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FICHAMENTO – O CATIVEIRO DA TERRA

josé de Souza Martin

1 A PRODUÇÃO CAPITALISTA DE RELAÇÕES NÃO CAPITALISTAS:O REGIME DE


COLONATO NAS FAZENDAS DE CAFÉ

A medida que os prórpios pesquisadores descrevem as relações de trabalho que predomminaram na


substituição do esctravo pelo trabalhadore livre, baseadas naa produção direta dos meios de vida
necessários à eprodução da formaça de trabalho, já se constata que tais relações mão podem ser
definidas como capitalistas (nem o trabalho como assalariado), senão através de muitos e
questionáveis artificios.” ( p. 11)

a crise do trabalho escravo produziu o trabalho livre no Brasileiro- diferente da crise do cativeiro
´escravo, apesar de livre, era estava preso ao capitalista: “o trabalho livre se baseava na separação
do trabalhador de sua força de trabalho e nela se fundava sua sujeição ao capital personificado pelo
dono da terra (12)
- nisso, o escravo e o trabalhador livre tinham em comum. Pois a mudança se concretizou sem
abalar a estrutura principal: baseada na exporação de café e no latifúndio

o fazendeiro representava a personificação do capital

- a mudança na relação de produção e superação da escravidão no BR se da num contexto de


proibição internacional de trafico negreiro e em que o brasil negociava com outros países
- “ a trnasformação das relações de produção tem menos a ver, num primeiro momento, com
modificações no processo de trabalho da fazenda de café e mais a ver com as modificações na
dinâmica de abastecimento da força de trabalho de que o café necessitava” (15)

as elações de produção entre o escravo e o fazendeiro criava alguém q detinha não os meios de
produção mas o monopólio do próprio trabalho transfigurado em renda capitalizada

“ a escravidão colonial definia-se, portato, como uma modalidade de exploraçãoda da força de


trabalho baseada direta e previamente na sujeição do trabalho, através do trabalhador, ao capiral
comercial” (16)

nas relações mediadas pelo capital o trabalhadora preserva a única propriedade q pode ter q é a sua
força de trabalho (15)

para o escravo, a librdade é a negação do trablho

“a libertação do escravo não o liberta do passado de escravo; esse passado será uma das
determinações da sua nova condição de homem livre” (p 17).

“enquanto o trabalho escravo se baseava na vontade do senhor, o trabalho livre teria que se
basear na bontade do trabalhador, na aceitação da legitimidade da exploração do trabalho
pelo capital” …. as novas relações de trabalho dependiam de novas ferramentas de coerção”
(p 18) dependia-se do surgimento de um rtabalhador q considere o trabalho uma virtude
- em uma região que semrpe esteve pautada no trabalho escravo, esse perfil de trabalhador não
eclodiria > foi buscado em outro lugar – imigrantes
- assim se transformam as relações de trabalho e os trabalhadores na cafeicultura paulista com a
imigração q ocorreu principalmente entre 1886 e 1914
“ sendo a terra um fator natural, sem valor porque não é o resultado do ttrabalho humano,
teoricamente não deveteria ter preço. Mas, antes do advento do capitalismo, nos países europeus, o
só da terra estava sujeito a tributo, ao pagamento de rende em trabalho. Essas eram formas pré-
capitalistas de rendedecorrentes unicamento do fato de que algumas pessoas tinham o monopólio da
terra, cuja utilização ficava, pois, sujeita a um tributo. O adveno do capitalismo não fez cessar essa
irracionalidade. Ao contrário, a propriedade fundiária, emsmo que por diferentes códigos, foi
incorporada pelo capitalismo. Contradição essa, que se expressa na renda capitalista da terra” (20)
(…) a composição orgânica diferencial do capital entre agricultura e indústria encarrega-se de fazer
aparecer nas mãos do proprietário a renda absoluta que aparentemente não é extraída de ninguém”
(20)

1 A METAMORFOSE DA RENDA CAPITALIZADA E AS FORMAS DE SUJEIÇÃO DI


TRABALHO NA GRANDE LAVOURA (p 23)

a renda capitaliza foi a principal forma do capital na fazenda cafeeira no período do trabalho
escravo e livre
- a palavra fazenda significava o conjunto de bens de riquezas acumuladas > estava mais próxima a
noção de capital do que de propriedade fundiária como é hoje.

“Durante a crise do trabalho servil, o objeto da renda capitalizada passa do escravo para a terra,
do predomínio de um para outro” ( p 24)
- durante o período do trabalho escravo, a terra possuía pouco valor
“assim, a fazenda nada mais representava senão o trabalho escravo acumulado” (25)

os mecanismos reguladores da organização na fazenda eram a oferta e procura por escravos, não por
produtos como café ou cana > assim, o capital do dazendo está investido no escravo, imobilizado
como renda capitalizada “o fazendeiro comprava a capacidade do escravo criar riqueza” (p 26)

o escravo representava 2 coisas: como fonte de trabalho era o fator de produção; como renda
imobilizada era a garantia p emrpestimos e financiamentos

Com a cessação do tráfico negreiro, o valor do escravo subiu e como o valor do escravo era o
fundamento das hipotecas, isso representou um grande valor de capital disponível aos fazendeios
(26)

6 anos antes da abolição a taxa de juros estava mais alta que o resultado líquido do empreendimento
cafeeiro (28)

em 1850 veio a lei de terra “estipulou que a terra devoluta não poderia sr ocupada por outro título
que não fosse o de compra” ( 29)
- falsificação de títulos e grilagem
- tais procedimentos burocráticos não eram acessíveis a escravos e imigrantes, seja por falta de
recurso ou instrução

a impossibilidade de ocupar a terra recriava a sujeição do trabalho q havia desaparecido com o fim
do cativeiro (29

“ na própria década da abolição da escravatura, já estava claro que o trabalho criava valor e que esse
valor não se confundia com a pessoa do escravo, mas se materializava nos objetos trabalhadors” (p
31)
> era importante que se criasse codições para que a terra substituísse o escravo comp base p o
cálculo hipotecário
- fragmentando a propriedade p pequenos imigrantes praticarem a agricultura, os colonos.
- o incremento da demanda dos colonos, articialmente elevaria o preço da terra

“Num regime de terras livres, o trabalho tinha que ser cativo; num regime de trabalho livre, a
terra tem que ser cativa” (p 32)

“a propriedade do escravo se transfigura em propriedade da terra como mei opara extorquir


trabalhoe não para extorquir renda (p 32)

quando capital se transforma em renda territorial capitalizada, o mais importante para a ser a
produtividade da terra, pois seu valor está nos frutos que pode fornecer. Fazendeiros se deslocavam
p outras áreas mais férteis, que não haviam sido ocupadas p plantio recentemente (p 33)

até 1870, o benefício do café era feito em maquinas toscas feitas de madeiras e construídas na
fazenda, a partir daí tem-se um incremento em investimentos de máquinas até porque isso podia ser
usado p valorização de emprestimos hipotecários (p 33/4)

“a transformação da renda capitalizada recriou as condições de sujeição do trabalho ao capital,


engendrando ao mesmo tempo um sucedâneo ideológico para a coerção física do trabalhador” ( 34)

2 A FORMAÇÃO DA FAZENDA DE CAFÉ: CONVERSÃO DA RENDA-EM-TRABALHO EM


CAPITAL (p 59)

“a lei de terras de 1850 e a legislação subsequente codificaram os interersses combinados de


fazendeiros e comerciantes, instituindo as garantias legais e judiciais de continuidade da exploração
da força de trabalho, mesmo que o cativeiro entrasse em colapso” (p 59)
- na iminência de transformações que comprometeriam a sujeição do trabalho, garantiu-se a
sujeição do trabalho
- o imigrante, antes de ser proprietário (lei de 54), teria que ser trabalhador e isso dependia dos seus
ganhos, condicionados pelos interesses dos fazendeiros.

NR: “a abundância de terras para o capital está associada a não abundância para aqueles que devem
constituir o mercado de trabalho” (SERGIO SILVA, P 73) (P 59 DO LIVRO)

A ABUNDÂNCIA DE TERRAS DEVOLUTAS NÃO ERA SUFICIENTE PARA A EXPAnSÃO do


café, era preciso abundância de mão de obra disposta a aceitar a substituição do escravo (60)

trabalhar para vir a seu dono da terra era a forma definitiva de assimilação do imigrante à produção
de café
- o colono não queria ser confundido com o escravo e, mesmo quando coexistiam na fazenda,
tinham tratamentos diferentes.
-VINCULAÇÃO IDEOLÓGICA ENTRE TRABALHO E PROPRIEDADE

A passagem do trabalho escravo p o trabalho livre foi relativamente tensa, pois a escravidão não era
uma instituição mas uma relação real fundada em condições históricas definidas e sua supressão
jurídica e a incorporação do trabalho livre não era suficiente para superar o vínculo entre fazendeiro
e trabalhador (61)
“ o trabalho livre é era o trabalho libertado do tributo ao traficante, da transferência do capital da
produção ao comércio, era o trabalho libertado da condição de renda capitalizada”
- porém o branco imigrante não estava completamente livre de tributo (62)

com o fim do trafixo negreiro, iniciou-se o esquema de parcerias entre colonos e fazendeiros » isso
enforcou os fazendeiros q arcavam com seus custos e deviam aos fazendeiros “ o trabalhador não
entrava no mercado de trabalho como proprietário de sua força de trabalho, como homem
verdadeiramente livre” (63)
- em 56 colonos dessa fazenda (Vergueiro e Cie) se revoltaram e criaram-se vários sistemas
alternativos as parcerias. Porém ainda mantinha-se a concepção dos colonos como posse dos
fazendeiros. (64)

a partir de 1870 o governo, formado por fazendeiros e seus representantes, iniciou a importação de
imigrantes p SP custeando seu transporte e dando terras q seriam improdutivas p a cultura do café
ou da cana. > na esperanças deles produzirem bens de consumo e sujeitarem ao trabalho nas
fazendas p adquirir roupas remedios, etc. (65) > IMIGRAÇÃO SUVENCIONADA

teve uma importância > “instituiu a intervenção do Estado na formação do contingente de


força de trabalho, como uma espécie de subvenção pública à formação do capital da grande
fazenda” (p 65)
- significava desviar verbas p um único setor da economia, o café, localizado em uma região
específica do país
- o que gerou crise entre os prdutores de cana e do café e os produtores do café da região
fluminense, que tinham sua produção baseada no trabalho escravo

para sanar esse problemas, mais próximo ao fim da escravidão, foram subvencionadas importações
de imigrantes que eram encaminhados diretamente as fazendas de café (67)

com a imigração dubvencionada o fazendeiro não poupava capital, mas ganhava capital, dado que
cada trabalhador chegado a fazenda era um efetivo dispêndio feito com dinheiro público (68)
- “meio de pressão para uma permanente obtenção de subsídio disfarçado” (p 68)
- assim, a fazenda, além de produzir café, produzia agora fazendas de café > a terra havia alcançado
alto preço, sob a forma de renda territorial capitalizada.

A aquisição de terras passou a ocorrer através da legalização por grileiros > “no processo de
transformação do capital em renda capitalizada, o grileiro substitui o antigo traficante de escravos”
(69)

“a propriedade capitalista da terra assegurava ao fazendo a sujeição do trabalho e, ao mesmo tempo,


a exploração não capitalista do trabalho. Com base no monopólio sobre a terra, o fazendeiro de fato
não empregava o formador no cafezal. Na prática, ele lhe arrendava uma porção do terreno para
receber em troca o cafezal formado” (p 74)
- n era o fazendeiro quem pagava o trabalhador, era o trabalhadore quem pagava o fazendeiro em
cafezal pelo direito de usar as mesmas terras p a produção de gêneros alimentícios

3 DESIGUAKDADE E PROPRIEDADE: OS MARCOS DO PROCESSO DE VALORIZAÇÃO


NO REGIME DO PATRONATO (77)

as relações de trabalho entre colono e fazendeiros também era desiguais como vimos. Então de que
modo o trabalhador legitimava a exploração revelada no processo de trabalho? (p 81/2)
- forma familiar do trabalho
- o colono combinava a produção do café com a produção dubstancial dos seus meios de vida
- após o crescimento do cafezal, não se podia mais plantar nas entre linhas, então por vezes o
fazendeiro lhes cedia lotes p cultivar alimentos

em 1918, as maiores fábricas tinham 3mil uncionários, haviam fazendas com 8 mil trabalhadores
(88)

as culturas alimentícias cultivadas pelos colonos nas entrelinhas se tornaram o maior atrativo das
fazendas
> confusão entre trabalho sobrante e trabalho necessário > o essencial aparecia como secundário
(88)
“na colheita se materializa o trabalhado sobrante que o colono entendia ser trabalho necessário”
(88)

somente o empregado poderia ser preso ao n se sujeitar as ‘regras do trabalho’ (91

“o colono ficou no meio do caminho entre a tranaprencia da exploração, já que o trbalho excedente
se materializava em objetos distintos do trabalho necessário e a ilusão do que o que recebia
correspondia ao valor do seu trabalho” (92)

A INFLUENCIA DO CAFE NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE SP

INDUSTRIALIZAÇÃO – a partir da década de 1920


‘a industrializaçõ de sp depedeu da demanda gerada pelo mercado de café (103)

jose martins defende que a industria surgiu a partir das complexas relações e produtos (106)

2 “Cardoso orienta a sua análise no sentido de explicitar as relações de produção que determinam a
consciência do burguês industrial e ao mesmo tempo a transição histórica dem que esse processo se
dá” (108)

o autor defende que o deslocamento do café e seu cultivo de uma área p outra passou por SP e foi
passado do trabalho escravo pelo trab livre.
>”os fazendeirospassaram a vivenciar relações de produção em que o trabalho tornou-se um fator de
lucratividade calculável do capital” (p 109)
- diversos fazendeiros foram a favor da abolição por entender que o trab escravo dificultava o
calculo da renatbilidade do capital e o escravo representava a imobilização do capital na pessoa do
trabalhador

“a noção de liberdade que comandava a abolição foi a noção compartilhada pela burguesia e
não a noção de liberdade que tinha sentido para o escravo. Por isso, o escravo libertado caiu
na indigência e na degradação, porque o que importava salvar não era a pessoa do cativo, mas
sim o capital. Foi o fazendeiro quem se libertou do escravo e não o escravo quem se libertou
do fazendeiro “(110)

AS RELAÇÕES DE CLASSE E A PTODUÇÃO IDEOLOGICA DA NOÇÃO DE TRABALHO

origens do trab livre


o trabalho livre no BR se iniciou no pós escravidão com imigrantes europeus > substituição dos
escravos e preservação da economia colonial
- o processo de acumulação primitiva desses trabalhadores se deu fora no BR, nos seus países de
origem
1850 - LEI DE TERRAS – “garantiu a mobilização das instituições jurídicas e policiais na defesa
da produpriedade fundiária, garantindo, ao mesmo tempo, o caráter compulsório do trabalho, da
venda e da venda da força de trabalho ao fazendeiro por parte dos trabalhadores que não
dispusessem de outra riqueza senão a sua capacidade de trabalhar” (147)

A PRODução idelógica da noção de trabalho

premissa do colonato: o colono deveria ser primeiro trabalhador na grande fazenda p depois ter sua
terra
- os colonos deveriam ser laboriosos e honrados trabalhadores p reproduzir a idea capitalista de
trabalhar e alçancar a terra (130)

a ideia de que a riqueza não resulta da exploração do trabalhadora, mas sim do trabalho e das
privações do próprio brgues legitima a exploração do trabalhador por outra classe (133)

“Este, incorporado à produção capitalista, sobretudo na indústria, e vinculado, pois


irremediavelmente ao trabalho socializado pelo capital, o trabalhador consegue entender que
no trabalho está o segredo da liberdade. Espera, por isso, escapar da sujeição do capitalismo
movendo-se par trás, em direção a uma concepção camponesa de trabalho que se efetivaria no
trbalho independente – na agricultura familiar, no artesanato urbano ou no pequeno
comércio.” (134)

GLOSSÁRIO

Acumulação primitiva: expropriação do trabalhadores, produção das condições sociais e históricas p


a reprodução do capital e do trab capitalista
Renda capitalizada: antecipação de rendas futuras

forma não capitalista de trabalho: todas as formas que não resultam de uma venda da força de
trabalho, isto é, a partir de um salário

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