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Preparação do Material (amostra) para Estudo ao Microscópio

Óptico (Texto do Prof.Walcir J. Fieri)


Preparações à fresco
Estas preparações são simples, rápidas, porém não de boa
qualidade e a análise da lâmina é imediata. É o que se faz quando se observa
células da mucosa oral através de uma dissociação e coradas com azul de
metileno ou outro corante. Também são preparações à fresco quando
examinamos uma cultura de protozoários ou tecidos cultivados em meios
especiais. Geralmente, após o exame das células ou tecidos, estas
preparações são descartadas e as lâminas são lavadas e
reaproveitadas. Estas preparações não se preservam por longos períodos de
tempo para estudos posteriores.
Preparações permanentes
Normalmente estas preparações são complexas e demoradas pois
são fixadas para a preservação dos constituintes das células e tecidos. São
duradouras, isto é, as lâminas preparadas podem ser guardadas por longos
períodos de tempo e examinadas por ocasião das aulas práticas. A maioria das
lâminas usadas para estudo na Citologia, Histologia, Patologia, Genética e
outras disciplinas, são preparadas com esse fim.
Para o estudo da micromorfologia das células e tecidos, são
utilizadas técnicas histológicas. Estas técnicas são relativamente demoradas
e são realizadas através de etapas.A seguir, etapas deste método ou protocolo:
01. Coleta do material ou amostra

A coleta da amostra (tecido ou órgão) para estudo pode ser


realizada através de:
a) Biópsia: técnica muito usada pela Patologia. Normalmente
retira-se um fragmento do tecido ou do organismo vivo, para tanto
se anestesia o local
b) Necropsia ou autópsia: também é uma técnica muito usada
pela Patologia. Consiste na retirada de um fragmento de tecido ou
do órgão, porém do organismo já morto.
c) Vivissecção: esta é uma técnica muito usada na Citologia e
Histologia. Refere-se à retirada de fragmentos de tecidos ou
órgãos de cobaias através de sua dissecção. Neste caso, o termo
biópsia também é usado por muitos pesquisadores.
As disciplinas Citologia e Histologia nem sempre se utilizam de
material humano para estudo, aliás somente em raras ocasiões. As razões para
tal procedimento são várias, como a difícil obtenção, nem sempre é didático
para estudo e às vezes o órgão é demasiado grande quando se quer estudá-lo
por inteiro. Assim, os animais mais utilizados são o rato, o cão, o gato, o
coelho, o porco, a cabra, o boi, etc. A amostra uma vez coletada, é
imediatamente lavada e introduzida em uma solução fixadora.
02. Fixação da Amostra

A fixação visa a preservação da morfologia e dos constituintes


químicos das células e tecidos. Uma vez no fixador, as células morrem
imediatamente evitando processos autolíticos. Falhas em fixar um tecido
adequadamente permite que as enzimas intracelulares continuem a funcionar e
a degradar a estrutura celular, condição conhecida como autólise post-
mortem.

São agentes fixadores o calor, o frio e os fixadores químicos.


Pelo calor podem ser fixados, por exemplo, esfregaços de sangue
ou lâminas contendo bactérias ou fungos. É um processo muito usado pela
Microbiologia e Hematologia.
Pelo congelamento, o metabolismo das células fica nulo, porém não
fixa os tecidos, pois uma vez passado o efeito do congelamento o órgão pode
sofrer os processos autolíticos, caso a amostra não seja tratada quimicamente.
O congelamento é um processo muito utilizado pela Histoquímica.
Os fixadores químicos são os mais utilizados, porém nem todos os
fixadores são compatíveis com os métodos de coloração. Os fixadores
químicos mais usados são: a solução de 10% de formalina em salina, as
misturas de Bouin, Helly, Zenker, etc.
Os fixadores devem possuir várias propriedades como fixar a
amostra, evitar sua autólise, conservar a amostra, penetrar na mesma,
endurecer relativamente a amostra, não interferir nos corantes, insolubilizar os
componentes celulares e tissulares, não provocar alterações químicas e
morfológicas nas células e tecidos.
Após a fixação da amostra, o procedimento seguinte consiste em
prepará-la para o exame ao microscópio. Com a finalidade de permitir que a luz
o atravesse, corte delgados da mesma devem ser realizados. Embora o
processo de fixação endureça o tecido, o material não se torna suficientemente
firme ou coeso para permitir cortes delgados perfeitos. Para que essa rigidez
seja atingida, o tecido deve ser completamente impregnado com algum meio
de sustentação que manterá juntas as células nos tecidos. O componente de
sustentação mais utilizado é a parafina histológica. Como a parafina não é
solúvel na água, há necessidade de se desidratar a amostra. Atualmente
utilizam-se também resinas histológicas.
03. Desidratação da Amostra

A desidratação é levada a efeito emergindo a amostra de tecido em


concentrações crescentes de álcool etílico. Geralmente passa-se a amostra
para álcool 70% e em seguida álcool 90% até álcool absoluto com várias
passagens. O uso de concentrações de álcool, remove a água da amostra sem
causar dano celular e substitui a água pelo álcool.
04. Clarificação ou Diafanização da Amostra

A impregnação da amostra com parafina é impossível porque a


mesma não é miscível no álcool. A amostra deve, portanto, ser imersa em um
produto químico em que o álcool e a parafina sejam solúveis. O xilol é o mais
usado. Tal produto é chamado agente diafanizador porque torna a amostra
translúcida como resultado de seu alto índice de refração, como também,
dissolve os lípides.
O fragmento da amostra é removido do álcool absoluto e passado
por sucessivas trocas de xilol até que o álcool seja substituído pelo xilol.

05. Impregnação e Inclusão da Amostra

Do xilol a amostra é colocada em parafina aquecida e fundida. Esta


etapa ocorre na estufa a uma temperatura aproximada de 70ºc. A amostra
passa por várias trocas de parafina histológica para assegurar a substituição do
agente clarificador pela mesma. A parafina é então derramada em um molde,
geralmente de papel, e com o auxílio de uma pinça, o fragmento da amostra é
incluído na parafina ainda líquida e deixados para endurecer. O excesso de
parafina é posteriormente recortado.

06. Microtomia

O bloco de parafina contendo a amostra em seu interior é colocado


no micrótomo. Este é um aparelho que contém uma navalha bem afiada que
retira cortes delgados (entre 4 e 20 m de espessura) do bloco. Os cortes
obtidos são distendidos em água quente onde flutuam. São depois transferidos
para as lâminas de vidro previamente revestidas com um adesivo, a albumina.
07. Coloração das Lâminas

Geralmente os tecidos não corados são quase transparentes e o


reconhecimento de suas estruturas ao microscópio óptico é praticamente
impossível. Os métodos de coloração dos tecidos para observação microscópio
óptico foram introduzidos por volta de 1850 e com isso ocorreram,
imediatamente, grandes avanços no campo da histologia.

A química concernente à maioria das técnicas não é bem


compreendida, e muitas colorações são descobertas por acaso.
Coloração pela técnica H/E:
A hematoxilina e a eosina (H/E), consiste na combinação mais comum de
corantes usados na Histologia e Patologia. A hematoxilina é um
corante básico e cora estruturas ácidas em azul arroxeado. Cora, por exemplo
o núcleo da célula que é rico em DNA (ácido desoxirribonucléico). Diz-se que
os componentes ácidos são basófilos, isto é tem afinidade por corante
básico. A eosina é um corante ácido e cora componentes básicos da célula em
vermelho. Cora o citoplasma que é rico em proteínas. Assim os componentes
básicos são ditos acidófilos ou eosinófilos.
Certos corantes reagem com os componentes das células e tecidos
e os coram com uma cor diferente da cor do corante. A mudança da cor do
corante ao corar células e tecidos denomina-se metacromasia. São exemplos
desses corantes o azul de toluidina, o azul de metileno ou a tionina. Com os
corantes azuis, a cor muda para vermelho. A coloração dos mastócitos com o
azul de toluidina é um bom exemplo de metacromasia. Os grânulos do
citoplasma coram-se em vermelho, enquanto o resto do tecido fica em azul. A
causa da metacromasia ainda não é totalmente compreendida, porém tem sido
sugerido que é devida a polimerização das moléculas do corante.
Método de coloração pela técnica H/E: Em razão de muitos
corantes serem dissolvidos em água, torna-se necessário remover a parafina
do tecido e substituí-la pela água. Para isso, as lâminas que contém os cortes,
são mergulhadas repetidas vezes em cubas contendo xilol, assim, a parafina
dos cortes é substituída pelo xilol. Este, agora, é retirado, passando as lâminas
através de concentrações decrescentes de álcool etílico, desde o álcool
absoluto até a água. Após a coloração dos cortes, as lâminas são montadas.

Clique no link abaixo e observe um esquema das estapas da técnica


histológica:

http://ufpel.tche.br/~mgrheing/tec_histo.jpg

04. Montagem das lâminas

Para a proteção dos cortes e para torná-los permanentes, há


necessidade de serem protegidos por uma lamínula. Para tanto, as lâminas são
desidratadas, passadas para o xilol e com uma gota de resina chamada resina
histológica, uma lamínula é colocada sobre o corte. A temperatura ambiente
se encarrega de secar a preparação.
Artefatos de Técnica
Os artefatos de técnica podem ou não ocorrer nas preparações
como a que acabamos de descrever. São pequenas anormalidades
encontradas nas lâminas, oriundas da técnica de preparo das mesmas. Podem
ser pequenas dobras, rugas, rupturas, sinais de dentes de navalha, bolhas de
ar, precipitados de corantes, etc. Estes artefatos necessitam ser reconhecidos
para evitar que sejam confundidos com as estruturas celulares.
Métodos Especiais:
Histoquímica e Citoquímica
A histoquímica e a citoquímica compreendem o estudo dos
compostos e elementos químicos presentes nas células e tecidos, sua
identificação e locais onde as reações químicas se realizam. Enquanto os
métodos histológicos têm sido usados tradicionalmente pelos histologistas para
demonstrar estruturas tais como núcleos, complexo de Golgi, fibras nervosas,
etc., as técnicas histoquímicas baseiam-se na compreensão total das reações
químicas inorgânicas e orgânicas, ao passo que o uso de corantes comuns
para a coloração envolve reações que não são sempre compreendidas e pode
comprometer um grande número de fenômenos físico-químicos. Existem
alguns princípios fundamentais utilizados pela histoquímica que devem ser
observados à risca:
a) a substância química e o tecido devem ser preservados.
b) deve ser evitada a difusão das substâncias químicas e de seus
locais nas células e tecidos.
c) a técnica histoquímica deve produzir um produto final insolúvel.
d) o produto final da reação deve apresentar cor ou tonalidade que
possa ser visível.
e) a reação histoquímica deve ser específica para a substância
química que está sendo usada.
rantes biológicos. O primeiro consiste nos corantes de tecidos em geral,
usando um ou mais corantes para diferenciar o núcleo do citoplasma das
células. O segundo grupo envolve processos especiais de coloração. Por
exemplo, aqueles usados para demonstrar colágeno e elastina do tecido
conjuntivo. O terceiro grupo inclui os metais pesados nos métodos de
impregnação, nos quais os sais metálicos são depositados nos tecidos, e estes
sais depois são convertidos em metal, que aparecem em negro quando
observados ao microscópio.
Criofratura
A criofratura é um método de preparação de tecidos para a
microscopia eletrônica sem o uso de fixadores químicos ou agentes de
desidratação e inclusão. Consistem em congelar rapidamente à temperaturas
baixas (-160 ºC) e depois fraturar a amostra com uma navalha de metal. A
superfície exposta do tecido é introduzido no vácuo em baixa temperatura, o
que permite a água congelada do tecido sublimar-se. Os componentes
celulares ficam expostos em relevo na superfície. O carbono e a platina são
então depositados em camada fina sobre a superfície, de tal forma que
produza um sombreamento. Ácidos fortes digerem a parte orgânica e o molde
de carbono-platina é examinado ao microscópio eletrônico de varredura. Este
método permite o estudo, principalmente de superfícies membranosas.
Imunofluorescência e Imunocitoquímica
Certas proteínas específicas ou polissacarídeos podem ser
localizados pelas técnicas de imunocitoquímica ou imunofluorescência. Estes
métodos levam em conta que o organismo produz proteínas específicas
chamadas anticorpos, em resposta a proteínas estranhas introduzidas
denominadasantígenos. Os anticorpos reagem com os antígenos inativando-
os. Corantes fluorescentes podem ser ligados quimicamente aos anticorpos, de
modo que os locais onde os antígenos reagem com os anticorpos podem ser
localizados com o microscópio de fluorescência.
Cultura de Células e Tecidos
Hoje, existem técnicas através do uso de enzimas específicas, que
permitem o isolamento de frações puras de um tipo celular único, como células
pancreáticas, células hepáticas, certas células sangüíneas, conjuntivas,
cancerígenas, etc.
Estas células, retiradas do organismo, podem ser mantidas vivas em
um meio de cultura adequado e, conseguem ainda, com que se multipliquem
formando um tecido. Normalmente utilizam-se lâminas de vidro como suporte
para o desenvolvimento dessas culturas e como as células tendem a se
multiplicarem formando camada única, facilita a observação ao microscópio.
Essas culturas têm sido usadas para o estudo do metabolismo de
células normais, cancerosas, embrionárias ou infectadas por vírus, bactérias ou
protozoários. Na citogenética, as culturas de células são de extrema
importância para o estudo da mitose, da meiose, dos cromossomos e para a
confecção dos cariótipos dos indivíduos.
Coloração Vital e Supravital
Ao se injetar corantes vitais de baixa toxidade em animais vivos
(coloração vital) ou aplicados em células e tecidos sobreviventes, retirados do
organismo, e vivendo, muitas vezes em meios de cultura (coloração supravital),
estes corantes se incorporam seletivamente em algumas células, organelas ou
componentes extra-celulares. A localização do corante, pode ajudar não só na
identificação do componente corado, como fornecer subsídios para sua função.
Por exemplo, a alizarina, usada como corante vital, incorpora-se seletivamente
à matriz calcificada do osso que está sendo formado durante o uso do corante,
corando-se em vermelho.
Os corantes azul tripam, carmim, nanquim e outros, têm sido
usados para o estudo da fagocitose e para a identificação de diferentes tipos
demacrófagos (células fagocitárias). Os corantes supravitais vermelho
neutro e verde Janus têm sido usados, respectivamente, para o estudo
deleucócitos e mitocôndrias. Supravitalmente, o azul de
metileno cora células nervosas e seus prolongamentos, ficando fácil sua
identificação.
Interpretação de Cortes de Tecidos, Células ou Órgãos

Às vezes o estudante, no início, tem dificuldades em interpretar uma


lâmina histológica, pois o corte observado ao microscópio apresenta apenas
duas dimensões e as estruturas celulares, as células, os tecidos ou os órgãos
possuem três dimensões.
Ao se pegar uma lâmina histológica, ela deve ser antes examinada a
olho nu contra a luz. Deve-se observar a forma do órgão ou da estrutura, seu
tamanho, a técnica de coloração usada e em que posição o órgão ou tecido foi
seccionado.
Geralmente os cortes apresentam 7 m de espessura, portanto,
menos que a espessura da maioria das células. Deve-se imaginar o que
poderia ser visto em cortes feitos acima ou abaixo do corte existente em sua
lâmina. Estruturas como vasos sangüíneos e nervos, muitas vezes têm um
curso sinuoso através dos tecidos, de modo que quando eles são identificados
em um plano particular do corte, podem ser cortados várias vezes, muitas das
quais transversalmente, outras obliquamente e em algumas, longitudinalmente.
Entenda que se você examina um corte feito através de uma célula,
o corte pode não ter passado pelo seu núcleo, de modo que ela pode aparecer
sem núcleo.
Cortes em vasos sangüíneos, ductos de glândulas ou vias
respiratórias requerem muita atenção na sua interpretação.
Unidades de Medida Usadas em Microscopia
Quando se examina estruturas ao nível de microscópio, há
necessidade de se ter uma noção de tamanho e para isso foram criadas
algumas unidades de medida.
1 m (micrômetro) = 1/1000 mm
1 nm (nanômetro) = 1/1000 m
1 Å (angstron) = 1/10000 m
1 mm = 1000 m
1 m = 1000 nm
1 m = 10000 Å
1 nm = 10 A

ESTUDO DA CÉLULA

(Texto de Walcir J.Fieri)

Introdução
A célula é a unidade microscópica que constitui os seres vivos, e em
geral definida como a menor porção da matéria viva dotada de autoduplicação
independete. Alguns seres são constituídos por apenas uma célula, são os
seres unicelulares; outros são formados por várias ou muitas células, são os
seres pluricelulares e neste caso são constituídos por tecidos.
A maior parte dos seres vivos são organizados por células típicas
formadas por membrana plasmática, citoplasma e núcleo, sendo este
envolvido pela membrana nuclear. Estes organismos são os eucariontes. Os
organismos procariontes não apresentam núcleo envolvido por membrana,
contêm o que chamamos de nucleóide e compreendem as bactérias,
cianofíceas, as riquétsias e os micoplasmas (atualmente, estes três tipos de
organismos são considerados bactérias).
Os eucariontes compreendem as plantas (inclusive os fungos) e os
animais típicos. Existem organismos eucariontes, principalmente os
unicelulares, geralmente representados pelos protozoários e algas unicelulares,
que não são animais ou vegetais típicos, e muitas vezes, apresentam
características de ambos. Estes são incluídos entre os protistas.
Como se percebe, além dos seres animais e vegetais típicos,
existem outros com características diferentes. Assim, para facilitar a
compreensão, em 1969, R. H. Whittaker sugeriu a criação de um sistema com
cinco reinos para enquadrar todos os organismos formados por
células: Moneras (Procariontes ou Procariotos), Protistas, Fungos,
Plantas e Animais. Estes últimos todos eucariontes ou eucariotos. As seguir,
os 5 reinos da natureza segundo Whittaker, porém modificado:
As moneras compreendem os procariontes: bactérias,
micoplasmas, riquétsias e cianobactérias, estes outros também são tipos de
bactérias.
Os protistas, como já vimos, são eucariontes unicelulares ou
pluricelulares, mas com organização inferior. Abrangem as algas unicelulares,
como as pirrófitas (dinoflagelados), as crisófitas (diatomáceas) e
as euglenófitas (euglenas) e as também as algas pluricelulares. Incluem-se
também osprotozoários. Neste reino estão muitos outros organismos
eucariontes de difícil classificação.
Os fungos (cogumelos) estão em um reino próprio, pois apresentam características próprias e
diferem muito de vegetais e animais. Não formam tecidos verdadeiros, são heterótrofos, não possuem
celulose, armazenam glicogênio no lugar do amido, apresentam digestão externa, entre outras
características. São eucariontes unicelulares e pluricelulares.

Entre as plantas estão os vegetais intermediários (briófitas e


pteridófitas) e os vegetais superiores (gymnospermas e angiospermas) que são
organismos autótrofos, isto é, produzem seu próprio alimento através da
fotossíntese. O reino animal abrange todos os animais invertebrados e
vertebrados pluricelulares que são organismos heterótrofos, isto é não
produzem seu alimento.
Os Vírus não estão incluídos em nenhum dos cinco reinos, pois não
são formados por células. Apresentam uma organização e um comportamento
peculiar. São parasitas obrigatórios das células. Só se reproduzem no interior
destas e não por divisão dos pré-existentes mas por montagem de
componentes virais sintetizados pela célula hospedeira. Quando estão fora das
células não possuem comportamento de seres vivos, são cristalizáveis e
comportam-se como se fossem um mineral.
Origem da Célula Eucarionte
É bastante provável que as células eucariontes (ou eucarióticas),
caracterizadas pelo seu elaborado sistema de membranas, tenham surgido
através de um processo de evolução contínua de células procariontes (ou
procariotas). O processo deve ter ocorrido através de invaginações da
membrana plasmática. A invaginação da membrana foi de extrema
importância para a evolução das células eucarióticas, pois deu origem a
inúmeros compartimentos intracelulares, como os lisossomos, o aparelho de
Golgi, o retículo endoplasmático e outros, que são formados por vesículas ou
por sistemas tubulares, com composição enzimática específicas e
apresentando funções variadas, aumentando com isso a eficiência do
metabolismo celular. Quanto aos cloroplastos e mitocôndrias, há indícios de
que derivem de bactérias que foram fagocitadas e não digeridas que
permaneceram como simbiontes nas células eucariontes hospedeiras
originando um metabolismo mutuamente benéfico e que com o passar do
tempo tornou-se irreversível, devido a mutações ocorridas nos simbiontes.
Tamanho das Células
Na sua grande maioria, as células são microscópicas. No homem, seu
tamanho médio varia entre 10 e 50 µm. Por exemplo, o ovócito possui de 100 à
200 µm de diâmetro. As fibras musculares estriadas esqueléticas e os
neurônios podem ter vários centímetros de comprimento. Porém, certas células
nervosas podem ter apenas 6 µm de diâmetro e as hemácias 7 µm. As
bactérias possuem em média 3 µm e os micoplasmas, que são as menores
células possuem 0,2 a 0,1 µm de diâmetro.
Como exemplos de células macroscópicas citamos a gema do ovo, as
células das algas Nitella, Chara e Acetabularia que costumam ter vários
centímetros de comprimento. De modo geral, as células vegetais costumam ser
maiores que as células animais.
Forma das Células
A forma das células é bastante variada e geralmente relacionada com
sua função. Existem células achatadas ou pavimentosas revestindo os vasos
sangüíneos e outras partes do corpo; células
prismáticas ou colunares forrando o estômago e outros órgãos; células
esféricas como os ovócitos e os glóbulos brancos do sangue; células
discóides como as hemácias de mamíferos; células
estreladas ou ramificadas como os neurônios; células fusiformes como as
fibras ou células musculares ou isodiamétricas como as da tiróide, etc.
Diferenciação Celular
Todo organismo começa com uma só célula, a célula ovo, que é capaz
de se reproduzir em outras diferentes dela, constituindo um conjunto de células
com funções específicas, formando tecidos altamente especializados. Nisto
consiste a diferenciação celular. Mesmo no indivíduo adulto existem células
indiferenciadas capazes de se reproduzirem em outras células diferentes com
funções determinadas. As células que se transformam nas células sangüíneas,
as que se transformam nos espermatozóides ou as que se transformam nas
células ósseas são células indiferenciadas. Dessa forma quando as células
indiferenciadas ou células tronco sofrem mitose produzem células filhas
diferentes dela.
As células resultantes dessa diferenciação, como as fibras musculares
estriadas ou os neurônios são células diferenciadas. As hemácias, certas
células conjuntivas ou epiteliais, também são células diferenciadas. Estas
células realizam uma função específica para a qual foram ou são produzidas.
Quando sofrem mitose produzem células filhas iguais a ela.
Propriedades dos Seres Vivos
a) Organização celular - A vida se organiza em células. Todos os
seres vivos são formados por células. A célula corresponde a
unidade morfofisiológica dos seres vivos. Desde bactérias,
protozoários, algas, fungos, vegetais e animais, todos são formados
por células. Os vírus são os únicos seres viventes na Terra sem
organização celular, mas não são considerados seres vivos típicos.
b) Composição química - A matéria viva apresenta uma composição
química complexa, constituída por dezenas de elementos químicos
que se combinam em milhares de substâncias diferentes. Em uma
mesma célula existem dezenas de diferentes aminoácidos, proteínas,
lípides, glúcides, ácidos nucleicos, vitaminas, hormônios, pigmentos,
sais, etc. Ao passo que a matéria não viva ou bruta é formada por
apenas duas ou três substâncias diferentes.
c) Estado físico - Para que exista vida é necessário que a matéria
orgânica do protoplasma esteja dissolvida em água,
formando soluções coloidais. Estas soluções apresentam partículas
chamadas micelas, que no protoplasma são essencialmente as
proteínas e apresentam movimento contínuo. Toda vez que o estado
coloidal se desfaz, a célula morre.
d) Metabolismo- Para a realização de suas atividades biológicas, os
seres vivos gastam energia. Para tanto, eles consomem alimentos,
que são combustíveis, dos quais retiram a energia necessária. A
incorporação da matéria na célula, dá-se o nome
de anabolismo, enquanto que a desassimilação dessa matéria para
obtenção de energia chama-
se catabolismo. Denominamos metabolismo ao conjunto desses
dois processos. Os seres não vivos não apresentam metabolismo.
e) Crescimento- Através da multiplicação das células se dá o
crescimento dos organismos. Este crescimento é condicionado
geneticamente a cada espécie.
f) Reprodução- Como todo ser vivo provém de outro pré-existente,
sempre há o processo de reprodução na origem de qualquer
organismo.
g) Adaptação ao Meio- Normalmente, todos os organismos
apresentam uma certa tolerância em relação ao ambiente em que
vivem. Ajustes homeostáticos os adaptam ao meio em que vivem.
Ocorrem também mutações em certos indivíduos, tornando-os mais
aptos à seleção natural e com isso vão se modificando com o
passar das gerações. Assim, espécies vão desaparecendo, enquanto
novas espécies vão surgindo.
A Origem da Vida em Nível Molecular
Na década de 1920, o bioquímico russo A. I. Oparim e o biólogo inglês
J. B. S. Haldane, independentemente e concomitantemente, formularam uma
teoria segundo a qual, os compostos orgânicos constituintes da matéria viva
(por exemplo, os aminoácidos e os glúcides) teriam-se formado a partir dos
gases metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2) e vapor dágua (H2O).
Admitiam que essas substâncias eram componentes da atmosfera primitiva da
Terra e, por ação da energia radiante solar (raios ultravioleta) e das descargas
elétricas atmosféricas (relâmpagos), reagiram entre si formando compostos
orgânicos, que se condensaram e se dissolveram nos oceanos primitivos.
Dessa forma, as águas oceânicas foram gradualmente se enriquecendo dessa
variedade de compostos orgânicos, constituindo uma sopa orgânica. Segundo
Oparim, em seu livro A Origem da Vida, publicado em 1936, as células
primitivas, muito mais rudimentares que os procariontes conhecidos, surgiram a
partir dessa sopa aquecida.
Em 1953, S. Miller realizou uma experiência na qual aminoácidos,
ácidos graxos, bases nitrogenadas e outros compostos orgânicos eram
produzidos nas condições da Terra primitiva. Construiu um aparelho de vidro
fechado, contendo um circuito elétrico e uma mistura de metano, amônia,
hidrogênio e vapor dágua. O aparelho permitia a circulação do vapor dágua,
que sofria resfriamento e se condensava como na formação de chuvas.
Havendo no aparelho o calor, os gases, as condensações e as descargas
elétricas, as supostas condições da atmosfera primitiva estavam ali
reproduzidas.
Após uma semana de funcionamento do aparelho com os gases circulando,
formou-se um depósito vermelho escuro, rico em compostos orgânicos,
inclusive aminoácidos.
Em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura dos aminoácidos secos a
aquecimento prolongado e demonstrou que eles reagiram entre si, formando
pequenas cadeias proteicas.
Segundo a hipótese de Oparim, essas moléculas proteicas e outras
substâncias orgânicas se combinariam e se recombinariam nos mares
primitivos milhões de vezes, e as proteínas se multiplicariam quantitativamente
e qualitativamente.
Dissolvidas em água, as proteínas formam colóides e o aparecimento
de coacervados. Com o tempo, provavelmente apareceram enzimas
catalisadoras para controlar as reações químicas e as nucleoproteínas com
capacidade de autoduplicação. Moléculas de proteínas e lípides se
organizaram em torno dessas pequenas estruturas e assim estavam
organizadas as primeiras células primitivas, que através dos rearranjos e
mutações, evoluíram para as células atuais.

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