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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DOS

FEITOS RELATIVOS ÀS RELAÇÕES CÍVEIS DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO-RJ.

MARCOS, nacionalidade, estado civil, auxiliar financeiro, inscrito no RG de nº


e no CPF de nº, residente e domiciliado à rua 002, bairro Piedade, nesta cidade de Rio de
Janeiro- RJ, CEP:, por seu advogado infra firmado, procuração anexa, com escritório
profissional situado à rua, nº, bairro, cidade, vem, mui respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com fundamentos nos artigos 186 e 927 do Código Civil, propor,

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE


ACIDENTE DE TRÂNSITO
Provocado por, JÚLIA, nacionalidade, estado civil, empresária, inscrita no RG de nº e no
CPF de nº, residente e domiciliada à rua 003, bairro Laranjeiras, Rio de Janeiro- RJ, CEP:,
pelos fatos e fundamentos expostos a seguir.

I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA.

Inicialmente, requer o Autor, sejam deferidos os benefícios da gratuidade de


justiça, conforme disposto no art. 4ª da Lei Federal nº 1.060/50, com redação dada pela Lei
nº 7.510/86, e ainda com supedâneo nos artigos 98 e seguintes do Código de Processo
Civil, pois não possui recursos financeiros para arcar com as custas do processo e sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.
II – DOS FATOS.
O autor, há alguns dias, envolveu-se em um acidente de trânsito. Como de
costume, estava fazendo normalmente o trajeto para o seu trabalho, quando fora
surpreendido por uma batida em seu veículo.
O acidente ocorreu na rua 001, no bairro Méier. Este veio acontecer devido a
uma imprudência da ré, que avançou o sinal vermelho e por consequência de um ato
irresponsável, bateu no carro do autor, causando sérios prejuízos.
A batida gerou danos em ambos veículos, os quais não possuem seguro,
entretanto, fica evidente a culpa da ré, que causou danos a outrem, ficando obrigada de
repara-lo.
O orçamento do concerto do carro do autor, findou em R$ 10.00,00 (dez mil
reais), porém, a ré recusou a pagar, alegando que não tinha condições de sequer bancar o
reparo de seu próprio veículo.
Acontece que, o autor, por precisar do veículo para manter o sustento de sua
família, necessitou realizar o reparo e arcou com o pagamento de um dano causado pela ré,
que por sua parte é uma empresária com poder aquisitivo podendo reparar o dano.

Ante às circunstancias, sem nenhuma resposta ou opção fornecida pela ré, o


autor viu-se desesperado por arcar com esse enorme prejuízo, visto que, não tinha o valor
do concerto, mas, para não ficar sem trabalhar, recorreu a empréstimos e efetuou o
pagamento.

Diante o exposto, por ter todas as tentativas de solução por meio amigável
frustradas, não vê alternativa viável o Requerente, que não seja solicitar auxilio do Poder
Judiciário para que tenha seus diretos respeitados e o seu prejuízo ressarcido. A parte
requerente pleiteia ser reparada, de forma a restabelecer o seu patrimônio e ser recolocado
nos parâmetros em que se encontrava, caso não fosse atingido pelo ato culposo da parte
requerida.

III – DO DIREITO.

De início exsurge o direito do Autor à indenização material e moral, posto que


a ré, por certo, promoveu a batida ao ser imprudente ao avançar no sinal vermelho. Ao
contrário, teria evitado o acidente. De acordo com o artigo 28 e 29 do Código de Trânsito
Brasileiro, temos que:

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo,
dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação


obedecerá às seguintes normas: [...]

II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o


seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no
momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições
climáticas;
III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de
local não sinalizado, terá preferência de passagem:

a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver


circulando por ela;

Temos por cristalino que a Ré não manteve observância aos cuidados


indispensáveis à segurança do trânsito, agindo com total falta de atenção, ignorando a
sinalização, avançando com notória imprudência, e, portanto, infringindo o disposto
normativo supra.

IV - DO DANO MATERIAL.

A responsabilidade pelo cometimento de ato ilícito vem expressa nos artigos


186 e 927 do Diploma Civil Brasileiro, ora invocados:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Nesse sentido, já se manifestou o Egrégio Tribunal de Justiça de Rio de


Janeiro:

ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLETIVO E AUTOMÓVEL. COLISÃO. VEÍCULO


ESTACIONADO. DANO MATERIAL REDUZIDO. DANO MORAL MANTIDO.
Apelação. Acidente. Alega a autora prejuízo em razão de colisão em seu
veículo pelo coletivo da ré.
A sentença, integrada por embargos, condena a ré a pagar o valor de
R$4.104,91, corrigido do desembolso e acrescido de juros após a citação, além
de danos morais no valor de R$ 5.000,00, corrigidos do arbitramento e juros
da citação. Condena a ré ainda nas custas e em honorários no percentual de
20% sobre o valor da condenação. Apela a ré. Delimitação da devolução para
análise: danos materiais e morais, consectários e honorários advocatícios.
Dano material devido tão somente ao que foi comprovado. Pagamento pela
autora do valor da franquia. Redução do valor para R$ 1.500,00. Correção
monetária fixada do desembolso, mantida. Súmula nº 43 do STJ.
Dano moral configurado decorrente de ato ilícito. Necessidade de
judicialização para ressarcimento do prejuízo.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (0026559-29.2018.8.19.0205 -
APELAÇÃO. Des(a). NATACHA NASCIMENTO GOMES TOSTES GONÇALVES
DE OLIVEIRA - Julgamento: 11/04/2024 - DECIMA SETIMA CAMARA DE
DIREITO PRIVADO (ANTIGA 26)

Ainda mais sobre o tema:

Apelação Cível. Responsabilidade civil. Prejuízos materiais e extrapatrimoniais.


Acidente de trânsito. Roda solta em via administrada pela concessionária ré.
Responsabilidade objetiva fundada no art. 37, § 6º da Constituição da
República e no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. Risco do
empreendimento. Fortuito interno. Danos materiais relacionados ao
conserto do veículo evidenciados. Danos morais configurados. Frustração
da legítima expectativa do autor de usufruir de um serviço com a
segurança que dele se espera. Negativa em realizar o ressarcimento das
despesas com o conserto do automóvel, ensejando o ajuizamento da
presente demanda para solucionar problema ao qual o demandante não
deu causa. Aplicação da Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor.
Quantum indenizatório reduzido para R$ 5.000,00 (cinco mil reais) que
se revela mais adequado e atende os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. Recurso conhecido e parcialmente provido. (0022631-
23.2020.8.19.0004 - APELAÇÃO. Des(a). DANIELA BRANDÃO FERREIRA -
Julgamento: 11/04/2024 - DECIMA QUARTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO
(ANTIGA 9ª)

O ato ilícito é conduta conflitante com o ordenamento pátrio. Violar direito é,


via de regra, transgredir norma imposta.

Assim, a conduta praticada pela Ré, conforme dispositivos avocados, afrontou


direito do Autor causando-lhe dano material e moral, o que, por conseguinte, merece a
devida reparação. Requer que seja pago o importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título
de danos materias ao autor.

V – DO DANO MORAL.
Os fatos narrados comportam não só os danos materiais gerados por ter tido o
carro atingido por irresponsabilidade da ré ao avançar no sinal vermelho, sendo
inteiramente prejudicado financeira e psicologicamente, sofrendo grande impacto
principalmente ao arcar com as despesas diárias e sustento de sua família.

Houve ainda implicação em danos morais em decorrência dos infortúnios


psicológicos enfrentados pelo Autor decorrente da verdadeira via crucis em tentar
solucionar a questão da forma mais célere e amigável possível.

O tempo perdido toda vez que tentou comunicar-se com ré, para que pudesse
arcar com o pagamento do concerto da forma mais célere possível, assim como a forma de
atendimento que lhe fora dispensada, atentaram contra a sua honra mais íntima. Não é
fácil enfrentar toda essa situação, ainda mais precisando do veículo para levar o sustento
da família.

Em nosso direito, certa e pacífica é a tese de que quando alguém viola um


interesse juridicamente protegido de outrem, fica obrigado a reparar o dano daí decorrente.

Basta adentrar na esfera jurídica alheia, para ir ao encontro da


responsabilidade civil. Senão vejamos alguns artigos do nosso Código Civil:

Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Ressalta-se que culpa da requerida nem mesmo seria necessária para


determinar a sua responsabilidade pelo dano causado ao Autor. O Código Civil Brasileiro,
acolhendo a teoria do risco, no seu art. 927, parágrafo único, estabeleceu:

“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos


especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

Lembra CARLOS ROBERTO GONÇALVES que

“a responsabilidade objetiva funda-se, efetivamente, num princípio de equidade,


existente desde o direito romano: aquele que lucra com uma situação deve
responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes (Ubi
emolumentum, ibi ônus; ubi commoda, ibi incommda). Quem aufere os cômodos
(lucros) deve suportar os incômodos (riscos)” (Comentarios ao Código Civil, vol
11, ed. Saraiva, 2003, p.314)

O conceito de risco que melhor se adapta às condições de vida social, de


acordo com CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA,

“é o que se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento uma qualquer


atividade, responde pelos eventos danosos que esta atividade gera para os
indivíduos, independentemente de determinar se em cada caso, isoladamente, o
dano é devido à imprudência, à negligência, a um erro de conduta, e assim se
configura a teoria do risco criado.

Fazendo abstração da ideia de culpa, mas atentando apenas no fato danoso,


responde civilmente aquele que, por sua atividade ou por sua profissão, expões
alguém ao risco de sofrer dano” (Responsabilidade Civil, ª ed., Forense, p. 270).

Fica evidente que tal ato veio a acarretar a um efetivo abalo para o autor, além
de outros inúmeros inconvenientes que esta situação vem causando.

Não se trata de mero dissabor inerente ao convívio social, mas sim de conduta
grave e danosa, gerando para ao autor um dano que além da diminuição patrimonial, afeta
o âmago, o espírito e a honra, traduzido pela decepção que o atingiu.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO DE


VEÍCULOS. MANOBRA IRREGULAR DO PREPOSTO DA RÉ. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. APELO DO AUTOR REQUERNDO A CONDENAÇÃO
AO PAGAMENTO DA PERDA TOTAL DO VEÍCULO, OU SEJA, O SEU VALOR
CONFORME A TABELA FIPE NA DATA DO OCORRIDO, COM CORREÇÃO
MONETÁRIA DESDE A DATA DO EVENTO DANOSO, BEM COMO, A
MAJORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO A TITULO DE DANOS MORAIS AO
PATAMAR DE 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). TRATA-SE DE
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DO DANO, DA CONDUTA E DO NEXO CAUSAL ENTRE O
DANO E A CONDUTA PARA ENSEJAR O DEVER DE REPARAÇÃO. DE
ACORDO COM OS ELEMENTOS PROBANTES COLIGIDOS, VERIFICA-SE
QUE RESTOU COMPROVADA A CONDUTA DO CONDUTOR DO CAMINHÃO
QUE COLIDIU COM O VEÍCULO DO AUTOR EM UMA MONOBRA EM
DESACORDO COM AS REGRAS DE TRÂNSITO. QUANTO AO PEDIDO DE
PERDA TOTAL DO VEÍCULO, COM O ACIDENTE É FATO INCONTROVERSO
QUE FOI AVARIADO, MAS SOMENTE O TITULAR DO DIREITO PODERÁ
REQUERER A INDENIZAÇÃO. O AUTOR NÃO TROUXE AOS AUTOS
QUALQUER COMPROVAÇÃO MÍNIMA DE QUE O VEÍCULO LHE PERTENCE.
EM RELAÇÃO AO VALOR FIXADO A TÍTULO DE COMPENSAÇÃO POR
DANO MORAL, NA HIPÓTESE DOS AUTOS, DIANTE DAS LESÕES
CLARAMENTE DEMONSTRADAS PELO LAUDO PERICIAL, BEM COMO O
TEMPO QUE FICOU IMPOSSIBILITADO DE EXERCER SUAS ATIVIDADES,
90 DIAS, INCAPACIDADE PARCIAL TEMPORÁRIA, ENTENDO QUE DEVA
SER MAJORADO PARA R$ 15.000,00 (QUINZE MIL REAIS), QUANTIA QUE
SE REVELA PROPORCIONAL, EQUILIBRADA E RAZOÁVEL. REFORMA
PARCIAL DA SENTENÇA. ENTENDIMENTO DESTE E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ACERCA DO TEMA. PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO PARA REFORMAR
A SENTENÇA PARCIALMENTE, MAJORANDO O VALOR FIXADO A TÍTULO DE
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL PARA R$ 15.000,00 (QUINZE MIL
REAIS).(0215480-36.2017.8.19.0001 - APELAÇÃO. Des(a). CLEBER
GHELFENSTEIN - Julgamento: 25/04/2024 - DECIMA SEGUNDA CAMARA
DE DIREITO PRIVADO (ANTIGA 1)

Sendo assim, justo se faz, por todo o constrangimento, desgaste, vexame e


perda de tempo passados, sem falar em toda a dificuldade que tem passado para sustentar
a si e a sua família, pois recorreu a empréstimo para poder pagar o concerto do carro e
assim voltar a trabalhar, caso que o deixam sem dormir, aumentando ainda mais os danos
psicológicos já sofridos e que apenas prejudicaram a saúde física e emocional do
Requerente, além de todo o dano financeiro sofrido.

Logo, em decorrência dos atos ilícitos e abusivos cometidos parte Ré, esta
deve ser condenada e compelida a efetuar o pagamento de indenização por danos morais ao
Autor no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) face aos transtornos e humilhação
experimentados em decorrência de atos abusivos e desleais cometidos.

VI – DOS PEDIDOS.

Por todo o exposto requer:

a) A concessão da gratuidade de justiça nos termos da lei;

b) A citação da Ré para que, querendo, apresente defesa sob pena de incorrer


em revelia e confissão;
c) A procedência do feito para determinar o imediato ressarcimento do
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de dano material, quantia paga pelo
autor ao concerto de seu veículo;

d) A Condenação ao pagamento de indenização por danos morais no valor de


R$ 15.000,00 (quinze mil reais) corrigidos monetariamente;

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, necessários


a demonstrar a veracidade das alegações fáticas aqui aduzidas, em especial as provas
documental e testemunhal.

Em decorrência das inúmeras tentativas de resolver tal impasse que, por


única e exclusiva desídia da Ré, restaram infrutíferas, o Autor não tem interesse em
audiência de conciliação.

Dá-se à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

Termos em que, pede deferimento.

Rio de Janeiro-RJ, data registrada no sistema.

Nome do Advogado

Número da OAB.

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