W de Introdução À Filosofia

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Tema: A Pessoa como Sujeito Moral (A Pessoa Humana)

Estudante: Hosten Faquione Almone – Código: 708238563

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Disciplina: Introdução à Filosofia
2º ano

O docente:________________

Tete, Maio de 2024


Folha de feedback
Categorias Indicadores Padrões Classificação

Pontuação Nota Subtotal


máxima do
tutor

Estrutura Aspectos Capa 0,5


organizacionais
Índice 0.5

Introdução 0.5

Discussão 0.5

Conclusão 0.5

Bibliografia 0.5

Conteúdo Introdução Contextualização 1.0

Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada 2.0


ao objecto do trabalho

Analise e Articulação e domínio 2.0


discussão
Revisão bibliográfico 2.0

Exploração dos dados 2.0

Conclusão Contributos teóricos 2.0


práticos

Aspectos Formatação Paginação, tipo e 1.0


gerais tamanho de letra,
paragrafo e espaçamento
entre linhas.

Referências Normas APA 6ª Rigor e coerência das 4.0


bibliográficas edição em citações / referências
citações e bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria

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ÍNDICE
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................. 1
1.1. Objectivos ....................................................................................................................... 2
1.2. Objectivo geral ............................................................................................................... 2
1.3. Objectivos específicos .................................................................................................... 2
1.4. Metodologias de pesquisa ............................................................................................... 2
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 3
2.1. A Pessoa como Sujeito Moral ............................................................................................. 3
2.2. Distinção entre Ética e Moral ............................................................................................. 3
2.3. Semelhança e diferença entre a Ética e Moral .................................................................... 3
2.4. Conceito de pessoa nas várias perspectivas. ....................................................................... 4
2.5. A relação do homem com o mundo .................................................................................... 5
2.6. A relação do homem com outros seres e na natureza ......................................................... 5
2.7. A relação do Homem consigo mesmo ................................................................................ 7
2.8. A relação do homem com Deus .......................................................................................... 7
2.9. A relação com o trabalho .................................................................................................... 9
2.10. A Consciência moral ....................................................................................................... 10
2.10.1. Consciência moral segundo a doutrina católica .......................................................... 11
2.11. Graus de consciência ...................................................................................................... 12
2.12. Ética e moral ................................................................................................................... 12
2.13. Aspectos da Ética Individual .......................................................................................... 13
CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 19
CAPÍTULO IV: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 20
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
O presente trabalho, surge no âmbito da disciplina de Introdução à Filosofia e tem como
tema: a pessoa como sujeita moral. A palavra “pessoa” tem a sua origem no termo latino para
uma máscara usada por um actor no teatro clássico. Às porém máscaras, os actores pretendiam
mostrar que desempenhavam uma personagem. Mais tarde “pessoa” passou a designar aquele
que desempenha um papel na vida, que é um agente. De acordo com o Oxford Dictionary, um
dos sentidos actuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. Este sentido tem precedentes
filosóficos irrepreensíveis. John Locke define a pessoa como “um ser inteligente e pensante
dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo como aquilo que é, a mesma
coisa pensante, em diferentes momentos e lugares.”
Essa disposição diz respeito ao homem “como ente racional e ao mesmo tempo
responsável”. Moral é o conjunto de regras, normas de uma sociedade ou região que visa a
dirigir as acções do homem, segundo a justiça e equidade natural (igualdade de direitos). A
ética é a dignidade humana, (valores morais, verdade). A moral é conduta, comportamento,
parte de uma cultura, bons costumes.
A preocupação com a ética ou comportamento ético não é uma marca característica da
sociedade pós-moderna. Desde o princípio da humanidade este é um assunto que nunca saiu da
agenda diária. De um modo geral, grande parte da população que tanto critica os governantes,
os políticos, os juízes e desembargadores, os empresários etc, caminha na mesma linha da falta
de ética: sonegando, fraudando, furtando, enganando, mentindo, até matando ou mandando
matar, enfim, tentando levar vantagem em tudo, a qualquer preço.
A pessoa humana em sua acção exige-se que seja responsável e livre de todas as suas
escolhas e opções. Ao ser acusado e julgado pelo que assume de forma livre e responsável,
exige-se que seja feita a justiça e sejam tomadas as sansões.

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1.1.Objectivos
1.2.Objectivo geral
✓ Conceitualizar a pessoa como sujeito moral (a pessoa humana).

1.3.Objectivos específicos
✓ Desenvolver o conceito de Pessoa nas várias perspectivas (Jurídica, Psicológica, Ética,
Personalista, Social, Metafísica);
✓ Descrever a pessoa em suas relações: A relação do Homem com o mundo, outros seres
humanos e na natureza; A relação do Homem consigo mesmo; A relação do Homem
com Deus; A relação do Homem com o Trabalho; A Consciência Moral; Graus da
consciência; Ética e Moral; Aspectos da Ética Individual.

1.4.Metodologias de pesquisa
O tipo de pesquisa utilizado é a pesquisa bibliográfica, pois de acordo com
MARCONI e LAKATOS (2007) este tipo de pesquisa tem como finalidade colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado
assunto. E, no entanto, MARTINS (2001) afirma que a pesquisa bibliográfica procura explicar
e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos
e outros. Busca também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema.
Desta forma segundo os autores acima, a pesquisa bibliográfica não é apenas uma mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre determinado assunto, mas sim, proporciona o
exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.
Podemos somar a este acervo as consultas a bases de dados, periódicos e artigos indexados
com o objetivo de enriquecer a pesquisa.

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CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. A Pessoa como Sujeito Moral
Falar de assuntos relativos ao Homem (na sua qualidade de pessoa), é um tema muito
importante porque é um desafio na medida em que é urna das forraras de medir a nossa
humanidade enquanto pessoas sujeitas normas, não só sociais e culturais, mas também morais.
Dizia o velho Sócrates, “uma oportunidade de nos conhecermos a nós mesmo”.
Para melhor percepção do tema, Geque (2010) convida-nos a distinguir dois conceitos
muito importantes em relação ao tema em questão (Ética e Moral).

2.2. Distinção entre Ética e Moral


Do grego “ethos”, a Ética tem haver com os comportamentos habituais, aos costumes,
aquilo que é habitual aos seres humanos, aquilo fazem referindo-se a sua interioridade. Do
latim “mores”, a Moral designa também aquilo que é habituais os seres humanos fazerem, com
a particularidade de indicar o que deve ou não ser feito.

2.3. Semelhança e diferença entre a Ética e Moral


Como já anunciamos, a palavra moral vem do latim mores, que significa costume.
Podemos descrever então que moral são as normas de conduta de uma sociedade, para permitir
um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade. Por isso do termo
conduta moral, que é a orientação para os actos segundo os valores descritos pela sociedade.
A ética tem um significado muito próximo ao da moral. Ética vem do grego ethos, que
também significa conduta, modo de agir, mas o que diferencia moral da ética é o sentido
etimológico, no qual a moral tem como propósito estabelecer um convívio social de acordo
com o que é bem quisto pela sociedade, já a ética é identificada como uma filosofia moral,
onde se busca entender os sentidos dos valores morais.
A ética busca avaliar os princípios em seu individual, onde cada grupo possuem seus
próprios valores, culturas e crenças. Ela constitui um sistema de argumentos dos quais os
grupos ou as pessoas justificam suas acções. A configuração principal da ética é solucionar
conflitos de interesses, baseando em argumentos universais. A ética tem seu impasse, pois o
que é considerado ético para um grupo, pode não ser para outro.

Enquanto a Moral se encontra ligada a, aplicação correcta de certas regras orais e a situações
do dia-a-dia perante as quais somos obrigados a decidir, a Ética preocupa-se com a
fundamentação racional das normas e, de uma forma mais vasta, com o agir humano. A Moral

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está ligada a dimensão convencional e comunitária da vida dos homens. A Moral está, assim,
ligada obrigação, à acção em conformidade com o dever. Para Séneca, “não nos devemos
preocupar com viver muitos anos, mais com o vive-los satisfatoriamente; porque viver muito
tempo depende do destino, viver satisfatoriamente depende da tua alma.

2.4. Conceito de pessoa nas várias perspectivas.


a) Jurídica
O conceito de pessoa em Hegel está relacionado à esfera jurídica, à capacidade jurídica do
indivíduo, embora ainda se cogite numa capacidade em potência. É uma manifestação ainda
abstrata e indeterminada uma vez que todas as pessoas são portadoras de direitos e deveres,
sendo, portanto, fundamentalmente iguais.

b) Psicológica
Uma pessoa é um ser social dotado de sensibilidade, com inteligência e vontade propriamente
humanas. Para a psicologia, trata-se de um indivíduo humano concreto (o conceito abarca os
aspectos físicos e psíquicos do sujeito que o definem pelo seu caráter singular e único).

c) Ética
A pessoa é espírito ligado à vida, é ser de transcendência, é centro indeterminado de
determinação, com possibilidade de aprendizado, de mudança de atitudes, de arrependimento
e de conversão.

d) Psicanalista
Conceito de pessoa na Psicanálise de Sigmund Freud ´´As satisfações auto-eróticas estão
ligadas à finalidade de auto preservação. Primeiro encontra-se a satisfação de uma necessidade,
ordem biológica, depois a transformação do instinto em pulsão, ordem psicológica.

e) Social
Uma pessoa é um ser social dotado de sensibilidade, com inteligência e vontade propriamente
humanas. Para a psicologia, trata-se de um indivíduo humano concreto (o conceito abarca os
aspectos físicos e psíquicos do sujeito que o definem pelo seu caráter singular e único).

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e) Metafísica
Na definição de Boécio, o termo pessoa tem um sentido mais específico e se refere à estrutura
fundamental e metafísica do indivíduo, ou seja, à substância individual dotada de uma natureza
racional. Quer dizer, nem todos os seres naturais são pessoas, mas apenas aqueles substanciais.

2.5. A relação do homem com o mundo


A humanidade surgiu a cerca de 400 mil anos e, desde então, estabelece uma relação
entre o homem e o mundo ao seu redor. Não é de se estranhar que a relação do homem com o
mundo seja tão crucial, pois as ações do homem impactam diretamente no ciclo da vida do
mundo e, também, a resposta dada pelo mundo ao homem, que muitas vezes acaba sendo de
forma trágica.

Segundo os filósofos antigos, o homem passou a ser dominante quando “descobriu” o


fogo. Desde então, a evolução humana alavancou numa velocidade extraordinária. A vida
humana e seu desenvolvimento, em relação ao tempo de existência do planeta, não passa de
frações pequenas; em relação ao universo, milésimos de segundos.
As ações do ser humano impactam também na existência de outras espécies. Pode-se
dizer que o homem está interligado por uma grande teia que é a vida no mundo.
Com isso, sua relação com ele não só impacta no meio ambiente, como também, em sua
própria existência, ao passo que, em menos de um século, as ações humanas impactaram na
extinção de dezenas de espécies, tanto da fauna quanto da flora de todo o planeta, além de
impactar no meio ambiente, com o aquecimento global e o derretimento das calotas polares.
Por fim, ao refletirmos sobre a relação do homem com o mundo, nos espanta que
passamos a olhar o mundo como fonte de lucro ao invés de fonte de sobrevivência.

2.6. A relação do homem com outros seres e na natureza


A relação do homem com a natureza constitui um fenômeno de importância fundamental
para a sobrevivência da humanidade. Inicialmente, os povos eram nômades. Com o passar do
tempo, o homem desenvolveu a agricultura e a pecuária, que resultaram na formação das
primeiras civilizações. Hoje, a relação do homem com a natureza está voltada à extração de
recursos consumidos pela sociedade.
Quando os primeiros homens começaram a praticar a agricultura, há uns 10 mil anos, o
mundo inteiro tinha apenas cerca de 5 milhões de habitantes. Em termos comparativos, era
como se os moradores da cidade do Rio de Janeiro, espalhados por todos os continentes, fossem

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os únicos habitantes da Terra. A agricultura fixou o homem ao solo e, aumentando a oferta de
alimentos, diminuiu a mortalidade por inanição. Hoje, como herança de enorme vergonha, a
fome é, ainda, uma das principais causas de mortalidade no mundo.
Após o advento da agricultura, nos oito milênios seguintes, a população mundial cresceu
pouco: chegou a uns 130 milhões de pessoas - no início do primeiro milênio - menos do que a
população brasileira atingiu em 400 anos.
Em 1650, havia no mundo meio bilhão de habitantes, que ancorados pela Revolução
Industrial e pelos avanços da medicina - proporcionando maior longevidade à população -
desencadeou a explosão populacional que estamos atravessando. Em 2016, atingimos a marca
de 7,2 bilhões de habitantes no planeta, segundo as estatísticas da Organização Mundial de
Saúde. Em 2016,
A previsão é de que o aumento continue, com velocidades diferentes nos diversos
continentes, até atingir a transição demográfica, ocasião em que a população passará a diminuir.
O tempo para que isso ocorra está subordinado ao planejamento familiar, fazendo com que
cada pessoa só tenha os filhos que desejar. A causa principal das "gestações indesejadas" é a
falta de informação e de meios para evitar filhos, ou seja, uma associação entre ignorância e
pobreza.
Na história da humanidade a relação do Homem com a natureza não foi uniforme.
Numa primeira fase, os homens para assegurarem a sua sobrevivência recorriam à natureza
para extrair o que necessitavam para viver.
Entretanto, o desenvolvimento da ciência e da técnica na Idade Moderna acelerou o
processo de exploração da natureza que, por sua vez, se traduziu na melhoria das condições
de vida através dos progressos alcançados na produção agrícola, no campo da medicina e
toda a espécie de materiais e artefactos que proporcionam o bem-estar ao homem.
O desenvolvimento industrial e o avanço tecnológico que conferiu poder ilimitado do
homem sobre a natureza, trouxe problemas graves que perigam a existência da vida na terra.
Com efeito, o nosso planeta confronta-se hoje com os problemas de ordem ecológica
como a poluição atmosférica e marítima, extinção de espécies animais, aumento da
desertificação, esgotamento de recursos naturais, manipulações genéticas que suscitam
questões éticas, entre outros.
O agravamento da questão ecológica despertou a consciência, não só de ambientalistas
mas também de filósofos que se desdobraram em reflexões tendentes a buscar o equilíbrio
entre desenvolvimento tecnológico e progresso material, e a conservação da vida na
terra, particularmente da vida humana que é o seu fundamento último.

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2.7. A relação do Homem consigo mesmo
A cultura de uma sociedade ,pode ser considerada os hábitos , conhecimentos, as crenças,
a arte, a moral, a lei, os costumes que esta sociedade cultiva e passa para seus indivíduos de
geração em geração.Sendo assim,até o amadurecimento ,todo individuo vai agir na sociedade
conforme a cultura que herdou .Após o amadurecimento ,um individuo tem uma visão mais
critica das coisas ,sabendo distinguir o que convém cultivar ou não em seu comportamento e
no modo de pensar.Então ,experiência cultural molda o caráter de um individuo ,mas cabe a
este individuo filtrar os elementos da cultura que herdou ,fazendo assim uma distinção entre os
elementos bons e maus ,superficiais e fundamentais de sua cultura .
Desde os primórdios da humanidade, o Ser Humano, na busca de autorrealização,
caminha em busca de si mesmo. No anseio de tocar os mistérios profundos do seu ser, ele
interage com o seu meio e com outro ser igual a si buscando, nele, encontrar-se. Nesse processo,
ele comunica a carga de afetividade que reflete desejos, expectativas, motivos, intenções,
crenças, valores, parcerias, cooperação, competição, experiências acrescidas no percurso de
sua vida que, juntos, compõem a sua dinâmica de interação. A pessoa inteira é mobilizada na
interação com o outro.
O primeiro intento na busca de si mesmo está no descobrir-se e relacionar-se com a
criança interior, que mora, viva, dentro de cada pessoa, e resgatá-la. Ela é convite contínuo para
voltar às fontes da história pessoal de onde é haurida a energia para crescer em todas as
dimensões, até atingir a plenitude de seus sonhos, com base na sua semelhança com o Criador
(Gn. 1, 26).
É fascinante o que a criança interior pode revelar de seus sonhos, de suas angústias, pelo
seu jeito de ser. Desde os primeiros anos de vida, ela foi bombardeada com volumosas
informações de possibilidades que inundaram o seu cérebro o tempo todo. No processo de seu
crescimento, em cada fase de sua vida, ela viveu.

2.8. A relação do homem com Deus


O homem tem como dons inalienáveis a vida e a liberdade, dados por Deus e inerentes à
consciência humana. Ambos são indissociavelmente vinculados, pois se orientam
simultaneamente ao seu princípio e fim último, que é o Criador. Ao longo do seu crescimento,
o ser humano experimenta o progressivo desvelamento da razão, que se vai apossando
gradativamente da liberdade. A liberdade, um dos macroproblemas filosóficos e que se
desdobra complexamente no âmbito teológico, é perpétuo objeto de reflexão nas sendas dos
grandes pensadores da história. Unido ao problema da Liberdade e sua possibilidade concreta

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para o homem, está atrelada a questão da consciência humana, tomada por vezes como lugar
inóspito e inacessível mesmo para o que a possui.
Todavia, a consciência deve ser tomada como lugar teológico, o que não anula a sua
dimensão inequivocamente antropológica. O caráter subjetivo da consciência reserva a cada
homem em particular uma relação única e inalienável consigo mesmo e com Deus, único Outro
que tem acesso á consciência humana. Por isso, o Evangelho e o magistério da Igreja, como
divinamente inspirados, falam à consciência do homem numa atitude de perene diálogo e
interpelação, o que leva o homem a relacionar-se também consigo mesmo, principalmente
diante dos mais frementes dilemas da sua existência.
A realidade dinâmica e complexa da consciência faz da sua dimensão moral uma
“arena” de constantes conflitos, os quais englobam toda a realidade humana, especialmente no
que tange à religião, o “numinoso”, como assinalava Jung. Educar a consciência moral, com
efeito, é o campo específico da religião, enquanto instrumento de relação com o divino, aquele
“Outro” misterioso que habita a consciência sem oprimi-la, respeitando sua liberdade. Diante
de paradigmas e de dilemas que apelam à consciência moral, o homem se encontra em meio ao
que Sartre chama “angústia” ou mesmo “náusea”, diante do estar ciente de que algo deve ser
feito, uma decisão deve ser tomada, e mesmo escolher não tomar uma decisão é, em si, uma
escolha: não há como fugir da própria consciência, tampouco ignorá-la, pois ela permanece
dinâmica, “falante” e expressiva no íntimo do homem. A complexidade se encontra no risco de
confundir uma escolha com uma orientação ou inspiração divina, quando as luzes de Deus
sobre a consciência humana não tomam a sua liberdade de escolha, sob pena de violar uma lei
imutável. Deus não se apossa da consciência humana, como que dominando suas faculdades,
mas a inspira no bem, por ser o Sumo Bem.
Se Deus, ou mesmo o diabo, não são “dominadores” da consciência humana, sugere-se
então a possibilidade de outros agentes a entorpecerem a consciência moral, e tais agentes
seriam as paixões desordenadas, ou más inclinações arraigadas na condição humana. Se há na
natureza humana a inclinação ao erro, por “contração” desde o princípio, e não por “infusão”,
constata-se que são esses tais problemas a gerar o conflito entre o livre arbítrio e a orientação
ao Bem, ambos próprios da consciência. Apenas desprendendo-se de uma situação cativa sob
as paixões, a consciência encontra a genuína liberdade de decidir-se pelo Bem, ainda que
confrontando perpetuamente as questões subjetivas da personalidade, em boa parte tendentes
a perder-se nas paixões. Tal é o mistério da consciência humana, que a torna digna não só da
reflexão teológica; é digna de ser “terra de Deus”.

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2.9. A relação com o trabalho
Falar da relação do Homem com o trabalho é, no fundo, referir-se à relação que o
Homem tem com a natureza através de mediações técnicas, ou seja, pelos instrumentos
fabricados pelo próprio Homem. O trabalho constitui uma das principais dimensões do ser
humano. Pelo trabalho o Homem não só melhora as suas condições de vidamas também
aprende a superar as limitações que a natureza lhe impõe, conquistando a liberdade.
Trabalho é factor de comunhão entre os homens. O trabalho dá dignidade ao Homem.
Não podemos iniciar uma conversa sobre trabalho sem antes fazermos uma reunião de fatos e
acontecimentos sobre ele. É de conhecimento de todos que o trabalho sempre existiu
naturalmente em nosso planeta, tanto pela fauna quanto pela flora, ou seja, cada ser vivo exerce
seu atrito na superfície durante seu tempo de existência.
É de conhecimento de todos, igualmente, o fato de que o trabalho se modifica com o
passar do tempo e história do ser humano, ganhando formas, perspectivas e relações diferentes
a partir de cada classe social, cultura, localidade e temporalidade existentes. Portanto, iremos
falar sobre como se dá a relação existente entre o homem e sua ocupação.

Depois de muitos séculos sendo reconhecido e praticado como forma de sobrevivência e


sinônimo de pobreza, a partir do início do processo de globalização, o trabalho vem sendo
enxergado de outra maneira pelos países em desenvolvimento e desenvolvidos: expressão de
personalidade, encontro de identidade, reconhecimento e prazer pessoal.
É importante salientar que, não obstante a uma mudança de relação dos trabalhadores em
si, houve, também, significativas mudanças organizacionais as quais auxiliaram no aumento
do apego do colaborador em relação à sua profissão, como valorização das soft-skills, das
competências e estímulos às ideias e produtividade.
Desse modo, forma-se um ciclo vicioso estimulante de produtividade, sendo este
marcado pela economia liberal + mercado globalizado e competitivo + avanço tecnológico +
velocidade na transmissão e comercialização de tecnologia, trazendo como resultado a
necessidade de as organizações passarem a se apoiar nas pessoas como solução para obter um
diferencial. A conotação de trabalho evolui, cada dia mais, de um sentido negativo para outro,
positivo, valorizado. Ao contrário, o ócio e a vida pacata tornam-se cada vez mais
desvalorizados.
Assim, o afeto e apego surgidos atualmente em relação à profissão podem ser
classificados como um termo denominado de comprometimento organizacional, definido como
a força relativa da identificação e envolvimento de um indivíduo com um tipo de organização

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ou uma atividade. Este envolve alguma forma de laço psicológico entre pessoas e organizações
pois se caracteriza como uma espécie de contrato psicológico.
Analisando algumas referências bibliográficas, notam-se características que são comuns
aos indivíduos comprometidos com suas atividades, como a internalização dos objetivos e
valores da profissão, desejo de permanecer na área de atuação por um longo período para o
alcance dos objetivos e valores e prontidão para exercer esforços para o alcance de metas.
Por fim, podemos analisar, também, como base, o processo de inserção no mercado de
trabalho, o qual exige que os participantes encarem esse movimento com uma visão que
abrange mais que somente atividades obrigatórias. Ou seja, atualmente a sociedade está
exigindo que haja uma relação sentimental dos colaboradores com suas profissões, onde os
mesmos necessitam se identificar com sua escolha e, até mesmo, amá-la.

2.10. A Consciência moral


O termo consciência, em seu sentido moral, é uma habilidade, capacidade, intuição, ou
julgamento do intelecto que distingue o certo do errado. Juízos morais desse tipo podem refletir
valores ou normas sociais (princípios e regras). Em termos psicológicos a consciência é descrita
como conduzindo a sentimentos já de remorso, quando o indivíduo age contra seus valores
morais, já de retidão ou integridade, quando a ação corresponde a essas normas. Em que medida
a consciência representa um juízo anterior a uma ação e se tais juízos baseiam-se, ou deveriam
basear-se, somente na razão é um tema muito discutido em toda a história da filosofia.
A visão religiosa da consciência a vê ligada a uma moralidade inerente a todos os seres
humanos, a uma força cósmica benevolente ou a uma divindade. Os aspectos rituais, míticos,
doutrinais, legais, institucionais e materiais da religião não são necessariamente coerentes com
as considerações vivenciais, experienciais, emotivas, espirituais ou contemplativas sobre a
origem da consciência. Sob um ponto de vista secular ou científico a capacidade de consciência
moral é vista como de origem provavelmente genética, com seu conteúdo sendo aprendido
como parte da cultura.
Metáforas comuns para a consciência incluem, entre outras, a "voz interior" e a "luz
interior". Consciência é um conceito importante em direito, tanto nacional como internacional,
cada vez mais aplicado ao mundo como um todo, foi muitas vezes inspiração de inúmeros atos
nobres para o bem comum e foi muitas vezes tema em artes, sobretudo literatura, música e
cinema.

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2.10.1. Consciência moral segundo a doutrina católica
Segundo a doutrina da Igreja Católica, a consciência moral é um juízo da razão que
ordena o homem a praticar o bem e evitar o mal. A consciência, presente no íntimo de qualquer
pessoa e indissociável à dignidade humana, permite a qualquer pessoa avaliar a qualidade
moral dos actos realizados ou ainda por realizar, permitindo-lhes assim assumir a
responsabilidade porque possuem liberdade para escolher entre o bem e o mal. A Igreja Católica
defende que quem escutar correctamente a sua consciência moral "pode ouvir a voz de Deus
que lhe fala".
O Papa Bento XVI, utilizando o pensamento teológico do Cardeal Newman, defende que
a consciência "é a expressão da acessibilidade e da força vinculadora da verdade" e a
capacidade da pessoa humana de "reconhecer, precisamente nos âmbitos decisivos da sua
existência – religião e moral –, uma verdade, a verdade. E, com isto, a consciência, a capacidade
do homem de reconhecer a verdade, impõe-lhe, ao mesmo tempo, o dever de se encaminhar
para a verdade, procurá-la e submeter-se a ela onde quer que a encontre. Consciência é
capacidade de verdade e obediência à verdade, que se mostra ao homem que procura de coração
aberto" a verdade, que foi revelada por Deus aos homens". Logo, a concepção católica de
consciência entra em oposição com o conceito moderno de consciência: para o pensamento
moderno relativista e subjectivista, a consciência "significa que, em matéria de moral e de
religião, a dimensão subjectiva, o indivíduo [com as suas intuições e experiências], constitui a
última instância de decisão", porque a religião e a moral não conseguem ser quantificadas,
calculadas e verificadas por métodos científicos e experimentais objectivos.
Por a consciência estar vinculada à verdade e ao bem, as pessoas devem agir com rectidão
e em conformidade com a consciência, ou seja, deve "estar de acordo com o que é justo e bom,
segundo a razão e a Lei divina". Como a pessoa humana possui dignidade, ela não deve por
isso ser impedido ou obrigado a agir contra a sua consciência, "sobretudo em matéria religiosa".
Por isso, ela deve "obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência, mas esta também pode
emitir juízos erróneos, por causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal". Mas, uma
pessoa que fez um acto mal por "ignorância involuntária, mesmo que objectivamente não deixe
de ser um mal", é inimputável.
Para evitar que a consciência emita juízos erróneos, é preciso rectificá-la e torná-la
perfeita, para que ela esteja em sintonia com a vontade divina, através da educação, "da
assimilação da Palavra de Deus e do ensino da Igreja. [...] Além disso, ajudam muito na oração
e o exame de consciência", bem como os dons do Espírito Santo e "os conselhos de pessoas
sábias". Para além disso, é necessário também que a consciência siga três normas mais gerais

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e importantes acerca da conduta moral humana: "1) nunca é permitido fazer o mal porque daí
derive um bem; 2) a chamada regra de ouro: «tudo quanto quiserdes que os homens vos façam,
fazei-lho vós também» (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da
sua consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é objectivamente
um mal".

2.11. Graus de consciência


✓ Consciência passiva: temos uma vaga e confusa percepção de nós mesmos e do que
se passa a nossa volta. Ex.: o momento que precede o sono ou o despertar.
✓ Consciência vivida mas não reflexiva: tem a característica de ser egocêntrica, de
perceber os outros e as coisas apenas a partir de nossos sentimentos. É típico, por
exemplo, das pessoas apaixonadas.
✓ Consciência ativa e reflexiva: aquela que reconhece a diferença entre o interior e o
exterior, entre si e os outros. Esse grau de consciência que permite a existência da
consciência em suas quatro modalidades, isto é, eu, pessoa, cidadão e sujeito.

2.12. Ética e moral


Ética e moral são dois conceitos discutidos pela humanidade há centenas de anos, sem
deixarem de ser atuais.
Pensadores de diferentes períodos históricos, como Sócrates e Immanuel Kant, têm suas
próprias definições sobre esses temas.
À medida que os anos vão passando, esses conceitos vão se adequando às novas
realidades.
A verdade também é que a relação entre ética e moral pode ser aplicada em diferentes
contextos.
Nas organizações, por exemplo, elas integram um código de conduta, ao qual lideranças
e colaboradores devem se adequar para que não haja incompatibilidade de valores.
Por sinal, a ética e a moral estão em alta nas organizações, pois estão associadas a temas
contemporâneos de grande relevância, como responsabilidade social, governança corporativa
e compliance.

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2.13. Aspectos da Ética Individual
Deve ser baseada em valores fundamentais de toda a sociedade. Devemos ser
responsáveis pelos nossos actos, procurando sempre ser honestos, educados, cumpridores de
todos os compromissos assumidos com toda a lealdade.
Só assim é possível termos o princípio de igualdade entre todos os cidadãos, construindo
uma sociedade mais justa. Exemplo não fazer aos outros, o que não queremos para nós. Esta é
a minha Ética, mas quero acrescentar que infelizmente à outras, a Ética daqueles que passam
por cima de tudo e todos para atingir os seus fins.

a) Liberdade
A palavra liberdade, etimologicamente significa: isenção de qualquer coação ou
negação de determinação para uma coisa. Pode-se entender como a faculdade de fazer ou
deixar de fazer alguma coisa. Ela tem sido entendida como a possibilidade de autodeterminação
e de escolha, acto voluntário, espontaneidade, indeterminação, ausência de interferências,
libertação de impedimentos, realização de necessidades, direção prática para uma meta, ideal
de maturidade, autonomia sapiencial ética, razão de ser da própria moralidade.
A liberdade pode ser definida em dois sentidos imediatos: no nosso cotidiano e na
linguagem filosófica. No nosso cotidiano, invocamos constantemente a palavra liberdade para
reivindicar liberdade de opinião, de reunião, de livre circulação, considerando-se nesse sentido
comum, a liberdade como ausência de constrangimentos externos. No âmbito da acção humana,
podemos distinguir a liberdade em: liberdade jurídico-política e liberdade moral.
A liberdade jurídico-política é a possibilidade de agir no quadro das leis estabelecidas
pela sociedade que definem o conjunto dos direitos de deveres e a responsabilidade civil. Esta
forma de liberdade, pressupõe logicamente a existência de certas condições e relaciona-se
directamente com a existência das leis que, por um lado, limitam a acção do indivíduo, mas
por outro, garantem.

Este sentido de liberdade realiza-se no interior de uma comunidade ou Estado no


qual os individuos, embora se submetam às leis estabelecidas mediante convenção ou acordo
social, vêm asseguradas as chamadas liberdades concretas ou liberdades reais.
A liberdade moral: manifesta-se na adesão a valores e implica a orientação da conduta
pela razão, estabelecendo a consciente e, intencional e voluntariamente metas para a própria
existência. É esta liberdade de escolha que faz do Homem, um ser autônomo, possuidor de
uma dignidade e originalidade ontológica, isto é, um ser que se auto-constrói, uma invenção

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de si por si. É por causa desta autodeterminação que o ser humano é o único responsável pelos
seus actos.
Esse termo tem três significados fundamentais, correspondentes a três concepções que se
sobrepuseram ao longo de sua história e que podem ser caracterizadas da seguinte maneira:
Liberdade como autodeterminação ou auto causalidade; a Liberdade é ausência de condições e
de limites; Liberdade como necessidade, que se baseia no mesmo conceito da precedente, a
autodeterminação, mas atribuindo-a à totalidade a que o homem pertence (Mundo, Estado).
Os defensores da Liberdade humana consideram que não somos apenas o resultado
inevitável da situação dada, porque como seres conscientes ao tomarmos conhecimento das
causas que actuam sobre nós, somos capazes de realizar uma acção transformadora a partir de
um projecto de acção. Deixamos ser passivos para ser actuantes (ARANHA & MARTINS,
2000: 132).
É na acção, na prática que se constrói a liberdade, a partir dos desafios que os problemas
do existir apresentam ao ser humano. Todavia, o que é a liberdade? Ou o que é ser livre?
Segundo Nicola Abbagnano (2007: 605) Liberdade é autodeterminação ou
autocausalidade, segundo a qual é a ausência de condições e limites. Segundo esta concepção
é livre aquelo que é causa de si mesmo (aquele que é responsável por si próprio).
Para Jean Paul Sartre a Liberdade é a escolha que o homem faz do seu próprio ser e do
mundo. Daí a famosa frase de Sartre “o homem está condenado a ser livre”.

b) Responsabilidade
Responsabilidade - do lat. responsabilitas, de respondere = responder, estar em condições
de responder pelos atos praticados, de justificar as razões das próprias ações. De direito, todo
o homem é responsável. Toda a sociedade é organizada numa hierarquia de autoridade, na qual
cada um é responsável perante uma autoridade superior. Quando o homem infringe uma de
suas responsabilidades cívicas, deve responder pelo seu ato perante a justiça. (Pequena
Enciclopédia de Moral e Civismo).
A pessoa é moralmente responsável quando age livremente, isto é, na ausência de
qualquer forma de constrangimento; quando se está plenamente consciente das intenções e das
consequências de nossa acção, e quando, estando consciente da intenção, da acção e do seu
efeito, se quer a sua realização.

A responsabilidade pode assumir diferentes formas, que são:

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Responsabilidade civil: refere-se ao compromisso de ter de responder perante a
autoridade social e a lei jurídica pelas consequências e implicações de nossos actos em relação
à terceiros;
Responsabilidade moral: refere-se à obrigação de responder perante nós mesmos, perante
a nossa consciência, pela intenção dos nossos actos.
Ao entender de Abbagnano (Idem: 855) Responsabilidade é a possibilidade de prever os
efeitos do próprio comportamento e de corrigi-lo com base tal previsão. Em ética, a noção de
responsabilidade é vista de que um indivíduo deve assumir os seus actos, reconhecendo-se
como autor destes e aceitando suas consequências, sejam essas positivas ou negativas,
estando o indivíduo sujeito ao elogio ou à censura.
No entanto, a noção de responsabilidade está ligada à noção Liberdade, já que um
indivíduo só pode ser responsável pelos seus actos se é livre, ou seja, se realmente teve a
intenção de realiza- los e se tem plena consciência de os ter praticado.
Há casos em que excepcionalmente o indivíduo pode ser considerado culapado mesmo
de outros não intencionais. Exemplo: quando algo ocorre por descuido ou ainda em casos de
consequências não intencionais dos seus actos.

c) Mérito
O mérito é definido como sendo a aquisição de valores, em consequência do bem que se
pratica. O seu oposto é o demérito o, que é a perda de valor, em virtude dos factos cometidos.
O mérito depende (em absoluto) do valor do próprio acto, e também (em relactivo) das
condições em que o acto foi realizado, especialmente de dificuldade e de intenção. Por
exemplo: um rico que, ao encontrar um mendigo, lhe dá a quantia duzentos mil meticais para
ganhar a simpatia das pessoas em redor é menos meritório que um pobre que despende o valor
de cinco mil meticais, mas que o faz por verdadeira solidariedade.
Em termos comuns, segundo o dicionário de Filosofia, o mérito de uma pessoa são as
suas qualidades susceptíveis de admiração, e os méritos morais incluem, geralmente, virtudes
como a benevolência, a temperança, a justiça, a misericórdia, etc.
Segundo Kant, o mérito moral consiste no respeito pelo dever de conduzir a acção
segundo o imperativo categórico. Quando se é simpático para com os outros, apenas e sempre
pelo próprio acto de poder ser útil aos outros sem interesse particular, com respeito pelos outros
como pessoas, tratando os outros como fins em si mesmos e não como meios.

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d) A Sanção
A sanção é o prêmio ou o castigo infligido pelo cumprimento ou violação da lei.
Sancionar um acto é sublinhar o seu valor, quer reconhecendo-o como bom, por meio de
elogios e recompensas, quer tomando-o como mau, através de censuras e castigos. A sanção
não é somente castigo como muitos entendem, mas também um prémio. As sanções dividem-
se em terre nas e sobrenaturais.
As sanções sobrenaturais compreendem à:
✓ Sanções de consciências: são assim considerados certos sentimentos, com os quais nos
sentimos elevados (satisfação, paz interior) ou deprimidos (inquietação, remorso),
consoante os nossos actos são bons ou maus.
✓ Sanções de opinião pública: sanciona as ações humana quer quando louva os bons, ou
quando reprova os maus.
✓ Sanções naturais: são as consequências que resultam para nós da vida que levamos. Os
actos morais traduzem-se, geralmente, em decadência pessoal (intelectual e física) ao
passo que a saúde pode ser o fruto de uma vida moral pura.

✓ Sanções civis: são as que a sociedade aplica, por órgão apropriados, ao que transgridem
leis e regulamentos.

✓ Sanções sobrenaturais: estão relacionadas com as religiões, e em todos os tempos, e


incluem a crença ( explícita ou implícita) num juízo final como recompensa última dos
bons e castigo dos maus. Esta noção de sanções sobrenaturais corresponde a um
objetivo moral positivo: evitar que, perante as insuficiências inevitáveis (em erros e
omissões) das crenças terrenas, o homem possa cultivar a ideia moralmente corrupta,
de que pode haver crime sem castigo ou pode haver virtude sem esperança de
recompensa.

e) O dever
O dever pode ser entendido como um imperativo, isto é, como uma ordem a que o indivíduo
se terá de submeter e que assume duas dimensões, que são as seguintes:
✓ Dimensão subjectiva: que traduz o sentimento de respeito devido à lei imposta pela
consciência moral;
✓ Dimensão objectiva: que traduz uma obrigação de submissão e acatamento dessa lei.

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Assim, podemos concluir que a consciência mora é uma instância dinâmica na qual se inter-
relacionam factores de diversa ordem como:
✓ Indivíduos: na qual o indivíduo interioriza e assimila regras sociais, mas seleciona e
escolhe, isto é, apenas assume como suas aquelas que ele próprio valorizou;
✓ Sociais: em que a vivência em sociedade impõe um conjunto de deveres necessários
para o funcionamento harmonioso da comunidade. É por isso que as acções morais
implicando as relações interindividuais tem repercussão ao nível colectivo;
✓ Racionais: em que a função judicativa da consciência traduz-se em juízos de valor e
raciocínios acerca das razões a favor ou contra a tomada de determinadas decisões;
✓ Afectivos: em que na apreciação dos actos intervêm sentimentos de simpatia ou
indiferença em relação ao objeto da ação; a realização dos actos é seguida de
sentimentos de satisfação ou de remorso, conforme praticamos acções consideradas
boas ou más.

f) A Justiça
Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado ideal de interação social em que
há um equilíbrio, que por si só, deve ser razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e
oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social.
Em um sentido mais amplo, pode ser considerado como um termo abstrato que designa
o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação ou reposição do seu direito por ser maior em
virtude moral ou material. A justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou
intuitivos nas relações sociais, ou por mediação através dos tribunais, através do Poder
Judiciário.
A justiça é uma virtude ou qualidade humana que consiste na vontade firme e constante
de dar cada um o que lhe é devido ( Aristóteles). A justiça como virtude, pressupõe a existência
de uma pessoa que tem o direito a um ‘’objecto’’ que lhe pertence e outra que tem o dever
correlativo de o respeitar.
Platão reconhece a justiça como sinônimo de harmonia social, relacionando também esse
conceito à ideia de que o justo é aquele que se comporta de acordo com a lei. Em sua obra A
República, Platão defende que o conceito de justiça abrange tanto a dimensão individual quanto
coletiva: a justiça é uma relação adequada e harmoniosa entre as partes beligerantes de uma
mesma pessoa ou de uma comunidade. Platão associava a justiça aos valores morais.

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A justiça é comumente dividida em retributiva e distributiva.
✓ Justiça distributiva: aquela parte da justiça que se preocupa coma justa distribuição de
benefícios e sofrimentos dentro de uma sociedade. Na medicina (“quem recebe o que
por quê”) que afectam toda a sociedade, bem como as questões deracionamento, que
afectam paciêntes em particular ou grupos de pacientes em particular.
✓ Justiça retributiva: parte da teoria da justiça que considera a punição sob as bases do
mero merecimento em vez de sob as bases de detenção ou reabilitação, baseada na ideia
da compensação por um dano; baseada na ideia de “olho por olho, dente por dente”.

John Rawls foi um dos mais influentes teorizadores do conceito de justiça como
equidade), através de sua obra "Uma Teoria da Justiça", publicada em 1971.
Retomando a teoria do contrato social, Rawls propõe-se a imaginar uma situação
hipotética e histórica similar ao estado de natureza (chamada de posição original) na qual
determinados indivíduos escolheriam princípios de justiça. Tais indivíduos, concebidos como
racionais e razoáveis, estariam ainda submetidos a um "véu de ignorância", ou seja,
desconheceriam todas aquelas situações que lhe trariam vantagens ou desvantagens na vida
social (classe social e status, educação, concepções de bem, características psicológicas, etc.).
Desta forma, na posição original todos compartilham de uma situação equitativa: são
considerados livres e iguais.

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CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fim do trabalho, concluiu se que, a ética é uma característica inerente a toda acção
humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem
possui um senso ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando
e julgando suas acções para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Para Kant, o sujeito moral é o ser racional. Para seres humanos, o sujeito moral pode ser
qualificado como um ser racional sensível.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a óptica do certo e errado,
do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm
relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos
históricos. A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os
outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude,
enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência
plena e feliz.
Entretanto, a ética individual deve ser baseada em valores fundamentais de toda a
sociedade. Devemos ser responsáveis pelos nossos actos, procurando sempre ser honestos,
educados, cumpridores de todos os compromissos assumidos com toda a lealdade. Só assim é
possível termos o princípio de igualdade entre todos os cidadãos, construindo uma sociedade
mais justa. Exemplo não fazer aos outros, o que não queremos para nós. Esta é a minha Ética,
mas quero acrescentar que infelizmente à outras, a Ética daqueles que passam por cima de tudo
e todos para atingir os seus fins.
Por todas estas razões a ética individual, está sempre interligada à ética institucional. E
todos os funcionários públicos que têm o código ético da instituição onde trabalham, só podem
cumprir com todas as regras se no conceito da ética individual forem correctos. Porque só desta
forma é possível construir um Mundo Novo.

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CAPÍTULO IV: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEQUE Ed e BIRIATE Manuel, Filosofia 11a classe, Longamn Ed Moçambique, 2010.


ALVIM, Mônica Botelho. A relação do homem com o trabalho na contemporaneidade: uma
visão crítica fundamenta da na Gestalt-Terapia. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6,
n. 2, p. 122-130, 2006.
DE FRANÇA, Ana Letícia; SCHIMANSKI, Édina. Mulher, trabalho e família.: Uma análise
sobre a dupla jornada feminina e seus reflexos no âmbito familiar. Emancipação, v. 9, n.
1, p. 65-78, 2009.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. S. Paulo: Martins Fontes. 2007.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia.
Lisboa: Editora Moderna, 2000.
JAPIASSÚ, Hilton. & MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3ª Edição. R.
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

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