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Políticas públicas de saúde

Conceitos
-Políticas públicas: Conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais,
independentemente da condição financeira, configurando um compromisso público que visa dar conta
de determinada demanda. Políticas públicas devem ser sempre de interesse geral da sociedade,
decorrida de uma necessidade identificada.

*As funções que sustentam as políticas públicas são o planejamento (formulação das políticas
identificando o público-alvo), orçamento (recursos monetários) e execução (implementação das políticas
públicas).

*Para garantir que a execução da política pública esteja de acordo com o planejado, devemos utilizar
indicadores definidos no planejamento para monitorar, avaliar e intervir.

Políticas públicas de saúde no Brasil


● No Brasil, as políticas públicas de saúde orientam-se desde 1988, conforme a Constituição Federal,
pelos princípios de universalidade e equidade no acesso às ações e serviços e pelas diretrizes de
descentralização da gestão, de integralidade do atendimento e de participação da comunidade, na
organização de um sistema único de saúde no território nacional.
● Histórico:
-1789: Existia apenas 4 médicos no Rio de Janeiro e as assistências à saúde eram feitas por boticários,
jesuítas e pajés.
-1808: A organização da saúde no Brasil foi criada em virtude da vinda da família real de Portugal e
assim, cria-se as duas primeiras escolas de medicina do país- Escola Médico-Cirúrgico de Salvador
(Bahia) e Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro.

-1897/1918: Velha República


*No governo de Rodrigo Alves (século do progresso) ocorreram várias doenças graves (epidemias)
devido à falta de saneamento básico no Rio de Janeiro, como a febre amarela, peste bubônica, varíola,
etc.
*Devido as doenças, os navios não atracavam nos portos brasileiros, gerando problemas econômicos.
*Para resolver a situação, houve a criação da Diretoria Geral de Saúde Pública, e Oswaldo Cruz assume
o departamento (1902/1904). A saúde pública ocupa um espaço central na agenda pública e ocorre a
tentativa de controlar as epidemias com saneamento nos portos e instituindo uma vacinação obrigatória
anti-varíola, pela lei federal n°1261.
*Movimentos Sanitaristas
~1° período- 1903/1909: Foi marcado pela gestão de Oswaldo Cruz para realizar o saneamento urbano
da cidade do RJ e o combate às epidemias.
~2° período- 1910/1920: Tem como característica o saneamento rural, com o combate as endemias
rurais pela iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) de realizar expedições científicas ao interior do
Brasil.

-1918/1930: Saúde Pública


*Ocorre uma epidemia de gripe espanhola que leva a morte do presidente Rodrigo Alves, com isso,
surge a ideia de construir um sistema de saúde pública e em 1930 foi aprovado o Ministério dos
Negócios da Educação e Saúde Pública, pelo decreto n° 19.402 e regulamentado pelo decreto
n°19.560 em 1931 (as ações de saúde são subordinadas ao ministério por meio do departamento
nacional de saúde).
*Com a chegada dos imigrantes europeus, começou-se a discutir sobre um modelo de assistência
médica para a população pobre devido a manifestações e greves dos trabalhadores urbanos. Assim,
surge a Lei Eloy Chaves em 1923 (decreto legislativo), criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões,
marco inicial da Previdência Social no Brasil. Essas instituições eram mantidas por empresas,
trabalhadores e pelo Fundo Sanitário Especial (União). Entre as atribuições, existia assistência médica
aos funcionários e famílias, aposentadorias e pensões.
*Em 1924, o Dr. Geraldo Horácio de Paula Souza apresentou novas metodologias na área da higiene e
da saúde pública, baseadas na profilaxia de doenças infecciosas, na educação sanitária e na formação
de profissionais na área da saúde pública (sanitaristas).

- Década de 30 a 40: Era Vargas (período populista)


*Com a revolução de 1930 e a tomada do poder por Getúlio Vargas, as caixas são substituídas pelos
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que visavam centralizar e uniformizar as estruturas de
saúde. Esses institutos eram dirigidos por entidades sindicais com participação direta do Estado
(modelo privatizante, excludente e instrumento de sustentação política). O primeiro IAP foi o marítimo e
as atribuições eram semelhantes às das caixas.
~Contribuição compulsória obrigatória por parte das empresas e empregados
~Mecanismos de poupança interna
~Prestação de serviços centrados no hospital
~Interesse em compra de serviços privados
~Dinheiro usado para investir na industrialização
~As CAPs (centro de apoio psicossocial) são praticamente extintas
-1940/1960
*Foi criado o SESPE – Serviço Especial de Saúde Pública, que eram expedições para combater
epidemias onde a saúde pública não alcançava. Com isso, os modelos de centro de saúde começam a
ser substituídos pelo hospitalocêntrico, onde as ações eram centradas no médico.
~Pagamento por unidade de serviço
~Excludente
~Clientelismo político
~Direcionado para o complexo médico-industrial
*Getúlio Vargas em 1953, criou o Ministério da Saúde com a lei n°1.920 e regulamentada pelo decreto
n° 34.596, sendo-lhe transferida a responsabilidade de todos os assuntos relacionados à saúde do país
(fortalece as ações em Saúde Pública – medicina preventiva)
*Construção de hospitais pelos IAPs

-1964/1985
*Com o início da ditadura militar no Brasil, as discussões sobre a saúde pública brasileira se basearam
na unificação dos IAPs como forma de tornar o sistema mais abrangente. Essa proposta só se efetivou
em 1966 com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que uniu os institutos de
aposentadoria e pensões, pelo decreto 72 e passou a ser o terceiro orçamento da nação.
~Governo pouco flexível, centralizador e excludente.
*Em 1978 teve a criação do INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social que
fornecia assistência médica individual previdenciária.
*Também teve a criação do SINPAS - Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social, que passa a
reunir todos os órgãos de assistência: INAMPS, INPS e IAPAS (Instituto de Administração Financeira da
Previdência e Assistência Social)
~Houve a agudização da crise política e financeira do sistema: Pela recessão (fim do milagre brasileiro) e
pela luta por democratização do país e pela falência do próprio modelo.
*Movimento pela reforma sanitária (1970): Liderado por profissionais de saúde e intelectuais da área de
saúde coletiva que clamavam, em conjunto com a população, por políticas mais universalistas (Aliados:
lideranças políticas sindicais, populares, parlamentares e técnicos de instituição oficiais de saúde).

-1986/1990: Nova república


*O movimento da reforma sanitária organiza a 8° Conferência Nacional de Saúde em 1986, com ampla
participação da sociedade organizada. A conferência resultou na implantação do Convênio SUDS em
1987 – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, ocorrendo a transferência de recursos aos
estados e municípios que se propusessem a criar conselhos municipais ou estaduais de saúde. Além
disso, desempenhou um importante papel na propagação do movimento da Reforma Sanitária.
*Em 1988 o SUS é aprovado pela Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) pela 8°
Conferência Nacional de Saúde.
~Art.196 – Saúde é um direito universal e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
~Art.198 – Consagra o SUS como formação de rede regionalizada e hierarquizada de saúde
(descentralização, atendimento integral e participação da comunidade).

-SUS: Sistema único de Saúde


*Princípios doutrinários ou finalísticos:
~Universalidade: Acesso em todos os níveis de assistência, independente de sexo, idade, religião, raça,
renda, situação sócio econômica.
~Integralidade: Prevenção, promoção, proteção, tratamento, reabilitação. Que a pessoa seja atendida
como um todo em todas as necessidades.
~Equidade: Tratar as diferenças, com o objetivo de alcançar a igualdade (tratar desigualmente os
desiguais).

*Princípios estratégicos ou organizativos:


~Controle social: Interação com a sociedade.
~Descentralização: Delegar autonomia para que Estados e Municípios formulem e implementem as
respectivas políticas de saúde.
~Hierarquização: Organização dos serviços segundo a complexidade das ações desenvolvidas
~Regionalização: Rede de serviços deve organizar por regiões.

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