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LITERATURA COLONIAL BRASILEIRA

Prof. Jorge Alessandro

PERÍODO AUTORES e OBRAS CARACTERÍSTICAS

Pero Vaz de Caminha


(Carta do descobrimento)  Importância documental superior à literária;
Lit. Informativa  Não constitui uma estética literária (portanto);
Lit. catequética Pero de Magalhães Gândavo  Linguagem objetiva, descritiva e adjetivada;
Séc XVI (História da província de Stª Cruz a que  Visão paradisíaca (edênica) da nova terra;
(Quinhentismo) vulgarmente chamamos Brasil)
 Evidencia os interesses mercantilistas;
 Metalismo: desejo de metais preciosos;
Gabriel Soares e Sousa
(Tratado descritivo do Brasil)  Revela a ideologia salvacionista da fé cristã;
 Revela os choques culturais entre os povos;
Pe. José de Anchieta  Eurocentrismo: texto centrado nos valores europeus
(Poesia e Teatro)

·
Bento Teixeira
(Prosopopeia)  Expressão ideológica da Contra-Reforma Católica
Barroco  Dualismo - Conflito entre corpo / razão e alma / fé
Séc XVII Gregório de Matos  Pessimismo - Temática do desengano e agonia
(Seiscentismo) (Poesia lírica e satírica)  Eu-lírico  homem humilhado e pecador que se dirige a
___________________________ Deus, fonte de remissão.
___________________________  Ênfase na noção de mundo efêmero, vão
___________________________  Linguagem complexa e labiríntica
 Linguagem Cultista: jogo de palavras
Pe. Antônio Vieira (Ornamentação)
(Sermões)
 Linguagem Conceptista: jogo de ideias (Argumentação)
___________________________
___________________________
___________________________

 Expressão ideológica do Iluminismo burguês


Cláudio Manoel da Costa  Neoclassicismo: resgate dos ideais greco-latinos
(Obra poética e Vila Rica)  Celebração do racionalismo
___________________________  Razão = Verdade = Simplicidade
Arcadismo ___________________________  Equilíbrio e contenção lírica
Séc XVIII ___________________________  Elementos de mitologia clássica
(Setecentismo)  Eu-lírico  homem simples, camponês que se dirige à
Tomás Antônio Gonzaga Musa (Divindade pagã) ou à mulher amada (pastora)
(Marília de Dirceu
 Idealização da natureza campestre - Bucolismo
e Cartas Chilenas)
 Imitação da vida pastoril – Pastoralismo
___________________________
___________________________  Nativismo – Surge o Índio como herói épico
___________________________
Lemas latinos do Arcadismo:
Basílio da Gama Fugere Urbem (Fugir das cidades)
(Uruguai) Locus Amoenus (Locais amenos, tranquilos)
Aurea Madiocritas (O ouro “riqueza” tem pouco valor)
Santa Rita Durão Inutilia Trucat (Cortar tudo que é inútil, excessivo)
(Caramuru) Carpe Diem (“Colher” o dia, aproveitar o instante)
A LITERATURA COLONIAL NO ENEM
Texto 1
[...] o índio, a fauna, a flora
Paraíso de encanto e sedução
Nesse encontro com os portugueses
Um momento tão divino
Cada qual se fez irmão
Rezando a missa
Todo mundo em comunhão.
Terra dos papagaios... Navegar foi preciso!!! Samba-enredo da escola de samba Unidos da Tijuca, 2000.
Texto 2

01. Comparando os dois textos, podemos afirmar que:


a) Há intertextualidade entre eles, porque ambos tratam da mesma forma o tema do primeiro contato entre índios e portugueses.
b) O texto 1, representação genuína de cultura popular, demonstra a visão crítica que têm os brasileiros a respeito da colonização
de seu país pelos portugueses.
c) O texto 2 idealiza a visão do português sobre a flora e a fauna brasileira, o que se pode notar pela forma como o cartunista
reproduz as matas e os nativos.
d) Ambos os textos, cada um à sua maneira, criticam o processo de aculturamento indígena ocorrido durante o século XVI.
e) Apesar de tratarem do mesmo tema, o texto 1 idealiza a relação entre portugueses e índios, e o texto 2 ironiza o contato inicial
entre os dois povos.

Os primeiros escritos da nossa vida documentam precisamente a instauração do processo [...]. Enquanto informação, não
pertencem à categoria do literário, mas à pura crônica histórica e, por isso, há quem as omita por escrúpulo estético [...]. No
entanto, a pré-história das nossas letras interessa como reflexo da visão de mundo e da linguagem que nos legaram os primeiros
observadores do país. (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira, Cultrix, 1977, p. 15.)
02. Quanto à Literatura de Informação no Brasil, da qual discorre o autor, NÃO é correto afirmar que
(A) compreende as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, durante o século XVI.
(B) é representada por cartas, documentos e relatórios acerca da flora, da fauna e dos habitantes da nova terra.
(C) se caracteriza como um movimento paralelo ao Renascimento português, que vivia o seu auge na Europa.
(D) descreve as expansões marítimas e as conquistas material e espiritual das novas terras conquistadas.
(E) tem suas obras caracterizadas pela presença de adjetivos empregados para exaltar a terra exuberante e exótica
03. NÃO é correto afirmar que as peças teatrais de José de Anchieta
(A) eram caracterizadas pela ausência de unidade de espaço e de tempo.
(B) eram encenadas à beira-mar, por jesuítas, colonos, índios e índias.
(C) tinham a participação da plateia e o espetáculo era montado com coro e dança.
(D) eram redigidas em versos e terminavam com a vitória do Bem sobre o Mal.
(E) mesclavam a moral religiosa católica aos costumes indígenas locais.
Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:
Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço
04. Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:
a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um
empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura
informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas
pelos pajés.
d) Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia
renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão
logo seja possível.

“Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo d’agora
assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-
á nela tudo; por causa das águas que tem!”.
05.Este é um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha sobre o “achamento” das terras do Brasil. Das alternativas abaixo
sobre a Carta, só é CORRETO afirmar:
a) Cronologicamente a Carta de Pero Vaz de Caminha insere-se no Barroco brasileiro.
b) O estilo ufanista e emotivo prenuncia características do Romantismo brasileiro.
c)Entre outros textos do século XVI em forma de diários, tratados e crônicas, a Carta de Pero Vaz de Caminha é tida como
literatura de informação.
d) Escrita em versos, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada o primeiro poema épico da literatura brasileira.
e)Não se pode dizer que foi por cumprimento do dever do cargo de escrivão que Pero Vaz de Caminha escreveu a Carta.

Texto 1
“De ponta a ponta, é tudo praia... muito chã e muito formosa. Nela, até agora, não podemos saber que haja ouro nem prata...
porém a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados... Águas são muitas; infindas.”

Texto 2
“Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de encobrir suas vergonhas.”

06. Sobre o autor dos fragmentos acima é correto afirmar que:


a) escreveu documentos oficiais.
b) é festejado representante da prosa modernista.
c) criou vasta obra romanesca.
d) concedeu textos com finalidade pedagógica.
e) não propaga em sua obra a fé cristã
Com base na Carta do Achamento, de Pero Vaz de Caminha, considere as seguintes afirmações.
I – Na Carta, o escrivão Caminha descreve o descobrimento de uma nova terra, chamando a atenção para a beleza natural, a
fertilidade, a cordialidade dos índios e as riquezas.
II - No texto, é possível perceber um dos objetivos da expansão marítima de Portugal: catequização dos gentios para a ampliação
do mundo cristão.
III - A Carta, um dos relatos que fazem parte da literatura informativa sobre o Brasil, é considerada mais um documento histórico
do que uma obra literária.
07. Das afirmativas acima, pode-se dizer que
a) apenas I está correta. c) apenas I e II estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
b) apenas III está correta. d) apenas II e III estão corretas.

Texto I
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. [...] E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco
mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau [...]. E assim seguimos nosso caminho
por este mar de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de abril, estando da dita ilha obra de
660 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que
os mareantes chamam Botelho [...]. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a
horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo [...]; ao monte alto o capitão pôs
o nome de O Monte Pascoal, e à terra, A Terra de Vera Cruz.
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal
Texto II
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
Oswald de Andrade, “Pero Vaz Caminha”

08. Assinale a alternativa correta acerca do texto I.


a) No contexto em que se inserem, as expressões topamos alguns sinais de terra e houvemos vista de terra têm o mesmo sentido:
“enxergamos o continente americano”.
b) As nomeações referidas na carta – O Monte Pascoal e A Terra de Vera Cruz – refletem valores ideológicos da cultura
portuguesa.
c) Os mareantes, por influência da cultura indígena, apelidaram as ervas compridas de botelho e as aves de fura-buxos.
d) A expressão dita ilha indica que os navegantes portugueses confundiram a Ilha de S.Nicolau com o Brasil.
e) Embora se apresente em linguagem objetiva, o trecho da carta revela, devido ao excesso de adjetivações, a euforia dos
portugueses ao descobrirem o tão sonhado “Eldorado”
09. Assinale a alternativa correta acerca do texto I.
a) Trata-se de documento histórico que inaugura, em Portugal, um novo gênero literário: a literatura epistolar.
b) Exemplifica a literatura produzida pelos jesuítas brasileiros na colônia e que teve como objetivo principal a catequese do
silvícola
c) Apesar de não ter natureza especificamente artística, interessa à história da literatura brasileira na medida em que espelha a
linguagem e a respectiva visão de mundo que nos legaram os primeiros colonizadores.
d) Pertence à chamada crônica histórica, produzida no Brasil durante a época colonial com objetivos políticos: criar a imagem de
um país soberano, emancipado, em condições de rivalizar com a metrópole.
e) É um dos exemplos de registros oficiais escritos por historiadores brasileiros durante o século XVII, nos quais se observam,
como característica literária, traços do estilo barroco.
10. Leia os excertos abaixo, compare-os e assinale a alternativa que contém a asserção correta sobre eles.
Excerto I
“Esta [língua tupi] é mui branda, a qualquer nação fácil de tomar (...): carece de três letras, convém saber, não se acha nela F,
nem L, nem R, coisa digna de espanto porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamente
sem terem além disto conta nem peso, nem medida.”
(Pero de Magalhães Gandavo – cronista português do séc. XVI. História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil)

Excerto II
“Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. (...) Nas
conversas utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro no vernáculo, mas não deixa de
ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas vozes do brincar. (...) Mas se de tal desprezível língua se utilizam na
conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de
Lineu exprimindo-se numa outra linguagem (...), que, com imperecível galhardia, se intitula: língua de Camões!”
(Mário de Andrade. Macunaíma, cap. IX – “Carta pras Icamiabas”, 1928)

a) O comentário do cronista sobre a língua e a cultura indígena contém uma ironia carregada de preconceito. Ao contrário disso,
não há ironia cultural, só lingüística, no que Macunaíma diz da língua portuguesa.
b) O cronista colonial observa a ausência de três letras na língua indígena, F, L e R, para concluir daí, sem nenhuma ironia, o
estado de desordem em que viviam os aborígines. Também não há ironia no que Macunaíma diz da língua portuguesa.
c) A visão do colonizador português, contida no excerto I, é idêntica à do colonizado, expressa no excerto II. Ambos se igualam na
compreensão que revelam das diferenças lingüísticas e culturais.
d) A ironia do colonizador (excerto I) desmerece a língua e a cultura indígena. A ironia do índio Macunaíma (excerto II) ridiculariza
a colonização cultural dos brasileiros, quando escrevem numa suposta “língua de Camões”, latinizada e pomposa, que o próprio
Macunaíma parodia em sua carta.
e) O texto de Gândavo mostra uma compreensão da cultura indígena incomum para a sua época, ao tratá-la com respeito e
seriedade, sem nenhum traço de ironia. O mesmo não se pode dizer do texto de Macunaíma: carregada de humor e de deboche,
sua carta não permite nenhum conhecimento acerca da cultura brasileira.
Poética de Anchieta
Anchieta escrevia na areia,
E a maré levava...
Anchieta escrevia na areia,
E a maré levava...
O bom jesuíta havia assim criado
uma espécie de antecipação
do computador ...
Zuca Sardanga

11. Assinale a alternativa correta.


a) No poema, valoriza-se a obra do jesuíta pelo fato de, já no século XVI, Anchieta ter inventado uma técnica que seria utilizada
somente no século XX.
b) O poema deixa evidente que não há diferenças entre “escrever na areia” e “escrever no computador”, já que os registros serão
sempre apagados da memória histórica.
c) Explicita-se, no texto, o seguinte aspecto da manifestação artística: as qualidades literárias de um autor dependem,
essencialmente, do suporte utilizado.
d) No texto está subentendida a ideia de efemeridade do registro gráfico, dada a facilidade com que se podem “perder” os textos.
e) Ao evidenciar a inutilidade da produção jesuítica no verso E a maré levava..., o texto desqualifica o teor poético da obra de
Anchieta

Viu, um deles, umas contas de rosário, brancas, e acenou que lhas dessem; folgou muito com elas e lançou-as ao pescoço;
depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e então para as contas e para o colar do Capitão, como [a dizer] que
dariam ouro por aquilo. Isso entendíamos nós, por assim desejarmos; mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar,
isto não queríamos nós entender porque não havíamos de dar.
Extraído de: Pero Vaz de Caminha, Carta ao Rei D. Manuel, do século XVI.

Velas baixaram. E desembarcaram. A floresta não respondeu.


- Terra, como é teu nome? Então
Cortaram pau. Saiu sangue. Eles marcharam por uma geografia-do-sem-Ihe-achar-fim.
- Isso é Brasil! Rios enigmáticos apontavam o Oeste.
No outro dia A água obediente conduziu o homem.
O sol do lado de fora assistiu missa. Começou daí um Brasil sem-história-certa
Terra em que Deus anda de pé no chão! A terra acordou-se com o alarido de caça
Outros chegaram depois. Outros. Mais outros. De animais e de homens.
- Queremos ouro! Mato-grande foi cúmplice de novas plantações de sangue.
Extraído de: Raul Bopp, História, parte de Poemas brasileiros, de 1946.

12. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre esses fragmentos.
( ) O eu-lírico do poema de Bopp denuncia a forma violenta como se deu a colonização do Brasil, o que pode ser evidenciado
nas duas ocorrências da palavra "sangue".
( ) O fragmento da carta de Caminha expõe a intenção dos portugueses de trocar colares por metais preciosos existentes na
nova terra.
( ) O texto de Bopp, ao referir que começou "um Brasil sem-história-certa", exemplifica a perspectiva modernista de releitura
crítica do passado nacional.
( ) Ambos os fragmentos, embora pertencentes a épocas distintas, reafirmam a supremacia do interesse religioso da conquista
ao referirem, respectivamente, "contas do rosário" e "missa".
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(A) V - V - V - F. (D) F - V - F - V. (B) F - F - V - V. (E) V - F - F - F. (C) V - F - V - F.

Leia o seguinte soneto de Gregório de Matos.


Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino, e tão lento, Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Que fazendo disfarce do tormento, Da tempestade é o estrondo efeito:
Mostro que o não padeço, e seu que o sinto. Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.
O mal, que fora encubro, ou me desminto, Mas oh do meu segredo alto conceito!
Dentro no coração é que o sustento: Pois não chegam a vir à boca os tiros
Com que, para penar é sentimento, Dos combates que vão dentro no peito.
Para não se entender, é labirinto.
13. Considere as seguintes afirmações.
I – O poema é um exemplo da poesia satírica de Gregório de Matos, a qual lhe valei a alcunha de “Boca do Inferno”, por
escarnecer de pessoas, situações e costumes de seu tempo.
II – Na segunda estrofe, o poema expressa a oposição entre essência e aparência, sustentando que o sofrimento é ocultado aos
olhos do mundo.
III – Segundo as duas últimas estrofes do poema, a opção pelo silêncio com relação à dor e às angústias internas contrapõe-se
aos ruídos da natureza.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. (D) Apenas II e III. (B) Apenas II.
(E) I, II e III. (C) Apenas I e II.

A cada canto um grande conselheiro,


Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
Mas podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,


Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

14. Pela leitura dos versos, é possível afirmar que


(A) manifestam uma clara referência aos temas hagiográficos, presentes nas produções dos séculos XVI e XVII.
(B) são de Gregório de Matos e ironizam os governantes holandeses, que invadiram a Bahia no século XVI.
(C) pertencem a Manuel Botelho de Oliveira e apresentam paradoxos e símiles da produção barroca da época.
(D) detalham o comportamento inadequado dos governantes e de seus olheiros, durante o século XVIII no Brasil.
(E) são da autoria de Gregório de Matos e exemplificam sua crítica a todas as classes da nova sociedade

À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura, Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Em tristes sombras morre a formosura, Na formosura não se dê constância,
Em continuas tristezas a alegrias, E na alegria, sinta-se triste.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Começa o Mundo enfim pela ignorância
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? E tem qualquer bem por natureza
Como a beleza assim se transfigura? A firmeza somente na inconstância.
Como o gosto, da pena assim se fia?

15. A ideia central do texto é:


a) os contrastes da vida amorosa d) a grandeza de Deus e a pequenez humana
b) a duração efêmera de todas as realidades do mundo e) a duração prolongada do sofrimento
c) a falsidade das aparências na sociedade
16. No texto predominaram as imagens:
a) táteis b) olfativas c) visuais d) auditivas e) gustativas

Ardor em firme coração nascido;


pranto por belos olhos derramado; Se és fogo, como passas brandamente,
incêndio em mares de água disfarçado; se és fogo, como queimas com porfia?
rio de neve em fogo convertido: Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
tu, que em um peito abrasas escondido; Pois para temperar a tirania,
tu, que em um rosto corres desatado; como quis que aqui fosse a neve ardente,
quando fogo, em cristais aprisionado; permitiu parecesse a chama fria.
quando crista, em chamas derretido.
17. O texto pertencente a Gregório de Matos e apresenta quais características:
a) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática por simétrica por simetrias sucessivas, predomínio
figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo;
b) Temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que
prenunciam o Romantismo;
c) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras
dispostas em ordem direta;
d) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses,
temática da fugacidade do tempo e da vida.
“Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?
Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os
Alexandres… O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão mas que levam, de que eu trato, são
os outros – ladrões de maior calibre e de mais alta esfera… Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos;
os outros furtam debaixo de seu risco, estes, sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e
enforcam.” (“Sermão do bom ladrão” [fragmento] – Pe. Antônio Vieira)
18. Em relação ao estilo empregado por Vieira neste trecho podemos afirmar que:
a) O autor recorre ao cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de imagens.
b) Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter o ouvinte.
c) Padre Vieira emprega, principalmente, o conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio.
d) O pregador procura ensinar preceitos religiosos ao ouvinte, o que era prática comum entre os escritores gongóricos.

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: A flor baixa se inculca por tulipa;
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa1; Bengala hoje na mão, ontem garlopa3:
Com sua língua ao nobre o vil decepa: Mais isento se mostra, o que mais chupa.
O velhaco maior sempre tem capa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
Mostra o patife da nobreza o mapa:
E mais não digo, porque a musa topa
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Quem menos falar pode, mais increpa2:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
19. Considere as seguintes afirmações sobre o soneto lido.
I. De acordo com o primeiro quarteto, quem se pretende mais limpo tem maior sujeira, mas quem é nobre trata de decepar as
pretensões de quem é vil.
II. No segundo quarteto, há uma receita de ascensão social, em que, por exemplo quem tem menos autoridade mais acusa e
quem tem riqueza obtém importância e prestigio.
III. No ultimo terceto, o poeta refere as rimas usadas ao longo do soneto e, do ponto de vista formal, abandona o decassílabo
para lançar mão de versos de oito silabas.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e III. (D) Apenas II e III. (E) I, II e III.
20. A literatura produzida no Brasil no século XVIII possui como temática recorrente o ambiente bucólico e pastoril. A
maioria dos autores desse período Árcade dedicou-se a obras que tinham como enfoque o espaço de Minas Gerais.
Com base na leitura do poema abaixo, assinale a alternativa que corresponde ao fazer poético desses escritores:

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Eu vi o meu semblante numa fonte,
Que viva de guardar alheio gado; Dos anos inda não está cortado:
De tosco trato, d’ expressões grosseiro, Os pastores, que habitam este monte,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Com tal destreza toco a sanfoninha,
Tenho próprio casal, e nele assisto; Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Ao som dela concerto a voz celeste;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, Nem canto letra, que não seja minha,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
Graças à minha Estrela! GONZAGA, Tomás Antonio. Marília de Dirceu.

(A) O “eu lírico” do poema corresponde à realidade de Tomás Antônio Gonzaga, pois este vivia na realidade bucólica, detestando
a cidade, que era vista como espaço “grosseiro”.
(B) A intenção do “eu lírico” é mostrar, por meio do poema, sua preferência pelo campo, pois nesse lugar possui uma maneira de
se sustentar, como vaqueiro, o que lhe dá garantias de sobreviver.
(C) O “eu lírico” tem o objetivo de conquistar Marília tecendo elogios à vida pastoril, mesclados com comentários a respeito de sua
vida no campo, com todas as vantagens que uma vida simples pode trazer.
(D) O “eu lírico” se afirma como poeta, pois mostra que os versos que recita são seus, não dependendo da ajuda de outros
escritores. Isto é corroborado por suas colocações a respeito do ambiente pastoril, que o influencia e inspira.
(E) O “eu lírico” do poema reflete a alegria de se viver no ambiente bucólico, longe da realidade da cidade. Essa alegria se reflete
no amor que sente pela mulher amada, Marília, que inspira a escrita do poema, e suas afirmações servem quase como uma
profissão de fé do autor.
Sou pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
21. Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa, exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica :
( ) valorização das circunstancias biográficas do poeta. ( ) representação da natureza amena e do sentimento bucólico.
( ) imaginação delirante de paisagens exóticas. ( ) representação da natureza como espelho das fortes paixões
( ) valorização das classes humildes, opostas às aristocráticas.
22. Leia os textos seguintes, compare-os e assinale a opção correta sobre eles:
“Por morto, Marília “Se penso que posso
Aqui me reputo: Perder o gozar-te,
Mil vezes escuto E a glória de dar-te
O som do arrastado, Abraços honestos,
E duro grilhão E beijos na mão.
Mas ah! que não treme, Marília, já treme,
Não treme de susto já treme de susto
O meu coração. O meu coração.”’
(Tomás Antônio Gonzaga)

a) o primeiro corresponde a uma situação trágica presente, e o segundo aos sucessos do passado.
b) O poeta e Marília são personagens de um idílio, distantes de um do outro por fatores de saúde.
c) O medo é um elemento comum nas duas estrofes, sendo a causa do desespero do poeta.
d) a Segunda estrofe é a fundamental porque identifica a amada do poeta.
e) o poeta não teme a violência, mas, sim, a possibilidade de ficar privado do amor.

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