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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO

DISCIPLINA: SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UNEC / EAD

AULA 3
3. VALORES PERCENTUAIS E POR UNIDADE (PU)
Os valores percentuais e os valores por unidade, também chamados de va-
lores “pu”, correspondem a uma mudança de escala das grandezas principais em
sistemas elétricos: tensão, corrente, potência e impedância. Como veremos, tal mu-
dança facilita a análise de circuitos especialmente quando existem transformadores
nos sistemas em estudo.
As linhas de transmissão em sistemas elétricos de potência são operadas em
níveis de tensão onde o quilovolt é a unidade mais conveniente para expressar a ten-
são, para expressar a potência transmitida é comum utilizar quilowatts, megawatts ou
quilovolt-ampère ou megavolt-ampère. Entretanto, com o intuito de simplificar a aná-
lise do circuito, estas quantidades, bem como ampères e ohms, são comumente ex-
pressas como percentagens ou como por unidade de uma base ou valor de referência
especificadas para cada uma. Por exemplo, se uma tensão base de 120 kV é esco-
lhida, a tensão de 108 kV, 120 kV e 126 kV tornam-se 0,90, 1,00 e 1,05 por unidade
(pu), ou 90, 100 e 105%, respectivamente.
Há várias razões para especificar os parâmetros dos equipamentos em “pu”:
1- Independentemente do tamanho do equipamento, os valores por unidade
baseados nos valores nominais da tensão e corrente do equipamento ficam
restritos a uma faixa estreita e por isso são fáceis de serem verificados ou
estimados.
2- Os sistemas de potência em estudo envolvem vários transformadores e, por
isso, um sistema apresenta várias tensões e correntes nominais. Em tal sis-
tema, um conjunto de valores de base é escolhido de modo que seja comum
para o sistema inteiro. Utilizando os parâmetros em “pu” calculados por meio
das bases em comum, as análises tornam-se profundamente simplificadas,
já que as transformações de tensão e corrente devido à relação de espiras
dos transformadores são eliminadas dos cálculos.
Compreender e aplicar os conceitos de valores por unidade e percentuais, que
são os temas deste módulo, é essencial para o estudante de engenharia elétrica, pois
permite uma análise mais eficiente e precisa de sistemas elétricos de potência, fa-
cilitando a compreensão e resolução de problemas complexos nesta área.

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3.1. DEFINIÇÕES

O valor por unidade de qualquer quantidade é definido como a relação da quan-


tidade pelo valor de sua base, expressa como um decimal. O valor em percen-
tagem é 100 vezes o valor em por unidade.

Os valores percentuais e por unidade (pu) ou, ainda valores normalizados,


correspondem simplesmente a uma mudança de escala nas grandezas principais
(tensão, corrente, potência e impedância). Dessa forma, os valores percentuais e por
unidade são dados por:
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙(%) = × 100; 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑝𝑢) =
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑏𝑎𝑠𝑒

Ao trabalharmos com valores pu e valores percentuais devemos sempre definir


duas grandezas fundamentais dentre as quatro grandezas, atribuindo-lhes cor-
respondentes valores que designaremos por valores base.

Determinando, por exemplo, os valores base de tensão e potência, qualquer


outra tensão ou potência será expressa como uma percentagem (valor percentual) ou
uma fração dessa grandeza (valor pu). Dessa forma temos:
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉1 𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆1
Assim, uma tensão qualquer, 𝑽, é expressa por:
𝑽
𝒗% = × 100 (𝑣 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙)
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑽
𝒗= 𝑝𝑢 (𝑣 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒)
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
Analogamente, uma potência qualquer, 𝑆, é expressa por:
𝑆
𝑠% = × 100 (𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙)
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑆
𝑠= 𝑝𝑢 (𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒)
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
Tensão, corrente, potência e impedância são tão relacionado que a seleção de
valores bases para quaisquer dois deles determina os valores bases dos dois pa-
râmetros restantes. Nesse caso, por exemplo, com os valores bases da tensão e

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potência determinados, a corrente base e a impedância base também podem ser de-
terminadas. Para relacionarmos o módulo dessas quatro grandezas elétricas em
circuitos monofásicos dispomos de duas relações físicas independentes:
𝑽 = 𝑍 .𝑰
𝑆 = 𝑉 .𝐼
Dessa forma, para determinarmos a corrente base:
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
Da mesma forma, para a impedância, temos:
2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
Analogamente, qualquer corrente ou impedância será expressa por:
𝑍 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑧= → 𝑧=𝑍. 2 𝑝𝑢 𝑒 𝑧% = 100 . 𝑧
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝐼 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝒊= → 𝒊=𝑰. 𝑝𝑢 𝑒 𝒊% = 100 . 𝒊
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒

Observação:

O método por unidade tem vantagem sobre o método de percentagem


porque o produto de duas quantidades expressas em por unidade resulta em
quantidade por unidade, mas o produto de duas quantidades expressas em por
cento deve ser dividido por 100 para chegar ao resultado.

Como os circuitos trifásicos são solucionados como se fossem linhas mono-


fásicas com retorno pelo neutro, as bases para quantidades no diagrama de impe-
dância são potência por fase e tensão de fase para neutro (tensão de fase). No
entanto, os dados são usualmente fornecidos como quilovolt-ampères ou megavolt-
ampères trifásicos e quilovolts entre fases (tensão de linha). Por causa desse costume
de se especificar a tensão entre fases e quilovolt-ampères ou megavolt-ampères to-
tais, uma confusão pode surgir com vista à relação entre o valor por unidade da
tensão de linha e o valor por unidade da tensão de fase. Embora a tensão de linha
possa ser especificada como base, a tensão no circuito monofásico necessária para
a solução é ainda a tensão de fase para neutro. A tensão base de fase é a tensão

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base de linha dividida por √3. Já que esta é também a relação entre tensões de linha
e tensões de fase de um sistema trifásico equilibrado, temos que:

O valor por unidade de uma tensão de fase na base da tensão de fase é igual
ao valor em por unidade da tensão de linha no mesmo ponto, na base de tensão
de linha, se o sistema está equilibrado.

De maneira semelhante a potência trifásica é três vezes a potência por fase


e a potência trifásica base é três vezes a potência base por fase. Portanto:

O valor por unidade de uma potência trifásica na base da potência trifásica


é igual ao valor em por unidade da potência por fase na base de potência por
fase, se o sistema está equilibrado.

A menos que exista especificação em contrário, um dado valor de tensão base


num sistema trifásico é a tensão entre fases (tensão de linha) e um dado valor de
potência base é a potência total trifásica.
A impedância base e corrente base podem ser calculadas diretamente a par-
tir de valores trifásicos de tensão de base e potência de base. Se considerarmos
como potência base a potência do conjunto total das três fases 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙 e para tensão
base a tensão entre linhas 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 , obteremos, para impedância base:
2
2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 ⁄√3) 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 2
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙 ⁄3 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙
E para corrente base utiliza-se a equação da potência trifásica (𝑃𝑡𝑟𝑖𝑓á𝑠𝑖𝑐𝑎 =

𝑉𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 . 𝐼𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 . √3), logo:


𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 =
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 . √3
Repare que para a impedância de base as equações que utilizam quantidades
trifásico são idênticas as equações que utilizam quantidades monofásicas, com exce-
ção dos subscritos.
2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 2
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑒 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙
Por isso, usaremos essas quantidades sem os subscritos, mas para isso
devemos considerar os critérios:
1- Usar tensão entre fase e neutro (tensão de fase) com potência por fase.

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2- Usar tensão entre fases (tensão de linha) com potência total das três
fases.
Já para corrente de base, as equações são distintas:
 Equação que determina a corrente base para sistemas monofásicos ou
sistemas trifásicos onde as bases são especificadas em potência por fase
e tensão entre fase e neutro:
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
 Equação que determina a corrente base para sistemas trifásicos onde as
bases são especificadas em potência total das três fases e tensão entre
fases:
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 3𝜙
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 =
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 . √3

Observação:

O valor base de potência, apesar de ser dado muitas vezes como potên-
cia aparente S, é considerado sempre com o fator de potência unitário. Da
mesma forma, tensões base, correntes base e impedâncias base na forma po-
lar sempre possuem ângulo 0. Por isso, para se obter os valores base, as equa-
ções de potência ativa P, se aplicam diretamente à potência aparente S.

3.2. REPRESENTAÇÃO DE TRANSFORMADORES EM VALORES PU


Para os transformadores, convencionou-se que os valores de base para a
determinação da referida impedância equivalente, em pu, do enrolamento primário
fosse a tensão nominal 𝑉𝑁𝐴 do enrolamento primário e a potência nominal 𝑆𝑁 e,
para o enrolamento secundário fosse a tensão nominal do enrolamento secundário
𝑉𝑁𝐵 e a potência nominal 𝑆𝑁 . Conforme veremos a seguir, com esses valores de
base, a impedância equivalente referida ao primário ou ao secundário, em pu,
possuem o mesmo valor.
Sabemos que um transformador pode ser representado por um circuito equi-
valente constituído por uma impedância em paralelo com os terminais de entrada,

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“impedância em vazio”, e uma impedância, denominada “impedância de curto-cir-
cuito”, em série com um transformador ideal com relação de espiras igual à relação
das tensões nominais.
A figura a seguir ilustra o circuito equivalente de um transformador monofásico:
Figura 16: Circuito equivalente de um transformador monofásico.

Adaptado de: OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN, NELSON;
ROBBA, ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência, 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000. Pág.
115.

Evidentemente, o circuito ligado ao primário do transformador independe eletri-


camente do circuito ligado ao secundário. Portanto, poderemos fixar valores base
quaisquer para o primário e secundário. Nessas condições, buscando simplificar o
circuito é conveniente determinarmos as bases, para o primário e secundário, de
forma que, em pu, o transformador se torne um transformador ideal com relação de
espiras de 1:1. Dessa forma, o transformador ideal pode ser omitido do circuito,
reduzindo o circuito da figura 16, entre os pontos P e Q, somente às impedâncias
em vazio e de curto-circuito dadas em pu, conforme figura a seguir:
Figura 17: Representações de um transformador em valores pu.

Adaptado de: OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN, NELSON;
ROBBA, ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência, 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000. Pág.
116.

Com o objetivo de encontrar os valores base que permitam tais condições de


simplificação do circuito, suponhamos ter um transformador, com valores nominais

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𝑉𝑁𝐴 , 𝑉𝑁𝐵 e 𝑆𝑁 , no qual o enrolamento de alta tensão coincide com o primário e adote-
mos, para o primário e o secundário, valores de base 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 , 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 , 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 , res-
pectivamente.
Aplicando ao primário do transformador ideal uma tensão 𝑉1 teremos, no se-
cundário, uma tensão 𝑉2 cujo valor é:
𝑉𝑁𝐵
𝑉2 = 𝑉1 .
𝑉𝑁𝐴
Representando essas tensões em pu, teremos:
𝑉1
𝑣1 = = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚á𝑟𝑖𝑜 𝑒𝑚 𝑝𝑢
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉2 𝑉𝑁𝐵 1
𝑣2 = = 𝑉1 . . = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑á𝑟𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑝𝑢
𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒
Como queremos que a relação de espiras, em pu, seja 1:1, devemos ter:
𝑣1 = 𝑣2
Dessa forma, temos:
𝑉1 𝑉𝑁𝐵 1 1 𝑉𝑁𝐵 1
= 𝑉1 . . → = .
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒
Logo:
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴
=
𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐵
Essa equação nos diz que:

Se fixarmos os valores de base da tensão no primário e no secundário na relação


das espiras do transformador, as tensões primárias e secundárias, em pu, serão
iguais.

Para a potência, suponhamos que o primário esteja absorvendo potência apa-


rente 𝑆1 e o secundário esteja fornecendo 𝑆2 . Como se trata de um transformador
ideal, temos:
𝑆1 = 𝑆2
Logo, em pu:
𝑆1 𝑆2
𝑠1 = 𝑒 𝑠2 =
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒
Para que 𝑠1 = 𝑠2 :
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒

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Essa equação nos diz que:

Para termos, em pu, potências iguais no primário e secundário, as bases de po-


tência deverão ser iguais.

Agora, vamos verificar se, em pu, as correntes primária e secundária e também


se uma impedância referida ao primário e ao secundário são iguais.
Considerando que 𝑰1 seja a corrente que está circulando no primário do trans-
formador ideal e sendo 𝑁𝐴 e 𝑁𝐵 o número de espiras dos enrolamentos primário e
secundário, temos:
𝑁𝐴 𝑰1 = 𝑁𝐵 𝑰2
Logo, a corrente no secundário é dada por:
𝑁𝐴 𝑉𝐴
𝑰2 = 𝑰1 . = 𝑰1 .
𝑁𝐵 𝑉𝐵
Os valores de base das correntes primária e secundária são:
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑒 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉
Como 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐵 , temos:
𝑁𝐴

𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴


𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = = .
𝑉𝑁𝐵 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐵
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉
𝑁𝐴
𝑆
Como 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 , temos:
𝑏𝑎𝑠𝑒

𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴 𝑉𝑁𝐴


𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = . → 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 .
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐵 𝑉𝑁𝐵
Portanto, a corrente 𝑰1, em pu, vale:
𝑰1
𝒊1 =
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉
Considerando que 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐴 , a corrente 𝑰2 , em pu, vale:
𝑁𝐵

𝑉
𝑰2 𝑰2 𝑽𝑁𝐴 𝑰1 . 𝑉𝑁𝐴 𝑰1
𝑁𝐵
𝒊2 = = → 𝑰2 = 𝑰1 . → 𝒊2 = → 𝒊2 = → 𝒊2 = 𝒊1
𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉 𝑽𝑁𝐵 𝑉 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐴 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐴
𝑁𝐵 𝑁𝐵

Observe que, em pu, com os valores de base fixados anteriormente, as cor-


rentes primária e secundária são iguais.

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Para as impedâncias, observamos que uma impedância 𝑍1 ligada em série no
primário do transformador ideal é equivalente a uma impedância refletida para o se-
cundário 𝑍2 , desde que seja:
𝑉𝑁𝐵 2
𝑍2 = 𝑍1 ( )
𝑉𝑁𝐴
Para exprimir tais impedâncias em pu, observamos que as bases de impedân-
cias no primário e secundário são, respectivamente:
2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′2𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑒 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉
Como 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐵 , temos:
𝑁𝐴

2
𝑉
(𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 . 𝑉𝑁𝐵 ) 2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐵 2
𝑁𝐴
𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = = ( )
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴
𝑉2
Como 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 , temos:
𝑏𝑎𝑠𝑒

2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐵 2 𝑉𝑁𝐵 2
𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = ( ) → 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 ( )
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑁𝐴 𝑉𝑁𝐴
Portanto, a impedância 𝑍1 , em pu, vale:
𝑍1 𝑍1 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑧1 = = 2 = 𝑍1 . 2
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉 2
Considerando que 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑉𝑁𝐵 ) , a impedância 𝑧2 , em pu, vale:
𝑁𝐴

𝑉 2
𝑍2 𝑍1 (𝑉𝑁𝐵 ) 𝑍1 𝑍1 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑁𝐴
𝑧2 = = 2 → 𝑧2 = → 𝑧2 = 2 → 𝑧2 = 𝑍1 . 2 → 𝑧2 = 𝑧1
𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 (𝑉𝑁𝐵 ) 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑁𝐴

Portanto, podemos concluir que:

Se fixarmos os valores de base da tensão no primário e no secundário na relação


das espiras do transformador, mantendo se os valores de potência base no pri-
mário e no secundário iguais a potência nominal do transformador, em pu, um
transformador é representado com relação de espiras 1:1, podendo ser substi-
tuído no circuito por uma interligação direta, simplificando a análise e os cálcu-
los do sistema elétrico.

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3.3. CONVERSÃO DE BASES
Em muitas aplicações, conhecemos o valor de uma grandeza em “por uni-
dade” numa determinada base e necessitamos conhecer seu valor em “por unidade”
em outra base.

O procedimento para realizar a conversão de base é determinar o valor da


grandeza, multiplicando seu valor em “por unidade” pela base na qual foi dada e
dividir esse valor pelo valor da nova base.

Assim, sendo 𝒗, 𝒊, 𝑝 e 𝑧, respectivamente, os valores de uma tensão, uma cor-


rente, uma potência e uma impedância, em pu, nos valores base 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 , iremos
determinar seus valores, em pu, nas novas bases 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 . Dessa forma, temos:
a) Tensão
Devemos determinar inicialmente o valor da tensão em volt:
𝑽 = 𝒗 . 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
Em seguida, devemos determinar o valor dessa tensão na nova base:
𝑽 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝒗′ = → 𝒗′ = 𝒗 .
𝑉 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
b) Corrente
Devemos determinar inicialmente o valor da corrente em ampère:
𝑰 = 𝒊 . 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑆
Como 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 é dado por: 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 , temos:
𝑏𝑎𝑠𝑒

𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑰=𝒊.
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
Em seguida, devemos determinar o valor dessa corrente na nova base:
𝑰 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒
𝒊′ = → 𝒊′ = 𝒊 .
𝐼′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝐼 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑆′
Sendo 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 dado por: 𝐼′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 , temos:
𝑏𝑎𝑠𝑒

𝒊 . 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒


𝒊′ = → 𝒊′ = 𝒊 . . → 𝒊′ = 𝒊 . .
𝐼 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒
c) Potência
Devemos determinar inicialmente o valor da potência em unidades de po-
tência (𝑊, 𝑉𝑎𝑟 ou 𝑉𝐴):
𝑃 = 𝑝 . 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑒 𝑄 = 𝑞 . 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑒 𝑆 = 𝑠 . 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒

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Em seguida, devemos determinar o valor dessa potência na nova base:
𝑃 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑝′ = → 𝑝′ = 𝑝 .
𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑄 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑞′ = → 𝑞′ = 𝑞 .
𝑆′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑆 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑠′ = → 𝑠′ = 𝑠 .
𝑆′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
d) Impedância
Devemos determinar inicialmente o valor da impedância em ohm:
𝑍 = 𝑧 . 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉2
Como 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 é dado por: 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 , temos:
𝑏𝑎𝑠𝑒

2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑍 =𝑧.
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
Em seguida, devemos determinar o valor dessa impedância na nova base:
𝑍 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑧′ = → 𝑧′ = 𝑧 .
𝑍′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑍 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑉′2𝑏𝑎𝑠𝑒
Sendo 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 dado por: 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = , temos:
𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒


𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 ′
2
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 ′
𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 2
𝑧 =𝑧. ′ → 𝑧 =𝑧. . 2 → 𝑧 =𝑧. .( )
𝑍 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒

3.4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Para o circuito da figura a seguir, conhecemos:
 A impedância da linha A-B: (26,6 + 𝑗107)Ω;
 A impedância da linha C-D: (26,6 + 𝑗107)Ω;
 Os valores nominais do transformador 1: (13,8 𝑘𝑉, 230 𝑘𝑉, 50 𝑀𝑉𝐴, 𝑥 =
8%, 𝑟 = 3%, 60 𝐻𝑧);
 Os valores nominais do transformador 2 (220 𝑘𝑉, 88 𝑘𝑉, 40 𝑀𝑉𝐴, 𝑥 =
8%, 𝑟 = 3%, 60 𝐻𝑧);
 A tensão (80 kV) e a potência na carga (30 MVA, cos 𝜑 = 0,8 ind.).

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Figura 18: Diagrama unifilar do exemplo.

Fonte: OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN, NELSON; ROBBA,
ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência, 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000. Pág. 146.

Devemos determinar:
(a) – A tensão no primário do transformador 1;
(b) – A regulação de tensão do sistema;
(c) – O diagrama fasorial do sistema.

Solução:
(a) – A tensão no primário do transformador 1:
Como foi fornecida a tensão e potência na carga, utilizaremos estes valores
como base. Dessa forma, no secundário do transformador 2, adotaremos:
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴 𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 = 80 𝑘𝑉
A partir de 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 e utilizando a relação de transformação do transforma-
dor 2, podemos determinar os valores base 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 no primário do transforma-
dor 2, que serão os mesmos valores base para o secundário do transformador 1:
220
𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴 𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 80 . = 200 𝑘𝑉
88
A partir de 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 e utilizando a relação de transformação do transfor-
mador 1, podemos determinar os valores base 𝑆′′𝑏𝑎𝑠𝑒 e 𝑉′′𝑏𝑎𝑠𝑒 no primário do trans-
formador 1:
13,8
𝑆′′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴 𝑒 𝑉′′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 200 . = 12 𝑘𝑉
230
Na figura a seguir está representado o circuito equivalente do sistema, indi-
cando, para cada trecho, os valores de base fixados:

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Figura 19: Circuito equivalente do exemplo.

Fonte: OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN, NELSON; ROBBA,
ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência, 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000. Pág. 147.

Com a escolha feita para os valores de base, os transformadores 1 e 2 pas-


sam a ter relação de transformação 1:1. Logo, no circuito da figura a seguir, ambos
transformadores foram omitidos:
Figura 20: Circuito equivalente em pu do exemplo.

Fonte: OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN, NELSON; ROBBA,
ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência, 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000. Pág. 147.

Agora, devemos determinar os valores das impedâncias em pu.


Para a determinação de 𝑧1 , que corresponde à impedância do transformador 1,
temos o valor fornecido de impedância dado em percentual (𝑥 = 8%, 𝑟 = 3%), que
dividindo por 100 e considerando 𝑟 como a parte resistiva e 𝑥 a parte reativa da impe-
dância, temos em pu (0,03 + 𝑗0,08), para os valores base referentes aos valores no-
minais de tensão e potência do próprio transformador, que no enrolamento primário é
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 = 13,8 𝑘𝑉 𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 = 50 𝑀𝑉𝐴.
Como essa impedância deve ser calculada nas bases determinadas para cada
trecho do circuito, temos que converter esse valor para os valores base do trecho

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referente ao primário do transformador 1 (𝑉′′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 12 𝑘𝑉 𝑒 𝑆′′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴). Dessa
forma, temos na nova base:


𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 2 𝑆 ′′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 2
𝑧 =𝑧. .( ) → 𝑧1 = 𝑧𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 . .( )
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 𝑉 ′′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
30 13,8 2
𝑧1 = (0,03 + 𝑗0,08). .( ) = 0,0238 + 𝑗0,0635 𝑝𝑢
50 12
Vale ressaltar que, em pu, seria obtido o mesmo valor se fosse utilizado como
referência o secundário do transformador 1 (𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 = 230 𝑘𝑉 𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 =
50 𝑀𝑉𝐴) e os valores base determinados para o trecho ao qual o secundário do trans-
formador está ligado (𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 200 𝑘𝑉 𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴):
2
𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1
𝑧1 = 𝑧𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 . .( )
𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜1 𝑉 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
30 230 2
𝑧1 = (0,03 + 𝑗0,08). .( ) = 0,0238 + 𝑗0,0635 𝑝𝑢
50 200
Isso confirma que em pu o transformador passa a ter relação de 1:1 e pode ser
retirado do circuito, como mostrado na figura 20.
Prosseguindo a análise, devemos converter as demais impedâncias para pu de
acordo com os respectivos valores base de seus trechos. Dessa forma, temos:
Para 𝑧𝐴𝐵 :
𝑍𝐴𝐵 𝑉′2𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑧𝐴𝐵 = → 𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑧𝐴𝐵 = 𝑍𝐴𝐵 .
𝑍′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′2𝑏𝑎𝑠𝑒
30 . 106 30
𝑧𝐴𝐵 = (26,6 + 𝑗107). 3 2
= (26,6 + 𝑗107). = (0,0200 + 𝑗0,0803) 𝑝𝑢
(200 . 10 ) 2002
Para a determinação de 𝑧2 , que corresponde à impedância do transformador 1,
temos o valor fornecido de impedância dado em percentual (𝑥 = 8%, 𝑟 = 3%), que
dividindo por 100, temos em pu (0,03 + j0,08), para os valores base referentes aos
valores nominais de tensão e potência do próprio transformador, que no enrolamento
primário é 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜2 = 220 𝑘𝑉 𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜2 = 40 𝑀𝑉𝐴.
Como essa impedância deve ser calculada nas bases determinadas para cada
trecho do circuito, temos que converter esse valor para os valores base do trecho
referente ao primário do transformador 2 (𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 200 𝑘𝑉 𝑒 𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 = 30 𝑀𝑉𝐴). Dessa
forma, temos na nova base:

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𝑆′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 2 𝑆 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜2 2
𝑧 =𝑧. .( ) → 𝑧2 = 𝑧𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜2 . .( )
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉′𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜2 𝑉 ′ 𝑏𝑎𝑠𝑒
30 220 2
𝑧2 = (0,03 + 𝑗0,08). .( ) = 0,0272 + 𝑗0,0726 𝑝𝑢
40 200
Por fim, para 𝑧𝐶𝐷 :
2
𝑍𝐶𝐷 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑧𝐶𝐷 = → 𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = → 𝑧𝐶𝐷 = 𝑍𝐶𝐷 . 2
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒
30 . 106 30
𝑧𝐶𝐷 = (4,5 + 𝑗17,5). = (4,5 + 𝑗17,5). = (0,0211 + 𝑗0,0820) 𝑝𝑢
(80 . 103 )2 802
Agora, devemos analisar os parâmetros fornecidos para a carga e também con-
verte-los em pu. Dessa forma, temos:
𝑆 30
𝑠= = = 1,0 𝑝𝑢
𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 30
𝑉𝐷𝑁 80
𝑣𝐷𝑁 = = = 1,0 𝑝𝑢
𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 80
Logo:
𝑠 1,0
𝑖= = = 1,0 𝑝𝑢
𝑣 1,0
Adotando a corrente 𝑖 como referência e considerando seu ângulo igual a zero,
temos a representação do fasor 𝒊:
𝒊 = 𝑖∠0° = 1,0∠0° 𝑝𝑢
Como a carga possui fator de potência indutivo (cos 𝜑 = 0,8), temos um ângulo
de defasagem entre tensão e corrente dado por:
arccos 0,8 = 36,87°
Para fator de potência indutivo temos a tensão adiantada da corrente, logo:
𝒗𝐷𝑁 = 𝑣𝐷𝑁 ∠(0 + 36,87°) = 1,0∠36,87° 𝑝𝑢
Convertendo para a forma retangular, temos:
𝒗𝐷𝑁 = (0,8 + 𝑗0,6) 𝑝𝑢
Para análise de circuito vamos considerar o diagrama da figura 20, onde deve-
mos aplicar a LKT, temos:
𝒗𝐴′𝑁 = 𝒗𝐷𝑁 + 𝒊(𝑧1 + 𝑧𝐴𝐵 + 𝑧2 + 𝑧𝐶𝐷 )
Logo:
𝒗𝐴′𝑁 = 0,8 + 𝑗0,6 + 1,0∠0°(0,0238 + 𝑗0,0635 + 0,0200 + 𝑗0,0803 + 0,0272 + 𝑗0,0726
+ 0,0211 + 𝑗0,0820)

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𝒗𝐴′𝑁 = 0,8 + 𝑗0,6 + 1,0∠0°(0,0921 + 𝑗0,2984) = (0,8921 + 𝑗0,8984) 𝑝𝑢

𝒗𝐴′𝑁 = 1,266∠45,2° 𝑝𝑢
Dessa forma, temos que a tensão no primário 𝑽𝐴′𝑁 em 𝑘𝑉 será dada por:
𝑽 = 𝒗 . 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 → 𝑽𝐴′𝑁 = 𝒗𝐴′𝑁 . 𝑉𝑏𝑎𝑠𝑒 → 𝑽𝐴′𝑁 = 1,266∠45,2° . 12 = 15,192∠45,2° 𝑘𝑉

(b) – A regulação de tensão do sistema:


Por definição, sabemos que a regulação de tensão é dada por:
|𝑉𝑅,𝑁𝐿 | − |𝑉𝑅,𝐹𝐿 |
𝑅𝑒𝑔𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 % = × 100
|𝑉𝑅,𝐹𝐿 |
Onde: 𝑉𝑅,𝑁𝐿 é a tensão nos terminais da carga quando ela está desconectada
do circuito; 𝑉𝑅,𝐹𝐿 é a tensão à plena carga.
A regulação pode também ser calculada em pu, nesse caso, temos:
𝑣𝑅,𝑁𝐿 = 𝑣𝐴′𝑁 = 1,266 𝑝𝑢
𝑣𝑅,𝐹𝐿 = 𝑣𝐷𝑁 = 1,0 𝑝𝑢
Logo, a regulação de tensão % será dada por:
|1,266 | − |1|
𝑅𝑒𝑔𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 % = × 100 = 26,6%
|1|

(c) – O diagrama fasorial do sistema:


A figura a seguir mostra o diagrama fasorial para o sistema analisado:

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Figura 21: Diagrama fasorial do exemplo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN,


NELSON; ROBBA, ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência,
2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000.

MOHAN, NED. Sistemas Elétricos de Potência, 1. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2.


Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.

MAMEDE FILHO, JOÃO. Instalações Elétricas Industriais, 9. Ed. Rio de Janeiro:


LTC, 2007.

CREDER, HÉLIO. Instalações Elétricas, 16. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

BORGES, CARMEM LUCIA TANCREDO. Análise de Sistemas de Potência, 1. Ed.


Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.

O’ MALLEY, JOHN. Análise de Circuitos, 2. Ed. São Paulo: MAKRON Books, 1993.

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