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COLHEITA E FIXAÇÃO DE MATERIAL HISTOLÓGICO

1 -COLHEITA DO MATERIAL

Para examinar um tecido é necessário antes de tudo, retirá-lo do organismo " in vivo "
ou mais comumente, após a morte.
Como exemplos de colheita " in vivo " podemos citar as biópsias (por puncionamento
com agulha ou por excisão) e da Coleta de sangue.

2-FIXAÇÃO

A fim de evitar a destruição da célula por suas próprias enzimas (autólise) ou por bactérias,
os tecidos removidos do corpo de um animal devem ser imediatamente tratados após sua
retirada. Este tratamento, denominado fixação, visa além disso endurecer os tecidos, uma vez
que os mesmos em seu estado natural são moles e friáveis (com exceção dos ossos, cartilagens e
dentes).

A fixação deve ser imediata para que não ocorram alterações celulares, empregando agentes
químicos que atuam interrompendo os processos vitais (autólise) de maneira permanente,
preservando a morfologia das células. Tratamentos por agentes físicos como o frio e o
dessecamento interrompem o metabolismo celular enquanto persistir sua atuação, causando
pequenas alterações celulares, sendo conhecidos como conservadores. O calor, por coagular as
proteínas, tem efeito definitivo, embora causando grandes alterações estruturais. A que
preserva melhor a morfologia celular é a que utiliza agentes químicos. Este tipo é o mais
usual e corrente no processamento histológico, atuando através de interações com as moléculas
proteicas, lipídicas e glicídicas celulares, promovendo a sua estabilização e insolubilização,
impedindo que estes componentes sejam removidos nas etapas seguintes da técnica.

Estas ações são promovidas pelos fixadores das seguintes maneiras:


-> coagulando os protídeos sem combinar-se com eles (álcool, ácido pícrico, iodo e calor)
-> formando combinações químicas com as substâncias orgânicas (o ácido crômico e seus sais)
reduzindo-se em contato com as mesmas e originando um precipitado fíno (o ácido ósmico,
bicloreto de mercúrio e cloreto de ouro)

Embora existam diversos tipos de fixadores, cada um deles apresenta uma afinidade maior
ou menor para os diversos organóides e inclusões celulares (além dos componentes da matriz
extra-celular), não existindo nenhum que se comporte uniformemente em todas as células.

Podem ser classificados em 2 grupos :

- FIXADORES SIMPLES : são aqueles constituídos por uma só substância química.


O mais usual é o formol em solução aquosa a 10 % (partindo de uma solução stock de aldeído
fórmico a 40 %). Outros exemplos são: o ácido ósmico, o bicromato de potássio , o bicloreto de
mercúrio, o etanol e o metanol.

- FIXADORES COMPOSTOS OU MISTURAS FIXADORAS: em sua composição entra um


número variável de fixadores simples, racionalmente escolhidos, com o fim de completar a ação
de cada um deles e /ou atenuar seus defeitos. Como exemplos temos:

a) Liquido de Bouin (formol a 40 %, ácido acético glacial e solução aquosa saturada de ácido
picrico). Fixador rápido, fixa entre 4 a 24 horas.

Indicações: é uma das melhores misturas conhecidas, indicada especialmente para os exames
histopatológicos. Excelente fixador para os corantes naturais e de anilinas, permitindo também,
boas impregnações metálicas, como para as fibras reticulares e células argentafíns.

Contra-indicações: é desvantajoso para coloração dos órgãos hematopoiéticos, pois deforma as


hemácias e solubiliza cristais de cálcio e hemossiderina.

b) Liquido de Duboscq - Brasil ou Bouin alcoólico (mistura de formol a 40 %, solução


alcoólica saturada de acido pícrico e ácido acético glacial)

Tempo de fixação: fixador ultra-rápido, fixa entre 2 e 12 horas. Recomendável para as


biópsias porque, além da rápida fixação, inicia a desidratação da peça em virtude do álcool.
Também é recomendado para insolubilizar glicídios.

Contra-indicações: as mesmas que as do Bouin, acrescidas de acentuada solubilização de


lipídeos.
Podemos citar também o Líquido de Zenker, Líquido de Helly e o Líquido de Fleming, que
utilizam os sais de cromo e mercúrio, com a contra-indicação de formarem precipitados com
hemoglobina que precisam ser removidos.

Qualidades de um bom fixador:


1 - Matar rapidamente a célula para impedir o aparecimento de alterações;
2 - Conservar inalterados a maioria dos detalhes estruturais que se apresentavam "in vivo";
3 - Favorecer a observação das estruturas;
4 - Impedir o aparecimento de estruturas artificiais (artefatos de técnica);
5 - Não interferir na coloração dos tecidos;
6 - Conservar ou aumentar a afinidade dos tecidos pelos corantes; * . .
7 - Possuir um alto poder de penetração;
8 - Minimizar o desaparecimento dos elementos solúveis dos tecidos
9 - Endurecer os tecidos sem deformá-los
10 - Impedir a contaminação por bactérias e fungos
11 - Serem de baixo custo e atóxicos
12 - Após fixarem, servirem também como conservantes

Requisitos para uma boa fixação " _ . -


a) Intervalo mínimo entre a colheita do material e a fixação
b) Contato de todas as superfícies da peça com o liquido fixador
c) Grande volume do líquido fixador (no mínimo 20 vezes o volume da peça)
d) Peças com espessura mínima de 1mm e máxima de 6mm
e) Adequar o melhor fixador em relação ao estudo a ser realizado
f) Utilizar instrumental cortante bem afiado
g) Evitar esmagamento das peças com tesouras e pinças
h) Remover, através de lavagem com solução salina, resíduos cavitários

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