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a economia portuguesa do pais de guerra
a economia portuguesa do pais de guerra
Na década de 60, quando o país enveredou pela via industrializadora, a agricultura viu-se relegada
para segundo plano e foi olhada por muitos como um “caso sem solução”. A década saldou-se por um
enorme decréscimo na taxa de crescimento do Produto Agrícola Nacional e por um êxodo rural
maciço, que esvaziou as aldeias do interior.
2.1.2 A emigração
A emigração em Portugal persiste desde a época dos Descobrimentos, reduz-se nos anos 30 e 40,
primeiro devido à Grande Depressão e depois devido à Segunda Guerra Mundial. Nos anos 60 atinge
os maiores níveis da História portuguesa, esta emigração não foi só para as cidades, mas
fundamentalmente para países industrializados da Europa (Alemanha-RFA, França, Luxemburgo,
Holanda) e para as Américas e África do Sul, o Brasil perdeu importância como destino da emigração
portuguesa.
Causas da emigração:
O setor industrial é fraco e não tem capacidade para absorver a mão de obra excedentária.
Consequências da Emigração:
As dificuldades no tempo da 2ª Guerra mundial deram força àqueles que defendiam a industrialização
como imprescindível ao desenvolvimento nacional. Em 1945 a indústria foi assumida como
prioridade económica, embora dentro do tradicional modelo de autarcia: o seu fim era o de substituir
as importações.
Em 1948, Portugal assinou o pacto fundador da OECE integrando-se nas estruturas do Plano Marshall.
A participação na OECE reforçou a necessidade de um planeamento económico, conduzindo à
elaboração de Planos de Fomento que, a partir de 1953 caracterizam a política de desenvolvimento
do Estado Novo.
Plano implementado durante o período de Marcello Caetano; deu continuidade ao Plano Intercalar:
- Acentuou a necessidade da economia portuguesa se submeter à concorrência estrangeira e
diversificar as exportações.
- Promoveu o apoio às empresas exportadoras.
- A industrialização devia submeter-se às necessidades do mercado interno.
- Valorizou a iniciativa privada e o investimento estrangeiro.
- Procedeu à criação do polo industrial de Sines.
- Assinatura do acordo com a CEE para aprofundar laços económicos.
Os Planos de Fomento não foram suficientes para eliminar a pobreza e as desigualdades sociais.
Lisboa e Porto espalham-se subúrbios onde ficam aqueles que não podem pagar o custo das
habitações no centro. Nestes arredores, autênticos “dormitórios” das grandes cidades, aí concentra-
se a maior parte da população ativa. A expressões “Grande Porto” e “Grande Lisboa” ganham
significado. A expansão urbana não foi acompanha da construção das infraestruturas. Faltam
habitações, estruturas sanitárias, rede de transportes eficientes.
Crescimento das cidades representou um passo em direção a um mundo mais moderno e cosmopolita,
que aproximou Portugal dos padrões europeus. Deste modo formou-se um conjunto populacional
numeroso e escolarizado, capaz de intervir social e politicamente.
Sobretudo nos anos 60 a sociedade portuguesa sentiu uma grande mudança. As novidades chegavam
por vias diversas: por emigrantes, turistas, lojas divulgavam a moda londrina, programas de rádio e
revistas de música, televisão. Aos poucos, Portugal foi se aproximando dos padrões de
comportamento europeus. A sólida parede conservadora que protegia o Estado Novo estava prestes
a desmoronar-se.
Após o fim da II Guerra Mundial e a queda dos regimes totalitários, fascista e nazi, houve a esperança
de mudanças no regime do Estado Novo.
Medidas tomadas:
Em 8 de outubro, nasce o MUD (Movimento de Unidade Democrática), que congrega as forças até aí
clandestinas da oposição e reuniu apoios para participar nas eleições. O impacto deste movimento
ultrapassou todas as perspetivas e nasceu assim a oposição democrática. Dada a proximidade do ato
eleitoral, a oposição (MUD) solicitou o adiamento das eleições para:
O MUD abandonou a sua candidatura, por considerar que o ato não passaria de uma farsa e as eleições
decorreram sem oposição. Os apoiantes do MUD foram perseguidos e o MUD desagregou-se. A União
Nacional venceu as eleições.
As mudanças políticas na Europa, com a queda das ditaduras não tem impacto em Portugal, o Estado
repressivo mantém-se e a adesão à NATO/OTAN em 1949 confirma a aceitação do regime do Estado
Novo por parte das potências ocidentais.
Américo Thomaz era o candidato apoiado pela União Nacional. Vence as eleições, no entanto, pela
primeira vez, o regime é ameaçado. As oposições radicalizam-se e empreendem ações de luta contra
o Estado Novo: Golpe da Sé - 1959; Assalto ao paquete Santa Maria – 1961; "Abrilada" liderada por
Botelho Moniz – 1961; Hermínio da Palma Inácio desviou um avião da TAP – 1961; Crise académica -
1962; Assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz (LUAR) - 1967.
A política colonial foi repensada, devido à pressão internacional e à primeira vaga de descolonizações
que se segui após a 2ª Guerra Mundial.
- Modelo integracionista: Salazar defendia que o Estado português era unitário, indivisível e
pluricontinental – “do Minho a Timor”.
- Modelo federalista: em virtude da pressão internacional e da ideia de que a descolonização
em África era irreversível, defendia a progressiva transformação das províncias ultramarinas
em Estados independentes.
O Ato Colonial é revogado em 1951 e o termo “colónia” e “império colonial português” foram
substituídos por “províncias ultramarinas” e “ultramar português”. Vigorou assim o modelo
integracionista.
Com estas alterações formais esperava o Estado Novo resistir à dinâmica histórica e manter intactos
os vastos territórios ultramarinos.
Como reforço desta nova abordagem política, as colónias receberam também um impulso económico
significativo:
O fomento económico das províncias ultramarinas intensificou-se com o início da Guerra Colonial.
A luta armada
Angola
- União dos povos de Angola (UPA) Holden Roberto 1954; que se transforma na Frente nacional
de Libertação de Angola (FNLA) 1962;
- Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) 1956 Agostinho Neto
- União Nacional para a independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi 1966
Moçambique
Guiné
- Partido para a independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGG) 1956 Amílcar Cabral
Angola foi o palco da guerra colonial quando a 15 de março de 1961, ocorreram uma série de ataques
do MPLA em Luanda e violentos ataques da UPA no norte, estendendo-se até Guiné em 1963 e no ano
seguinte em Moçambique.
O isolamento internacional
A política colonial portuguesa acabou por provocar o isolamento de Portugal num contexto
internacional. Portugal aderiu à ONU em 1955 com a posição que não mantinha “territórios não
autónomos”. Em 1960 a ONU reforçou o direito à autodeterminação dos povos sob domínio
estrangeiro, na conferencia de Belgrado.
Com o início da guerra em Angola em 1961, a posição da ONU sublinhou-se condenando diretamente
a ação do governo português em relação à sua política colonial, tendo excluído Portugal do Conselho
Económico e Social.
O isolamento nacional foi agravado quando os EUA, durante a administração de Kennedy, retiraram o
apoio a Portugal no quadro da ONU. Os países aliados da NATO acabaram também por condenar a
posição Portugal. Salazar agarrado às suas convicções disse: “Portugal não está à venda”, “a Pátria não
se discute” encarando o facto de ficarmos “orgulhosamente sós”.
2.2.3 O Marcelismo
Marcello Caetano sobe ao poder em 1968, como Presidente do Conselho substituindo Salazar. Provém
da ala mais liberal do regime e procurou conciliar os interesses entre os setores mais moderados e
conservadores - “Renovação na continuidade", concedendo aos portugueses a “liberdade possível”.
- Exilados, como Mário Soares e D. António Ferreira Gomes, foram autorizados a regressar ao
país.
- Modera a atuação da polícia política, a PIDE passou a denominar-se DGS (Direção-Geral de
Segurança).
- Ordena o abrandamento da Censura, mais tarde designada de Exame prévio.
- Abre a União Nacional que passa a ser designada ANP (Ação Nacional Popular) incluindo
elementos mais liberais.
- Reforma da educação implementada por Veiga Simão.
Concorreram às eleições de 1969 a União Nacional (convidadas personalidades como Pinto Leite,
Miller Guerra, Sá Carneiro ou Pinto Balsemão, que formaram o grupo conhecido como “ala liberal”) e
a oposição (CED, CEUD, CEM). A União Nacional venceu as eleições tendo 100% dos lugares de
deputados.
Frustradas as esperanças de uma real democratização do regime, o presidente do conselho viu-se sem
o apoio dos liberais, que lhe condenavam a falta de força para implementar as reformas necessárias,
e alvo da hostilidade dos núcleos mais conservadores, que o culpavam pela onda de instabilidade que,
entretanto, tinha assolado o país.
Contestação internacional:
Contestação interna:
O General António de Spínola, em 1973, publica a obra “Portugal e o Futuro” que dizia que a guerra
estava perdida.
O Movimento dos Capitães nasceu em Julho de 1973, um movimento de oficiais iniciado por meras
questões de promoção de carreira. O Movimento dos Capitães depositou a sua confiança nos generais
Costa Gomes e Spínola. Face a estas posições e ao impacto do livro de Spínola, Marcello Caetano faz
ratificar a orientação da política colonial e convoca os oficiais generais das Forças Armadas para uma
sessão solene. Costa Gomes e Spínola não compareceram à reunião sendo, no me smo dia,
dispensados dos seus cargos.
Estes acontecimentos deram força àqueles que, dentro do Movimento (agora designado MFA –
Movimento das Forças Armadas), acreditavam na urgência de um golpe militar que, restaurando as
liberdades cívicas, permitisse a tão desejada solução para o fim da guerra colonial.
Depois de uma tentativa precipitada, em Março, o MFA preparou minuciosamente a operação militar
que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado Novo.
Operação “Fim-Regime”
À 00h20 do dia 25, era transmitida a canção “Grândola, Viola Morena”, de José Afonso – sinal para as
unidades militares avançarem para a ocupação de pontos estratégicos para conseguir levar a cabo
com sucesso o ato revolucionário.
Perante o cerco das tropas de Salgueiro Maia no terreiro do Paço, Marcello Caetano foi obrigado a
render-se e a entregar o poder ao general Spínola, para que o país não ficasse sem governação.
Por fim, deu-se uma autêntica explosão social por todo o país, uma revolução nacional, de carácter
pacífico, que ficou conhecida por “Revolução dos Cravos”.
No próprio dia da revolução, foi nomeada uma Junta de Salvação Nacional, criada por acordo do MFA
e das Forças Armadas, encabeçada por António Spínola.
A Junta de Salvação Nacional foi responsável por desmantelar as estruturas do Estado Novo:
Entre a Revolução dos Cravos e a institucionalização o país viveu um período de grande instabilidade,
existindo grandes tensões sociais e fortes afrontamentos políticos.
O período Spínola
O caminho para a instalação e a consolidação da democracia não foi rápido e pacífico, mas
caracterizado por profunda conflitualidade política e social. Por um lado, o povo e o movimento
operário, aproveitaram o estabelecimento de liberdade para exigir melhores condições de vida e
aumentos salariais, estalando manifestações e greves pelo país.
Carente de autoridade e incapaz de assumir uma efetiva liderança do País. O I Governo provisório
demitiu-se menos de 2 meses após a tomada de posse, deixando o presidente Spínola isolado na quase
impossível tarefa de conter as forças revolucionárias.
De facto, o poder político fracionara-se já em dois polos opostos: de um lado, o grupo afeto ao general
Spínola; do outro, a comissão coordenadora do MFA e os seus apoiantes.
Spínola vai perdendo terreno para as forças de esquerda. Em 28 de setembro de 1974, uma
manifestação em seu apoio, que pretendia mobilizar a “maioria silenciosa” dos Portugueses que
estariam contra o rumo socialista da revolução, foi boicotada pelas forças da esquerda. Dois dias
depois, o presidente António de Spínola demite-se.
A revolução tende a radicalizar-se. Para chefiar o II Governo Provisório (ficou do II ao IV) foi nomeado
um militar próximo do PCP, o general Vasco Gonçalves, enquanto era criado o Comando Operacional
do Continente (COPCON), que faziam uma serie de ordens de prisão de elementos moderados, para
intervir militarmente em defesa da revolução, tendo o seu comando sido confiado a Otelo Saraiva de
Carvalho, cada vez mais próximo das posições de extrema-esquerda.
Poder popular: Expressão relativa à corrente impulsionada em Portugal por partidos e organizações
de extrema-esquerda, que se caracterizou pela atribuição ao povo da capacidade de resolução dos
seus problemas e de gestão dos meios de produção, o que se traduziu, designad amente, pela criação
de “comissões de moradores” e “comités de ocupantes”. Ocupação de casas vagas, do Estado ou
particulares.
A inversão do processo deveu-se ao forte impulso dado pelo Partido Socialista à efetiva realização, no
prazo marcado, das eleições constituintes prometidas pelo programa do MFA.
A vitória do Partido Socialista, seguido do Partido Popular Democrático, nas eleições para a Assembleia
Constituinte, veio criar condições para travar a direção e o rumo que a revolução portuguesa tomara.
Neste Verão de 1975 (conhecido como “Verão Quente”), a oposição entre as forças políticas -Extrema
Esquerda vs. Extrema Direita- atinge o rubro, expressando-se em gigantescas manifestações de rua,
assaltos a sedes partidárias, atentados à bomba e pela multiplicação de organizações armadas
revolucionárias de direita e de esquerda.
É em pleno “Verão Quente” que um grupo de 9 oficiais do próprio Conselho da Revolução,
encabeçados pelo major Melo Antunes, crítica abertamente os sectores mais radicais do MFA:
contestava o clima de anarquia instalado, a desagregação económica e social e a decomposição das
estruturas do Estado.
Estas alterações dão origem ao último golpe militar, em 25 de Novembro, pelos paraquedistas de
Tancos, em defesa de Otelo e do processo revolucionário. O país encaminhava-se rapidamente para a
normalização política e social e para a consolidação de uma democracia liberal.
A onda de agitação social que se desencadeou após o 25 de Abril foi acompanhada de um conjunto
de medidas que alargou a intervenção do Estado na esfera económica e financeira. Estas medidas
tiveram como objetivo:
Em Novembro, o Estado apropria-se do direito de intervir nas empresas cujo funcionamento não
contribuísse “normalmente para o desenvolvimento económico do país”. Logo no rescaldo do golpe,
aprova-se a nacionalização de todas as instituições financeiras. No mês seguinte, um novo decreto -lei
determina a nacionalização das grandes empresas ligadas aos sectores económicos base. Estas
nacionalizações determinam o fim dos grupos económicos “monopolistas”, considerados o expoente
do capitalismo, e permitem ao Estado um maior controlo sobre a economia. Para complementar foi
aprovada a legislação com vista à proteção dos trabalhadores mais desfavorecidos: dificultaram-se os
despedimentos, instituiu-se um salário mínimo e aumentaram-se as pensões sociais e de reforma.
A Reforma agrária
Reforma agrária: Processo de coletivização dos latifúndios do Sul do País (1975-1977). São traços
característicos da reforma agrária a ocupação de terras pelos trabalhadores, a sua expropriação e
nacionalização pelo Estado e a constituição de Unidades Coletivas de Produção (UCP).