o contorno sutil dos seios no top
transparente... que chance eu tinha depois disso?
Meus olhos se fecham enquanto revivo o volume de seus seios
enquanto ela cantava. Seus jeans eram tão apertados em torno de sua
bunda que poderiam ter sido pintados. Aqueles lábios, foda-se, aqueles
lábios carnudos e sensuais que eu só consigo olhar quando ela está
cantando. Imaginando aqueles lábios em volta do meu pau, me
chupando. Meu pau dói ao pensar nela ajoelhada diante de mim, os olhos
olhando para mim enquanto eu bato no fundo de sua garganta.
No palco, ela era tão atrevida e controlada que quase gozei ali
mesmo de calça. Eu tive que continuar me reajustando como um velho
sujo.
Para um irmão tão possessivo, não sei por que Tristan a incentiva
a subir no palco nessas festas. Tenho certeza de que eu não era o único
ali com as mãos nos bolsos. Ela tinha todos nós cativados. Todos
babando como idiotas.
O tipo de garota que pode fazer um homem cair de joelhos e
implorar para prová-la.
Eu era apenas mais um homem na platéia cobiçando a garota mais
nova. Então agora eu sou a porra de um clichê. Isso é o que acontece
depois dos quarenta.
Se Tristan soubesse, ele me bateria até a morte.
É uma coceira que nunca consigo coçar. Já fui avisado o suficiente
por Tristan para saber que a amizade terminaria se eu tentasse com a
irmãzinha dele. Não é surpreendente, já que ele me conhece tão bem.
Depois de algumas noites de paixão, ela desapareceria do meu sistema
e eu perderia o melhor amigo que já tive.
Não consigo entender por que ela me irrita. Sim, ela é linda, mas
não estou exatamente sem opções. Talvez seja porque ela me olha com
tanto veneno, não há dúvida de quanto ela me despreza.
Talvez seja porque ela é uma das únicas mulheres na cidade que
não posso tocar.
Sua mãe estava filmando-a hoje à noite.
Eu preciso colocar minhas mãos nesse vídeo. Eu me pergunto
como vou arrancar isso de Tristan sem fazer parecer suspeito. Eu sorrio
com a ideia de pedir à Sra. Kane um vídeo de sua filha cantando para que
eu possa adicioná-lo ao meu banco de punheta.
Os nós em meus ombros apertam. Eu já deveria ter feito um plano.
Tê-la trabalhando comigo não é uma opção viável. Vou oferecer a ela
uma soma desagradável que ela não pode recusar em troca de desistir.
Antes de começar algo de que me arrependo imediatamente.
Eu ri alto. Estou perdendo meu jogo na velhice? Há uma aquisição
no valor de vinte milhões de libras em andamento, e minha preocupação
número um é que a irmã mais nova do meu melhor amigo, com quem eu
gostaria de foder, é uma funcionária?
Amanhã de manhã vou ligar para Tristan e explicar o que preciso
fazer. Ele é um homem de negócios; ele entenderá minha justificativa.
Vamos torcer para que ele não sinta o cheiro da merda.
CAPÍTULO CINCO
CHARLIE
CHARLIE
CHARLIE
3
Um gesto de paz, como uma bandeira branca.
Incrédula, eu o encaro de volta.
— Isso é... Danny Walker? — Berenice suspira. — Danny Walker
vai pagar nosso jantar?
— Idiota — Ben diz, fazendo uma careta.
O queixo da garçonete cai. — O Danny Walker?
Há uma enxurrada de perguntas sobre por que Danny Walker está
pagando nosso jantar de seiscentas libras.
— Como você o conhece?
— O que fizemos para merecer isso?
— Não vamos agradecer a ele?
— Não — eu respondo com os dentes cerrados enquanto impeço
Andrea de correr para ele.
Se esse idiota arrogante pensa que pode jogar dinheiro na
situação, ele tem outra coisa vindo.
— Com licença senhorita? — Eu me viro para encarar a garçonete.
— Quanto é a conta do jantar dele até agora? Vou retribuir o favor.
— Cerca de trezentas libras, mais ou menos. — Ela olha para mim
sem expressão. — Você quer pagar pelo jantar dele?
Esta vai ser uma noite cara.
— Coloque no meu cartão. — Coloco um sorriso no rosto
enquanto entrego o cartão a ela. — Você pode dar uma mensagem ao
cavalheiro, por favor?
— É claro. — Ela sorri, feliz por ter uma desculpa para falar com
ele novamente. Elas sempre estão.
— Diga a ele que, ao contrário de todas as suas outras mulheres,
não vou ser comprada.
***
— Você teve uma boa noite, querida? — Ben sussurra em meu
ouvido enquanto nos aconchegamos na cama.
Eu sorrio para ele com carinho e minto. — A melhor.
— Desculpe, as meninas estavam loucas por casamento. Espero
que não tenha sido muito chato para você.
— Foi bom. — Eu corro minha mão por seu maxilar masculino
afetuosamente, e ele me beija suavemente no nariz.
Ben é realmente um grande cara. Ele é bom de se olhar, bom para
mim e bom para as velhinhas que atravessam a rua. O homem é um
partido, e eu não o mereço.
— Você está feliz, Charlie? — ele pergunta baixinho, seus olhos
cheios de medo e esperança.
— Sim, Ben, claro. — Eu o puxo para perto e compartilhamos um
abraço reconfortante. Por que me sinto tão culpada?
Ben adormece rapidamente, contente com a minha resposta.
Observo-o dormir, me perguntando por que estou me sentindo tão
inquieta.
Finalmente adormeço às 4 da manhã e sonho com um casamento
branco em que estou andando pelo corredor e todos estão sorrindo para
mim, mas algo está errado e não consigo descobrir o que é. Meu sutiã
está muito apertado? Meu bronzeado é muito laranja? Ben está
esperando no final do corredor.
— É a patroa — gritam as pessoas. — É a patroa.
Eu me levanto na cama enquanto acordo suando.
Olho para a bela silhueta de Ben sob os cobertores e o pânico toma
conta de mim.
Uma patroa usa rolinhos, sutiãs grandes de sustentação, suéteres
de caxemira com pérolas e carrega lenços nos bolsos. Minha mãe é
patroa. Eu definitivamente não sou.
***
DANNY
— Você está atrasado — murmuro, observando a deslumbrante
anfitriã tirar o casaco de Tristan.
— Quando chego cedo? — Ele sorri, entregando-lhe uma nota de
vinte.
Ela ronrona de volta para ele, e eu reviro os olhos. Tristan tem
mulheres penduradas nele onde quer que vá; bares, escritórios,
ginásios, igrejas…. Ele até teve a audácia de pegar uma enfermeira
quando eu estava fazendo uma cirurgia no ombro.
Ele acena com a cabeça para os três copos vazios. — Vejo que você
começou sem nós.
— Semana longa — eu faço uma careta, virando meu terceiro
uísque.
Eu aceno brevemente para a garçonete para o mesmo novamente.
Ao contrário de Tristan, não sou charmoso.
— Aqui está Knight. — Ele acena para a porta do clube onde Jack
está sendo conduzido através da cortina. — Eu sempre posso contar
com ele para chegar mais tarde do que eu.
— Eu ouvi isso — Jack responde enquanto abre um grande
sorriso para a anfitriã. Com os saltos, ela tem pelo menos um metro e
oitenta e quase fica cara a cara com Jack. Parecendo envergonhado, ele
se senta. — Fiz um rápido pit-stop na Yoga Teacher Sara's.
— Seu cachorro sujo. — Tristan ri alto. — Espero que você tenha
lavado as mãos.
— Pale Ale, por favor. — Jack sorri para a garçonete e pisca para
nós. — Melhor lavar minha boca também.
— Jesus, Jack. — Eu balanço minha cabeça. — Ainda nem é hora
do jantar.
— O que há com você, Walker? — ele pergunta enquanto afrouxa
a gravata. — Você parecia muito tenso ao telefone.
— É Jen? — Tristan levanta as sobrancelhas para mim.
Eu o encaro. Levo um segundo para registrar de quem ele está
falando.
— Não. — Eu quase rio. Jen não é um problema.
— A aquisição então? — ele pergunta, olhando para mim em
confusão. — Eu nunca vi você tão nervoso antes.
Eu cerro meus dentes juntos. Por que estou tão tenso?
Perdi uma venda no valor de dez milhões por ano em receita na
semana passada, e isso não me perturbou. O que diabos está errado
comigo?
— Não é Charlie, é?
Eu dou a ele um olhar duplo. Por que ele está citando sua irmã? É
o terceiro dia no escritório com ela, e estou tão tenso que estou
explodindo com todos. Acham que sou um monstro, assim como ela.
— Cara, você não precisa se preocupar com a minha reação. Eu
entendo — ele diz quando eu não respondo.
— Ela não aceitou bem, Tristan. — Suspiro, me perguntando por
que estou entrando nessa conversa. — Ela falou com você?
— Não, na verdade não. — Ele balança a cabeça. — Estou
recebendo silêncio no rádio e é por isso que sei que ela está chateada.
Ele para de falar, distraído pela garçonete colocando nossa
bandeja de bebidas na mesa.
— Você fez o que precisava fazer. — Tristan dá de ombros. — Ela
vai mudar de idéia. Ela é apenas orgulhosa. É a primeira empresa em
que ela trabalha, e ela está nela há muito tempo, então ela está
emocionalmente ligada.
— Ela aceitará sua oferta quando perceber que você é um idiota
para trabalhar. — Jack ri. — Ela não lê os jornais?
Tristan sorri. — Para Danny, o Destruidor.
Eles erguem as taças em um brinde e eu reviro os olhos.
— “Walker elimina outro concorrente em sua busca pela
dominação” foi a manchete da semana passada — Tristan ri.
— Não comece. — Eu faço uma careta. A cada aquisição, minha
reputação é arrastada ainda mais pela lama. Eu sou o garoto-
propaganda da indústria de tecnologia do mal. — E pare com essa porra
de nome — acrescento. — Isso me faz parecer um vilão cômico. O que
eu sou, de acordo com Charlie. Ela está furiosa. Nenhum funcionário
jamais me respondeu como ela.
— Esse é Charlie, cabeça quente. — Tristan ri.
Cabeça quente? Mais como absolutamente difícil. Despejando o
que quer que esteja na cabeça sem pensar, ela não sabe como agir em
um escritório?
— Eu a vi no restaurante ontem à noite. — Minha mandíbula
aperta. — Você não disse que ela estaria lá. Ela quase estourou minhas
bolas no meio do jantar.
— Ela pode estourar minhas bolas a qualquer momento. — Jack
dá um assobio baixo. — Desculpe, Tristan, mas a garota fica mais gostosa
toda vez que a vejo.
— Cuidado, Knight — ele rosna. Tristan enviaria suas duas irmãs
para um convento nas montanhas, se pudesse. Como o pai de Tristan
fugiu e deixou Tristan com as três mulheres Kane, ele assumiu o papel
de pai, que envolve avaliar namorados. No minuto em que qualquer um
de nós chegasse perto de Charlie, ele teria nossas bolas em um torno.
— Como uma oferta de paz, eu paguei pelo jantar dela e de seus
amigos — eu explico. — O tiro saiu pela culatra — eu continuo com os
dentes cerrados. — Ela jogou de volta na minha cara. Quando fui pagar
minha conta, ela já tinha pago. Ela disse algo sobre eu tentar comprá-la.
Tristan joga a cabeça para trás, rindo. — Você simplesmente não
consegue vencer com Charlie. O que você fez para esfregá-la tanto da
maneira errada?
Eu me contorço no meu lugar quando me lembro do olhar que ela
me deu depois que ela esmagou seus seios contra o meu peito. Era como
se eu fosse o pior homem do mundo. Não posso fazer nada com a mulher.
Eu pago a porra dos coquetéis dela e das amigas e ela dá uma volta?
Suas sobrancelhas se levantam. — Quer que eu fale com ela?
— Não — eu respondo, muito rapidamente. Quanto menos
Tristan falar com Charlie sobre isso, melhor.
Sei que fui duro com ela sobre a oferta de demissão. Achei que dar
a ela a oferta pessoalmente tornaria tudo melhor, mas tornou tudo
muito pessoal. Ela sabe exatamente como me irritar, e eu lidei com a
situação como um idiota.
Ela estava certa, Mike é inútil, e isso não é culpa dela.
Achei que ela ficaria feliz com o generoso pagamento. Fiz com que
sua nova empresa escrevesse uma data de início em aberto em seu
contrato, para que ela pudesse tirar uma folga e viajar. Por que ela não
estava feliz?
Claro, Tristan também sabe disso, e é por isso que ele está agindo
de forma tão razoável.
— Cara, eu sei que vou ser linchado por dizer isso — diz Jack. —
Mas como um homem de sangue quente, acho que você deveria manter
Charlie fora de seu círculo de amigos. Metade do distrito financeiro da
cidade tentou suas chances naquela festa.
Meus olhos se arregalam. Largue isso, Jack.
— Eles não ousariam — Tristan rosna, estreitando os olhos para
Jack. — Isso vale para você também, Knight, tire todas as ideias sobre
minha irmã de sua mente sórdida.
Jack ri. — Eu não iria lá. Eu gosto de ter minhas bolas presas ao
meu corpo. É apenas um aviso, Kane. — Ele dá de ombros. — Ela é
bonita. Cada pau naquela festa estava em posição de sentido. Se você
insiste em convidá-la para as mesmas festas para as quais convida seus
companheiros sórdidos e lascivos, bem, a culpa é sua.
— Pelo amor de Deus, Knight. — Tristan olha furioso para ele.
Eu preciso desviar esse assunto antes que eu seja exposto como
um companheiro sórdido e lascivo.
— Você fez o seu ponto, Jack — eu digo. — Não o deixe tão tenso
quanto eu, pelo amor de Deus.
— Talvez você esteja tenso porque a garçonete está olhando para
mim e não para você. — Tristan sorri.
— Eu posso mudar isso em breve — eu respondo, levantando
meu copo para ela sugestivamente. Ela me dá um sorriso sedutor.
— Ela é toda sua. — Tristan sorri para mim. — Você e Jen não são
exclusivos então?
Eu balanço minha cabeça. — Não. Eu deixei bem claro; não estou
interessado em compromisso.
Jack inclina a cabeça para trás e ri. — Você tem quarenta e um
agora, Walker. Você tem uma bela jovem advogada de direitos humanos
que quer fazer sexo com você todas as noites apesar de você ter o
carisma de uma barata e ainda assim você não quer se comprometer? O
que exatamente você quer?
— Variedades. — Eu cerro os dentes.
— Ele tem a atitude certa — diz Tristan secamente. — Sem
compromisso, sem chance de lidar com uma ex-esposa vadia.
— Ouça, ouça. — Levanto minha taça, pensando em meu próprio
divórcio desastroso. — O que há de mais recente? — Eu pergunto.
Casar-se com Gemina foi o erro mais caro financeiramente e
emocionalmente de Tristan, onze anos depois, e ele ainda está pagando
por isso. No que diz respeito aos divórcios, o dele foi tão hostil quanto
possível. A mulher era pura toxicidade, deixando-o pensar que Daniel
era seu filho enquanto ela transava pelas costas dele. Ele passou quatro
anos acreditando que era o pai de Daniel, apenas para descobrir que era
um cara que ela conheceu em uma boate de Mônaco.
Agora Daniel tem seis anos e Tristan ainda o trata como filho, mas
tem poucos direitos. Ele não tem uma perna para se sustentar
legalmente, o que significa que Gemina pode exigir quantias
exorbitantes em pensão alimentícia e infantil para financiar seu fetiche
por diamantes.
As sobrancelhas de Tristan formam uma carranca profunda.
Não sei por que trouxe isso à tona. Dói-me ver quanto estresse a
situação coloca nele; é como uma sombra escura sobre ele. Ele precisa
lidar com isso.
Eu sei que ele fica acordado à noite preocupado em nunca mais
ver Daniel, que ela simplesmente vai fugir com algum velhote.
— Ela está exigindo que eu compre uma casa de férias para ela na
França — ele responde categoricamente. — Diz que ela precisa estar
perto de sua irmã.
— Você já comprou duas casas para ela — eu fervo. — De quantas
ela precisa?
— Se não é uma casa, é um barco ou um carro ou uma porra de
uma ilha — Jack diz. — Como vamos resolver essa cadela de uma vez
por todas?
— Não, Jack, não podemos matá-la. — Tristan revira os olhos. —
Só tenho que continuar pagando se quiser ver meu filho. — Seu rosto
escurece. — Não posso perder meu filho.
— Você não vai — eu digo rapidamente. — Temos dinheiro
suficiente para continuar pagando até encontrarmos uma solução
melhor. Como a morte.
— Ainda bem que escolhi um padrinho rico. — Ele ri enquanto eu
aceno para a garçonete gostosa vir até nós.
Ela se aproxima.
— Agora, se você me der licença. — Eu esvazio o resto do meu
copo de uísque. — Oi. — Abro um sorriso para ela. — Qual o seu nome?
CAPÍTULO OITO
CHARLIE
Ben abre a porta para mim com um beijo e uma taça de vinho.
— Olá, querida, está quase pronto. — Ele enxuga as mãos no
avental para me abraçar. — Eu fiz para você enroladinhos de salsicha.
Eu sei que você gosta deles.
Eu faço. Na verdade, eu tinha uma leve suspeita de que aqueles
safados eram o fator decisivo para minha vinda.
Ele me conduz até a sala de estar, onde colocou a mesa com lindos
guardanapos e molhos.
Eu caio no sofá, o estômago revirando em antecipação. Ben é um
excelente cozinheiro. É uma das razões pelas quais funcionamos bem
juntos.
— Voila! — Ele sai da cozinha carregando dois pratos gigantes de
comida saborosa e enfadonha. Mais uma noite deitada de costas e
gemendo pelos motivos errados.
— Isso parece delicioso. — Eu sorrio alegremente na festa.
Ele se inclina para me beijar. Quando sua língua entra na minha
boca, fecho os olhos e tento me concentrar no momento.
Minha língua responde, mas minha cabeça não está se
comportando.
Imagino que estou em outra boca.
A boca de um escocês detestável e arrogante.
Eu sou uma pessoa terrível. Maldito seja, Charlie, concentre-se!
Quando paramos, olho para Ben e vejo claramente nosso
relacionamento pela primeira vez.
Meu peito aperta. Eu não posso mais fazer isso. Eu não posso
simplesmente seguir os movimentos. Não me interpretem mal, o cara é
um em um milhão. Ele é um dos namorados mais calorosos e gentis que
já tive.
Mas não para mim. Eu quero ter medo de querer tanto alguém que
meu batimento cardíaco dispara quando eu o vejo. Medo que me dá um
nó na garganta, então esqueço como respirar quando falam comigo.
Julie diz que isso é típico de mim. Permaneço em relacionamentos
por muito mais tempo do que deveria porque me sinto culpada por
terminá-los.
— Ben — eu começo em voz baixa.
— Sim, querida. — Ele sorri de volta entre garfadas de purê de
batatas.
Oh inferno, é inútil desperdiçar bons enroladinhos de salsicha.
Vou tentar de novo depois do jantar. — Isso está delicioso.
Enfio a comida na boca como se o governo tivesse acabado de
anunciar uma escassez.
Depois do jantar, nos acomodamos no sofá para assistir a um
filme. Ben comprou minha sobremesa favorita, um pudim de caramelo
com chantilly.
Meu estômago gorgoleja em protesto quando mais comida é
enfiada nele do que ele pode suportar.
Ele se aconchega em mim, ignorando ou não se importando com o
barulho.
Sento-me direito. Não posso mais procrastinar.
Faça, faça, faça.
— Ben, precisamos conversar — eu digo freneticamente
enquanto tomo um grande gole de vinho.
Ele abaixa o prato. — Droga, essa é uma declaração séria. Por que
estou esperando que você só queira falar sobre a trama?
Eu sorrio tristemente. — Não, não é sobre o filme. Somos nós. Só
não acho...
— O que? — Ele me encara sem expressão.
— Que não está funcionando mais. — Eu engulo bocados de ar. —
Acho que estaríamos melhor como amigos.
Bem. Eu disse.
— O que? — Ele esfrega o rosto. — Não entendo. Por quê?
— Sinto muito — eu sussurro, meus olhos no tapete. — Eu ainda
te amo, mas é mais fraternal ou maternal agora, se você me entende.
Pequenos sons de choro vêm dele quando ele coloca a cabeça nas
mãos. Eu não suporto isso. Eu gostaria de poder retratar minhas
palavras dolorosas agora.
— Eu não quero machucar você. Ainda podemos ser amigos, é
claro, mas...
Sim, talvez possamos ser bons amigos! Sem sexo, somos mais
como amigos agora de qualquer maneira. Ele ainda pode cozinhar para
mim, se quiser. Vou até deixá-lo cozinhar os enroladinhos de salsicha.
— Você tem que trabalhar em um relacionamento, Charlie — ele
responde com uma voz cortada. — Você não pode simplesmente manter
a faísca magicamente sem tentar.
— Eu sei. Devia ter depilado mais as pernas. Parei de me esforçar.
Isto é minha culpa. — Eu assisto em desespero enquanto seu rosto se
contorce com lágrimas ameaçadoras.
— Oito meses, Charlie. Isso não significou nada?
— Claro que sim! Mas às vezes os relacionamentos simplesmente
seguem seu curso — eu digo, esfregando seu ombro.
Ele balança a cabeça. — Isso é tão inesperado.
É isso? Para ser honesta comigo mesma, o relacionamento acabou
meses atrás. Só não li os sinais.
Ele se senta. — Existe mais alguém?
— Não!
— É Stevie?
— Não — respondo, surpresa. — Você sabe que Stevie é um
amigo. Ele está saindo com Cat, pelo amor de Deus!
— Tem a ver com a minha mãe? Eu sei que ela está decidida,
Charlie, mas ela só quer...
— Não! — Eu interrompo bruscamente. Embora sua mãe agisse
como...
— Eu não sei mais o que dizer — acrescento suavemente. — Sinto
muito, Ben. — Concentro-me no tapete. — Você está certo. Eu sou uma
namorada terrível. Eu coloquei o trabalho diante de nós. Estou sempre
cansada. Eu não consigo parar de peidar. E você, você é incrível…
— Não me diga que eu sou um cara legal — ele corta
rispidamente. — Apenas deixe isso.
— Vou pegar um táxi para casa — ofereço.
Ele acena com a cabeça, um fio de lágrimas escorrendo pelo
queixo.
Há algo me incomodando, no entanto. A ideia de voltar para uma
sala cheia de suéteres e cuecas de Ben. Antes de sair, tenho que colocar
os pontos nos I's e riscar os T's.
— Ben — eu começo. — Vou devolver seus suéteres e roupas
íntimas.
Ele olha para o chão sem responder.
— Posso separar os limpos dos sujos, se quiser? — Eu adiciono
prestativamente.
— Pelo amor de Deus, Charlie, como se eu me importasse com
minhas roupas!
— Eu realmente sinto muito, Ben.
Ele responde com um sorriso tenso. — Eu sei. Não é sua culpa.
— Não é? — Eu pergunto esperançosa.
— O que você quer que eu diga? Isso eu entendo e você não deve
se culpar? — Ele enxuga as lágrimas, uma dureza em seus olhos. — Tudo
bem, não se culpe. Não se sinta culpada. Vá para casa.
— Eu me sinto culpada — eu protesto. — Mas não podemos
continuar por culpa. Não é uma base muito boa para um relacionamento.
Ele balança a cabeça e toca minha bochecha gentilmente. — Eu só
preciso de um tempo.
Eu me arrasto pelo apartamento, aspirando meus pertences em
transe. Meus chinelos fofos, minhas calças elásticas, minha garrafa de
água quente rosa.
Todas as evidências da rotina em que caímos.
Amanhã vou sair e comprar algumas calcinhas atrevidas e
calcinhas rendadas. Tenho 28 anos, quando comecei a agir como 78? É
hora de recuperar minha vida sexual.
***
É sexta-feira de manhã, então devo estar de bom humor.
Eu estaria, se não estivesse parada na chuva do lado de fora de um
estúdio de Bikram Yoga às 6h15.
Já estou ofegante por ter atravessado Londres de bicicleta para
chegar a tempo.
Suze escolheu a opção preguiçosa, o subterrâneo. Quando ela me
vê, ela exala pesadamente.
Eu olho para o meu telefone. — Onde está Cat?
— Ela não conseguiu. Ela está com neve no trabalho.
— Cat? — Eu pergunto em descrença. — Você percebe que Cat
passou três horas na segunda-feira reorganizando sua gaveta de
calcinhas por cor porque ela estava 'tão por dentro das coisas'? A cadela,
se eu tiver que passar por isso, ela também terá que passar.
— Você está certa! — Suze fica indignada. — Tudo o que pedi a
ela foi ficar em uma aula por noventa minutos. Isso não é pedir muito.
— Vamos. — Abro a porta da recepção e sou atingida pelo cheiro
de suor. — Vamos acabar logo com isso.
Após o registro, caminhamos até o estúdio e espiamos pela janela
de vidro enquanto esperamos o fim da última aula. Enquanto olho ao
redor da sala, começo a me perguntar se Suze e eu não entendemos o
código de vestimenta. Há garotas usando sutiãs e shorts tão pequenos
que tenho certeza que dá para ver os órgãos internos quando elas se
curvam. Há mais barriguinha em Kate Moss do que neste estúdio.
Quando a porta do estúdio se abre, sou recebida por uma onda de
calor que rivaliza com uma cremação.
Suze me encara com os olhos arregalados, uma gota de suor se
formando em suas sobrancelhas.
Entramos hesitantes no estúdio e encontramos uma área para
ficar o mais próximo possível da porta.
Cerca de vinte pessoas já estão deitadas de costas em tapetes de
ioga com as palmas das mãos voltadas para o teto, respirando
profundamente. Pelo menos mais dez pessoas se amontoam na sala.
Que diabos? Como todos nós vamos nos encaixar aqui?
Abro a boca, mas não entra oxigênio. É difícil respirar com esse
calor.
Meus pés começam a queimar no chão e eu pulo de um pé para o
outro.
Este não é um calor agradável, como meu retiro de sucos na
Sardenha. Ou em uma praia na Jordânia.
Está bem mais quente. Ebulição. Condições climáticas extremas
recordes. Uma sala imprópria para habitação humana.
Estou usando todas as minhas forças para não sair correndo pela
porta.
— Eles estão falando sério? — Suze sibila para mim, ficando mais
exausta a cada segundo. — Isso não está certo! É desumano!
Normalmente, eu rejeito os relatos dramatizados de atividades
esportivas de Suze, mas não posso contestar isto. Eu não aqueceria um
galinheiro a esta temperatura.
A porta se fecha e sinto meu batimento cardíaco acelerar
enquanto ondas de pânico me invadem. Não há como eu ficar nesta sala
por noventa minutos. Mas há tantas pessoas entre mim e a porta.
Ao meu lado, Suzy geme baixinho.
Fecho os olhos e digo a mim mesma que não vou morrer de
combustão espontânea.
— Bom dia, senhoras. Bem-vindas ao Bikram Yoga. — Uma
senhora baixinha com sotaque do Leste Europeu sorri ao redor da sala.
— Esta vai ser uma sessão intensa. Você pode sentir desconforto, pânico,
náusea e a sensação de querer sair correndo da sala. É uma aula
desafiadora. Os regulares já estarão familiarizados com os grandes
benefícios que esta classe oferece. Para iniciantes, peço que aceitem isso.
Não se esforce demais nas primeiras sessões.
Suze acena com a cabeça febrilmente, concordando ou como parte
de um ataque.
O instrutor anda de um lado para o outro na frente da sala. — Seu
principal objetivo esta manhã é ficar na sala por noventa minutos
inteiros. Se você fizer isso, você se sairá extremamente bem.
— Fique na sala — repito para mim mesma em voz baixa. —
Apenas fique na sala.
Nunca fui de espaços confinados. Se alguém me diz que os
banheiros estão quebrados, tenho que ir imediatamente. Se alguém me
disser para ficar calada, ficarei com a garganta seca e sufocarei de tanto
tossir. A senhora Bikram está me dizendo que preciso ficar neste calor
do Saara por noventa minutos? Meu cérebro está me mandando dar o
fora.
— Temos alguns novos titulares esta manhã. Onde está Melissa?
Uma garota ágil em um macacão balança a mão no ar.
— E Charlotte e Suzanne?
— Ah, somos nós! — Eu resmungo, levantando meu braço no ar.
Ouvir minha voz é estranho, é seco e quebradiço.
— Ok, senhoras, tenham calma. Se sentir enjoo, pare os exercícios,
sente-se no colchonete e respire pelo nariz.
Ela junta as mãos. — Certo, vamos começar a primeira postura! —
Suas mãos se estendem acima de sua cabeça. — Preguiçosos até o teto.
Siga o teto até a parede do fundo com os olhos.
— Quantas posturas existem? — Lanço um olhar desesperado
para Suze.
Ela mal consegue me responder. — Duas, eu espero.
Observamos enquanto a instrutora e a maior parte da turma se
alongam e se curvam no calor. Sigo timidamente, tentando trabalhar o
mínimo possível. Gotas de suor escorrem pelos meus braços e
encharcam meu short e calcinha. Em meus pés, gotas de suor se
acumulam nos sulcos das veias.
— Continuem avançando, senhoras. Esta é a postura de
aquecimento final. — A instrutora se inclina para a direita e minhas
colegas o seguem obedientemente. — Bom trabalho! Acabou o
aquecimento.
— Aquecimento. — Coço as gotas de suor que fazem cócegas em
meu braço. — Você acredita nisso?
Viro-me para Suze e observo boquiaberta enquanto ela pega a
toalha encharcada e se dirige para a porta, passando por cima do mar de
corpos suados.
Ignorando o chamado da instrutora, ela escancara as portas,
deixando entrar uma lufada de ar frio glorioso e, com isso, ela se vai.
A instrutora observa perplexa. — Ok. — Ela ri. — Espero que o
resto de vocês tente ficar mais tempo do que o aquecimento. Bikram não
é para todos, como podemos ver.
Risinhos reverberam pela sala, e a garota ao meu lado me lança
um olhar de soslaio.
Eu me inclino para a posição de sapo e espero que Suze tenha
desmaiado por causa do calor, porque se ela não tiver, vou nocauteá-la
quando sair daqui.
— Apenas aproveite a delícia dessa pose, relaxe as costas no belo
arco que seu corpo deseja.
Eu bufo quando o suor sobe pelo meu nariz por trás das minhas
orelhas.
— Deixe seus olhos seguirem a linha no teto, expire e sorria.
Espere... Espere — sua voz falha. — E relaxe.
Eu caio no chão em uma pilha, jogando suor na garota ao meu lado.
— Agora para baixo na posição de sapo. E solte. Deixe-se levar
pela respiração enchendo seus pulmões...
O suor jorra entre meus seios como uma represa se rompendo.
Estou escorregando em meu próprio maldito suor.
Vejo a fresta da porta e sinto uma pontada de desespero.
Mas acima de tudo, estou com raiva.
Zangada com a instrutora que anda de um lado para o outro como
uma louca praticando técnicas de trabalho de respiração, que não me
deixa sair da sala.
Com raiva de Suze por desistir de tudo o que ela já tentou porque
ela é covarde.
E com raiva de mim mesma por ter um bumbum menos elástico
do que a aposentada pulando na minha frente.
A voz da instrutora perfura meu cérebro. — Trave os joelhos.
Abaixe-se, com os dedos sob os pés, empurre e TRAVE os joelhos.
Cotovelos retos, testa no chão, TRAVE OS JOELHOS. — Ela passa por
mim empurrando meus joelhos para fora.
— Eles não se dobram mais do que isso — rosno para ela, e ela
sorri serenamente.
CAPÍTULO NOVE
CHARLIE
DANNY
CHARLIE
DANNY
— Ouça — eu retruco — Nós já conversamos sobre isso. Quero
que todos os funcionários sejam avaliados e pontuados nas próximas
duas semanas.
— Danny — Cheryl, minha chefe de RH, implora ao telefone. —
Não é tempo suficiente.
— Não está em negociação. Quero que este projeto seja concluído
rapidamente.
— Ok, mas posso perguntar qual é a pressa? — ela pergunta
suavemente. — Você nunca apressou uma aquisição como esta antes. —
Cheryl estaria em terreno instável se não tivesse trabalhado para mim
por uma década. Não sou um homem que gosta de ser questionado.
Eu suspiro. Eu não tenho uma resposta para ela. Posso dizer a ela
que meu pau não está jogando bem e preciso embrulhar isso porque sou
uma ereção ambulante?
Encerro o questionamento: — Preciso que os pacotes de demissão
sejam emitidos em dez dias. Compreende?
— Perfeitamente, senhor — ela responde em um tom cortante.
Eu desligo furioso e instantaneamente me arrependo. Não é culpa
de Cheryl.
Estou fazendo a coisa certa, mesmo que Charlie não consiga ver
agora.
O que Tristan prefere? Eu dando a sua irmã mais nova um pacote
de demissão muito generoso e um novo emprego em outro lugar ou eu
transando com ela sem sentido? Isso é o que aconteceria se
estivéssemos no mesmo escritório todos os dias. Isso terminaria em
lágrimas, provavelmente dela. Simplesmente não posso tê-la como
funcionária. Apesar da minha reputação, nunca transei com uma
funcionária.
A fusão do departamento de TI da Dunley Tech com o
departamento central da Nexus faz todo o sentido. Tristan é um homem
de negócios. Ele perdoará o primeiro, mas não o segundo.
Ela também, com o tempo.
Eu me pergunto quanto tempo ela vai andar por aí de mau humor.
Parecia que ela queria me matar esta manhã.
Meu pau aperta com a memória dela parada desafiadoramente na
minha frente, as mãos nos quadris, o peito movendo-se furiosamente
para cima e para baixo.
Ela tem sorte de não ter me esbofeteado. Eu não teria sido capaz
de controlar o desejo de jogá-la por cima do meu ombro, carregá-la para
o meu escritório, deslizar aqueles shorts molhados para baixo e transar
com ela fora do meu sistema.
Infelizmente para nós dois, sua fúria me excita ainda mais.
Eu giro o gelo em volta do meu copo de uísque.
Preciso me livrar dessa tensão antes da cerimônia de premiação,
às 19h. Eles provavelmente não vão aceitar muito bem que eu entregue
os prêmios com uma barraca nas calças.
Eu verifico meu relógio. Vinte minutos até o carro chegar. Vou
resolver o problema com minhas próprias mãos.
Literalmente.
Eu rio alto para mim mesmo enquanto abro as persianas. Eu nunca
me masturbei no escritório antes. Não precisei.
Nenhuma mulher jamais me deixou tão excitado que eu não
pudesse simplesmente deixar minha luxúria de lado e continuar com os
negócios.
Eu tranco a porta e abaixo o zíper da minha calça para liberar meu
pau duro.
Porra, estou tão pronto. Que desperdício.
É a isso que tenho recorrido. Em vez de me concentrar em uma
aquisição multimilionária, estou me fodendo em um escritório
improvisado de merda.
Envolvo meu punho em volta do meu pobre pau dolorido e
começo a acariciá-lo.
Preciso de algo para chegar lá mais rápido.
O vídeo.
No final, não tive coragem de perguntar a Tristan. Não havia
nenhuma razão plausível que eu pudesse inventar para precisar de um
vídeo de sua irmã cantando. Ele sabe quando eu estou perseguindo, e ele
vê através de mim.
Não, como um verdadeiro perseguidor, obtive acesso ao CCTV do
bar naquela noite, alegando que meu relógio foi roubado. Eles sabiam
que era um relógio de dez mil. Eles desistiram da filmagem sem discutir.
Com meu pau em uma mão, eu rolo impacientemente pelo meu
telefone com a outra.
Bingo.
Aí está aquele rosto lindo. Eu poderia olhar para aqueles olhos
verdes para sempre.
Eu abaixo o som e olho para a boca macia com os lábios deliciosos.
O que eu não faria para morder aquele lábio.
Imagino minhas mãos correndo por seu corpo, segurando aqueles
seios, minha boca mordendo e chupando aqueles gloriosos mamilos.
Abrindo suas pernas, estendendo minha mão para baixo em seu núcleo
quente; empurrando meus dedos dentro dela. Imagino fodê-la com os
dedos até que suas pernas cedam. Ouvi-la gemer enquanto ela grita meu
nome. Meu nome.
Sim. Estou perto.
Bombeio meu pau com força, observando-o inchar em minhas
mãos, meu clímax se formando.
A maçaneta da porta chacoalha do lado de fora.
Que porra?
Como está girando?
Eu tranquei.
Só que não está trancada.
A visão 2D no meu telefone se transforma em uma versão 3D
quando ela entra furiosamente pela porta, agitando o papel na frente do
rosto.
Ela para abruptamente, os papéis caindo no chão enquanto seus
olhos viajam para baixo.
— Você não bate? — Eu rosno, respirando com dificuldade.
Ela não me responde. Em vez disso, ela apenas fica lá, me
observando com a mão no meu pau.
Sua mandíbula está aberta.
Suas bochechas coradas e pupilas dilatadas me dizem que ela
gosta do que vê. Ela quer.
Um pequeno gemido escapa dela, me levando ao limite.
É tarde demais. Estou muito longe. Eu não posso parar este
acidente de trem.
Chego ao clímax forte, gemendo quando meus sucos jorram no
tecido.
Seus olhos viajam para cima e se fixam nos meus, chocados.
— Este é um escritório particular — rosno enquanto limpo meu
sêmen no lenço. — Você não pode simplesmente entrar sempre que
quiser. Você não viu a porra das persianas fechadas? Você acha que tem
direitos especiais?
Ela abre a boca para falar e a fecha.
Estou furioso. Com qual de nós, não consigo imaginar. Ela por
invadir meu escritório sem ser convidada ou eu por não ser capaz de me
impedir de gozar na frente dela.
Ela se abaixa para mexer nos papéis que deixou cair, e percebo o
quão nervosa ela está.
— Desculpe — eu digo mais suavemente enquanto ela rabisca
com o papel no chão. Eu me arrumo de volta em minhas calças. — Você
não deveria ter visto isso.
— Eu queria falar sobre o meu contrato de trabalho — ela
gagueja, olhando para o chão. — Eu voltarei quando você estiver com as
mãos livres.
Eu rio apesar da minha situação comprometedora. A garota é
atrevida, eu vou reconhecer isso.
A porta se fecha.
Eu congelo. O carro estará do lado de fora agora para a cerimônia
de premiação. Eu realmente acabei de me masturbar na frente de uma
funcionária? Na frente da irmãzinha de Tristan?
Eu expiro bruscamente. Já estive em apuros antes, em situações
em que o RH teve que intervir e tive muitos casos de difamação contra
mim, mas este é um nível totalmente novo.
Eu rio muito.
Esta poderia ser a maior foda da minha carreira e ainda a mais
excitante.
***
CHARLIE
CHARLIE
— Precisamos distraí-la, Charl. Isso vai ser bom para você. — Cat
olha para mim de forma encorajadora. — Você pode realmente
encontrar um cara decente aqui.
Estou atordoada desde que fechei a porta do escritório dele.
Estamos em um bar em Leicester Square, no centro de Londres,
esperando o início de uma rodada de encontros rápidos. Tecnicamente,
Suze, Julie e eu estamos namorando rapidamente, mas Cat e Stevie
foram juntos para observar os rituais de acasalamento de longe.
Passamos a última hora dissecando a cena em que entrei no
escritório de Danny Walker.
— Tem certeza? — elas continuaram perguntando.
— Sim, eu reconheço um pau quando vejo um — confirmei.
Elas são céticas.
Entendo; é inacreditável.
Até eu estou começando a achar que eu imaginei. Por cinco anos
eu trabalhei naquela empresa, e a maior fofoca que tivemos foi Jackie
transando com o estagiário na sala de fotocopiadora.
Em uma semana, Danny Walker invadiu a casa, me subornou para
sair, disse que eu o fazia lembrar uma stripper e se masturbou sem
querer na minha frente.
Mudamos de conversa por insistência de Stevie, que está farto de
falar sobre o belo pau de Danny Walker.
Caramba, aquele pau poderia ser a estrela de uma série de TV.
— E o sueco? — Suze me cutuca. — Foco, Charlie. Pare de pensar
em Danny Walker.
Eu balanço minha cabeça. — Não. Ele ficou em silêncio.
Stevie ri. — O que você fez desta vez?
— Não tenho certeza. — Tomo um gole do meu vinho, pensando.
— Ele me perguntou o que eu queria fazer em nosso encontro e enviei a
ele um link para uma aula de taxidermia no leste de Londres. Não tive
notícias dele desde então.
Há silêncio.
— Taxidermia? — Cat repete lentamente.
— Como no que o cara fez em Psycho? — Stevie entra na
conversa.
Eu concordo. — Sim é isso. Taxidermia, animais empalhados.
— Oh. O que você estaria recheando?
Eu dou de ombros. — Um rato. Eu vi isso no Timeout. Achei que
ele pensaria que eu era uma aventureira. Lembra do nosso pacto de
'tentar tudo uma vez'?
Cat franze a testa. — Você nunca me disse que se interessa por
taxidermia.
— Você disse ao cara sueco? — Stevie balança a cabeça.
Sento-me defensivamente. — Se eu não posso ser honesta, não faz
sentido persegui-lo. Se ele não for homem o bastante para isso...
— Provavelmente é melhor manter um pouco de mistério às
vezes, Charlie — ele se intromete. — Considerando que você ainda não
conheceu o cara. Para o próximo cara, apenas diga que as bebidas estão
boas. Atenha-se ao roteiro. Melhor não mencionar nada sobre seus
hobbies.
Solto um bufo. — Então, um ratinho morto assusta os caras?
Ele olha para mim como se eu fosse uma idiota. — A maioria dos
caras não gosta de mulheres que dissecam coisas. Faz com que pensem
que existe a possibilidade de a mulher se tornar nuclear e um dia cortar
seu pau com raiva.
Eu paro. — Pode não ter sido a taxidermia.
— Tem mais? — Julie late.
Os quatro me olham hesitantes. — Doce Jesus, você não contou a
ele sobre as hemorroidas, não é?
Eu olho de volta para eles. — Não! De qualquer forma, todo mundo
fica com hemorroidas uma vez na vida!
Cat se vira para Stevie. — Não eu, só Charlie.
Ele brinca com ela acenando com a cabeça, em seguida, se vira
para mim. — Suas técnicas de paquera são terríveis.
— Se ele te conhecesse, ele perceberia o quão boa você é. — Cat
esfrega meu braço. — Mas Stevie está certo, quando um cara conversa
por mensagem de texto, talvez você devesse apenas falar sobre ir jantar
ou algo assim. Não deixe que ele veja como você realmente é.
Suze concorda com a cabeça. — Você se sai melhor pessoalmente.
Eu sei. — Isso se as pessoas seguirem e me encontrarem. Eu juro,
neste dia e idade de namoro online, as pessoas são descartáveis. Todos
esses homens fazem planos e não seguem adiante. Eu tive tantos caras
no Tinder entrando em contato comigo, e vamos conversar por alguns
dias para frente e para trás, então bum! Nenhuma coisa!
Stevie olha para nós com conhecimento de causa. — Isso porque
os homens estão usando o fator de probabilidade. Eles não dizem sim
apenas para quem gostam, eles dizem sim para todas. Se a taxa de
sucesso for de 20%, eles precisam dizer sim a quatro mulheres.
— Isso é nojento — eu digo, indignada. — E você não pode contar.
— Talvez você não seja imunda o suficiente? — Suze pergunta. —
Você já pensou em enviar fotos nuas? Você poderia cortar sua cabeça,
então ninguém saberia que é você.
Eu engasgo com o meu vinho. — Não vou tirar selfies nuas, Suze.
Cat balança a cabeça. — Não entendo. O que aconteceu com os
velhos tempos de conhecer alguém em um pub? Agora as pessoas
preferem pesquisar fotos do que falar com alguém pessoalmente.
— Estamos vivendo nossas vidas online e estou farta disso. — Eu
suspiro. — Teria sido tão romântico se Richard Gere encontrasse Julia
Roberts em um aplicativo pornô?
Cat ri. — Ou Ryan Gosling encontrar Rachel McAdams através do
Snapchat?
— É muito! O cara com quem eu estava conversando no Tinder,
não nos conhecemos, e ele me pergunta se eu quero me tornar amigo no
Snapchat. Por que, eu pergunto? Porque podemos enviar fotos um ao
outro. Mas de que adiantam as fotos? Não consigo falar com uma foto.
— Falando em aplicativos e hobbies, amanhã colocaremos suas
músicas no OpenMic — diz Cat com firmeza. — Estamos conversando
sobre isso há muito tempo, Charlie. E isso é algo que você diz em um
encontro, não taxidermia.
Reviro os olhos. — Tudo bem.
Estamos conversando sobre colocar minhas músicas no OpenMic
há um ano. É um novo aplicativo onde as pessoas podem avaliar sua
música. As avaliações me assustam. Não quero ser julgada e avaliada.
Meu público-alvo, amigos da minha mãe, não está no OpenMic. Mas
preciso calar Cat de uma vez por todas.
Talvez possamos colocar as músicas no ar, então eu as tirarei
escondida um dia depois.
***
Trinta minutos depois, Suze, Julie e eu dividimos uma mesa de bar,
esperando o início da primeira rodada de encontros rápidos. As
mulheres sentam-se em lugares designados enquanto os rapazes rodam.
Recebemos cartões de pontuação onde escrevemos os nomes dos caras
e uma área para adicionar comentários, e todos temos que usar crachás.
Tão clínico.
O primeiro cara se senta na minha frente. Ele é baixo, de terno e
usa óculos. Não é meu tipo, mas fico feliz em bater um papo por dois
minutos.
— Oi. — Eu sorrio.
Ele olha para o meu crachá em vez de encontrar meu olhar. —
Desculpe, não consigo ler isso. Você poderia mover seu braço?
Esse cara é de verdade?
— Você poderia me perguntar meu nome em vez disso? — Eu
sugiro.
Ele tenta ver além do meu braço, que eu me recuso a mover.
Eu o vejo escrever 'Charlie' em uma caligrafia muito clara.
— Charlie. — Ele se senta ereto, empurrando os óculos para cima
do nariz como se estivesse fazendo uma inspeção. — Você trabalha com
o que?
Estou entediada agora e não passou nem um minuto. — Eu
trabalho com TI.
Ele acena com aprovação e escreve 'TI' na seção de comentários
ao lado do meu nome. Claramente, marquei uma caixa em sua lista de
verificação.
— Ótimo, e qual é a sua cor favorita?
Eu o encaro. — Por que? O que você pode fazer com essa
informação? — Não tenho uma cor preferida, depende do meu estado
de espírito.
— Vamos continuar. Animal favorito?
Doce Jesus, estou sendo entrevistada por uma criança de quatro
anos.
— Meu animal favorito? Para fazer o quê, comer? Raça? Andar?
Taxidermia?
Ele olha para mim, esperando.
— Você quer uma resposta definitiva? Tudo bem. Rato.
Seus olhos se estreitam.
Um telefone apita.
— É o sino tocando? — Eu pergunto com arrependimento fingido.
— O tempo acabou, eu acho.
— Não, é um telefone — ele diz sem expressão. — Você gosta de
viajar?
Eu olho para Julie, que forçou isso em mim.
— Vinte e cinco libras, porra — murmuro quando ela chama
minha atenção. — Sim, eu gosto de viajar.
Eu volto para o meu encontro. Preciso que este sino toque.
— Onde você esteve?
— Na minha vida?
Ele concorda.
— Você quer que eu liste todos os países em que estive na minha
vida?
Ele está esperando.
— Certo, bem, que tal eu diminuir o escopo para este ano, certo?
Índia e Seattle.
Nossa vibrante conversa é interrompida pela campainha para
sinalizar que passamos para o próximo encontro.
Olho para o cara deixando Suze para se juntar a mim. Ele parece
ter dezoito anos.
Jesus Cristo.
Temos vinte homens para passar. Vai ser uma longa noite.
***
Apesar de nossos melhores esforços, o encontro rápido não nos
entrega os homens dos nossos sonhos, então voltamos para casa de
mãos vazias às 23h.
Não teria importado se uma estrela de cinema de Hollywood
tivesse marcado um encontro; ver Danny Walker em toda a sua glória
feroz e nu agora arruinou minha futura vida amorosa. Cada pau além
desse ponto será abaixo do ideal.
Minha mente ainda está correndo com os eventos bizarros do dia.
Eu soluço alto. Estou bêbada depois de recorrer a uma rodada de
doses para passar pelos últimos cinco encontros rápidos.
Viramos a esquina para o nosso apartamento e paro
abruptamente na calçada, fazendo Cat andar atrás de mim.
— Caramba, Charlie, cuidado.
Há um Aston Martin preto estacionado em frente ao apartamento.
Na nossa rua, sobressai uma milha.
Meu batimento cardíaco acelera. Reconheço o número da placa da
casa de Tristan.
Ele está aqui.
Por que ele está na minha rua? Ele sabe que eu moro aqui? Ele está
quebrando tantas regras em um dia; é o sonho molhado de um tabloide.
Meu sonho molhado também.
Felizmente estou usando o vestido preto.
Subo os degraus até o apartamento com as quatro conversando
inconscientemente ao meu redor, alheios às palpitações do meu
coração. Não consigo me concentrar em uma palavra que eles estão
dizendo.
— Cat — murmuro sem mover meus lábios. — Pegue suas chaves
AGORA.
— Tudo bem, fique de calcinha — ela bufa, remexendo em sua
bolsa.
Eu olho fixamente para o apartamento e ignoro o Aston Martin.
Não tenho coragem de olhar para o motorista; meus joelhos
podem ceder. Este é o meu território. Ele não deveria estar aqui. Eu
posso lidar com ele em bares chamativos ou falando no palco em
eventos, não aqui fora do meu apartamento.
Uma vez que estamos no corredor, eu bato a porta fechada,
desmoronando contra ela.
E agora? Saber que ele está a metros de distância é provocar um
ataque de angina. O que diabos ele está fazendo aqui?
Ele está aqui para me emitir uma ordem liminar para me impedir
de falar sobre o que eu encontrei quando entrei? Ou entregar
pessoalmente um P454? Nunca estive nessa situação, mas tenho certeza
de que a culpa é dele. OK, entrei sem bater, mas não esperava que um
pau nu estivesse à mostra.
É uma empresa de tecnologia, não um barzinho.
É legal se masturbar em um escritório? Independentemente se ele
é o dono da empresa? Não tenho tempo para consultar a advogada
residente, Julie.
Ele sabe que estou aqui. Eu não estou tão preparada para isso.
Tudo o que eu disse antes era conversa de adulta, blefes vazios, conversa
fiada.
Com certeza, a campainha toca. Ele não perde tempo.
Eu congelo, segurando o lado de dentro da porta.
4
P45 é o formulário que uma pessoa recebe ao deixar um emprego.
— Você pediu comida para viagem? — Cat entra no corredor e me
encara interrogativamente. — Ela não abre encostando nela, você sabe.
— Cat — eu hiperventilo. — É Danny Walker.
Ela para no meio do passo. — Aqui?
Nossos olhos se arregalam quando ouvimos outro zumbido
persistente.
— Como você sabe que é ele?
— O carro estava lá fora.
— Oh. — Sua boca se abre. — Você vai deixá-lo entrar?
— Não sei. — Eu engulo, olhando para ela. — Minha cabeça está
girando com as bebidas. Não consigo pensar direito.
A campainha toca novamente.
Julie corre para o corredor. — Quem diabos está zumbindo?
Cat olha para ela significativamente. — É Danny Walker.
— Aqui? — Julie late.
Eu aceno, mordendo meu lábio.
— Interessante. — Ela sorri. — Droga, garota, você o pegou pelas
bolas! Pegue elas!
— Eu não sei o que isso significa — eu sussurro de volta.
— Significa assumir o controle, Charlie — diz Julie, incrédula,
abrindo um botão do meu vestido preto. — Este é o seu território.
Seduza-o.
Antes que eu possa impedi-la, Julie se inclina sobre mim e aperta
o botão para abrir a porta.
— E tire essas calcinhas enormes, pelo amor de Deus! — ela fala.
— Ele vai ver para que você não tenha uma marca da calcinha. Funciona
sempre.
Eu ouço a porta da frente da casa abrir e fechar, então passos
pesados sobem as escadas.
Há uma batida forte na porta do nosso apartamento.
Cat corre pelo corredor, sorrindo, seguido por Julie balbuciando
'tire-a'.
Na ausência de uma estratégia bem pensada, tiro minha calcinha
e a enfio atrás do aquecedor.
Do outro lado da porta, ele pigarreia com mais do que uma pitada
de impaciência.
Eu furtivamente recuo alguns passos para o corredor para fingir
que não estou me escondendo atrás da porta, então dou passos ruidosos
e deliberados de volta para a porta.
Tentando desacelerar minha respiração, deslizo o trinco e abro a
porta, encontrando seu olhar de frente.
— Danny? — Eu digo, minha voz saiu muito alta.
Ele está vestindo seu terno azul sob medida do trabalho, menos o
paletó. A camisa branca está enrolada até os cotovelos, mostrando seus
lindos braços bronzeados cobertos de pelos escuros.
Seus olhos percorrem meu corpo e voltam a subir, um sorriso
cínico alcançando-os enquanto ele fixa seu olhar em meu rosto.
Eu sinto isso no meu estômago.
— Bonito vestido. Combina com você.
— O que você está ... por que você está aqui? — De pé na porta,
mudo meu peso de um pé para o outro.
Ele parece surpreso. — Estou aqui para me desculpar.
Nem um único encontro rápido chegou perto de me fazer tremer
como essa voz escocesa seca faz.
Suas sobrancelhas se erguem. — Posso entrar?
— Creio que sim. — Abro mais a porta e ele me segue pelo
corredor.
Stevie e as meninas estão sentados paralisados no sofá, escutando
descaradamente. Eles também podem ter pipoca nas mãos.
— Sr. Walker — Stevie murmura, os olhos como pires.
Ele os cumprimenta com um breve aceno de cabeça e então se vira
para mim. — Podemos ir a algum lugar privado?
— Temos apenas uma sala de estar. Então terá que ser meu
quarto?
Hesitação pisca em seu rosto, então ele acena em consentimento.
— OK — eu grito, visualizando mentalmente o estado do meu
quarto. — Por aqui.
Ele segue atrás de mim, o cheiro de sua colônia enchendo o
corredor. Porra, isso é delicioso.
Abro a porta do quarto. É pior do que eu imaginava. — Eu não
estava esperando visitas.
Eu estremeço quando seus olhos examinam o quarto. Há roupas e
calcinhas misturadas com sapatos e livros espalhados pelo chão. Como
se eu estivesse boicotando guarda-roupas.
— Sente-se. — Eu aceno para minha poltrona rosa no canto.
Ele levanta uma coluna de calcinhas grandes da poltrona,
segurando-as em suas mãos. — O que você gostaria que eu fizesse com
isso?
Merda. Minhas calcinhas da época do mês. Ninguém nesta terra
deve ser exposta a elas, exceto eu.
— Vou pegar isso — eu digo, arrancando-as dele e empacotando-
as debaixo de um travesseiro.
Ele se espreme em minha cadeira delicada, parecendo totalmente
deslocado, suas pernas grossas se abrindo para fora.
Ele é muito grande, muito viril, muito avassalador para o meu
quarto. Percebo que este é o primeiro homem de verdade que tenho
aqui.
Sento-me ao lado da cama, de frente para ele, muito consciente do
meu estado sem calcinha. Se eu mover minhas pernas, ele verá tudo.
— Bebida? — Eu pergunto, tentando soar casual.
— Não. Estou bem. Eu tenho uma chamada de trabalho depois
disso. Não posso beber mais esta noite. — Ele sorri educadamente,
recostando-se na cadeira.
Depois de quê?
Eu o observo, sem saber para onde ir a partir daqui, então quebro
o silêncio. — Você saiu esta noite?
Sua camisa parece amassada e há um leve cheiro de uísque vindo
dele. — Fiz o discurso de abertura em uma cerimônia de premiação de
empresa — explica ele casualmente. — Em Canary Wharf.
Claro, ele fez.
Apresentar em uma cerimônia de premiação é apenas mais uma
noite para ele. Não é diferente dos filmes ou de um takeaway5.
— Vê alguma empresa que deseja assumir?
— Algumas — ele responde impassível, meu tom sarcástico
desperdiçado com ele. Ele me estuda com uma pitada de suspeita. —
Onde você estava esta noite?
— Em um evento de encontros rápidos de dezoito a trinta e
poucos anos — eu admito.
— Dezoito para trinta — ele repete lentamente. Algo brilha em
seus olhos, aborrecimento, talvez? Ele se foi antes que eu possa decifrá-
lo. — E o cara, Ben?
— Não estamos mais juntos. — Meu estômago vibra. — Estou
solteira — acrescento para evitar dúvidas.
— Eu vejo. — Ele olha para mim com uma expressão ilegível. —
Viu alguém de quem você gostou... neste evento de encontros rápidos?
— Não. Ninguém me interessou. — Não como você, a julgar pela
crescente excitação entre minhas pernas enquanto minha carne nua cria
atrito com a cama.
— Prefiro homens mais velhos — anuncio com bravura
alimentada por Tequila. — Alguém duro, rude, mandão. Alguém que vai
me colocar no meu lugar.
Pegue a dica, cara.
Seus olhos escurecem.
— Você está melhor com alguém da sua idade.
Eu aperto minhas pernas juntas para esconder minha excitação.
Eu sei que não estou imaginando isso. A corrente sexual no quarto
poderia ser cortada com uma faca.
Ele está tão desequilibrado quanto eu.
Um som vem de seu bolso e nós dois olhamos para a interrupção
enquanto ele luta para recuperar seu telefone.
5
Qualquer nova informação obtida de uma palestra , entrevista ou outra apresentação de mídia, etc.,
que pode ser de valor exponencial quando posta em prática ou utilizada.
— Desculpa. — Ele muda o telefone para o modo silencioso. — Há
uma chamada crítica com os Estados Unidos esta noite.
— Atenda se quiser — eu ofereço, mas ele acena para mim com
desdém.
— Tudo bem. Vou sair logo e lidar com isso.
Se esta é uma visita passageira, por que ele está aqui?
— Entendo. — Percebo-me. — Você veio aqui para me calar sobre
hoje. Para ter certeza de que não vou denunciá-lo ao RH.
Ele franze a testa, levantando uma sobrancelha para mim. — Não
estou preocupado com isso. Você entrou no escritório do CEO sem
avisar. — Um sorriso ameaçador ameaça seus lábios. — Na verdade, eu
poderia te dar uma advertência.
— Para me impedir de contar a Tristan então — eu digo, irritada.
— Obviamente, seria preferível que ele não descobrisse, mas não,
não é por isso que vim aqui.
Meus olhos seguem sua mandíbula enquanto ele passa a mão
sobre sua barba por fazer.
— Estou aqui para me desculpar. Eu não deveria ter colocado
você nessa posição. Minhas ações foram indesculpáveis. Só quero que
saiba que não é algo que faço no escritório. Foi um caso único.
Seus punhos se fecham nas laterais da poltrona.
— Eu nunca quis que você entrasse nisso. — Sua voz está tensa.
— Eu tranquei a porta. Ou melhor, pensei que tinha.
— Eu não deveria ter invadido — eu admito, cruzando os braços
e minhas pernas. Eu não consigo ficar parada. Não quando ele está aqui
no meu quarto.
— Em minha defesa, você poderia ter fechado a porta
imediatamente. — Seus lábios se contraem ligeiramente. — Se você
contar a Tristan, terá que explicar a ele como ficou até o fim.
— Eu queria ver em que parte do vídeo você terminaria — eu
respondo.
Ele xinga baixinho. — Eu não pensei que você tivesse visto isso.
Pela primeira vez desde que o conheço, vejo um rubor em suas
bochechas. Não está tão seguro de si agora, não é, Sr. Walker?
— Era eu, certo? — Eu sondei, precisando ter certeza.
Seus olhos escurecem quase pretos enquanto ele olha para frente
e para trás entre os meus. — Você sabe que era você.
Engulo o nó na garganta. — Como você conseguiu o vídeo?
Ele faz uma longa pausa. — Perdi meu relógio e pedi ao bar uma
filmagem. Por acaso você estava nele.
Eu olho para o relógio caro seguro em seu pulso e levanto uma
sobrancelha.
Agora estou confiante de que não estou imaginando isso. A
química aumenta entre nós, e ele sente isso tanto quanto eu. Ele me quer
tanto quanto eu o quero.
— Por que você estava assistindo a um vídeo meu? — Eu
sussurro, já sabendo a resposta. — Aquela filmagem era minha, e não
sou uma ladra de relógios.
Sua mandíbula quadrada aperta. — Acho que você sabe por quê,
Charlie. Preciso responder a isso?
Eu me contorço, criando atrito com a cama contra meu clitóris
exposto. Não usar calcinha levou meu núcleo a pensar que estarei sendo
fodida por ele esta noite, e estou tão pronta, tão inchada de desejo que
poderia explodir apenas me esfregando contra a cama.
Ele ainda nem me tocou.
Nossos olhos se encontram, e eu sei que ele está tendo os mesmos
pensamentos carnais que eu. Ele quer me foder aqui o mais forte que
puder.
— Diga — eu sussurro.
Ele olha para mim com os olhos semicerrados, o quarto tão
silencioso que posso ouvir sua respiração ofegante.
Eu abro minhas coxas ligeiramente. Apenas o suficiente para dar
a ele uma provocação, estilo de instinto básico. Nunca fui tão descarada
antes, nem mesmo com namorados.
Seus olhos caem para baixo e um gemido torturado irrompe de
sua garganta. — Pare com isso, Charlie. Você está bêbada.
— Parar o que? — Eu faço beicinho inocentemente, notando com
prazer suas calças esticando com uma protuberância crescente.
Eu balanço minhas pernas inocentemente para o lado da cama.
— Que porra você está jogando? — ele sussurra com a voz rouca,
se contorcendo no assento. — Isso não vai acabar bem.
— Responda-me — eu exijo, meus olhos grandes. — Por que você
estava assistindo aquele vídeo?
Ele olha para mim, os nós dos dedos cerrados ao redor da cadeira.
Olho para suas mãos grandes e calejadas e penso no que elas
poderiam fazer entre minhas pernas.
— Porque eu estava imaginando você curvada sobre minha mesa,
eu profundamente dentro de você, dando-lhe o melhor orgasmo que
você já teve em sua vida.
Eu paro de respirar. As palavras enviam um choque elétrico direto
para o meu clitóris.
Eu o quero enterrado profundamente em mim agora. Eu preciso
que ele me foda com tanta força que implorarei para ele parar. Eu
preciso dele para me fazer gozar tão alto que toda a rua me escute.
O telefone acende em seu joelho quando outra ligação chega.
— Coloque uma calcinha, Charlie — ele ordena, seus olhos quase
me implorando. — Antes de fazer algo de que me arrependo.
Eu sorrio de volta para ele. — É o meu quarto. Não acho que sua
autoridade se estenda a mandar em mim aqui.
— Não me provoque — ele rosna, seus lábios formando uma linha
fina. Sua boca diz uma coisa, mas a enorme tenda em suas calças diz
outra.
Eu me levanto da cama e dou um passo em direção a ele. Antes que
eu perca a coragem, pego a mão dele, abrindo os dedos cerrados.
— Não é justo me privar do meu melhor orgasmo de todos os
tempos — digo baixinho, arrastando sua mão pela minha perna nua.
— Pare, Charlie. — Ele congela quando sua mão se aproxima da
parte interna da minha coxa. — Isso não está acontecendo.
Eu o ignoro.
— Quero dizer, pare — ele repete, com a voz tensa, fazendo uma
meia tentativa de remover a mão.
Seu corpo discorda quando ele abre as pernas para que eu possa
ficar entre elas.
Eu levanto meu vestido para que ele fique em volta da minha
barriga, e empurro minhas coxas contra seus joelhos o máximo que
posso. Agora ele pode ver tudo. Estou rosa, inchada e encharcada.
— Você está encharcada — ele geme, passando a língua sobre os
dentes.
— Eu estive molhada desde que vi meu chefe em uma posição
comprometedora hoje — eu sussurro enquanto ele olha hipnotizado
para minha fenda. — Eu tenho fantasiado sobre isso desde então.
A lona em sua calça se estica contra o tecido, e ele estremece,
fechando os olhos na tentativa de se recompor. — Você vai ser a minha
morte.
Quando ele os abre novamente, ele olha para mim com uma
necessidade carnal tão pura que um suspiro me escapa. — Abra bem sua
boceta — ele rosna. — Deixe-me ver.
Estou tão carente que obedeço sem objeções, abrindo minha fenda
com os dedos.
— Sim — ele geme, incapaz de desviar os olhos. — Essa é a visão
mais bonita que eu já vi.
Meus músculos da boceta apertam enquanto me imagino
envolvendo seu pau grosso, engolindo-o.
— Charlie — ele sussurra sombriamente, seus olhos segurando
os meus. — Você está tão pronta para mim.
Estou tão pronta para ele que é embaraçoso. Eu nunca estive tão
excessivamente excitada, tão desesperada por um homem. Nada mais
importa além da minha necessidade de gozar forte aqui e agora, para
deixá-lo sem dúvida sobre como ele me deixa uma bagunça quente,
trêmula e excitada.
Seu telefone vibra novamente com raiva em seu joelho.
— Cai fora, Karl — ele murmura, atirando no chão.
Com uma mão, eu seguro meu vestido enquanto minha outra mão
corre timidamente sobre minha fenda. — Eu nunca fiz isso na frente de
ninguém antes — eu sussurro em um momento de insegurança.
— Foda-se. — Sua mandíbula aperta com força enquanto ele tenta
reprimir a luxúria indiscutível que o mantém em turbulência. — Essa é
a maldita coisa mais sexy que eu já ouvi.
Eu deslizo meus dedos dentro e fora da minha umidade, deixando
escapar um gemido suave enquanto imagino seus dedos me explorando,
me fodendo.
— Boa menina. Faça isso por mim — ele rosna. — Empurre seus
dedos mais fundo em sua boceta.
Eu empurro mais fundo, minha respiração ficando mais curta e
mais rápida enquanto minha cabeça rola para trás.
— Não. Olhe para mim — ele faz uma careta. — Você precisa olhar
para mim quando gozar.
Concentro meu olhar de volta nele enquanto enfio dois dedos em
minha carne inchada novamente, gemendo alto.
Ele olha para mim como se tivesse acabado de receber o dom da
visão.
Abro mais minhas coxas, indo mais fundo com meus dedos, o som
da minha excitação ficando mais rápido e pesado no ar, consumindo nós
dois.
Meus dedos encontram meu clitóris inchado e esfrego meu ponto
mais sensível de forma que ele possa ver como está rosado e excitado.
Quanto está inchado para ele.
Seus olhos permanecem fixos na minha abertura.
— Danny — eu imploro. — Quero ver você. Quero ver o quanto
você está excitado.
Ele suga a respiração e fecha os olhos. — Se eu tirar meu pau, ele
vai entrar em você. — A ameaça em sua voz me faz estremecer. — Não
vou conseguir parar.
Minhas pernas tremem enquanto meus movimentos circulares
ficam frenéticos e furiosos, meus gemidos rápidos e desesperados. — Eu
quero sentir você — eu digo sem fôlego. — Estou tão perto.
Ele exala pesadamente e se contorce no assento, seu comprimento
estourando para ser colocado para fora da calça do terno. — Eu quero
— ele sussurra, colocando a mão sobre seu pau duro. — Mal pra caralho.
O olhar em seus olhos de luxúria crua e animalesca me leva ao
limite.
— Foda-me, Danny, por favor — eu grito, à beira de quebrar. —
Eu quero você dentro de mim.
Seus olhos se espremem em fendas finas enquanto ele luta para se
controlar.
O som de seu telefone vibra repetidamente no chão.
Deixo escapar um grito final quando minha excitação borbulha
fora de controle e caio em cima dele. Eu fecho meus olhos, respirando
com dificuldade.
Enterrado sob o meu cabelo, eu o ouço tentando estabilizar sua
própria respiração áspera.
— Você acabou de me arruinar para sempre — ele rosna abaixo
de mim. — Nunca vou me recuperar dessa porra.
Eu me endireito, sorrindo, com uma corrida pós-orgasmo.
— Charlie. — Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos
enquanto o telefone nunca para. — Eu preciso responder a isso.
Levantando o telefone, ele se levanta e me empurra gentilmente.
Ouço a voz furiosa de Karl ao telefone. — Que porra é essa, cara?
— Karl ruge. — Onde você está? Você deveria estar na ligação há dez
minutos. Você está tentando estragar essa porra de negócio de cinco
milhões de libras?
Os olhos de Danny se conectam com os meus enquanto ele faz uma
careta. — Calma, Karl, estarei no ar em cinco minutos. Vou para o carro
agora.
— Você está fazendo esta teleconferência na porra do seu carro,
Danny? — Nunca ouvi Karl tão zangado e definitivamente nunca o ouvi
gritar com Danny antes. — Por que você não está em seu home office? A
coisa dos prêmios terminou há duas horas! Onde diabos você está? Você
sabe como isso parece pouco profissional?
— Dê-me um minuto, Karl. — Ele muda para mudo, sua expressão
de dor e perturbada enquanto ele trava os olhos nos meus. Sua voz muda
para um tom suave: — Eu realmente tenho que ir, Charlie.
— Tudo bem. — Eu sorrio. — Mas caso você esqueça…
Eu pego a mão dele e passo ao longo da minha abertura, ainda
molhada de excitação.
Ele geme, então suas mãos agarram a parte de trás do meu cabelo
e puxam minha boca para a dele, atacando-a furiosamente com seus
lábios.
Eu abro minha boca em resposta, minha língua encontrando a dele
com a mesma fome que ele empurra na minha. Eu sinto seu pau duro
contra a minha barriga, e ele empurra um dedo profundamente em meu
núcleo, fazendo-me chorar em sua boca.
— Parece que você quebrou sua promessa de não tocar — eu
gemo baixinho.
Ele libera seu dedo molhado entre minhas pernas. — Parece que
eu fiz.
Então ele passa pela porta com um furioso Karl repreendendo-o
ao telefone, deixando-me uma bagunça pegajosa.
CAPÍTULO DOZE
DANNY
DANNY
CHARLIE
CHARLIE
Eu me levanto na cama.
Não, não, não, o que eu fiz?
Danny estava com Jen antes de vir para cá e agora vai voltar para
ela? O que foi isso, uma rápida visita de foda de dedo?
De repente me sinto estúpida... e suja. Não é como se eu esperasse
que fôssemos exclusivos depois de nosso breve interlúdio esta noite,
mas certamente pular entre duas mulheres no mesmo dia é contra as
regras?
Sacanagem.
No entanto, não posso nem culpá-lo. Mais uma vez, eu me joguei
sobre ele. Claro, ele não iria me impedir.
Suas palavras ecoam na minha cabeça. Ele me avisou, mas eu o
ignorei.
Há uma razão pela qual Tristan me avisou para ficar longe de você.
Ele me conhece muito bem.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Preciso me recompor antes
que ele volte. Eu ouço a descarga do banheiro e pego meu short, me
atrapalhando para colocá-lo nas minhas pernas.
Eu não quero ter essa conversa. O que eu diria? Não era como se
eu não soubesse que ele estava com Jen. Ele nunca mentiu para mim.
Antes que ele possa entrar, abro a porta do quarto.
— Ei. — Ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e
sorri.
— Olha, você precisa ir embora — eu respondo apressadamente.
— Isto é um erro.
Ele congela na porta, perplexo. — O que aconteceu enquanto eu
estava no banheiro?
Eu me movo para o corredor evitando-o, mas não antes que ele
agarre meu braço.
— Charlie? — Sua testa franze em uma carranca profunda. — Não
entendo.
Claro que não, ele é um profissional em casos casuais. Tentar
explicar por que tenho uma personalidade dividida envolveria admitir
sentimentos que estão borbulhando há uma década. Mas eu não posso
fazer isso. Não vou deixar Danny Walker me ver chorar.
Soltando meu braço, eu ando pelo corredor. — Vamos esquecer
que isso aconteceu, Danny.
Eu ouço seus passos me seguindo até a sala de estar.
Julie, Cat e Stevie congelam no meio da frase.
— Podemos conversar sobre isso em particular? — Ele exige,
olhando para mim e ignorando os outros. — O que diabos está fazendo
você explodir tão quente e frio?
Eu lancei meus olhos para baixo. — Fui pega no momento, mas
isso não é uma boa ideia. Podemos deixar por isso mesmo?
— Você poderia dizer isso na minha cara em vez de para o sofá?
— Você pode, por favor, ir embora? — Eu olho para ele suplicante.
Se ele não for, vou desabar na frente dele.
Danny me observa com uma carranca profunda no rosto enquanto
a sala fica estranhamente silenciosa.
Julie e Cat sentam-se eretas no sofá prendendo a respiração, como
se, se não se mexessem, fossemos esquecer que estavam ali. Até Stevie
se senta timidamente no canto do sofá. Eles trocam olhares entre eles.
— É sobre o relatório de interrupção? — Danny pergunta em um
tom nivelado. — Você quer que eu pegue leve com você?
— O que? — Sério? Ele realmente acha que eu sou tão infantil? Eu
olho para ele incrédula. — Não. — Meus lábios formam uma linha fina,
sem recuar.
Depois de uma eternidade, ele exala com força. — Tudo bem. O
que você quiser.
Os outros três me encaram boquiabertos enquanto ele corre pelo
corredor até o meu quarto.
— O que diabos aconteceu… — Cat grita, parando no meio da
frase quando ele reaparece com o paletó pendurado no ombro e o
telefone na mão.
— Se você descobrir, pode me esclarecer — ele murmura, seus
olhos escuros tentando fazer contato com os meus. — Ao invés dessa
foda mental.
Mexendo no cordão do meu short, forço um sorriso. — Tchau
Danny, sinto muito por esta noite.
— Eu não sinto muito — ele responde com os dentes cerrados.
Concentro-me no apoio de braço.
Deixa. Apenas saia.
A sala está congelada em uma pose estranha. Julie e Cat olham
para a TV, embora o som esteja desligado. Stevie afunda no sofá na
tentativa de desaparecer do chefe do chefe de seu chefe.
Danny está parado com os braços cruzados na minha frente,
exigindo que eu olhe para ele. — É sério isso, Charlie? — ele finalmente
pergunta em um tom tenso. — O que diabos acabou de acontecer?
— Um erro — eu resmungo.
— Mentira — Danny grita de volta, batendo a mão contra a parede
e fazendo nós quatro pularmos.
Ele respira com raiva. — Charlie? — ele rosna enquanto abre a
porta. — Entre em contato comigo quando você crescer.
***
— Vamos pegar esse filho da puta.
— Não tenho certeza, Julie. — Eu caio no sofá. — Eu só quero
esquecer todo o calvário.
Ela estala os lábios em insatisfação. — Você percebe que aquele
idiota sujo está fodendo com ela agora?
— Não — eu choramingo, segurando meu peito com força.
Ela reclama de mim. — Você está deixando ele tratá-la como uma
prostituta. Ele não disse que você parecia uma stripper?
— Ela está certa — Cat entra na conversa. — Ele tenta se livrar de
você da empresa, então ele faz de você uma tola, parando para uma
rapidinha.
— Para ser justa, eu tirei mais proveito hoje à noite do que ele —
eu aponto humildemente.
Cat geme. — Nós sabemos, nós ouvimos.
— Desculpa. — Minhas bochechas coram.
— Bobagem — Julie retruca. — Se ele tivesse a chance, ele teria
te fodido, mas você viu a mensagem. Você quer ser a ligação de uma
hora? Você?
— Não — eu respondo em voz baixa enquanto bato meu dedo no
tapete.
Stevie balança a cabeça. — Honestamente, Charlie, não há como
disfarçar. Parece que você foi uma parada. Você tem que admirar o cara
por sua resistência. Duas em uma noite na idade dele.
— Obrigada, Stevie. — Eu o cutuco com força nas costelas. — É
bom ver que você admira tanto seu novo chefe.
Eu sou tão estúpida. O que eu esperava? Levantar minha saia e ele
seria meu para sempre? Conheço a reputação dele. De Tristan, da mídia,
pelo amor de Deus. Dos meus próprios olhos. Já o vi em festas. Então,
por que ignorei os fatos?
— E se ele contar para a equipe de gerenciamento? — Stevie
pergunta. — É melhor eu não estar envolvido nisso; eu sou um cúmplice.
Meus olhos se arregalam. — Ele não faria isso.
Julie zomba: — Oh, por favor. Ele quer uma foda secundária. Agora
que você consentiu, ele revelará o que for preciso para se proteger. São
sempre as mulheres que acabam sendo desonradas. Você será
conhecida como a garota que dormiu com o chefe, e ele será o garanhão.
Ele iria?
A pequena voz na minha cabeça me lembra de sua reputação.
— Talvez você nunca mais trabalhe nesta cidade! — Cat
acrescenta dramaticamente.
Jogo uma almofada nela.
Olhando entre os três, eu abro e fecho minha boca. — O que
faríamos? Você sabe, só para assustá-lo e mostrar a ele que não sou uma
moleza?
Julie senta-se em modo de negócios. — Eu irei atrás dele por
atentado ao pudor. Você o pegou se masturbando em público. A área
cinzenta é que você invadiu a porta dele, então podemos ter dificuldade
em argumentar que foi em público. Além disso, precisamos provar a
intenção de causar sofrimento pelo ato.
Eu faço uma careta. — Eu não chamaria exatamente de
angustiante.
— Não. — Ela exala rapidamente. — Você ficou para assistir ao
show, o que enfraquece nosso caso.
— Além disso, você o convidou para seu quarto e levantou sua
saia — ressalta Cat.
— Irrelevante — retruca Julie. — Seu ato de exposição a deixou
vulnerável, e ele a seduziu. Olha — ela diz impacientemente — quando
eu estiver no trabalho, eu vou te mandar munição suficiente para provar
que você não é molenga. Pense nisso como uma briga legal dos pesos
pesados.
Eu concordo. Vou lê-las pelo valor do entretenimento. Duvido que
vou agir sobre isso.
Gemendo, Stevie balança a cabeça. — Mantenha-me fora disso.
Alguns de nós querem manter nossos empregos. Ainda recebo oito
horas por dia, mesmo sendo inútil e trabalhando apenas três.
— Então, qual é o problema dele? — Cat olha para mim com
curiosidade. — Ele é sempre tão mal-humorado. Na festa, ele estava com
uma carranca permanente no rosto.
— Eu me sinto um pouco mal por compartilhar isso — eu começo,
esfregando a borda da minha taça de vinho. — É uma história bem triste.
Ele cresceu em um conjunto habitacional em Glasgow. Seu pai era um
verdadeiro vigarista. Desaparecendo por dias, quando voltava para casa,
estava tão drogado que batia na mãe de Danny. Um dia, quando Danny
tinha cerca de quinze anos, ele voltou para casa e encontrou sua mãe
deitada em uma poça de sangue na cozinha. O pai dele atirou nela e
depois atirou em si mesmo.
Eles me encaram, paralisados.
Stevie exala. — Cristo, não é de admirar que ele seja tão... sombrio.
— Sua adolescência foi muito fodida — continuo. — Ele foi morar
com sua avó ou alguém em um vilarejo remoto na Escócia. Então ele foi
para a universidade na Inglaterra e conheceu Tristan. Eles ficaram
próximos e ele passou a passar os fins de semana em nossa casa. Depois
do que aconteceu, mamãe sentiu pena dele e ficou feliz por poder
cozinhar para outra pessoa. Ele sempre esteve lá quando eu estava
crescendo. Ele se tornou uma espécie de extensão da nossa família.
Tristan até o nomeou padrinho.
— E você é madrinha — Cat reflete.
— Pervertida. — Julie sorri. — Então você o conhece desde os dez
anos, hein? Tenho medo de imaginar os sonhos selvagens da
adolescência com ele caminhando pela casa.
— Eu não diria que o conheço — eu respondo. — Eu só conheço
sua história de espionagem quando eu era mais jovem e Tristan me
contando os trechos inofensivos. Nunca tive permissão para perguntar
diretamente a Danny.
— Mas você costumava fantasiar sobre ele, certo? — Julie
questiona.
— É claro. — Reviro os olhos. — Mega paixão.
Eu estremeço. — Quando eu tinha treze anos, ele trouxe uma
garota para jantar em nossa casa. Eu corri para o meu quarto e tive uma
enorme crise de choro. A casa inteira podia ouvi-lo da mesa de jantar.
Danny teve que vir e me dizer que eu ainda era sua garota favorita.
Pensando nisso, tivemos um relacionamento melhor quando eu tinha
treze anos — acrescento ironicamente. — Ele costumava me comprar
presentinhos. Após o desastre da transa seca em que fiz de mim mesma
uma idiota total, ele ficou distante de mim. A maior parte de sua
comunicação comigo nos últimos dez anos tem sido grunhido e
monossílabas.
Julie balança a cabeça. — Você gosta desse cara há quase vinte
anos. Você deveria seguir em frente desde sua primeira paixão.
— É por isso que sua vida amorosa está sofrendo agora —
acrescenta Cat. — Você compara todo mundo com ele.
Tomo um grande gole de vinho. — Eu não consigo agir
racionalmente quando ele está por perto. Eu me transformo em uma
maluca emocional trêmula.
Meu telefone apita no sofá.
Não brinque comigo, Charlie.
Eu li em voz alta.
— Isso é uma ameaça? — Cat grita. — O que isso significa?
Salvei o contato dele no meu telefone, não que eu precisasse saber
que era ele. Ninguém mais fala com tanta franqueza. Nenhum 'Oi'. Não.
'É o Danny, a propósito'. Sem beijos.
— Veja isso. — Eu mostro meu telefone para que eles possam ver
a foto do contato. Danny está sentado na cabine de um avião usando um
fone de ouvido de piloto. Há um vislumbre de um sorriso em seu rosto.
Cat agarra o telefone, gemendo baixinho. — Você está brincando
comigo? Diga-me que é falso antes que meus ovários explodam em uma
confusão quente. Diga-me que ele não é um piloto de verdade. O cara
pode conseguir mais indução de orgasmo?
— O sonho molhado de toda mulher. — Eu contorço meu rosto
em uma careta. — Ele tem uma licença de aeronave pequena. Acho que
ele até tem um avião na Escócia.
— Mande-me esta foto antes de eu ir para a cama esta noite.
Eu encaro Cat. — Isso não está ajudando. Então? O que eu
respondo?
— Nada — responde Julie, arrancando o telefone de Cat. — Nada
disso. Se você responder, ele saberá que está com você. Apenas deixe-o.
Não se esqueça que ele está com Jen agora, mandando uma mensagem
para você. Que babaca.
Meu coração afunda. Eu não precisava do lembrete. Eu sei de uma
coisa com certeza. Danny Walker nunca será totalmente meu.
— Esqueça o sujo Danny Walker. — Cat pega seu laptop debaixo
da mesa de centro. — E daí se ele é um piloto CEO zilionário com um
corpo de Satanás? Você, senhora, vai ser uma superestrela.
Ela sorri enquanto vira a tela para mim. Tem o OpenMic iniciando
nela.
— Eu não tenho certeza sobre isso, Cat. — Eu mastigo meu lábio
inferior. — Já não tive humilhação suficiente por uma semana?
— Apenas uma música como teste — ela implora. — Algo a
acrescentar ao banco de punhetas de Danny Walker.
— Tudo bem. — Eu suspiro. — Mas essa não é a razão pela qual
estou concordando com isso.
CAPÍTULO QUINZE
CHARLIE
6
É um estereótipo britânico, idiotas irritantes, precisam ter uma vida, pensam que são superiores a raça
humana.
— Você me ligou no meio do ensino?
— Isso é o quão lindo ele é. Você precisava ouvir. Estou enviando
o link do perfil dele. Você precisa fazer uma preparação séria para este
encontro, e não estou falando de uma simples depilação das pernas.
Tenho que correr.
Dou zoom na foto de contato dele e me sento.
Ah. Esse cara é muito gostoso.
Um e-mail de Suze pisca na minha caixa de entrada. — Cat me
disse que ele era um HC7?
Eu sorrio para mim mesma. Sim, definitivamente na categoria de
pau sexy.
Talvez eu possa matar dois coelhos com uma cajadada esta noite.
Vou ter que sair do trabalho mais cedo, ir às compras e voltar para
casa antes do nosso encontro.
Se Danny Walker pensa que vou ficar sentada atrás dele, ele tem
outra coisa vindo.
***
Eu mesmo administro todos os tratamentos de beleza possíveis
dentro do prazo.
Os cabelos são penteados, arrancados, descoloridos, encerados e
pinçados. A pele é tonificada, limpa, hidratada, esfoliada e lixada.
Estou careca como um Sphynx e cheiro como uma filial da The
Body Shop.
Estou usando um vestido justo de cor nude no qual gastei uma
fortuna que dá a ilusão de nudez. Isso grita sexo.
Meu delineador labial é pintado para maximizar meus lábios
carnudos e meus olhos estão escuros e ardentes.
O vestido se curva ao redor dos meus seios nos lugares certos. É o
meu melhor olhar venha-me-foder de todos os tempos.
7
É a abreviação de hot-cock que significa na forma literal pau quente, hot sendo usado para falar de
algo sexy ou ardente, portanto um pau sexy.
— Se você conseguir um segundo encontro desse aqui, Charlie, eu
vou ficar impressionada — Julie diz enquanto as garotas inspecionam
meu bronzeado 'natural'.
— Ele tem 1,90. Você precisa usar salto alto — acrescenta Cat.
Eu me viro. — Ele diz. Ele pode estar mentindo em seu perfil.
— Eu olhei para suas fotos de perfil no Facebook e instagram. Ele
parece ter 1,90. — Ela inspeciona meu novo sutiã que empurra meus
seios até o queixo.
— Isso não é meio perseguição?
As meninas reviram os olhos.
— Bobagem — diz Julie — você nunca vai a um encontro sem
verificar primeiro todas as formas de mídia social.
— Parece pior do que o governo. O que mais você descobriu sobre
ele?
— Não muito. — Cat dá de ombros. — Ele é dono de uma fazenda
de raposas.
— O que? — Eu grito. Isso é pior do que eu pensava. — Por que
você criaria raposas?
— Estou brincando — ela ri. — Por que você está tão no limite?
— Estou esperando para descobrir a pegadinha — explico.
— Não seja tão negativa — Julie reclama. — Não tem que haver
uma pegadinha.
— Sempre há uma pegadinha — eu resmungo.
CAPÍTULO DEZESSEIS
CHARLIE
CHARLIE
DANNY
CHARLIE
Há uma de Tristan.
Charlie, você está bem? Danny disse que te viu bêbada ontem
à noite com um cara estranho!?
CHARLIE
8
É um purificador de carpete em pó.
— Ve? — Reviro os olhos. — Agora, podemos, por favor, acabar
com esse passeio?
Uma hora depois, estamos no ônibus turístico que percorre a
Trafalgar Square. Eu pensei que era a melhor maneira de mantê-las
quietas por um tempo.
Por volta das 16h, estou exausta e pronta para entrar no programa
de proteção a testemunhas para me esconder da minha família. O Big
Ben não era grande o suficiente, o St Paul's não era sagrado o suficiente
e o Shakespeare's Globe era uma farsa.
Não estou pronta para ir a esse jantar de Tristan. Por que estou
deliberadamente entrando no cenário de estar na mesma sala que
minha mãe, minha irmã que revela todos os meus segredos, meu chefe
que quer se livrar de mim e um cara que eu masturbei no banheiro, que
coincidentemente é meu chefe?
***
Seis horas com mamãe reclamando é demais. Não sei como
sobrevivi estando com ela tanto tempo no útero.
Optei por um look casual; jeans, tênis e um suéter pendurado em
um ombro. É uma roupa que muitas vezes me faz ser identificada, então
devo parecer mais jovem nela.
Tristan mandou um carro para nos buscar e nos levar para a casa
dele, o que significava que eu não teria que enfrentar manobras com
mamãe em mais transporte público.
Ele abre a porta de sua casa em Holland Park, sorrindo para nós.
— Minhas três damas favoritas.
Se os rumores forem verdadeiros, isso não está correto.
É um edifício listado como Grau II com três andares, grandes
janelas salientes e uma parede inteira de vidro com portas do chão ao
teto que se abrem para um jardim paisagístico.
O sonho molhado de todo londrino.
Julie e eu o perseguimos no YourMove, e ele foi colocado à venda
por vinte milhões, embora eu nunca perguntasse a ele por quanto ele o
comprou.
Não falamos sobre dinheiro na casa dos Kane.
Toda vez que eu o visito, ele fez algo novo. Uma nova banheira
jacuzzi, piso aquecido, som ambiente. Da última vez, ele havia
convertido um dos quartos em uma sala de cinema.
— Venham, senhoras — ele diz, pegando nossos casacos. — A
casa está cheia.
A profunda voz escocesa invade meus ouvidos da cozinha.
Nós caminhamos para nos juntar à festa. Na cozinha, Jack, a sócia
do escritório de advocacia de Tristan, Rebecca, e seu marido Giles
sentam-se em banquetas ao redor da ilha de mármore.
Danny está encostado na geladeira enquanto Karl tenta fazer
coquetéis no bar de Tristan. Tristan tem uma cozinha do tamanho da
minha, dos quartos de Julie, Cat e Suze juntos.
Minha garganta seca quando percebo Danny.
Ele está de jeans e um suéter de caxemira azul que se ajusta em
seu corpo em todos os lugares certos. Eu quero correr para seus braços
e envolvê-los em torno de mim.
Seus olhos encontram os meus, então caem descaradamente até
minha barriga. Suas mãos apertam o balcão. É sutil, mas eu vejo o
movimento. Ele gosta do que vê.
Seu rosto está mais caloroso esta noite. Talvez estar perto de
amigos próximos em um ambiente doméstico o torne menos hostil.
Mesmo através de suas provocações e empurrões de colegial, eles
exalam um ar inegável de domínio.
Eles estão todos no final dos trinta, início dos quarenta, sendo
Danny o mais velho. Jack é mais novo, talvez trinta e cinco. Enquanto o
resto de nós está apenas tentando passar a semana, eles fazem o sucesso
parecer tão fácil.
Rebecca usa um lindo terninho de calça com cauda e salto aberto.
Agora me sinto infantil com meus jeans rasgados e tênis de corrida.
Tristan não pode ver como a dinâmica muda quando amigos e
familiares se misturam? Esses dois mundos não pertencem um ao outro.
Tristan rebaixa Jack da preparação de coquetéis e prepara as
bebidas enquanto todos nos dão as boas-vindas. Além da missa, os
eventos de Tristan são a vida social de mamãe. Ela está em seu elemento
enquanto os homens dizem a ela como ela parece jovem, e Rebecca
elogia seus cachos enrolados apertados contra sua cabeça.
— Sherry para mamãe, vinho pequeno para Callie, Old Fashioned
para Charlie. — Tristan serve nossas bebidas e eu fico impressionada.
Sua ajudante de limpeza/casa, Natalia, geralmente faz tudo para ele. Ele
deve ter dado a ela a noite de folga.
— O que vocês aprontaram hoje? — Rebecca nos pergunta
educadamente.
— Começamos dando uma olhada no apartamento de Charlie —
mamãe responde, feliz por ser o centro das atenções.
— Foi mais uma inspeção do que um passeio — resmungo,
pulando em uma banqueta. — Quem olha debaixo da cama de outra
pessoa, pelo amor de Deus?
— Tristan, você pode enviar sua equipe de limpeza para Charlie?
— Mamãe fala.
— Mãe! — Eu grito indignada, minhas bochechas corando.
Eu me viro para Tristan, sorrindo. — Embora pelo menos não
esteja arrumado o suficiente para elas passarem a noite.
Entreguei oficialmente a responsabilidade por mamãe e Callie
para Tristan. Não foi uma escolha difícil para elas, com as opções de
subir e descer o sofá de Julie ou uma ala da mansão de Tristan.
Ele abre a geladeira e tira uma fornada de pequenos canapés.
Eu olho para a substância amarela gelatinosa com desconfiança.
— O que é isso?
— Beterraba dourada e geleia de flor de sabugueiro — ele explica
como se devesse ser óbvio.
Não se deixe enganar; estes não são canapés comprados em lojas.
Estes foram projetados sob medida para os gostos de Tristan por um
fornecedor exclusivo.
Mamãe tagarela sobre cada detalhe do nosso dia, explicando
coisas que aprendeu sobre o Big Ben, as Casas do Parlamento e os cisnes
do St. James Park como se essas pessoas não morassem em Londres.
Eles ouvem educadamente e murmuram aprovações e
desaprovações nos momentos certos durante a narrativa.
Callie e eu ficamos para trás, aliviadas por mamãe estar sendo o
centro das atenções. Meus olhos se desviam para Danny, e como se ele
pudesse sentir isso, ele move seu foco de mamãe para mim, suas
sobrancelhas se erguendo.
Sinto minhas bochechas esquentarem e desvio o olhar.
— Você tem que experimentar esses rolinhos de lagosta —
Rebecca fala, passando o prato para nós.
Mamãe balança a cabeça para Tristan. — Quando você vai
encontrar uma boa mulher para cozinhar para você, Tristan?
— Eu já tenho duas. — Ele sorri divertido. — Minha adorável mãe
e minha deliciosa cozinheira, Natalia.
— Não — ela responde irritada. — Alguém que você não tem que
pagar. Uma esposa. Eu nunca vou tirar um dia de folga.
— Você já teve um dia de folga — ele murmura sombriamente. —
Não deu certo, lembra?
Não, não. Se Deus fizesse uma nova pessoa de um assassino em
série e a garota do Exorcista, seria a ex-esposa de Tristan, Gemina.
— Isso não é um pouco machista? — Eu aponto, espetando um
pedaço de lagosta e enfiando na minha boca — E se a nova esposa
misteriosa de Tristan for uma péssima cozinheira?
— Ela não poderia ser pior do que você. — Mamãe balança a
cabeça para mim, e Tristan me agarra pelo pescoço para um abraço. —
Sua culinária afasta todos eles.
— Isso é verdade — Callie fala. — Se Charlie fizesse um jantar,
todos iriam embora em caixões.
— Que rude — murmuro, arrumando meu cabelo do ninho de
pássaro que Tristan criou com seu empurrão. Honestamente, não tenho
cinco anos; você pensaria que ele perceberia que não pode jogar os
mesmos jogos comigo.
— Quando você vai encontrar uma esposa? — Os olhos de Jack
brilham divertidos com Tristan.
— Não comece isso na frente da mamãe — Tristan geme,
lançando-lhe um olhar de advertência. — Eu nunca vou ouvir o fim disso
agora.
— É difícil acreditar que o homem elegível mais bonito de
Londres ainda esteja solteiro. — Rebecca sorri. — E você também, Jack.
— Ela o cutuca nas costelas.
— Marque um hat-trick9 — diz Tristan. — Walker também.
Minha boca se abre de surpresa, e eu a fecho antes que alguém
perceba.
Danny Walker agora está solteiro? O ar parece pesado enquanto
todos nós o estudamos com interesse.
— Não, Danny! — Mamãe tapa a boca com as mãos como se essa
fosse a pior notícia que ela já ouviu. — E a linda Jen? Certamente, você
não a deixou ir? Por favor, diga que não.
Muito bem, mãe. Grande parceira.
Ele limpa a garganta. — Desculpe desapontá-la, Sra. Kane.
— Quando isso aconteceu? — Eu pergunto baixinho.
Seus olhos travam com os meus. — Sexta-feira passada à noite —
ele me responde friamente.
Os cantos de sua boca se curvam em um leve sorriso enquanto
minha mente gira e um reconhecimento silencioso passa entre nós.
Ele se separou de Jen na noite em que ficamos. Eu tenho muitas
perguntas.
Ele terminou com ela por minha causa? Foi antes ou depois de nos
beijarmos? Eu estava errada sobre ele?
— Oh — eu sussurro. — Sinto muito.
— Não sinta — diz ele sombriamente.
— O que você está procurando, Danny? — Rebecca pergunta
curiosa.
Ele se vira para ela. — Quando eu encontrar, te aviso.
Eles riem, embora não seja particularmente engraçado.
Eu não rio. Eu sabia o que ele estava dizendo.
Não é você.
Eu sou um desastre no banheiro, não uma proposta séria. Não uma
namorada. Ou uma esposa.
— Você quer se casar de novo, Danny? — mamãe pergunta. —
Cara legal como você deve ter todas as mulheres atrás de você.
9
Significa 3 gols consecutivos.
— Cuidado, Sra. Kane. — Karl ri. — Ele tem uma queda por você.
— Como eu não poderia? — Danny abre um sorriso para ela. —
Ela é como uma segunda mãe.
Eu franzo a testa. Isso faz com que nossos erros pareçam um
pouco incestuosos. Sem mencionar uma tática astuta de evitar
perguntas.
— Eu sei! — Rebecca fala. — Este é o momento perfeito. Uma de
nossas advogadas seniores está me implorando para um encontro com
o Danny Walker. Ela não acreditou na sorte que teve quando eu disse
que te conhecia! Ela tem um metro e oitenta, é linda e extremamente
esperta. Mara. Trinta e cinco anos, a idade perfeita para você, Danny.
Devo apresentá-la? — Ela olha para ele com entusiasmo.
Minha respiração falha, e uma onda de ciúmes sobe através de
mim.
Não. Não faça isso na minha frente.
Tristan suga bruscamente. — Eu não sei sobre isso, Becks. Ela é
uma das nossas melhores advogadas. Sempre fico nervoso em misturar
o prazer de Danny com os meus negócios. Não quero que termine em
lágrimas.
— Eles são perfeitos um para o outro, Tristan — repreende
Rebecca. — Não fique no caminho.
— Mara é muito gostosa — Tristan concorda enquanto entrega
um uísque a Danny. — Você vai se apaixonar por ela assim que a vir. Ela
é a sua mulher ideal.
Eu fico olhando paralisada para a minha mistura de canapés de
lagosta gelatinosa. Humilhante não é uma palavra forte o suficiente para
essa situação.
Danny pega o uísque e o leva à boca, demorando-se com ele. —
Claro — ele responde.
— Fantástico. — Rebecca grita, pegando seu telefone. — Vou
mandar uma mensagem para ela agora.
Maldita seja, Rebecca. Larguei o rabo de lagosta. Meu apetite está
arruinado.
Eu tenho minha resposta, ele não terminou com Jen por minha
causa. Que bastardo total. Como ele pôde fazer isso na minha frente?
Agora tenho que passar o jantar em agonia.
— Que garota de sorte — mamãe diz com pura alegria. —
Rebecca, você deve ajudar nosso Tristan também.
— Certo, agora que escolhemos uma esposa para Danny, é hora
do jantar. — Tristan faz gestos para que saiamos da cozinha.
Eu forço um sorriso e me levanto do meu banquinho. Karl
acompanha o passo ao meu lado.
— Ei, garota linda. — Ele coloca o braço em volta da minha
cintura. — Você está bem?
— Claro — eu minto.
Seu rosto diz que ele sabe. Ele sabe tudo. Claro, ele sabe. Danny e
Karl são próximos. Que embaraçoso. Ele deve pensar que sou patética.
— É bom ver você, Karl. — Desta vez, não estou mentindo.
Sentamo-nos à mesa e fico feliz que Karl esteja sentado ao meu lado.
Tristan toma seu lugar na cabeceira da mesa, e os assentos se enchem,
deixando um vazio diretamente à minha frente, que Danny ocupa.
Os fornecedores não apenas prepararam a comida, mas também
prepararam a mesa com antecedência. Quatro conjuntos de talheres
repousam sobre lajes cortadas de pedra e três tipos de copos, um para
água, um para vinho e o terceiro é uma incógnita. Há um elaborado
centro de mesa feito de rosas e outras flores cujo nome não sei.
Os guardanapos são feitos de um material que seria mais
adequado para um vestido de grife. Há um tema monocromático
acontecendo que eu sei que não é por acaso; ele pagou muito dinheiro
para parecer casual, provavelmente para o benefício de mamãe.
Tristan traz a entrada de carne de veado. Parece muito com a
comida do restaurante chique onde Danny pagou nossa refeição.
Nós cantamos nossos 'Oh's e 'Ah's.
— Um brinde. — Tristan está na cabeceira da mesa, radiante. —
Aos meus amigos e familiares incríveis que me apoiaram nos últimos
quarenta anos.
— Eu não tenho nem vinte anos! — Callie grita.
— Até os próximos quarenta! — Jack grita, levantando a taça.
— Para amigos incríveis. — Danny levanta a taça.
Todos nós bebemos.
— Você ganhou algum presente legal, Tristan? — Rebecca sorri.
Ele pisca. — Seu fim de semana em Florença, é claro.
— Não esqueça de mim, sua associação de seis meses ao
Stringfellows. — Jack sorri quando os lábios de minha mãe formam uma
linha apertada.
Tristan olha para Jack secamente enquanto ele se senta. —
Obrigado, Jack. É o presente de Charlie, é claro. — Ele levanta a taça para
mim.
Rebecca se vira para mim. — O que você comprou para ele,
Charlie?
— O que você compra para um irmão que tem tudo? — Eu ri. —
Eu comprei para ele uma gravata de brincadeira porque não posso pagar
onde ele realmente faz compras e uma loção pós-barba que ele
definitivamente colocará na pia quando sairmos.
— Oh, vamos lá — Tristan corta animadamente. — Ela está
deixando de fora a melhor parte.
Ele olha ao redor da mesa, criando suspense. — Ela escreveu para
mim uma linda canção chamada 'Brother'.
Eu coro quando me torno o centro das atenções.
— Que doce! — Rebecca jorra, juntando as mãos. — Temos que
ouvir.
— Então você encontrou algo para o irmão que tem tudo —
reflete Karl. — Esse é um presente muito legal.
— É bobagem — murmuro, brincando com minha faca. — Era a
única coisa que eu conseguia pensar que seria algo único de mim para
ele. Eu agitei-o muito rapidamente.
— E depois do jantar, vamos ouvir — acrescenta Tristan.
— Não. — Eu gemo. — Nesse caso, vou ficar tão bêbada que você
não pode me deixar tocá-la.
— Absolutamente não. — Ele aponta um dedo na minha direção.
— Eu estava morrendo de preocupação na quarta-feira quando você não
respondeu à minha mensagem. Você precisa me responder, Charlie. —
Ele me repreende como se estivesse repreendendo uma criança
impotente. — Deixe-me colocar um rastreador no seu telefone por
segurança.
— Absolutamente não! — Eu suspiro.
As orelhas de mamãe se animam. — O que aconteceu na quarta-
feira?
Callie dá uma risadinha. — Charlie ficou bêbada, voltou para a casa
de um cara e vomitou em todo o banheiro.
— Ela fez o quê? — Mamãe grita enquanto eu lanço um olhar
desagradável para Callie.
Com o canto do olho, vejo Danny enrijecer.
— Ignore-a. — Eu continuo olhando para Callie. — Callie, pare de
ouvir minhas conversas.
Eu me viro para Tristan. — Tristan, eu não sou uma criança que
você precisa proteger, e não, você não está colocando um rastreador no
meu telefone.
Suas sobrancelhas se uniram. — Eu não gosto que você saia em
encontros às cegas. Isso deixa você exposta.
— Pelo menos Danny pode cuidar de você nas noites de trabalho.
Você pode ficar perto dele. — Os olhos de Karl dançam.
Eu engasgo com o meu vinho. — Ainda bem que ele estava fora na
noite de quarta-feira cuidando de você.
Eu limpo o vinho do meu queixo enquanto Karl se inclina para trás
em sua cadeira, tentando esconder seu sorriso.
Delator.
Que diabos ele está jogando?
— Sim. — Tristan acena com aprovação. — Certifique-se de ir
para casa com Danny, Charlie. O público do Nexus bebe demais e há
muitos assaltos aleatórios acontecendo em Londres ultimamente.
Danny leva o copo de uísque à boca, a expressão de granito focada
em Karl. A bebida paira sobre seus lábios antes que ele tome um grande
gole.
— Danny?
Foda-se a comida com estrela Michelin. Isso não vale a pena a
tortura.
Ele olha entre Tristan e eu. — Claro, Tristan — ele responde, seu
olhar se fixando em mim ao invés de Tristan. — Eu cuidarei dela.
Eu nunca vou passar por três etapas disso.
CAPÍTULO VINTE
CHARLIE
CHARLIE
CHARLIE
DANNY
CHARLIE
CHARLIE
A cama está fria quando acordo, passando a mão pelo local onde
deveria estar o corpo dele. Meu telefone me diz que são 6 da manhã de
segunda-feira, eca.
A fantasia acabou. Agora preciso viajar por toda Londres para me
preparar para o trabalho.
O quarto está estranhamente silencioso. Onde ele está?
Tiro as cobertas da cama e saio arrastando os pés da cama.
Hmmm, o piso aquecido está ligado. Não é à toa que ele consegue
acordar cedo.
Não há sinal dele no último andar.
Descendo as escadas de cueca, sua voz rouca e seca fica mais alta
quando chego ao último degrau. Eu sigo o som em direção à cozinha.
— Escreva a proposta e me envie esta manhã, Michael. — Ele está
de costas para mim em seus fones de ouvido. — O negócio precisa ser
fechado amanhã.
Seis da manhã de uma segunda-feira e ele já está no modo de
trabalho. Mal consigo reunir forças para escovar os dentes ainda.
Ele está vestindo um terno preto esculpido em torno de seus
músculos, e quando ele se vira, vejo que ele está bem barbeado,
destacando sua mandíbula afiada. Um olhar para ele naquele terno, e eu
viro do avesso.
Há uma inclinação distinta em uma de suas sobrancelhas
enquanto ele observa meu estado de nudez, fazendo-me
conscientemente cruzar os braços sobre o peito.
Ele dá um breve aceno de reconhecimento e murmura 'cinco
minutos'.
Deve ser os Estados Unidos se ele está tão cedo. Eu posso dizer
que há vários deles na chamada pelos nomes que ele está disparando,
seu tom de comando distribuindo ordens.
O CEO Danny é sexy pra caralho.
Eu o evito na cozinha e pego um copo do armário o mais
silenciosamente que posso.
Quando estou na torneira, dou um pulo quando sua mão envolve
minha cintura por trás, me empurrando contra o tecido de seu terno sob
medida. — Eu preciso ir. Eu ligo para você no escritório.
— Bom dia, linda — seu tom de comando cai para um mais suave.
Ele mexe no meu cabelo e deixa uma trilha de beijos no meu
pescoço, me fazendo tremer.
— Bom dia — eu digo com a voz rouca, virando-me para encará-
lo.
— Esta é uma vista espetacular para ver logo de manhã — ele
murmura sombriamente, seus olhos correndo para cima e para baixo no
meu corpo. — Espero não ter acordado você. Tem café na cafeteira.
— Não. — Eu mudo conscientemente de um pé para o outro. —
Preciso voltar para a minha casa para me preparar.
— Vou ligar para o meu motorista.
Eu balanço minha cabeça rapidamente. Não preciso que o
motorista dele saiba que fiquei o fim de semana inteiro. — O transporte
público é mais rápido.
Meus olhos se arregalam. — Essa mordida de amor ainda está
aparecendo na sua camisa.
Ele faz uma careta ligeiramente, tentando levantar o colarinho. —
Vou ter que lidar com os boatos sobre isso hoje. — Ele me dá um meio
sorriso quando eu me encolho. — Vale os rumores. Não se preocupe,
eles não conseguirão identificar que é a sua marcação.
— Eu realmente sinto muito. — Eu rio. — Eu me empolguei no
momento.
Seu telefone vibra novamente.
— Então, essa é a vida de um CEO, hein? Ainda bem que sou
apenas suporte de TI.
Ele me lança um olhar de desculpas.
— Tudo bem. — Eu aceno minha mão. — Preciso vestir umas
roupas.
Quinze minutos depois, estou de volta com minha roupa de
sábado à noite. Nunca tive uma caminhada tão atrasada da vergonha.
Danny está descansando em um banquinho de bar, falando alto em seu
telefone com uma carranca no rosto. Devo apenas sair?
Dei um leve aceno da porta da cozinha.
Espere, ele murmura.
— Preciso de cinco minutos — ele grita no telefone, em seguida,
coloca-o no mudo.
— Acho que te vejo no escritório — tento dizer alegremente.
— O escritório da Nexus. — Ele caminha em minha direção,
sorrindo. — Vocês estão se mudando para nossos escritórios hoje,
lembra?
Merda. Eu tinha esquecido isso. É melhor eu chegar cedo.
— Charlie. — Ele franze a testa, olhando para mim. — Nosso
segredo, está bem?
Abro para ele meu sorriso mais brilhante. — É claro.
***
Eu ando pelo saguão do andar térreo da Nexus, meus tênis
escorregando no chão de ladrilhos. Este lugar está em um patamar
próprio.
A recepcionista parece uma modelo contratada. Eu entrego a ela
meus dados, e ela folheia algo na tela do computador, então sorri para
mim, me entregando um passe de segurança. — Sua equipe está
instalada no sexto andar.
A Dunley Tech tinha dois andares em nosso prédio anterior. A
Nexus tem todos os quinze andares, sendo o nível superior o andar dos
diretores.
Enquanto os funcionários da Nexus se alinham ao meu lado para
o elevador, meu estômago começa a revirar. Por que não coloquei mais
esforço no que estou vestindo hoje? Eu me analiso nas portas
espelhadas do elevador. Estou com meu velho jeans e tênis que sempre
uso na segunda-feira. Ficamos tão complacentes em Dunley, vestindo
jeans e camisetas sem ninguém pestanejar.
Aqui, eu me sobressaio como um polegar machucado em meus
trapos. Esses codificadores, muitos não são adequados, mas estão
vestidos com elegância.
Saio no sexto andar e olho diretamente para um dos edifícios mais
altos da Europa, o Shard. Que pano de fundo para atender chamadas de
suporte de TI.
Tudo é brilhante e sexy.
As pessoas estão organizando itens pessoais em suas mesas em
um ritmo animado. Na área da cozinha, há uma multidão rodeando a
máquina de café enquanto Dan e Alex experimentam animadamente os
pufes na área de descanso.
— Você está aí, Charlie. — Jackie acena para um grupo de mesas.
— Não sei por que todo mundo está ficando tão confortável. —
Stevie vem atrás de mim. — Metade de nós não terá empregos em breve.
— O que é aquilo que Jackie está armando?
— Ela está montando a porra da iluminação. — Ele bufa. — Então
a luz a pega no ângulo certo, ela diz.
— Ela tem concorrência — acrescenta Stevie enquanto a
observamos se atrapalhar com a lâmpada. — Algumas das garotas neste
escritório são gostosas pra caralho. Não sei como os caras conseguem
fazer o trabalho.
Ela tem concorrência? Eu também, penso, me sentindo totalmente
inadequada.
— Eu tenho que te contar uma coisa sobre o fim de semana — eu
digo em voz baixa. — Aqui não. Almoço.
— Você teve aquele jantar no sábado à noite. É melhor que seja
uma história suja e não algo que sua mãe fez.
Eu lanço um sorriso para ele. — Mais sujo.
— Isso exige um almoço mais cedo.
***
— Não veja isso por mais do que é.
Estamos comendo burritos longe o suficiente do escritório para
que ninguém fique escutando.
— Eu não estou. — Eu sei.
Stevie olha para mim com ar cansado.
— Ele disse que queria ver você de novo?
— Não — eu admito, mordendo meu lábio. — Ele perguntou se
poderíamos manter nosso segredinho.
Dizer isso em voz alta faz com que pareça decadente.
— Humm — ele reflete. — Apenas tome cuidado, você tem mais a
perder aqui do que ele.
Eu estremeço. — Eu sei, eu sei, ele é o Casanova, e eu sou a
vagabunda abrindo caminho até o topo.
— Você tem aquele olhar em seus olhos. Como se você estivesse
ignorando todos os sinais.
— Não, eu não — eu minto. — Estou bem com uma aventura
casual.
— Olha, apenas o deixe entrar em contato com você, ok? — ele diz
com firmeza. — Não corra atrás dele.
— Eu não vou — eu prometo. — Além disso, estive segurando
meus peidos durante todo o fim de semana; preciso de uma pausa antes
que meu estômago exploda.
— Você pode morrer segurando seus próprios peidos por muito
tempo?
Merda. É melhor eu investigar isso.
CHARLIE
CHARLIE
DANNY
CHARLIE
— Essas pessoas. — Eu faço uma careta para a tela. — Olhe para
este imbecil.
— Seu software não está funcionando no meu computador —
Stevie lê em voz alta por cima do meu ombro. — É vago, mas qual é o
problema?
— A questão é que ele não é nosso cliente. Ele nem tem o software
instalado. Então, é claro, não está funcionando.
Stevie e Alex riem atrás de mim.
— Você pode se divertir com este.
— Essas ligações nos custam vinte e cinco libras cada vez, você
sabe. — Começo a digitar uma resposta sarcástica enquanto os dois
observam por cima do meu ombro, gargalhando alto como um casal de
idiotas.
— Uh-oh. — Alex para de rir abruptamente, pulando de volta em
seu assento. — O chefe está aqui.
Eu olho para cima para ver Danny e Karl conversando no elevador
ladeado pelo CFO da Nexus e chefe de RH. Elevando-se sobre os outros,
ele é difícil de perder. Delicioso.
Danny está com as mangas arregaçadas até os cotovelos e os
braços cruzados sobre o peito.
Minha respiração falha como sempre; sair com ele nas últimas
semanas não domou as palpitações em meu estômago que acontecem
sempre que ele entra na sala.
Aqui, ele é o CEO Danny, não meu amante, ou ouso sugerir,
namorado, embora eu saiba que devo ficar bem longe dessa conversa.
Eles avançam pelo corredor e eu observo com diversão enquanto,
fileira por fileira, as posturas se endireitam, as conversas param, o flerte
cessa e os carrinhos de compras online fecham.
Seus olhos estão tempestuosos enquanto Damion, o CFO, fala
intensamente, encontrando-o passo a passo.
Quando seus olhos procuram os meus, todos os pelos do meu
corpo ficam atentos. Eu sorrio de volta, e sua expressão suaviza por um
segundo fugaz antes que ele volte sua atenção para Damion.
Raramente conversamos no escritório. Ele fica no último andar
tomando as decisões de um milhão de libras, enquanto eu estou aqui
segurando as pessoas durante a experiência angustiante de redefinir
sua senha.
Eu o encaro sonhadoramente enquanto ele marcha pelo escritório
virando cabeças. Sua presença ocupa muito espaço, apesar do tamanho
do chão.
As pessoas estão tentando escapar de sua linha de visão ou caindo
sobre si mesmas para cumprimentá-lo. Todo homem. Todo meu.
Saber que sou a única no escritório que viu aqueles ombros largos
sob aquela camisa esculpida me faz estremecer de prazer. As outras
garotas podem fantasiar, e eu sei que sim por todas as conversas na
cozinha, mas eu tenho a coisa real entre minhas pernas quando vou para
a cama à noite. É incrível pra caralho.
Karl me pega olhando e pisca.
Eu afasto meu olhar rapidamente de volta para minha tela.
Quanto Danny diz a ele, eu me pergunto?
Nas últimas semanas, estou flutuando pela vida, cheia de
orgasmos diários e da droga que é Danny Walker.
Passei a maioria das noites com ele e, nas raras noites em que
estivemos separados, ele me ligou da cama antes de eu dormir.
Ele não é oficialmente meu namorado e ainda somos um segredo,
mas as coisas estão mudando. Ele tem leite não lácteo estocado toda vez
que vou porque sabe que prefiro. Tenho macacões lá e alguns maiôs
para o lago. Meus lenços removedores de maquiagem estão no banheiro
dele. Ele me deu uma prateleira de banheiro. É uma regra não escrita
que o lado direito é o meu lado da cama porque gosto de ficar de frente
para a porta.
Sou arrancada do meu devaneio por Jackie parada na minha
frente.
— Olá? Alguém aí? — Ela acena com a mão sobre o meu rosto.
— Sim, Jackie?
— Janet quer o relatório. Agora.
— Eu já enviei por e-mail para você — eu retruco. — Verifique
sua caixa de entrada. — Olho para ela, confusa. — Por que você fez um
spray bronzeador de corpo inteiro?
— Porque — ela abaixa a voz e se aproxima de mim. — Tenho
feito minutas de reuniões para Danny Walker, e ele está em cima de
mim.
A dor dispara através de mim. — Oh sério?
— Realmente — ela enfatiza. — Esta noite é a noite em que deixo
claro que estou interessada. As bebidas, lembra?
É isso mesmo, há bebidas gratuitas no bar do último andar esta
noite.
Pela enésima vez desde que entrei nessa história com Danny,
estou paralisada de insegurança. Jackie parece um milhão de dólares e
eu? Eu ainda estou usando meus tênis para trabalhar.
Ele não é meu. Já se passaram quatro semanas e estou me
apaixonando por ele. Ele tem todas as mulheres na maldita cidade de
Londres atrás dele. Posso lidar com isso? O que acontece quando eu não
sou mais o sabor do mês?
10
Significa Pesca de gato, quando uma pessoa esconde quem realmente é para conectar alguém a um
relacionamento on-line usando Facebook, Tumblr, Twitter, MySpace ou por telefone celular.
— Danny — ela repete em seu tom mais rouco de venha me foder.
— Estávamos apenas rindo sobre Charlie ter sido pescada. É quando
alguém cria uma identidade falsa para atrair você.
Minhas bochechas queimam. — Ele mentiu sobre seu trabalho. Eu
não diria que ele assumiu uma identidade separada.
— Você tem um perfil de namoro online, Danny? — Jackie
pergunta, toda flertando e sorrindo. — Faço parte da elite singles.
— Não. Estou saindo com alguém.
Eu dou uma olhada de soslaio para ele, mas ele está sorrindo de
volta para Jackie educadamente.
Ele está falando de mim, certo? É a primeira vez que ele nos
reconhece em público.
Seu rosto cai em devastação. — A mulher ali?
Ele franze a testa, passando a mão sobre a barba por fazer de sua
mandíbula. — Martina? Não, absolutamente não, ela é minha advogada.
Trabalhamos juntos. Conheço ela e o marido há quinze anos — detalha.
— Qual é a política da empresa sobre romances no escritório? —
Jackie ri, olhando-o sugestivamente.
— Não há política. Desde que não afete sua relação de trabalho.
Tratamos nossos funcionários como adultos.
— Isso é bom porque Dylan e Charlie combinaram no Tinder —
Rory entra na conversa. — Um novo romance no escritório.
— É assim mesmo? — Danny diz, passando a língua sobre os
dentes.
— Não combinamos! — Eu suspiro. — Eu nem sou ativa.
— Você estava ativa três dias atrás. — Dylan pega seu telefone. —
Diz isso no seu perfil. — Ele vira o telefone para mostrar ao grupo meu
perfil.
Meus olhos se desviam para Danny. Com um olhar indecifrável, ele
estuda o telefone.
Minhas bochechas queimam como um derretimento quente. —
Acho que envergonhar o perfil de um colega de trabalho é contra as
regras do namoro online — resmungo. — Nós não combinamos, Dylan.
Eu cruzo meus braços, resmungando alto, enquanto eles se
aglomeram em torno de seu telefone.
Dylan desliza através de cada foto por sua vez, em seguida, suga
nitidamente. — Você parece sexy pra caralho, Kane. Você parece bem.
Por que não vemos você de salto alto e vestidinho vermelho no trabalho?
— Ele se pega percebendo que provavelmente passou dos limites na
frente do chefe. — Desculpe, Sr. Walker.
— Guarde isso! — Eu grito.
Danny fica para trás, erguendo as sobrancelhas para mim.
— Não estou namorando online agora — digo severamente,
dirigindo-me ao grupo, mas olhando para ele.
Ele termina o resto de sua cerveja e a coloca em uma mesa ao lado
dele. — Olhe suas mensagens — ele diz em voz baixa enquanto passa
por mim para chegar ao bar. — A menos que você esteja muito ocupada
passando o dedo.
Confusa, enfio a mão na bolsa e pego meu telefone. Há uma
mensagem piscando.
CHARLIE
11
Como é chamado o clube de pessoas que fazem sexo em um avião no ar.
— É apenas um grande computador. Você trabalha em TI,
Desligue e ligue novamente. — Ele morde o lábio inferior, tentando não
rir.
— Ha, maldito ha. Acho que vou vomitar.
— Tudo em ordem, senhor — um cara grita dos degraus do lado
de fora.
Danny acena para ele. — Obrigado.
Então ele torce a enorme alavanca da porta do avião e a fecha.
Deixei escapar um som de choro.
— Está tudo bem, querida. Eu prometo.
Ele entra na cabine, guiando-me para um dos assentos com as
duas mãos.
Quando ele se inclina para prender meu cinto de segurança, minha
respiração é tão superficial que não consigo falar. Ele puxa com força
para garantir que está seguro, então me beija levemente nos lábios.
Sento-me rigidamente como uma boneca humana observando os
gráficos, luzes piscando e outros aparelhos fazendo coisas estranhas.
— Isso é ruim? — Eu aponto para uma luz vermelha piscando no
meu lado do painel enquanto ele vira botões e interruptores.
Danny acena com a mão para mim com desdém, e resisto à
vontade de bater no homem.
— Verificações de segurança feitas. — Ele olha, esperando que eu
seja tranquilizada. Não sou religiosa, mas estou orando silenciosamente
a Jesus, Maria, José e ao Espírito Santo, enquanto ele coloca o cinto de
segurança.
— Taxi para a pista dois-sete à direita via alfa dois, bravo — uma
voz retumba no alto-falante. Ele responde a alguém com a mesma
tagarelice enquanto eu faço barulhos de lamúria no canto.
Então estamos nos movendo. O avião rasteja lentamente para
frente e chega ao início de uma pista.
Ele aperta mais botões para cima e para baixo quando a voz
profunda anuncia: — Piper dois-zero, liberado para decolagem na pista
zero-um.
— Liberado para decolagem pista zero-um, Piper dois-zero —
Danny repete com uma voz calma.
Minhas mãos agarram o assento em um aperto mortal enquanto
ele acelera na pista, e eu sinto cada solavanco como se estivesse em uma
bicicleta passando por uma multidão de ouriços, em vez de estar
sentada em um avião.
Um gemido estrangulado escapa da minha garganta, como um
animal preso morrendo lentamente. Ele não ouve por causa do rugido
do motor.
Nós nos inclinamos para cima e subimos tão abruptamente que
parece que vamos escorregar de novo.
Minha cabeça é atirada para trás contra o assento, e eu fecho meus
olhos. Sessenta minutos, disse ele. Talvez eu possa pedir a ele para me
deixar inconsciente e me acordar quando eu chegar lá. Se eu chegar lá.
— Você está bem?
Abro um olho para espiá-lo. — Ótima, apesar do ataque de pânico
violento.
Então o rugido para e nos inclinamos para trás na horizontal.
Ele olha para mim, preocupado. — Nunca percebi que você tinha
tanto medo de voar. Sinto muito, Charlie.
— Eu não tenho — eu digo com os dentes cerrados. — Se eu
estiver em um Boeing triplo 7. Nessa coisa, eu me sinto como a maldita
Mary Poppins em uma bicicleta. Como se fôssemos cair do céu a
qualquer momento.
O avião treme e eu solto um grito profundo que o faz estremecer.
— É só uma pequena turbulência. Você sente mais nos aviões
menores.
— Certo. — Eu sopro pelas minhas bochechas.
Eu o encaro enquanto ele simultaneamente monitora as telas,
verifica os medidores e ouve o controle de tráfego aéreo. É o visual mais
sexy e aterrorizante da minha vida. Minha vida está literalmente em
suas mãos.
Eu quero tanto esse homem. Eu quero que ele seja meu, só meu. Se
chegarmos vivos ao chão, ele terá o melhor sexo de sua vida. Agora, no
ar, estou furiosa por nunca ter sido consultada sobre esta expedição com
risco de vida.
Há outro solavanco e o avião desce um pouco enquanto viajamos
por entre nuvens espessas. A chuva cai como um manto contra as
janelas. Não consigo ver nada pela janela, então ele deve estar voando
às cegas.
Os músculos do meu estômago se contraem com tanta força que
acho que vou vomitar.
— Sacola. Preciso de sacola. — Eu me esforço para pegar minha
bolsa do chão, em seguida, tiro a garrafa de vinho tinto de lá. Felizmente
é uma tampa de rosca.
— Sedação — eu explico enquanto tomo um grande gole da
garrafa. — Como você tem tempo para fazer tudo isso? — Eu olho para
ele maravilhada. Ele é tão legal como se estivéssemos no controle de
cruzeiro na estrada. — Você é um CEO, um cozinheiro, um piloto, um
deus do sexo. Sério, Super-Homem?
Seu olhar afiado pousa em mim, e ele ri. — Super-Homem. Vamos
manter esse nome. Tenho pelo menos uma década a mais que você,
lembra?
— Isso mesmo, eu continuo esquecendo que estou namorando
um cara velho — eu digo enquanto coloco a garrafa de vinho em meus
lábios. A garrafa está esvaziando rapidamente, e eu tenho trinta e cinco
minutos para terminar.
Paramos bruscamente na pista e respiro bem pela primeira vez
desde que deixamos o continente.
— Não tão rápido — ele diz em um tom afiado enquanto eu luto
para tirar meu cinto de segurança. — Segurança em primeiro lugar, eu
direi quando você pode desapertar o cinto de segurança.
— Mandão. — Eu o encaro enquanto ele desacelera o avião até
parar completamente, tentando descobrir se ele soa sexy ou assustador.
Talvez um pouco de ambos.
— Você — eu começo quando ele se inclina para desfazer meu
cinto — é o piloto mais sexy vivo. Mas nunca te odiei tanto.
Tiro o cinto de cima de mim e fico de pé com as pernas trêmulas.
— Eu disse não tão rápido.
Seu braço envolve minha cintura quando saio da cabine, e sinto
seu hálito quente em minha bochecha enquanto ele se pressiona contra
minhas costas. — Você precisa ganhar sua passagem de avião.
— Sim, capitão? — Eu sussurro, inclinando meu rosto para trás
para vê-lo, minha excitação indo de zero a cem em segundos.
— Fique de frente para a parede e tire a roupa.
Eu puxo meu suéter por cima da minha blusa, em seguida, sigo
com minha regata até que eu esteja em um sutiã.
O som de passos circula o avião lá fora. — Danny, tem...
— Ignore-os — diz ele rispidamente enquanto desabotoa meu
sutiã. Atrás de mim, ele grunhe em agradecimento e passa a mão grande
sobre meu seio esquerdo antes de beliscar o mamilo.
— Tudo precisa sair.
Eu desabotoo o primeiro botão da minha calça jeans e deslizo a
calça jeans para baixo passando pelos meus quadris. Eu o ouço abrir o
zíper de sua calça jeans atrás de mim.
Puxo minha calcinha para baixo e passo cada perna para fora dela.
Quando minha bunda arqueia para trás, ele me empurra contra ele, e
sinto sua ereção pressionar com força contra minhas nádegas.
Ele coloca a mão em volta da minha cintura e desliza um dedo
dentro de mim. — Mãos contra a parede.
Eu coloco minhas mãos na parede, e ele as empurra para cima com
a mão direita enquanto a mão esquerda empurra para dentro e para fora
de mim.
Eu gemo contra a parede e salto para cima enquanto ele empurra
profundamente.
— Abra suas pernas.
As pessoas falam em voz baixa fora do avião.
Eu afasto minhas pernas e meus seios nus empurram contra a
parede enquanto ele se inclina para mim, acariciando movimentos
circulares contra meu clitóris.
— Mais largo — ele comanda, e eu faço o que ele manda.
— Você gosta que as pessoas ouçam, não é? — ele sussurra em
meu ouvido. Suas mãos circulam minha bunda grosseiramente, então
ele corajosamente desce um dedo lá, circulando minha borda.
Eu inalo profundamente. — Danny, eu nunca…
— Logo, baby, não agora — ele me cala, movendo a mão de volta
para o meu quadril. Sem aviso, ele bate seu pau em mim com força e
agressividade, e eu grito.
Com uma mão, ele segura meus pulsos na parede acima da minha
cabeça, então não posso movê-los, e ele usa a outra para manter meus
quadris apertados contra sua ereção, empurrando para dentro e fora de
mim, grunhindo.
O som da minha pele batendo contra a dele fica mais alto e mais
rápido. Eu me encolho um pouco ao pensar nas pessoas do lado de fora,
esperando que abramos as portas.
— Tão bom, Charlie. — Ele bate mais rápido até perder o controle
e gozar dentro de mim, rosnando alto.
Eu sinto cada gota enquanto ele me enche.
— Você é minha — ele sussurra em meu ouvido enquanto sai. A
umidade escorre pela parte interna da minha coxa.
Eu desabo contra a parede quando há uma batida tímida na porta
do avião.
— Sr. Walker? — uma voz incorpórea pergunta. — Você está
pronto para desembarcar?
CAPÍTULO VINTE E NOVE
DANNY
12
Um filme antigo e ridículo da Disney sobre uma família que tem um carro velho que voa.
Ela inala suavemente e segura minha bochecha em sua mão. —
Obrigada por compartilhar isso comigo. Isso significa — ela pergunta
baixinho, — que eu sou sua namorada?
Meus olhos seguram os dela enquanto uma enxurrada de emoções
me inunda. Foda-se isso. Pela primeira vez em anos, sei o que quero.
Se eu pudesse ficar neste momento para sempre, eu ficaria.
Com essa garota.
A minha garota.
Deixar Londres, minha empresa, tudo para trás e tornar-me
eremita nestes penhascos.
— Sim, Charlie. Você certamente é.
Ela descansa a cabeça em meus ombros e inalo profundamente em
seu cabelo.
Então é assim que parece a felicidade.
***
CHARLIE
DANNY
— Sr. Walker, Charlotte Kane está aqui para te ver. É uma reunião
não programada. Eu disse para não incomodá-lo.
A desaprovação de Michelle, minha assistente pessoal, é aparente
pelo interfone. Por que essa garota espera ver o CEO sem avisar?
Michele tem razão. Tenho a reunião do conselho de diretores em
quinze minutos.
Mas minha curiosidade é aguçada.
Ela nunca foi corajosa o suficiente para chegar ao meu escritório
sem ser convidada antes. Na verdade, quando a vejo no escritório, ela se
vira na direção oposta, com medo de que as pessoas sintam o cheiro dos
hormônios sexuais de nós dois se ficarmos muito perto.
E claro, hoje é o aniversário dela.
— Mande-a entrar — eu confirmo.
Há hesitação do outro lado. — A reunião do conselho, senhor.
— Sim, eu sei — respondo bruscamente, irritado por ter sido
desafiado.
— Sim, senhor.
Há uma batida suave. — Entre.
Ela entra e eu paro de digitar, recostando-me na cadeira.
— Então você bate agora?
Seu cabelo está bagunçado em um coque no topo de sua cabeça, o
cabelo escapando por toda parte, e ela está usando seus óculos de
leitura. Uma camisa branca justa que precisa de um ferro de passar por
cima é enrolada em jeans justos, mostrando suas longas pernas.
Ela é linda. Sem falhas, sinto uma pulsação de desejo entre minhas
pernas.
Será que vou me acostumar com isso? Está ficando constrangedor.
— Charlie? — eu questiono. — Por mais que eu queira vê-la, e
acredite em mim, prefiro passar a próxima hora com você do que com
velhos de terno; tenho uma reunião com o diretor em dez minutos.
— Ei — diz ela, e minha expressão se suaviza. — Eu queria
agradecer pelas lindas flores.
— De nada linda. Feliz Aniversário.
Seus lábios se abrem e ela parece insegura.
Meu interfone vibra e eu pressiono para falar.
— Sr. McMillon está na recepção. Devo escoltá-lo até a sala de
reuniões, senhor?
— Sim, por favor — eu confirmo para Michelle enquanto Charlie
anda em volta da minha mesa.
Eu empurro minha cadeira para trás, pensando que ela vai me
beijar. Em vez disso, ela cai de joelhos na minha frente, abrindo minhas
pernas.
Uma respiração involuntária escapa dos meus lábios.
Que porra?
Aqui?
Agora?
— Que porra você está fazendo, Charlie?
Ela coloca as mãos nos meus joelhos, olhando para mim com falsa
inocência, sabendo exatamente o que está fazendo.
Meu pau me trai, e o sangue bombeia por ele, antecipando o que
pode acontecer.
Puxando meu zíper para baixo, ela pega a base do meu pau em seu
punho e envolve sua boca em volta do meu pau.
Eu fecho meus olhos, segurando a mesa.
Eu deveria afastá-la.
Não posso.
Eu não.
Ela move a boca em volta do meu pau como se estivesse chupando
um doce.
— Baby — eu digo com uma voz estrangulada observando a ação
de engolir em sua garganta.
Meu intercomunicador vibra e coloco no mudo.
Seus olhos verdes brilhantes olham para cima, igualmente
querendo me agradar e me possuir.
Meus quadris sobem para afundar mais fundo em sua boca, e ela
usa a desculpa para colocar as mãos em volta das minhas nádegas.
Foda-se, agora ela me tem em um porão.
Agarro seu cabelo com mais força do que pretendo, e ela geme um
pouco, o zumbido em volta do meu pau apenas me trazendo para mais
perto.
Meus dentes mordem com força meu lábio inferior para impedir
que meus gemidos cheguem aos ouvidos de minha assitente. Eu não vou
durar.
— Estou perto — eu gemo, minha respiração tão irregular que é
embaraçosa.
Ela aumenta o ritmo, empurrando meu pau dentro e fora de sua
boca, olhando para mim com aqueles olhos sérios.
— Estou gozando... estou gozando na sua boca.
Minhas duas mãos seguram a mesa enquanto ela chupa com mais
força, mais rápido.
Gemendo alto, eu jorro em sua boca e a observo engolir cada gota,
nunca interrompendo seu olhar comigo, antes de me liberar de sua boca.
— Isso foi inesperado, mas incrível — eu resmungo, ajustando-
me de volta na minha cueca, desejando que meu pau se acalme.
Ela parece orgulhosa de si mesma, e deveria. — De nada.
Eu a puxo para ficar de pé e a beijo suavemente no pescoço. —
Amanhã — eu sussurro em transe. — Nós terminamos isso amanhã.
— Você tem a reunião do conselho agora?
Nós dois olhamos para a barraca em minhas calças e xingo.
Não importa Tristan. RH e o conselho vão quebrar minhas bolas.
Como é que eu sou o dono da empresa e ainda posso ter problemas
com o RH?
***
CHARLIE
CHARLIE
DANNY
CHARLIE
Dia D.
Há um mal-estar surdo permanentemente em meu estômago,
esperando para subir. É sábado de manhã e posso dizer que não durmo
uma hora inteira desde quinta-feira.
Não houve nenhum contato de Danny. Zero. Nada. Não importa
quantas vezes eu verifiquei meu telefone e meus e-mails apenas no caso
de ele ter enviado um e-mail de trabalho.
Quase mordi meus dedos. Minhas unhas estão roídas até um toco.
Não tomo banho há dois dias e mal dormi. Eu sou um zumbi ambulante.
Como me preparo para o melodrama que vai se desenrolar? Devo
avisar minha mãe e Callie? Eu nego? É verdade o que dizem - as notícias
de hoje são as fichas de amanhã? Isso era bom no mundo da impressão;
agora, nossa pegada digital permanece conosco por toda a vida. Se
alguém procurar por mim, eles vão vê-lo uma e outra vez.
Meu cérebro inunda com os piores cenários. Será que vai ficar
horrível? Danny está tão zangado que vai me processar por difamação?
Preciso ver a cara dele, para ele me abraçar e dizer que vai ficar
tudo bem, que somos mais fortes que isso.
Faltam alguns minutos para o departamento de mídia de Julie
enviar suas novas histórias. Cat e Suze estão sentadas uma de cada lado
de mim no sofá.
Julie está em seu laptop pressionando atualizar a cada dez
segundos, esperando que o site libere os artigos de hoje. Ela vai mostrar
como isso é ruim para mim, pois achamos melhor que eu não veja os
comentários imediatamente assim que for ao ar.
— Foi lançado — ela diz em um tom alto, e eu fecho meus olhos e
invoco uma respiração profunda.
Cat e Suze seguram minha mão de cada lado.
— Eu não entendo — diz Julie.
Eu abro meus olhos.
— O que? — Eu falo. — O que você não entendeu?
Suas sobrancelhas se juntam enquanto ela estuda a tela do laptop.
— É você, mas não é você.
— O que você quer dizer? — Eu me inclino e pego o laptop dela.
— Seu nome, não consigo ver.
Eu li rapidamente o artigo, que eu sei de cor. É o mesmo artigo que
li centenas de vezes em dois dias. Tentando encontrar um giro positivo.
Mas algo está errado.
Eu li novamente. E de novo.
— Leia isso — digo para Cat e Suze. — O que diabos está
acontecendo?
Seu nome está em toda parte. Mas eu? Eu me tornei uma
funcionária sem nome e sem rosto.
— Oh meu Deus. — Julie tapa a boca com a mão. — Ele encontrou
uma maneira de mantê-la fora disso.
— Ninguém sabe que sou eu? — Eu pisco. — Como? Como ele fez
isso? — O alívio flui através de mim como se alguém abrisse uma
torneira.
Ela faz uma pausa. — Isso não faz sentido. É uma história mais
lucrativa com você nomeada.
Seus olhos se arregalam. — Ele deve ter pago muito dinheiro para
manter seu nome fora disso.
— Ele me protegeu? — Eu pergunto em voz baixa. — Mas por que
ele não parou a história completamente?
— Não sei. — Ela dá de ombros. — Ele obviamente usou a si
mesmo como uma ferramenta de barganha. Execute a história, mas sem
você nela. É quase impossível interromper uma história, a menos que
haja uma ameaça à vida. Tudo o que você pode fazer é lidar com isso
depois.
Eu caio de volta no sofá enquanto dois dias de emoções de partir
o coração e cansaço me inundam.
A história feia e escandalosa ainda está por aí para todos verem
com o nome dele. Ele nunca vai me perdoar por isso. Eu nunca vou ser
abraçada ou beijada por ele novamente.
Danny, eu sei o que você fez por mim. Por favor, fale comigo.
A mensagem lida aparece e eu espero.
Nenhuma resposta.
***
Conheço o código do portão, então entro em vez de ligar para ele
para me deixar entrar. Desde que começamos a namorar, ele me deu o
código e eu simplesmente entrava sempre que o visitava.
Agora, não tenho tanta certeza de que é a coisa certa a fazer. É
domingo à tarde, vinte e quatro horas desde que o artigo saiu, e ele não
respondeu a nenhuma das minhas mensagens.
Mas não quero conversar pelo interfone. E se ele não me deixar
entrar? Não, preciso que ele veja meu rosto, para ver como estou
arrependida e chateada. Para ver como estou quebrada.
Então aqui estou eu, do lado de fora de sua porta, doente de medo
e nervosa.
Eu inspiro profundamente e bato na grande aldrava.
Estou esperando uma voz escocesa rouca e seca, mas a familiar
voz feminina que ouço no corredor é dez vezes mais assustadora.
— Isso é o takeaway, querido?
Meu sangue gela quando percebo de quem é a voz que estou
ouvindo.
Passos se aproximam da porta.
O pânico toma conta de mim e desço correndo os degraus,
atravesso a entrada da garagem e saio pelo portão, as pedras voando
sobre meus pés. Respirando com dificuldade, eu me inclino para trás,
escondendo-me atrás de um dos grandes pilares.
Espiando para fora, observo meu pior pesadelo enquanto ela está
parada na porta vestindo a camiseta de Danny e um par de shorts. Uma
camiseta que ele me deu para usar.
Ela olha em volta, confusa.
— Quem é? — diz a conhecida voz escocesa se aproximando da
porta.
Eu coloco a mão sobre minha boca para abafar meus gritos.
— Ninguém. — Ela dá de ombros, virando-se para sorrir.
A porta se fecha e, por um momento, fico paralisada, incapaz de
processar a memória do que acabou de acontecer. Então algo estala
dentro de mim e eu caio no chão.
O ar que eu estava segurando escapa dos meus pulmões em um
gargarejo. Acabou. Nunca poderemos nos recuperar disso, nunca mais
voltar. Isso tudo não significou nada. Ele seguiu em frente.
Começo a chorar incontrolavelmente, sentada na rua.
Danny Walker me abriu e cortou meu coração ao meio.
***
Sento-me no sofá com Cat, Suze e Julie me observando. Como eu
estava naquele estado, Cat me pegou em Richmond e me acompanhou
de volta ao apartamento.
— Jackie. — Os olhos chocados de Cat encontram os meus.
— Sim.
— Sério, Jackie? — ela repete uma oitava acima. — Eu sei que ela
é linda, mas ela é tão irritante. Não acredito que ele foi lá.
Eu dou de ombros, enxugando meu rosto manchado de lágrimas.
Minhas bochechas estão vermelhas e doloridas de tanto chorar. Suze me
encara de sua posição no chão.
— Ele estava tão a fim de você. Ele teve tanto problema em
namorar pessoas que trabalham para ele, então ele faz isso de novo? Não
faz sentido.
Soltei uma risada triste. — Ele é o CEO. Ele pode fazer o que quiser.
Ele vê algo que gosta, ele pega. Eu sabia. Eu vi os sinais. Eu sou tão
estúpida.
Deixo escapar um soluço e Cat coloca o braço em volta de mim. —
Ele tinha uma nova namorada a cada dois meses. O que eu estava
esperando? Que ele ficaria sentado e ansiando por mim?
— Isso é tudo minha culpa — Julie sussurra do canto, com os
olhos no chão. — A história, sua separação. Eu estraguei tudo.
Eu me inclino e pego a mão dela. — Não, Julie, não é. Você não o
fez seguir em frente com Jackie. Se ele pode seguir em frente tão
rapidamente, então não era o que eu pensava. Você precisa voltar ao
normal. — Eu rio dela através das lágrimas. — Isso de ser legal comigo
está me assustando. Você deveria estar me dizendo para colocar minhas
calças de menina grande e lidar com isso.
Ela me dá um pequeno sorriso aliviado.
— O que você vai fazer? — Cat sonda suavemente. — Você vai
recusar o emprego em New York?
Eu paro. — Acho que vou aceitar. O tempo fora será bom.
— Por conta própria? — Seus olhos se arregalam. — Agora é a
melhor hora?
Eu olho entre elas. Uma parte de mim quer deixar a Nexus para
nunca mais ter que ver Danny Walker. Mas uma parte de mim quer este
trabalho; eu trabalhei para isso. É meu. Só porque ele me deixou de lado
não significa que eu deva desistir de todo o resto.
— Estou dizendo que sim. — Eu aceno com firmeza. — Meu nome
não saiu no artigo. Na verdade, poderia facilmente ser Jackie. As pessoas
acreditariam nisso. Isso parece certo... um novo começo. Três meses
longe para clarear a cabeça.
— Eu só não gosto da ideia de você estar sozinha agora. Estou
preocupada com você. Você está tão... perturbada. — Cat me encara. —
Eu nunca vi você assim.
— Eu vou ficar bem. — Eu sorrio tristemente. — Isso vai ser bom
para mim.
Ela assente, não convencida. — Quando você vai embora?
— Preciso trabalhar nos detalhes com eles, mas eles disseram que
posso ir na próxima semana. Trabalharei no escritório de New York e
começarei meio período na função de design enquanto faço um plano de
transição para minhas tarefas atuais. Eles vão fundir minha função com
a equipe Nexus, então isso combina perfeitamente com eles.
Eu dou uma risada triste. — Acontece que Danny estava certo. Eles
teriam cortado meu papel e me tornado redundante. Talvez ele estivesse
tentando me fazer um favor.
Mais tarde naquela noite, decido que há algo urgente que preciso
fazer se tiver alguma esperança de recuperação.
Danny, quero me desculpar pelo constrangimento que causei
a você com este artigo. Nada disso era minha intenção. Espero
sinceramente que você e meu irmão reconstruam sua amizade. A
última coisa que eu queria era ficar no meio disso. Cometemos um
erro, mas tenho certeza que você concorda que, pelo bem de
Tristan, devemos ser civilizados e aprender a ficar bem um com o
outro... talvez até um dia possamos ser amigos. Vou aceitar o
emprego em New York, então você não precisa me ver.
Nós dois estamos seguindo em frente, e isso é o melhor.
Espero que você ainda me deixe assumir a posição,
independentemente de todo o drama que causei. Não serei a
pirralha que costumava ser. Quando nos encontrarmos
novamente, será como se as coisas nunca tivessem acontecido.
Eu envio para seu endereço de e-mail pessoal, em vez de seu
telefone. Dessa forma, não saberei quando ele o leu.
Está feito.
Então me deito na cama e olho sem vida para o teto.
Eu estava mentindo no meu e-mail. Eu nunca vou ser capaz de
seguir em frente dele. De nós.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
CHARLIE
UM MÊS DEPOIS.
DANNY
CHARLIE
CHARLIE
CHARLIE
DANNY
DIA DE NATAL
CHARLIE