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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UnISCED)

Mestrado em Saúde Pública

Módulo: Nutrição e Saúde Pública

Avaliação Final

Alda José Manuel Alfredo Hugo

Maputo, 2003
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ACTIVIDADE FÍSICA: um olhar para a
educação nutricional para crianças e adolescentes e alimentação na velhice/terceira
idade

Alda José Manuel Alfredo Hugo

RESUMO

“ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ACTIVIDADE FÍSICA: um olhar para a educação nutricional


para crianças e adolescentes e alimentação na velhice/terceira idade” é o tema do presente
artigo. Definimos como objectivo geral compreender o impacto da alimentação saudável e
actividades físicas na qualidade de vida dos indivíduos na infância, adolescência e na
velhice/terceira idade. Em termos metodológicos, trata-se de estudo de revisão (essencialmente
bibliográfico), no qual procuramos analisar artigos publicados no período entre 2017 a 2023. Os
resultados evidenciam que: (i), a prática regular de actividade física é factor estabelecido de
protecção à saúde. Além disso, assim como a alimentação saudável, ela previne doenças como a
obesidade, que é factor de risco para uma série de doenças crónicas, como hipertensão arterial
sistémica, diabetes mellitus e cancros. (ii) A promoção da educação nutricional deve acontecer
principalmente na primeira infância, dessa forma é muito mais garantido que esses hábitos
continuem ao longo da vida, pois a mudança na fase adulta tem alta taxa de insucesso, porque os
hábitos alimentares dos adultos estão relacionados com os aprendidos na infância; (iii) Para
envelhecer com saúde e comodidade, como também em todas as fases da vida, a alimentação
deve ser variada e equilibrada, referenciada pela cultura alimentar, harmónica em quantidade e
qualidade, naturalmente colorida e segura do ponto de vista da higiene.

Palavras-chave: Alimentação Saudável; Educação Nutricional; Actividade Física.

ABSTRACT

“HEALTHY EATING AND PHYSICAL ACTIVITY: a look at nutritional education for children
and adolescents and nutrition in old age/old age” is the theme of this article. We define as a
general objective to understand the impact of healthy eating and physical activities on the
quality of life of individuals in childhood, adolescence and old age/old age. In methodological
terms, this is a review study (essentially bibliographical), in which we seek to analyze articles
published in the period between 2017 and 2023. The results show that: (i), the regular practice
of physical activity is an established factor in protecting health. Furthermore, just like healthy
eating, it prevents diseases such as obesity, which is a risk factor for a series of chronic diseases,
such as systemic arterial hypertension, diabetes mellitus and cancer. (ii) The promotion of
nutritional education must take place mainly in early childhood, this way it is much more
guaranteed that these habits continue throughout life, as changes in adulthood have a high
failure rate, because the eating habits of adults are related with those learned in childhood; (iii)
To age healthily and comfortably, as well as at all stages of life, food must be varied and
balanced, referenced by food culture, harmonious in quantity and quality, naturally colorful and
safe from a hygiene point of view.

Keywords: Healthy Eating; Nutritional Education; Physical activity.

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1. INTRODUÇÃO

A alimentação e a prática de actividades físicas constituem-se em requisitos básicos


para a promoção e a protecção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial
de crescimento e desenvolvimento humano em todas as fases, ou seja, desde a infância
até a terceira idade.

Entende-se por alimentação adequada e saudável a prática alimentar apropriada aos


aspectos biológicos e socioculturais dos indivíduos, bem como ao uso sustentável do
meio ambiente. Ou seja, deve estar em acordo com as necessidades de cada fase do
curso da vida e com as necessidades alimentares especiais; referenciada pela cultura
alimentar e pelas dimensões de género, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e
financeiro; harmónica em quantidade e qualidade; baseada em práticas produtivas
adequadas e sustentáveis com quantidades mínimas de contaminantes físicos, químicos
e biológicos (Brasil, 2017, p. 31).

Deste modo, a promoção de alimentação saudável coadjuvada com as actividades físicas


tem a pretensão de desenvolver o conhecimento crítico e habilidades para o
autocuidado em saúde, além de causar uma repercussão significativa que pode se
estender por todo o ciclo de vida do escolar (Kroth & Fraga, 2015). Portanto, é
sobretudo na infância e na adolescência que ocorre a formação dos hábitos e práticas
comportamentais relacionadas com a alimentação, que, por sinal, poderão repercutir na
qualidade de vida do individuo na terceira idade.

Neste contexto, no presente estudo intitulado “ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E


ACTIVIDADE FÍSICA: um olhar para a educação nutricional para crianças e
adolescentes e alimentação na velhice/terceira idade”, procuramos compreender o
impacto da alimentação e actividade física na qualidade de vida dos indivíduos, desde a
infância ate a terceira idade.

Trata-se de estudo de revisão (essencialmente bibliográfico), no qual procuramos


analisar artigos, monografias, dissertações, teses e outras publicações relacionadas com
o nosso tema publicadas no período entre 2017 a 2023. Deste modo, as bases de dados
utilizadas foram o Google School e a SciELO.

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1.1. Problema

A alimentação é uma necessidade básica do ser humano e o acto de alimentar-se,


embora possa parecer comum, envolve uma multiplicidade de aspectos que influenciam
a qualidade de vida do indivíduo.

O hábito alimentar de um indivíduo é de natureza bastante complexa e o seu


estabelecimento implica numerosos factores; porém, de um modo geral, o tipo de
alimentação baseia-se na disponibilidade de alimentos, nos recursos económicos e na
capacidade de escolha das pessoas. Todavia, é principalmente na infância que os hábitos
alimentares e a prática de actividades físicas são formados, uma vez que tendem a se
manter ao longo da vida, apesar de serem determinados principalmente por factores
fisiológicos, socio-culturais e psicológicos.

Por isso, para o desenvolvimento da nossa pesquisa colocamos a seguinte pergunta de


partida: Qual é o impacto da alimentação saudável e actividades físicas na qualidade
de vida dos indivíduos na infância, adolescência e na velhice/terceira idade?

1.2. Objectivos

Para o desenvolvimento da nossa pesquisa definimos como objectivo geral:


compreender o impacto da alimentação saudável e actividades físicas na qualidade de
vida dos indivíduos na infância, adolescência e na velhice/terceira idade, e
especificamente:

(i) Descrever a importância da alimentação prática de actividades físicas para a


saúde;
(ii) Descrever a importância da educação nutricional para crianças e
adolescentes e;
(iii) Descrever a importância de ser ter cuidado com a alimentação na
velhice/terceira idade.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A nossa revisão da literatura inicia com o quadro conceptual em torno dos conceitos
chaves para a compreensão integral do trabalho. De seguida fazendo um estudo de arte
sobre a alimentação saudável e actividades físicas, educação nutricional e importância
da alimentação na velhice.

2.1. A alimentação e nutrição

A alimentação é um acto voluntário e consciente. Ela depende totalmente da vontade do


indivíduo e é o homem quem escolhe o alimento para o seu consumo. A alimentação
está relacionada com as práticas alimentares, que envolvem opções e decisões quanto à
quantidade; o tipo de alimento que comemos; quais os que consideramos comestíveis ou
aceitáveis para nosso padrão de consumo; a forma como adquirimos, conservamos e
preparamos os alimentos; além dos horários, do local e com quem realizamos nossas
refeições (Brasil, 2017, p. 16).

Conforme explica a mesma fonte supracitada, a alimentação não ocorre apenas para
suprir as necessidades biológicas; ela está internalizada na cultura do indivíduo e
depende de sua vontade e disponibilidade. Portanto, a alimentação é um elemento de
humanização das práticas de saúde, visto que expressa as relações sociais, valores e
história do indivíduo e dos grupos populacionais, além de ter implicações directas na
saúde e na qualidade de vida.

Em relação à nutrição, Brasil (2017, p.13) considera que é um acto involuntário, uma
etapa sobre a qual o indivíduo não tem controlo. Começa quando o alimento é levado à
boca. Segundo esta fonte, a partir desse momento, o sistema digestório entra em acção,
ou seja, a boca, o estômago, o intestino e outros órgãos desse sistema começam a
trabalhar em processos que vão desde a trituração dos alimentos até a absorção dos
nutrientes, que são os componentes dos alimentos que consumimos e são muito
importantes para a nossa saúde.

Portanto, a nutrição é o estado fisiológico resultante do consumo alimentar e da


utilização biológica de energia e nutrientes em nível celular, isto é, ela independe da
vontade do indivíduo e é um processo autónomo do corpo, mas é consequência da
alimentação.

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2.2. A alimentação e actividades físicas

A OMS (2017, p.18) define a actividade física como “qualquer movimento corporal
produzido por músculos esqueléticos que requer gasto de energia”. Segundo a entidade,
mesmo as actividades que realizamos em nosso dia a dia, como no deslocamento a
compromissos, no trabalho ou em momentos de lazer, trazem benefícios à saúde e, por
isso, também são consideradas actividades físicas (OMS, 2017).

Ainda de acordo com a OMS (2017), a alimentação saudável em si não é suficiente que
se tenha uma saúde esplêndida, mas sim a mesma deve ser conciliada com a prática de
actividades físicas. Por isso, a entidade considera que a falta de actividade física é um
factor de risco importantíssimo para o desenvolvimento das doenças crónicas não
transmissíveis e também para morte em todo o mundo. Por isso, postula que a prática
regular e adequada de actividade física está relacionada a: (a) melhor aptidão muscular e
cardiorrespiratória; (b) melhor saúde óssea e funcional; (c) menor risco de hipertensão,
doença cardíaca coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes, vários tipos de câncer
(incluindo câncer de mama e câncer de cólon) e depressão; (d) menor risco de quedas,
bem como as fracturas do quadril ou vertebral; (e) melhor equilíbrio energético e
controlo de peso.

2.3. Educação nutricional para crianças e adolescentes

De acordo com Brasil (2017, p.13) a educação nutricional é um campo de acção da


Segurança Alimentar e Nutricional e da Promoção da Saúde e tem sido considerada uma
estratégia fundamental para a prevenção e controle dos problemas alimentares e
nutricionais contemporâneos. Segundo a mesma fonte, entre seus resultados potenciais
identifica-se a contribuição na prevenção e controle das doenças crónicas não
transmissíveis e deficiências nutricionais, bem como a valorização das diferentes
expressões da cultura alimentar, o fortalecimento de hábitos regionais, a redução do
desperdício de alimentos, a promoção do consumo sustentável e da alimentação
saudável.

Assim, a educação nutricional abrange desde os aspectos relacionados ao alimento e à


alimentação até os processos de produção, abastecimento e transformação dos alimentos
em relação aos aspectos nutricionais, ou seja, a educação nutricional faz parte de um

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conjunto de estratégias criadas para promover a alimentação adequada e saudável,
sobretudo para crianças e adolescentes (Brasil, 2017).

Por seu turno, Coelho (2019) entende que a promoção de comportamento alimentar
saudável deve acontecer principalmente na primeira infância, dessa forma é muito mais
garantido que esses hábitos continuem ao longo da vida, pois a mudança na fase adulta
tem alta taxa de insucesso, porque os hábitos alimentares dos adultos estão relacionados
com os aprendidos na infância. Segundo este autor, esses costumes são determinantes
do consumo e também da preferência por estes alimentos.

Na mesma linha de pensamento, Bernart e Zanardo (2018) explicam que os hábitos


alimentares estabelecem-se durante os primeiros anos de vida, além de formados, são
consolidados na chamada fase pré-escolar (2 a 6 anos). Para estes autores, estes podem
colocar em risco o crescimento e desenvolvimento, quando pouco saudáveis, como
também causar o surgimento de anemia ferropriva, obesidade, subnutrição, entre outros.
Por isso, na educação nutricional de crianças e adolescentes deve se tomar em
consideração que a formação de hábitos alimentares erróneos tem tido consequências
graves na fase adulta e na velhice, ou seja, a fase pré-escolar é um período decisivo na
formação de hábitos alimentares, que tendem a continuar na vida adulta, devido a isso,
torna-se importante estimular o consumo de uma alimentação variada e equilibrada.

2.4. Alimentação na velhice/terceira idade

De acordo com a OMS (2019) considera-se velho ou idoso ao indivíduo com idade
igual ou superior a 65 anos residentes em países desenvolvidos e com 60 anos ou mais
para países em desenvolvimento. Esta entidade, subdivide a idade adulta em quatro
estágios: meia idade: 45 a 59 anos, idoso: 60 a 74 anos, ancião: 75 a 90 anos e velhice
extrema: acima de 90 anos. Esta classificação considera apenas o aspecto cronológico
da idade do indivíduo, desprezando os aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos.
No entanto, é comum encontrarmos indivíduos com a mesma idade cronológica, porém
com capacidades diferenciadas.

Com o envelhecimento, vários factores influenciam na qualidade de vida de nutrição


das pessoas da terceira idade, sendo que, a alimentação é um dos factores centrais para a
saúde e qualidade de vida do indivíduo.

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De acordo Gustavo (2021) um padrão alimentar equilibrado proporciona melhor
condição de saúde e contribui directamente na prevenção e controle das principais
doenças que acometem os idosos, visto que, com o avançar da idade, a digestão e
absorção dos nutrientes sofrem prejuízos que são atribuídos ao processo natural do
envelhecimento. Segundo este autor, são caracterizados principalmente pela diminuição
da sensação do paladar por redução no número e função das papilas gustativas e redução
na percepção do olfacto e da visão; diminuição da secreção salivar e gástrica; falha na
mastigação pela ausência de dentes ou uso de próteses impróprias; diminuição da
absorção intestinal, ocasionando a constipação intestinal.

Com isso o apetite do idoso pode ficar reduzido, gerando uma redução no consumo
alimentar e consequentemente deficiência de nutrientes específicos e até estados de
desnutrição. De acordo com Da Paixão et al (2020) os principais indicadores de mau
estado nutricional em idosos são: perda de peso, redução significativa na circunferência
do braço, aumento ou diminuição das dobras cutâneas, redução significativa da
albumina do soro, mudança significativa na subtracção funcional, ingestão alimentar
inadequada, e níveis inadequados de vitaminas, minerais ou lipídios no sangue. Assim
como, a circunferência da panturrilha é um dos principais indicadores de desnutrição
proteica em idosos.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados a serem apresentados nesta secção resultam da análise dos artigos


seleccionados para a pesquisa, onde olhamos para os seus objectivos e conclusões.

3.1. Alimentação saudável e actividade física

A alimentação adequada e saudável é uma prática alimentar apropriada aos aspectos


biológicos e socioculturais dos indivíduos, bem como ao uso sustentável do meio
ambiente, isto é, deve estar em acordo com as necessidades de cada fase do curso da
vida e com as necessidades alimentares especiais; referenciada pela cultura alimentar e
pelas dimensões de género, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro;
harmónica em quantidade e qualidade; baseada em práticas produtivas adequadas e
sustentáveis com quantidades mínimas de contaminantes físicos, químicos e biológicos
(Brasil, 2017, p. 31).

Sefair (2017) no seu estudo intitulado “Incentivo à alimentação saudável e à prática de


actividades físicas aos usuários da unidade básica de saúde Córrego do Ouro II no
município de Santos Dumont em Minas Gerais” constatou que, por exemplo, os índices
brasileiros evidenciam um maior consumo de alimentos processados e ultra processados
como base alimentar, provocando um desequilíbrio calórico-nutricional que favorece o
ganho de peso. Segundo este estudo, os números relativos à inactividade física também
são preocupantes, e demonstram que a maioria da população brasileira pratica
actividade física de modo insuficiente. Como resultante, os casos de excesso de peso,
obesidade e outras importantes doenças crónicas não transmissíveis vêm aumentando.

Portanto, a alimentação e a prática de actividades físicas constituem-se em requisitos


básicos para a promoção e a protecção da saúde, possibilitando a afirmação plena do
potencial de crescimento e desenvolvimento humano em todas as fases, ou seja, desde a
infância até a terceira idade.

Deste modo, a prática regular de actividade física é factor estabelecido de protecção à


saúde. Além disso, assim como a alimentação saudável, ela previne doenças como a
obesidade, que é factor de risco para uma série de doenças crónicas, como hipertensão
arterial sistémica, diabetes mellitus e cancros.

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3.2. Educação nutricional em crianças e adolescentes

Corrêa et al. (2017), no seu estudo intitulado “Padrões alimentares de escolares:


existem diferenças entre crianças e adolescentes?” procuraram analisar os padrões de
consumo alimentar entre escolares de 5 a 19 anos, de 10 escolas públicas de dois
municípios do Rio Grande do Sul. Os autores constataram que observaram que 17,4%
dos escolares tinham alto consumo de alimentos como salgadinhos, bolachas, doces,
refrigerante e alimentos fritos.

Por sua vez, Pereira et al. (2017), no seu estudo intitulado “Influência de intervenções
educativas no conhecimento sobre alimentação e nutrição de adolescentes de uma
escola pública” constataram que entre adolescentes havia consumo frequente de
alimentos altamente calóricos, ricos em açúcares, sódio e gorduras, baixo consumo de
frutas, verduras e legumes, e consumo diário de guloseimas, doces e fast food e
refrigerantes.

Por fim, Azevedo e Aranha (2022), no seu estudo intitulado “Caracterização dos
hábitos alimentares de crianças menores de cinco anos no distrito de Namacurra
província da Zambézia em Moçambique”, os resultados evidenciaram que o povoado de
Vuruca, Localidade de Malei embora seja uma zona com alta produção agrícola,
apresenta uma taxa de alfabetização e cobertura de saúde baixa e os hábitos alimentares
mostraram estar fora do padrão alimentar normal para uma boa nutrição. Daí que os
autores concluíram que estes hábitos estão relacionados com a falta de políticas de
educação alimentar, através dos órgãos do governo, assim como o baixo nível de
desenvolvimento económico e cobertura sanitária.

Olhando para os resultados desses três estudos acima referenciados podemos constatar
claramente que os maus hábitos alimentares evidenciados pelos participantes resultam
da educação da inexistência e/ou fraca educação nutricional destinada às crianças,
adolescentes, incluindo, de certo modo, os próprios pais e encarregados de educação. A
explicação dessa nossa constatação pode ser subsidiada por Coelho (2019) ao advogar
que a promoção de comportamento alimentar saudável deve acontecer principalmente
na primeira infância, dessa forma é muito mais garantido que esses hábitos continuem
ao longo da vida, pois a mudança na fase adulta tem alta taxa de insucesso, porque os
hábitos alimentares dos adultos estão relacionados com os aprendidos na infância.

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Segundo este autor, esses costumes são determinantes do consumo e também da
preferência por estes alimentos.

Bernart e Zanardo (2018) corroboram com Coelho (2019) e explicam que os hábitos
alimentares estabelecem-se durante os primeiros anos de vida, além de formados, são
consolidados na chamada fase pré-escolar (2 a 6 anos). Para estes autores, estes podem
colocar em risco o crescimento e desenvolvimento, quando pouco saudáveis, como
também causar o surgimento de anemia ferropriva, obesidade, subnutrição, entre outros.
Por isso, na educação nutricional de crianças e adolescentes deve se tomar em
consideração que a formação de hábitos alimentares erróneos tem tido consequências
graves na fase adulta e na velhice, ou seja, a fase pré-escolar é um período decisivo na
formação de hábitos alimentares, que tendem a continuar na vida adulta, devido a isso,
torna-se importante estimular o consumo de uma alimentação variada e equilibrada.

Por isso, as práticas de educação nutricional devem enfatizar a importância da


alimentação saudável como promotora da qualidade de vida, e possibilitar a formação
de indivíduos autónomos em suas escolhas alimentares. Deste modo, conforme afirma
Pereira et al (2017) é fundamental, entre adolescentes, criar uma visão crítica sobre o
tema, motivando debates. Neste caso, a ambiente escolar (onde se encontram muitas
crianças e adolescentes) destaca-se como local propício para a realização da educação
nutricional, na medida em que é nele que as práticas pedagógicas necessárias para o
processo de aprendizagem e melhoria da qualidade de vida ocorrem.

3.3. Alimentação na velhice/terceira idade

De acordo com Bernardi et al (2017) o processo de envelhecimento envolve mudanças


que aparecem gradualmente e que têm a ver com a manutenção da qualidade de vida
tais como: a diminuição do funcionamento dos órgãos ou sistemas, perda de autonomia
e perda de padrões sociais relacionados a ser pessoas produtivo.

Macieal et al (2015) no seu estudo intitulado “Necessidades Nutricionais: mudanças


com o envelhecimento” observa que na velhice a nutrição é vista como o factor que
influencia na saúde do idoso, e deve ser levado em consideração na promoção da saúde
e prevenção de doenças nesse público. Segundo este autor, para que idoso tenha as
necessidades nutricionais atingidas é necessário que o profissional de nutrição realize
avaliação para adequação de energia, proteínas, vitaminas e minerais por forma a

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incorporar uma alimentação saudável e adaptada, quando considerado as mudanças
fisiológicas que ocorrem devido ao processo de envelhecimento.

Da Paixão et al (2020), no seu estudo intitulado “Tendências temporais da mortalidade


por desnutrição em idosos no estado de mato grosso do sul, no período de 2002 a
2012” explica que os principais indicadores de mau estado nutricional em idosos são:
perda de peso, redução significativa na circunferência do braço, aumento ou diminuição
das dobras cutâneas, redução significativa da albumina do soro, mudança significativa
na subtracção funcional, ingestão alimentar inadequada, e níveis inadequados de
vitaminas, minerais ou lipídios no sangue. Assim como, a circunferência da panturrilha
é um dos principais indicadores de desnutrição proteica em idosos.

Assim, os hábitos alimentares saudáveis são essenciais em todas as idades,


principalmente na velhice, pois com a idade, aumenta a probabilidade de sofrer doenças
com impacto na saúde. Por isso, hábitos alimentares saudáveis e a actividade física
ajudam a prevenir ou retardar doenças não transmissíveis e outras condições ao longo
da vida. Para garantir que os idosos possuam uma qualidade de vida é essencial que essa
população tenha suas necessidades nutricionais alcançadas. Melo e Medeiros (2020) no
seu artigo intitulado “Atenção Nutricional à pessoa idosa na Atenção Primária à Saúde,
sob a óptica de profissionais de saúde” defendem que uma das estratégias para
promoção de envelhecimento saudável é a Atenção Nutricional, na qual o profissional
de nutrição é responsável por realizar atendimento individuas e visitas domiciliares com
a finalidade de garantir que o idoso tenha seus requisitos nutricionais, conforme seu
quadro e histórico clínico, oferecido.

Portanto, a alimentação adequada é fundamental na velhice, porém Aires et al (2019)


também olham para a prática de actividade física regular, que não pode ser esquecida,
pois influenciam um envelhecimento saudável. Por isso, para o autor, conciliar a
alimentação com actividade física oferece qualidade de vida, autonomia e
independência as pessoas da terceira idade.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho discutimos em torno do Alimentação saudável e Actividade Física,


onde procuramos olhar para a educação nutricional para crianças e adolescentes e bem
como a alimentação na velhice/terceira idade, do qual tecemos as seguintes
considerações finais, tomando em conta os nossos objectivos.

A alimentação e a prática de actividades físicas constituem-se em requisitos básicos


para a promoção e a protecção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial
de crescimento e desenvolvimento humano em todas as fases, ou seja, desde a infância
até a terceira idade. Deste modo, a prática regular de actividade física é factor
estabelecido de protecção à saúde. Além disso, assim como a alimentação saudável, ela
previne doenças como a obesidade, que é factor de risco para uma série de doenças
crónicas, como hipertensão arterial sistémica, diabetes mellitus e cancros.

A educação nutricional é muito importante para o desenvolvimento de uma sociedade


com uma mentalidade virada para a alimentação saudável e prática de actividades
físicas. Assim, a promoção de comportamento alimentar saudável deve acontecer
principalmente na primeira infância, dessa forma é muito mais garantido que esses
hábitos continuem ao longo da vida, pois a mudança na fase adulta tem alta taxa de
insucesso, porque os hábitos alimentares dos adultos estão relacionados com os
aprendidos na infância. Neste caso, a ambiente escolar (onde se encontram muitas
crianças e adolescentes) destaca-se como local propício para a realização da educação
nutricional, na medida em que é nele que as práticas pedagógicas necessárias para o
processo de aprendizagem e melhoria da qualidade de vida ocorrem.

Para envelhecer com saúde e comodidade, como também em todas as fases da vida, a
alimentação deve ser variada e equilibrada, referenciada pela cultura alimentar,
harmónica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura do ponto de vista
da higiene. É importante estabelecer rotinas saudáveis de vida, mesmo nas idades mais
avançadas, para poder manter o corpo, a mente e o espírito em equilíbrio. Logo, um
bom estado nutricional, garantido com o fornecimento adequado de energia, macro e
micronutrientes é de extrema importância para que a população idosa resista às doenças
crónicas e debilitantes, mantendo a saúde e a independência.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Azevedo, A & Aranha, F. (2022), no seu estudo intitulado “Caracterização dos hábitos
alimentares de crianças menores de cinco anos no distrito de Namacurra província da
Zambézia em Moçambique. Rerv Simbio-Logias, V. 14, Nr. 21

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actividades físicas aos usuários da unidade básica de saúde Córrego do Ouro II no
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