Sentença Modelo - Extinção Ação Sanecap Fazenda Pública

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Processo Judicial Eletrônico - 1º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

12/03/2024

Número: 1059994-69.2019.8.11.0041
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 2ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE CUIABÁ
Última distribuição : 17/03/2023
Valor da causa: R$ 7.254,61
Processo referência: 000
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer, Requisição de Pequeno Valor - RPV
Nível de Sigilo: 0 (Público)
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
COMPANHIA DE SANEAMENTO DA CAPITAL - SANECAP (AUTOR(A))
MARIO BODNAR (ADVOGADO(A))
JOANA CAMILA DE PAULA (ADVOGADO(A))
EDIFICIO IGUACU CONDOMINIO (REU)
FAGNER DA SILVA BOTOF (ADVOGADO(A))

Documentos
Id. Data da Movimento Documento Tipo
Assinatura
141830769 21/02/2024 17:40 Declarada decadência ou prescrição Sentença Sentença
Vistos, etc.

Trata-se de ação de cobrança proposta por COMPANHIA DE


SANEAMENTO DA CAPITAL - SANECAP, em desfavor do EDIFICIO IGUACU
CONDOMINIO pessoa jurídica de direito público interno.

A requerente alega que prestou serviço de saneamento no município


de Cuiabá, até o dia 17/04/2012.

Assevera que o requerido se beneficiou do serviço, porém não


realizou o pagamento das faturas do mês de 06/2010; 07/2010; 12/2010; 01/2011; 02/2011;
09/2011; 10/2011 e 11/2011, tendo renegociado o débito através do parcelamento n° 81738,
que não foi adimplido, tendo sido objeto do reparcelamento n° 95953, contudo não foi
adimplido.

Com essas considerações, requer que sejam as requeridas


condenadas ao pagamento do valor de R$ 7.254,61 (sete mil duzentos e cinquenta e quatro
reais e sessenta e um centavos).

Com a inicial vieram os documentos anexos.

O requerido apresentou contestação pugnando preliminarmente pelo


reconhecimento da prescrição e no mérito pela improcedência de todos os pedidos
formulados pela parte Requerente (ID. 64147861).

Por fim, os autos me vieram conclusos para decisão.

É o relatório

Decido.

Considerando que o feito se encontra devidamente instruído, sendo


desnecessária a produção de outras provas, comportando julgamento antecipado da lide nos
moldes do artigo 335, I do CPC, passo a analisar o mérito.

Ressai dos autos que a parte autora ingressou com a presente ação
com o fito compelir o requerido a promover o adimplemento do valor de R$ 7.254,61 (sete
mil duzentos e cinquenta e quatro reais e sessenta e um centavos), referente a prestação de
serviços de abastecimento.

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Por sua vez, o requerido apresentou contestação pugnando
preliminarmente pelo reconhecimento da prescrição (ID. 64147861). Passo a analisar.

A decadência e a prescrição são assuntos de direito material: a ele


concernem. A decadência extingue o direito, ao passo que a prescrição atinge a pretensão
(art. 189, CC).

É necessário destacar que o direito de ação contra a Fazenda Pública


prescreve em cinco anos, a teor do Decreto n° 20.910/32.

A propósito, esse é o entendimento exarado pela Turma Recursal


Única dos Juizados Especiais de Mato Grosso, em casos análogos:

RECURSO INOMINADO – EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA


PÚBLICA – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA NA SENTENÇA DE
ORIGEM – APLICAÇÃO DO ARTIGO 1º DO DECRETO Nº
20.910/1932 – ESCORREITA A SENTENÇA QUE ASSIM
RECONHECEU – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
Observa-se que o Decreto nº 20.910/1932, em seu artigo 1º assim
delineia: “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos
Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda
federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem
em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.”
No caso em testilha a certidão de crédito da recorrente data de
28/04/2004, de onde a ação fora aviada em data de 11/07/2014. Tenta se
escorar na tese de que teria ocorrido a suspensão / interrupção da
prescrição com a edição do Decreto 766/2011 que disciplina a
possibilidade de renovação da certidão de crédito, com validade por dois
anos, destacando-se que, segundo decisão da SEFAZ o sistema estaria
impedido de emitir nova certidão, sendo essa decisão da SEFAZ datada
de 05/02/2013. Porém, antes mesmo da edição do DECRETO 766/2011,
que permitiu a emissão de nova certidão com prazo de validade, a
prescrição já tinha se consumado anteriormente, não retroagindo os
efeitos do mencionado Decreto editado dois anos após. Poderia até ter
sido emitida nova certidão, sob a égide do mencionado Decreto, porém,
a mera alteração de data de sua emissão por si só não retiraria a
prescrição que já tinha ocorrido, o que, diante de eventual nova data,

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realmente induziria a erro qualquer magistrado que levaria em
consideração apenas a data da certidão. SENTENÇA MANTIDA
PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

(N.U 0502406-63.2014.8.11.0001, TURMA RECURSAL, MARCELO


SEBASTIÃO PRADO DE MORAES, Turma Recursal Única, Julgado
em 15/07/2016, Publicado no DJE 15/08/2016).

Na dicção do Professor Silvio Rodrigues, "no geral, o prazo da


prescrição tem seu início no momento em que a ação poderia ter sido proposta”. Assim, a
prescrição começa a fluir desde a data do nascimento da ação, quando ocorreu a violação do
direito, sob a pena da perda do seu direito pelo seu não exercício.

No caso em tela, em que pese o fato tenha ocorrido no ano de 2012,


a presente ação foi proposta somente em 16/12/2019, portanto, verifica-se que a pretensão
está prescrita, uma vez que já transcorreram mais de 7 (sete) anos da data do fato.

Esse é o entendimento sedimentado pelo Poder Judiciário de Mato


Grosso:

RECURSO INOMINADO - AÇÃO DECLARATÓRIA - POLICIAL


MILITAR – RETIFICAÇÃO DE DATAS DE PROMOÇÃO –
REFORMA DA SENTENÇA PARA RECONHECER A PRESCRIÇÃO
DO FUNDO DE DIREITO.

1. Possibilidade de reconhecimento da prescrição quinquenal do pedido


em Ação Declaratória com carga condenatória (STJ).

2. A “revisão dos atos de promoção no curso da carreira militar, a fim


de retificar as datas de suas promoções, sujeita-se à prescrição do fundo
de direito” (STJ).

3. Pretensão autoral de retificação da data de “graduação a Cabo


concedida em 05/09/2015, para a partir da data de 31/03/2014, e a de
Terceiro Sargento PM, efetivada no dia 05/09/2019, para a partir de
31/03/2018, bem como as demais subsequentes que possam ocorrer no
futuro, no transcorrer da tramitação deste processo”.

4. Alegação de que o direito à promoção a Cabo surgiu em 31/3/2014,

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com a publicação da Lei 10.076/2014 que previu o interstício de 09
(nove) anos. Ajuizamento da demanda somente no ano de 2021.

5. Hipótese em que “a prescrição do fundo de direito atinge a totalidade


dos pedidos formulados na petição inicial” (STJ).

6. Sentença reformada pelo reconhecimento da prescrição do fundo de


direito.

(N.U 1009130-44.2021.8.11.0045, TURMA RECURSAL CÍVEL,


VALDECI MORAES SIQUEIRA, Turma Recursal Única, Julgado em
13/12/2022, Publicado no DJE 15/12/2022).

RECURSO INOMINADO – FAZENDA PÚBLICA – POLICIAL


MILITAR – PROMOÇÃO EM RESSARCIMENTO DE PRETERIÇÃO
– PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO – ARTIGO 1º DO
DECRETO Nº 20.910/32 - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO (N.U 1001100-26.2019.8.11.0001,
TURMA RECURSAL, GONCALO ANTUNES DE BARROS NETO,
Turma Recursal Única, Julgado em 06/07/2020, Publicado no DJE
08/07/2020).

RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER -


POLICIAL MILITAR - PLEITO DE PROMOÇÃO E RECEBIMENTO
DE DIFERENÇAS - TRANSCURSO DE MAIS DE CINCO ANOS
ENTRE A PUBLICAÇÃO DA PORTARIA E O AJUIZAMENTO DA
AÇÃO - PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO - ART. 1º DO
DECRETO Nº 20.910/32 - RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.

1- O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento que à Fazenda


Pública se aplica o Decreto nº 20.910/32.

2- Em que pese o pedido inicial refletir nos vencimentos do autor


(matéria de trato sucessivo), a pretensão principal é a retificação de ato
administrativo realizado há mais de 05 (cinco) anos do ajuizamento da
ação. 3- Recurso conhecido e não provido.

(N.U 1015833-91.2019.8.11.0002, TURMA RECURSAL CÍVEL,

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VALDECI MORAES SIQUEIRA, Turma Recursal Única, Julgado em
24/07/2020, Publicado no DJE 28/07/2020).

Portanto, a pretensão deduzida na inicial, está fulminada pela


prescrição quinquenal, não restando alternativa, senão, a extinção do processo.

Diante do exposto, e tudo o mais que dos autos consta, reconheço de


ofício a ocorrência da prescrição de acordo com o art. 487, inciso II, do Código de Processo
Civil, julgo extinta a presente ação.

Condeno a parte Requerente ao pagamento de despesas e custas


processuais bem como ao pagamento de honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por
cento) sobre o valor da causa, consoante ao inciso I do §3° do art. 85 do Código de Processo
Civil.

Sentença não sujeita ao reexame necessário, assim, transcorrido o


prazo sem a interposição de recurso, certifique-se o trânsito em julgado e arquivem-se os
autos com as devidas baixas.

P.I.C.

Cuiabá-MT, data registrada no sistema.

MARCIO APARECIDO GUEDES

Juiz de Direito da 2ª Vara

Especializada da Fazenda Pública

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