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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO

DISCIPLINA: SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA UNEC / EAD

AULA 4
4. FLUXO DE POTÊNCIA EM LINHAS DE TRANSMISSÃO

O fluxo de potência em linhas de transmissão é um conceito fundamental em


sistemas elétricos de potência (SEP). Ele descreve a transferência de potência
elétrica ao longo das linhas de transmissão que conectam diferentes pontos da
rede elétrica.

De uma forma geral, o fluxo de potência em uma linha de transmissão é


determinado pela diferença de tensão entre os pontos de origem (barra transmis-
sora) e destino (barra receptora), pelas características da linha (como impedância,
comprimento e capacidade de carga), pela configuração da rede elétrica e pela dis-
tribuição das cargas. Em uma condição estável, em regime permanente e em uma
linha de transmissão com impedância predominantemente indutiva (como é a grande
maioria dos casos), o fluxo de potência será sempre do ponto cujo fasor de tensão
está mais adiantado (com maior ângulo de fase), para o ponto cujo fasor de tensão
está mais atrasado (com menor ângulo de fase). Isso ocorre porque a impedância
indutiva tende a criar uma queda de tensão ao longo da linha de transmissão, o que
resulta em uma defasagem entre as tensões nos pontos de origem e destino da linha.
Em sistemas elétricos de potência, o fluxo de potência é monitorado e con-
trolado por dispositivos de proteção, reguladores de tensão, compensadores de reati-
vos e dispositivos de chaveamento, cujo objetivo é garantir a estabilidade e confia-
bilidade do sistema.
O objetivo deste módulo é entender como ocorre a transmissão de potência
ativa e reativa em linhas de transmissão, como tais parâmetros, juntamente com
os parâmetros de linha, afetam os valores de tensão do sistema e quais são os
métodos viáveis para o controle de tensão e fluxo de potência do sistema elétrico
de potência.
Em resumo, o fluxo de potência em linhas de transmissão é um conceito
central na operação e análise de sistemas elétricos de potência, sendo crucial para
que os estudantes de engenharia elétrica adquiram as habilidades e conhecimento
necessários para projetar, operar e manter os sistemas elétricos de potência de forma
eficiente e segura.

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Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com
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4.1. TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ATIVA E REATIVA ENTRE SISTEMAS
CA
Para compreendermos como ocorre a transmissão de potência em linhas de
transmissão, vamos, inicialmente, analisar um sistema CA simplificado, represen-
tado por duas fontes de tensão CA de mesma frequência conectados por uma reatân-
cia 𝑋 em série, conforme figura a seguir:
Figura 22: Diagrama de exemplo de transferência de potência entre dois elementos CA.

Fonte: MOHAN, NED. Sistemas Elétricos de Potência, 2. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. Pág. 53.

Neste diagrama temos a representação de um sistema onde temos uma extre-


midade transmissora representada pela fonte 𝑽𝑆 e uma extremidade receptora repre-
sentada pela fonte 𝑽𝑅 .
Para a análise desse sistema, será considerado que a tensão 𝑽𝑅 é a tensão de
referência, com um ângulo de fase zero e para a corrente 𝑰, será atribuído um ângulo
de fase arbitrário 𝜙.
Na extremidade receptora, a potência complexa 𝑆𝑅 pode ser escrita como:
𝑆𝑅 = 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑽𝑅 . 𝑰∗
A corrente 𝑰 que percorre a linha é dada através da lei de Ohm, onde a temos
uma diferença de potencial (𝑽𝑆 − 𝑽𝑅 ) entre as extremidades da linha que possui rea-
tância indutiva 𝑗𝑋:
𝑽𝑆 − 𝑽𝑅
𝑰=
𝑗𝑋
Dessa forma:
𝑽𝑆 − 𝑽𝑅 ∗
𝑆𝑅 = 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑽𝑅 . ( )
𝑗𝑋
Atribuindo um ângulo arbitrário 𝛿 para a tensão 𝑽𝑆 , temos:

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𝑉𝑆 ∠𝛿° − 𝑉𝑅 ∠0° ∗
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑉𝑅 ∠0° . ( )
𝑗𝑋
Utilizando o conjugado complexo, temos:
𝑉𝑆 ∠(−𝛿°) − 𝑉𝑅 ∠0° 𝑉𝑆 ∠(−𝛿°) − 𝑉𝑅 ∠0°
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑉𝑅 ∠0° . ( ) = 𝑉𝑅 ∠0° . ( )
−𝑗𝑋 𝑋∠(−90°)

𝑉𝑆 ∠(−𝛿° + 90°) − 𝑉𝑅 ∠(90°)
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑉𝑅 ∠0° . ( )
𝑋

𝑉𝑆 𝑉𝑅 ∠(−𝛿° + 90°) − 𝑉𝑅2 ∠(90°)
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 =
𝑋
Como 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 representam a potência complexa na forma retangular, será útil
converter o lado direito da equação também para esta forma:
𝑉𝑆 𝑉𝑅 cos(−𝛿° + 90°) − 𝑉𝑅2 cos(90°) 𝑉𝑆 𝑉𝑅 sen(−𝛿° + 90°) − 𝑉𝑅2 sen(90°)
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = +𝑗[ ]
𝑋 𝑋

𝑉𝑆 𝑉𝑅 cos(−𝛿° + 90°) 𝑉𝑆 𝑉𝑅 sen(−𝛿° + 90°) − 𝑉𝑅2
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = +𝑗[ ]
𝑋 𝑋
Para simplificar esta equação podemos utilizar as identidades trigonométricas:
cos(90° − 𝑥) = 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑒 𝑠𝑒𝑛 (𝑥 + 90°) = cos 𝑥 𝑒 cos(−𝑥) = cos 𝑥
Logo:
𝑉𝑆 𝑉𝑅 sen 𝛿° 𝑉𝑆 𝑉𝑅 cos 𝛿° − 𝑉𝑅2
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = +𝑗[ ]
𝑋 𝑋
Dessa forma, o fluxo de potência ativa e reativa podem ser dados por:
𝑉𝑆 𝑉𝑅 sen 𝛿° 𝑉𝑆 𝑉𝑅 cos 𝛿° − 𝑉𝑅2
𝑃𝑅 = 𝑒 𝑄𝑅 =
𝑋 𝑋
Vale ressaltar que o ângulo 𝛿° representa não apenas o ângulo do fasor de
tensão da barra transmissora, mas representa o ângulo de defasagem entre o fasor
de tensão da barra transmissora e o fasor de tensão da barra receptora.

A potência ativa transmitida pela linha varia acentuadamente em relação aos


ângulos de fase das tensões e não somente em relação a suas magnitudes.

A potência máxima ocorre quando sen 𝛿° = 1:


𝑉𝑆 𝑉𝑅
𝑃𝑅 𝑚á𝑥. =
𝑋

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A figura a seguir mostra o diagrama fasorial para o circuito analisado e a vari-
ação da potência transmitida em relação ao ângulo 𝛿:
Figura 23: Diagrama fasorial (a); Potência transmitida em relação ao ângulo 𝛿.

Fonte: MOHAN, NED. Sistemas Elétricos de Potência, 2. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. Pág. 54.

Apesar da potência máxima transmitida ocorrer quando 𝛿 = 90°, na prática,


este ângulo é mantido com valores menores, uma vez que, caso seja ultrapassado o
sistema elétrico perderá a estabilidade, logo, 𝛿 = 90° é um limite de estabilidade do
sistema.
O resultado obtido permite comprovar que a potência é transmitida do ponto
cujo fasor de tensão está mais adiantado (com maior ângulo de fase), para o ponto
cujo fasor de tensão está mais atrasado (com menor ângulo de fase). Para 𝛿 > 0°,
o que significa que a tensão da barra transmissora está adiantado em relação a tensão
da barra receptora, obtivemos um valor positivo de potência ativa, o que indica que
nesse caso o fluxo de potência é da barra transmissor para a barra receptora. Se caso
𝛿 < 0°, teríamos a tensão da barra transmissora atrasada em relação à barra trans-
missora, logo, 𝑠𝑒𝑛 𝛿 < 0 e, consequentemente, a potência ativa transmitida seria ne-
gativa, ou seja, o fluxo de potência seria invertido, da barra receptora para a barra
transmissora.

Observação:

O circuito analisado representa uma linha sem perdas, cuja impedância


é uma reatância indutiva. Portanto, para este caso, a potência da barra recep-
tora é igual a potência da barra transmissora. Esse modelo se aplica a muitos
casos práticos, pois, geralmente, em linhas de transmissão a reatância é pre-
dominante em relação a resistência elétrica.

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Para a potência reativa, obtivemos que:
𝑉𝑆 𝑉𝑅 cos 𝛿° − 𝑉𝑅2
𝑄𝑅 =
𝑋
Se considerarmos a situação onde a potência ativa transmitida pela linha é
zero, o sen 𝛿° e 𝛿° são iguais a zero. Para esta condição, temos que cos 𝛿° = 1, logo:
𝑉𝑆 𝑉𝑅 − 𝑉𝑅2 𝑉𝑅 (𝑉𝑆 − 𝑉𝑅 )
𝑄𝑅 = → 𝑄𝑅 = (𝑠𝑒 𝑃𝑅 = 0)
𝑋 𝑋

A transmissão de potência reativa está relacionada à diferença entre os mó-


dulos de tensão nas barras (𝑉𝑆 − 𝑉𝑅 ).

A análise da equação da potência reativa nos permite observar que a compen-


sação de reativos em um sistema elétrico de potência permite o controle da tensão
nas barras.

4.2. FLUXO DE POTÊNCIA EM UMA LINHA DE TRANSMISSÃO


Para uma linha de transmissão qualquer as equações de fluxo de potência po-
dem ser deduzidas a partir das equações de tensão e corrente da linha. Na apostila
do módulo 2 deduzimos as equações de 𝑽𝑆 e 𝑰𝑆 em termos dos parâmetros 𝐴𝐵𝐶𝐷,
que se aplicam a qualquer quadripolo:
𝑽𝑆 = 𝐴𝑽𝑅 + 𝐵𝑰𝑅
𝑰𝑆 = 𝐶𝑽𝑅 + 𝐷𝑰𝑅
Estas constantes 𝐴𝐵𝐶𝐷 são às vezes denominadas constantes generalizadas
do circuito da linha de transmissão. Em geral, elas são números complexos. 𝐴 e 𝐷
são adimensionais e iguais se linha for a mesma quando vista dos dois terminais. As
dimensões 𝐵 e 𝐶 são ohms e siemens, respectivamente. Estas constantes são apli-
cáveis a redes lineares, passivas e bilaterais com dois pares de terminais (quadripo-
los).
As constantes 𝐴𝐵𝐶𝐷 dependem do tipo de linha e seus parâmetros.
A figura a seguir mostra como podem ser obtidas as constantes 𝐴𝐵𝐶𝐷 para as
principais formas de linha:

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Figura 24: Constantes ABCD para vários tipos de linha.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 451.

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Repetindo a equação de 𝑽𝑆 e isolando 𝑰𝑅 , temos:
𝑽𝑆 = 𝐴𝑽𝑅 + 𝐵𝑰𝑅
𝑽𝑆 − 𝐴𝑽𝑅
𝑰𝑅 =
𝐵
Considerando:
𝐴 = |𝐴|∠𝛼° ; 𝐵 = |𝐵|∠𝛽° ; 𝑽𝑅 = |𝑉𝑅 |∠0° ; 𝑽𝑆 = |𝑉𝑆 |∠𝛿°
Temos:
|𝑉𝑆 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |
𝑰𝑅 = ∠(𝛿° − 𝛽°) − ∠(𝛼° − 𝛽°)
|𝐵| |𝐵|
Como a potência na barra receptora é:
𝑆𝑅 = 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = 𝑽𝑅 . 𝑰∗
Temos:

|𝑉𝑆 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = |𝑉𝑅 |∠0° . [ ∠(𝛿° − 𝛽°) − ∠(𝛼° − 𝛽°)]
|𝐵| |𝐵|

|𝑉𝑆 | . |𝑉𝑅 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |2
𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 = ∠(𝛽° − 𝛿°) − ∠(𝛽° − 𝛼°)
|𝐵| |𝐵|
Como 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 representam a potência complexa na forma retangular, será útil
converter o lado direito da equação também para esta forma:
|𝑉𝑆 | . |𝑉𝑅 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |2
𝑃𝑅 = 𝑐𝑜𝑠(𝛽° − 𝛿°) − 𝑐𝑜𝑠(𝛽° − 𝛼°)
|𝐵| |𝐵|
|𝑉𝑆 | . |𝑉𝑅 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |2
𝑄𝑅 = 𝑠𝑒𝑛(𝛽° − 𝛿°) − 𝑠𝑒𝑛(𝛽° − 𝛼°)
|𝐵| |𝐵|
Como podemos observar a potência com- Figura 25: Diagrama fasorial no plano com-
plexo das equações de potência.
plexa 𝑃𝑅 + 𝑗𝑄𝑅 é o resultado da combinação de
dois fasores representados em forma polar.
A figura ao lado mostra estes fasores em
um diagrama fasorial no plano complexo, onde as
coordenadas horizontal e vertical são dadas em
unidades de potência ativa e reativa (watts e
vars), respectivamente.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elemen-


tos de Análise de Sistemas de Potência, 2.
Ed. São Paulo: McGrawiHill, 1986. Pág. 114.

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As potências ativa e reativa na linha em função da tensão 𝑽𝑅 e corrente 𝑰𝑅 , são:
𝑃𝑅 = |𝑉𝑅 |. |𝐼𝑅 | cos 𝜃𝑅 𝑒 𝑄𝑅 = |𝑉𝑅 |. |𝐼𝑅 | sen 𝜃𝑅
Onde 𝜃𝑅 é o ângulo de fase pelo qual a tensão 𝑽𝑅 se adianta da corrente 𝑰𝑅 .
Para se evidenciar a potência, podemos representar o diagrama fasorial ante-
rior com o eixo de coordenadas deslocado, de forma que, o fasor que representa a
potência se inicie na origem, conforme figura a seguir:
Figura 26: Diagrama fasorial de potências obtido pelo deslocamento da origem dos eixos das coordenadas.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 115.

Analisando o diagrama fasorial, podemos destacar alguns detalhes:


 A posição do ponto 𝑛 é independente da corrente 𝑰𝑅 e não sofre alterações
enquanto |𝑉𝑅 | for constante;
 Mantendo-se |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 | em valores fixos a distância do ponto 𝑛 ao ponto 𝑘 é
constante;
 À medida que a distância entre 0 e 𝑘 varia conforme a carga, o ponto 𝑘, que
deve ficar a uma distância fixa de 𝑛, é obrigado a se mover sobre uma cir-
cunferência com centro em 𝑛. Qualquer variação em 𝑃𝑅 exigirá uma variação
correspondente em 𝑄𝑅 , para manter 𝑘 sobre a circunferência e, consequen-
temente, manter fixos os valores de |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 |;

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 Se for determinado outro valor constante de |𝑉𝑆 |, para o mesmo valor de |𝑉𝑅 |,
a localização do ponto 𝑛 não se modifica, mas será obtida uma nova circun-
ferência de raio 𝑛𝑘.

Observação:

Para as equações de potência deduzidas, |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 | são tensões de fase


e as coordenadas nos diagramas fasoriais possuem unidades de watts e vars
por fase. Entretanto, se |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 | são tensões de linha, as potências ativas e
reativas, assim como as coordenadas no diagrama fasorial, serão multiplica-
dos por 3 e as unidades serão watts e vars trifásicos totais. Se as tensões
forem dadas em kV, as potências serão em megawatts e megavars.

Para valores especificados de |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 | existe um limite para a potência que
pode ser transmitida à barra receptora da linha. Repare no diagrama fasorial anterior
que um aumento na potência ativa fornecida implica que o ponto 𝑘 se mova pela cir-
cunferência, até 𝛽° − 𝛿° seja nulo, isto é, mais potência será fornecida até que 𝛿° seja
igual a 𝛽°. A partir desse ponto, outros aumento de 𝛿° resultarão em diminuição da
potência recebida. Dessa forma, para valores especificados de |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 | a potência
máxima ocorrerá quando 𝑐𝑜𝑠(𝛽° − 𝛿°) = 1, logo:
|𝑉𝑆 | . |𝑉𝑅 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |2
𝑃𝑅 𝑚á𝑥. = − 𝑐𝑜𝑠(𝛽° − 𝛼°)
|𝐵| |𝐵|
Observe que para a condição de potência máxima recebida, com valores de-
terminados de |𝑉𝑆 | e |𝑉𝑅 |, a carga deverá possuir fator de potência adiantado (capaci-
tivo). No entanto, para se transmitir a mesma potência para uma carga com fator de
potência indutivo, considerando constante o valor de tensão da barra receptora |𝑉𝑅 |,
a tensão da barra transmissora |𝑉𝑆 | teria que aumentar.
Se for mantida constante a tensão na barra receptora e forem traçadas circun-
ferências para diferentes valores de tensão na barra transmissora, as circunfe-
rências resultantes serão concêntricas porque a localização do centro das circunfe-
rências de potência na barra receptora não depende da tensão na barra transmissora.
A figura a seguir mostra uma família de circunferências de potência na barra
receptora para um valor de tensão nesta barra:

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Figura 27: Circunferências de potência na barra receptora para diversos valores de tensão da barra transmissora
e para um valor único de tensão na barra receptora.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 116.

A linha de carga mostrada é conveniente se a carga varia sem alterar seu fator
de potência. O ângulo entre a linha de carga e o eixo horizontal é o ângulo cujo cos-
seno é o fator de potência da carga.
No diagrama fasorial da figura 27, temos a representação de uma carga indu-
tiva. Nesse caso, o comprimento da linha vertical entre a interseção 𝑎 da reta de carga
com a circunferência |𝑉𝑆4 | e o ponto 𝑏 na circunferência |𝑉𝑆3 | é a quantidade de po-
tência reativa que deve ser fornecida por capacitores acrescentados em paralelo
com a carga de forma a conservar |𝑉𝑅 | constante quando a tensão na barra transmis-
sora for reduzida de |𝑉𝑆4 | para |𝑉𝑆3 |. O acréscimo de poucos quilovars capacitivos re-
sultará em uma carga combinada com fator de potência unitário e uma redução ainda
maior de |𝑉𝑆 | para o mesmo |𝑉𝑅 |.

Para um dado valor de tensão para a barra transmissora |𝑉𝑆 |, teremos valores
cada vez maiores de tensão na barra receptora |𝑉𝑅 |, à medida que forem acres-
centados capacitores em derivação com uma carga indutiva.

Através do estudo realizado fica evidente à necessidade de variação da tensão


da barra transmissora para se manter constante a tensão na barra receptora quando
há variação nos valores da potência ativa e potência reativa solicitadas pela carga.

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4.3. CONTROLE DE TENSÃO ATRAVÉS DE BANCO DE CAPACITORES EM
DERIVAÇÃO
Um método para se controlar a tensão de barra é através dos bancos de
capacitores em derivação (paralelo) nas barras, tanto nos níveis de transmissão
como nos de distribuição ao longo das linhas ou nas subestações e nas cargas.
Vimos no tópico anterior que o fornecimento de potência reativa por capacitores
em paralelo para uma carga indutiva permitia a redução da tensão da barra transmis-
sora para se manter constante a tensão na barra receptora. Por um outro ponto de
vista, para um dado valor constante de tensão na barra transmissora, o fornecimento
de potência reativa por capacitores em paralelo para uma carga indutiva permite a
elevação de tensão na barra receptora.

Para uma carga com fator de potência atrasado (indutiva), um banco de capaci-
tor em paralelo fornece parte ou talvez toda a potência reativa solicitada pela
carga. Dessa forma, os capacitores reduzem a corrente de linha necessária para
suprir a carga e reduzem a queda de tensão na linha à medida que o fator de
potência vai melhorando.

Dessa forma, os capacitores em paralelo não apenas ajudam a manter a ten-


são constante na barra receptora em face de uma carga indutiva, mas também podem
contribuir para elevar a tensão na barra receptora quando a tensão na barra transmis-
sora é mantida constante. Isso demonstra a importância dos capacitores em paralelo
para a regulação da tensão em sistemas elétricos de potência.
Essencialmente, os bancos de capacitores constituem uma maneira de for-
necer potência reativa (vars) no ponto de instalação. Tais bancos podem ficar perma-
nentemente ligados, mas como reguladores de tensão podem ser ligados e desligados
do sistema conforme determinam as mudanças de carga. O chaveamento pode ser
manual ou automaticamente controlado por sistema que responde à determinadas
condições de tensão ou potência reativa. Assim como os bancos de capacitores, po-
dem ser utilizados compensadores síncronos para fornecer vars no ponto de insta-
lação.
Se capacitores forem aplicados em um determinado nó, a elevação da tensão
nesse nó pode ser determinado pelo teorema de Thévenin.

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A figura a seguir mostra o sistema representado pelo seu equivalente de Thé-
venin no nó onde um capacitor será colocado pelo fechamento de uma chave:
Figura 28: Circuito que demonstra a ligação de um capacitor, através de uma chave S, a um sistema representado
pelo seu equivalente de Thévenin.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 226.

Com a chave aberta, a tensão de nó 𝑽𝑡 é igual à tensão Thévenin 𝑬𝑡ℎ . Quando


a chave é fechada, a corrente que circula no capacitor é:
𝑬𝑡ℎ
𝑰𝐶 =
𝑍𝑡ℎ − 𝑗𝑋𝐶
Onde: 𝑍𝑡ℎ = 𝑅𝑡ℎ + 𝑋𝑡ℎ .
A tensão 𝑽𝑡 no nó onde é interligado o capacitor é dada pela aplicação da LKT:
𝑬𝑡ℎ = 𝑽𝑡 + 𝑰𝐶 𝑅𝑡ℎ + 𝑰𝐶 𝑋𝑡ℎ → 𝑽𝑡 = 𝑬𝑡ℎ − 𝑰𝐶 𝑅𝑡ℎ − 𝑰𝐶 𝑋𝑡ℎ
A figura a seguir mostra o diagrama fasorial das tensões 𝑬𝑡ℎ e 𝑽𝑡 :
Figura 29: Diagrama fasorial do circuito com o capacitor ligado. Antes de ligar o capacitor 𝑽𝑡 = 𝑬𝑡ℎ .

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 227.

Antes da adição do capacitor, a tensão 𝑽𝑡 é idêntica a 𝑬𝑡ℎ . Com a adição do


capacitor surge a corrente 𝑰𝐶 e, consequentemente, ocorre a elevação da tensão 𝑽𝑡 .
Observe no diagrama fasorial que essa elevação de tensão causada pela adição do
capacitor é praticamente igual a |𝐼𝐶 | . 𝑋𝑡ℎ se fizermos a hipótese de que 𝑬𝑡ℎ permanece
inalterada. Esse diagrama fasorial serve para explicar a elevação da tensão na barra
onde um capacitor é instalado.

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4.4. CONTROLE DE TENSÃO ATRAVÉS DE BANCO DE CAPACITORES EM
SÉRIE
A instalação de bancos de capacitores em série também constitui um mé-
todo para melhorar o comportamento das linhas de transmissão.

A compensação em série consiste na conexão de um banco de capacitores em


série com o condutor de cada fase da linha.

A compensação em série reduz a impedância em série da linha, que é a


principal causa da queda de tensão e o fator mais importante na determinação da
máxima potência que pode ser transmitida.
Repare na equação de 𝑽𝑆 a seguir, que foi deduzida no módulo 2:
𝑽𝑆 = 𝐴𝑽𝑅 + 𝐵𝑰𝑅
Manipulando matematicamente esta equação, temos:
𝑽𝑆 − 𝐵𝑰𝑅 𝑽𝑆 −↑ 𝐵𝑰𝑅
𝑽𝑅 = → ↓ 𝑽𝑅 =
𝐴 𝐴
Observe que para um dado valor do parâmetro 𝐵, quanto maior valor da cor-
rente 𝑰𝑅 , mantendo-se fixo o valor de 𝑽𝑆 , temos uma maior queda de tensão e, con-
sequentemente, um menor valor de tensão na barra receptora ↓ 𝑽𝑅 . Logo, podemos
concluir que o parâmetro 𝐵 de uma linha está diretamente relacionado à queda de
tensão, de forma que a sua diminuição implicaria em uma menor queda de tensão
provocada por aumento de carga.
Da mesma forma, a potência máxima transmitida por uma linha, conforme
equação deduzida anteriormente, é inversamente proporcional ao parâmetro 𝐵:
|𝑉𝑆 | . |𝑉𝑅 | |𝐴| . |𝑉𝑅 |2
𝑃𝑅 𝑚á𝑥. = − 𝑐𝑜𝑠(𝛽° − 𝛼°)
|𝐵| |𝐵|
Para um modelo de linha representado através do circuito 𝝅-nominal, temos
que 𝐵 = 𝑍:
Figura 30: Constantes ABCD para o modelo 𝜋-nominal.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 451.

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Dessa forma, através da compensação em série é possível reduzir a impe-
dância série da linha 𝑍 e, consequentemente, reduzir o valor do parâmetro 𝐵, pro-
porcionando uma menor queda de tensão na barra receptora e um maior valor de
potência máxima transmitida. As constantes 𝐴, 𝐶 e 𝐷 também dependem da impe-
dância série da linha 𝑍, no entanto, as variações desses parâmetros em função de 𝑍
são muito menos significativas do que a variação do parâmetro 𝐵 em função de 𝑍.
O valor desejado para a reatância do banco de capacitores pode ser deter-
minado de forma a compensar uma fração determinada da reatância indutiva total da
linha. Isto implica a definição do “fator de compensação” 𝑋𝐶 ⁄𝑋𝐿 , onde 𝑋𝐶 é a reatância
capacitiva do banco de capacitores em série por fase e 𝑋𝐿 é a reatância indutiva total
da linha por fase.

4.5. CONTROLE DE TENSÃO ATRAVÉS INDUTORES EM DERIVAÇÃO

A compensação de indutores em derivação é feita através da conexão de in-


dutores entre cada fase e o neutro.

Analisando uma linha através do circuito equivalente 𝝅-nominal, temos uma


capacitância inerente da linha representada nas extremidades do circuito através de
susceptâncias 𝑌. Dessa forma, na compensação em derivação, temos a inclusão de
indutores em paralelo com as susceptâncias próprias da linha que são capaci-
tivas, resultando em uma redução parcial ou total da susceptância equivalente
em derivação da linha.
A compensação através de indutores em derivação é particularmente im-
portante nas situações de cargas leves quando, sem compensação, a tensão na
barra receptora tenderia a se elevar excessivamente. Para compreender essa
questão, vamos novamente observar a equação de 𝑽𝑅 :
𝑽𝑆 − 𝐵𝑰𝑅
𝑽𝑅 =
𝐴
Observe que para uma carga muito pequena ou nula, teremos uma corrente 𝑰𝑅
e, consequentemente 𝐵𝑰𝑅 , próximo ou igual a zero. Dessa forma, para a condição de
carga leve ou à vazio, a tensão na barra receptora pode ser dada por:
𝑽𝑆
𝑽𝑅 =
𝐴

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Pode-se observar que, para tal condição e com um valor constante da tensão
na barra transmissora 𝑽𝑆 , um baixo valor do parâmetro 𝐴 causa uma tensão 𝑽𝑅 ele-
vada. Se 𝐴 < 1, temos para carga leve ou à vazio 𝑽𝑅 > 𝑽𝑆 . Essa elevação de tensão
que ocorre quando a linha opera com cargas leves ou à vazio é denominada de efeito
Ferranti e pode ser prejudicial ao sistema em algumas situações.
Observe na figura 30, que a constante 𝐴 para o circuito 𝜋-nominal é dada por:
𝐴 = 1 + 𝑌2 𝑍
Vale ressaltar que 𝑌2 e 𝑍 são números complexos. Logo, considerando uma
linha comum, onde os parâmetros do circuito equivalente em derivação são represen-
tados por uma capacitância e os parâmetros em série são representados por uma
indutância, temos que 𝑌2 representa o inverso de uma reatância capacitiva, portanto,
teremos 𝑌2 = |𝑌2 |∠90° 𝑆 e como 𝑍 representa a impedância série da linha, que é ma-
joritariamente indutiva em muitos casos, teremos aproximadamente 𝑍 = |𝑍|∠90° Ω.
Dessa forma, 𝑌2 𝑍 = |𝑌2 |. |𝑍|∠180° = −|𝑌2 |. |𝑍|∠0°. Logo, para uma linha comum, te-
mos:
𝐴 = 1 − |𝑌2 |. |𝑍|
Para um valor constante de |𝑍|, temos que um valor elevado de |𝑌2 | resulta em
um valor baixo de 𝐴, que pode em algumas situações, fazer com que 𝑽𝑅 tenha um
valor excessivamente elevado para pequenas cargas. Por isso, o objetivo da compen-
sação através de indutores em derivação é reduzir parcialmente ou completamente
|𝑌2 |, fazendo 𝐴 ≅ 1 e, consequentemente, reduzir o efeito de elevação de tensão
para pequenas cargas (efeito Ferranti).

Observação:

O efeito Ferranti foi observado pela primeira vez pelo engenheiro ele-
tricista Sebastian Ziani de Ferranti em 1887. Ocorre quando a tensão na
extremidade receptora de uma linha de transmissão é maior do que na ex-
tremidade de transmissão, quando a carga é mínima ou inexistente. Esse fe-
nômeno é causado pela interação da capacitância inerente à linha de trans-
missão, com a reatância indutiva série. A elevação de tensão devido a este
fenômeno é mais intensa nas linhas longas.

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4.6. CONTROLE DE TENSÃO ATRAVÉS TRANSFORMADORES
Como vimos anteriormente, o fluxo de potência ativa e reativa em uma linha
depende dos módulos das tensões e dos ângulos de fase da barra transmissora e
receptora.
Nosso conceito usual da função dos transformadores em um sistema elétrico
de potência consiste em mudar a tensão de um nível para outro, como por exemplo,
o caso de um transformador que converte a tensão de um gerador para a tensão da
linha de transmissão. Entretanto, existem transformadores que possibilitam um pe-
queno ajuste do módulo da tensão, geralmente na faixa de mais ou menos 10%, e
outros que alteram o ângulo de fase das tensões de linha. Estes dispositivos são
componentes importantes para o controle do fluxo de potência ativa e reativa em um
sistema elétrico de potência.

Os transformadores são dispositivos que desempenham um papel fundamental


no controle do fluxo de potência ativa e reativa em sistemas elétricos de po-
tência. Eles permitem ajustar tanto o módulo quanto o ângulo de fase das ten-
sões em diferentes partes do sistema elétrico, o que afeta diretamente o fluxo
de potência ativa e reativa.

Quase todos os transformadores possuem derivações nos enrolamentos para


ajustar a relação de transformação por meio da mudança das derivações quando o
transformador está desenergizado. No entanto, existem transformadores que per-
mitem mudanças de derivação sob carga. Circuitos especiais, como o mostrado na
figura a seguir, permitem que a mudança seja feita sem interromper a corrente:
Figura 31: Transformador de regulação para controle do módulo de tensão.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 228.

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Para estes dispositivos a mudança de derivação é automática e operada por
motores que respondem a relés ajustados para manter a tensão no nível preestabe-
lecido e, por isso, em alguns casos são conhecidos como transformadores regula-
dores de tensão.
Um tipo de transformador projetado para pequenos ajustes do ângulo de fase
da tensão em vez de alterar o módulo da tensão é chamado de transformador de
regulação.
A figura a seguir mostra um transformador de regulação para ajuste do ângulo
de fase, onde os enrolamentos dispostos paralelos entre si estão no mesmo núcleo:
Figura 32: Transformador de regulação para controle do ângulo de fase.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 229.

Observe que no exemplo da figura anterior temos em cada fase a adição de um


componente de tensão defasado 90° em relação à tensão fase-neutro, dessa forma:
 A tensão ao neutro 𝑉𝑎𝑛 fica aumentada de uma componente ∆𝑉𝑎𝑛 , que está
em fase ou defasada de 180° de 𝑉𝑏𝑐 .
 A tensão ao neutro 𝑉𝑏𝑛 fica aumentada de uma componente ∆𝑉𝑏𝑛 , que está
em fase ou defasada de 180° de 𝑉𝑐𝑎 .
 A tensão ao neutro 𝑉𝑐𝑛 fica aumentada de uma componente ∆𝑉𝑐𝑛 , que está
em fase ou defasada de 180° de 𝑉𝑎𝑏 .
O diagrama fasorial da figura a seguir ajuda a explicar a mudança de ângulo
fase da tensão:

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Figura 33: Diagrama fasorial para o transformador de regulação.

Fonte: STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2. Ed. São Paulo: McGrawi-
Hill, 1986. Pág. 230.

Dessa forma, um transformador de regulação é especialmente importante


para controlar o fluxo de potência ativa e reativa em linhas de transmissão e
interligações entre diferentes regiões do sistema.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, CARLOS CESAR BARIONI DE; SCHMIDT, HERNAN PRIETO; KAGAN,


NELSON; ROBBA, ERNESTO JOÃO. Introdução a sistemas elétricos de potência,
2. Ed. São Paulo: Blucher, 2000.

MOHAN, NED. Sistemas Elétricos de Potência, 1. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

STEVENSON Jr, WILLIAM D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência, 2.


Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.

MAMEDE FILHO, JOÃO. Instalações Elétricas Industriais, 9. Ed. Rio de Janeiro:


LTC, 2007.

CREDER, HÉLIO. Instalações Elétricas, 16. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

BORGES, CARMEM LUCIA TANCREDO. Análise de Sistemas de Potência, 1. Ed.


Rio de Janeiro: UFRJ, 2005.

O’ MALLEY, JOHN. Análise de Circuitos, 2. Ed. São Paulo: MAKRON Books, 1993.

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