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ÍNDICE

RESUMO 1

1. INTRODUÇÃO 2

2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 3-4

2.1 Direito Internacional Privado: Considerações Gerais 4-6

3. O REENVIO: CONSIDERAÇÕES E PRINCIPAIS DISCUSSÕES EM TORNO DO


TEMA 6-8

3.1 O reenvio como problema da interpretação do direito de conflitos 8-9

3.2 Teoria da referência global ou devolucionista 9

3.3 Teoria da referência material ou tese anti-devolucionista 10

3.4 Teoria da devolução simples 11

3.5 Teoria da dupla devolução 11

3.6 Princípios a ter em conta em matéria de reenvio: art. 16º CC 11-12

4. CONCLUSÃO 13

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 14

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RESUMO

O presente trabalho trata sobre o Direito Internacional Privado como ramo do Direito que
estuda e sistematiza as normas, mais especificamente cuidando de analisar o reenvio, sendo
apontado como um instrumento que visa auxiliar na solução dos conflitos de jurisdições
distintas. Contexto em que traremos, portanto, uma discussão mais aprofundada acerca deste dito
meio de solução, dando-se através do Reenvio – instituto do Direito Internacional Privado. No
artigo dissertaremos sobre como este mecanismo foi recepcionado na ordem jurídica brasileira,
após o Decreto Lei 4.657/1942, bem como as críticas e as defesas referentes à sua aplicação. Por
fim, apontaremos a solução mais adequada, a permanência e possibilidade de se utilizar o
reenvio como forma de solução de controvérsias.

Palavras-chave: Direito Internacional Privado. Reenvio. Proibição do Reenvio.

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1. INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho iremos abordar sobre o Reenvio sabendo que o Verificaremos
que a solução mencionada, não se trata de definitiva e sim é uma modalidade em que os casos
são solucionados de forma concreta. Onde existir conflito, a solução é aplicada analisando-se as
peculiaridades do caso concreto.

Traçaremos um estudo conceitual acerca do reenvio, meio pelo qual a solução dos
conflitos concretos pode se dar, contudo salvaguardando os casos em que as fontes internas não
admitam a aplicação deste método de solução. Verificaremos, ainda, fundamentos positivos e
negativos acerca desta modalidade demonstrando que o Estado que veda a pratica de reenvio
possui alguns argumentos que ao nosso sentir não se sobrepõem aos favoráveis.

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1.1 OBJECTIVOS

Este estudo tem como finalidade aprofundar o estudo sobre o Direito Internacional
Privado, demonstrando que este ramo do direito tem o condão de solucionar os conflitos de
normas existentes, e mais especificamente estudando a modalidade de Reenvio, forma de
solucionar estas ditas controvérsias.

 Objectivo Geral: Facilitar a aplicação da própria lei nacional; protecção dos indivíduos;

 Objectivo Específico: Compreender o Pressupostos da verificação do problema da


devolução e do reenvio;

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Reenvio ou Devolução

Dados que, no decorrer dos tempos, todos os ordenamentos estaduais se foram provendo
de regras DIP, e que estas regras, tal como as normas-matérias são diferentes de estado para
estado, pode acontecer que a própria lei designada pelo Estado do foro não se considere aplicável
nos seus preceitos-matérias, mas antes remeta para outra lei; assim como pode acontecer, embora
mais raramente, que nenhuma das lei em contacto com os factos se considere, naquele sentido,
aplicável.

Essa diversidade das Regras de Conflitos de leis dos diferentes sistemas nacionais veio
pôr em cheque o ideal de uniformidade de soluções a que aspira pela sua própria natureza o DIP
ideal que se deveria traduzir na garantia de que uma dada questão viria a ser aprecida por
aplicação das mesma normais matérias , qualquer que fosse o Estado em que viesse a ser julgada.
Foi sobretudo no domínio do estatuto pessoal que mais fundo se cavou o fosso do
desentendimento entre os vários Estado, dado muito de eles seguirem o principio da
nacionalidade.

Vejamos alguns exemplos deste tipo de conflitos de segundo grau, todos referidos ao
estatuto pessoal.

(1) Brasileiro domiciliado em Portugal: a lei portuguesa manda aplicar a lei brasileira (lex
patriae) e esta manda aplicar a lei portuguesa (lex domicili), sem aceitar a competência que esta
lhe devolver ou retorna. (2) Brasileiro domiciliado na Alemanha: a lei portuguesa manda aplicar
a brasileira mas aceitando o retorno que esta lhe faz (3) Brasileiro domiciliado em Itália: como
no caso anterior, só que a lei italiana, mandar aplicar a lei brasileira, não aceita o retorno que só
que a lei italiana, ao mandar aplicar a lei brasileira.

Formas de Devolução segundo a teoria da referência Global

A Devolução integral. A devolução dupla ou foreign court theory, criaçãoda


jurisprudência britânica, acolhe plenamente a ideia que está na base da teoria da referência

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global: o tribunal do Estado do foro deve julgar o caso tal como este seria julgado pelo tribunal
do Estado cuja lei é declarada competente pela regras de conflitos tomados como um todo
incidível.

Retorno de competência à lex fori. Pode ser Retorno Directo quando é a lei designada
pela regra do conflito da lex fori que manda aplicar essa lei ou Retorno Indirecto quando é uma
terceira lei, designada pela regra de conflito da lei primeiramente chamada, que opera o retorno.

Transmissão da competência a uma terceira (ou quarta) lei. Ocorre quando a


devolução é feita a uma terceira (ou quarta) lei não operado qualquer retorno a lex fori.

2.1 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: CONSIDERAÇÕES GERAIS

É importante de façamos primeiro uma distinção entre Direito internacional Público e


Privado:

O Direito Internacional Privado é um conjunto de normas internas de um país que se


prestam para definir qual o direito aplicável a uma relação jurídica que envolve mais de um meio
interjurisdicional, se nacional ou estrangeiro. Aproxima-se mais de uma técnica de aplicação do
direito material que um regramento de condutas. Não se prestam para regulação das relações
jurídicas estabelecidas no plano internacional, isto é, na comunidade internacional. Não são
normas destinadas aos sujeitos de direito internacional.

O Direito Internacional Público é o conjunto de normas que disciplinam as relações


jurídicas que se estabelecem entre os sujeitos de direito internacional. Assim, trata-se de um
conjunto de normas externas ao direito interno de um país e que se prestam à regulação de
relações jurídicas, mas não dos súditos de um Estado, mas dos sujeitos dotados de personalidade
jurídica no plano internacional (SILVA, 2012).

Inúmeras são as concepções sobre o objecto do Direito Internacional Privado, sendo que
a mais ampla, segundo Dolinger (2013) é a concepção francesa que entende abranger a disciplina
quatro matérias distintas: a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, o conflito de leis e
os conflitos de jurisdições. Contudo, há, ainda, uma corrente que adiciona como matéria aqueles
direitos adquiridos na dimensão internacional.

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No que se refere aos conflitos de leis, tem-se que estes resultam das relações humanas, e
estas envolvem dois ou mais sistemas jurídicos cujas normas não coincidem, cabendo determinar
qual norma será aplicada a cada caso.

Conforme dispõe o doutrinador Dolinger, este traçou rumos de uma modificação


existente acerca da concepção de Direito Internacional Privado:

O Direito Internacional Privado não mais se restringe – como se sustentou outrora – a


instituições de direito privado; actua igualmente no campo do direito público: questões fiscais,
financeiras, monetárias, cambiais e administrativas assumem aspectos internacionais e exigem
que se recorra a regras e princípios do Direito Internacional Privado (DOLINGER, 2013, p. 3).

Noutras palavras, as linhas acima transcritas da doutrina de Dolinger, o Direito Internacional


Privado não mais é restrito, a visão deste ramo do Direito foi ampliada.

Ainda neste viés, o mesmo autor destaca:

O Direito Internacional Privado, ao trabalhar com conflitos de leis, inegavelmente o


campo mais amplo e importante de seu objeto, há de criar regras para orientar o Juiz sobre a
escolha da lei a ser aplicada. O conflito entre as legislações permanece, mas a situação concreta é
resolvida mediante aplicação de uma das leis, escolhida e acordo com regras fixadas, seja pelo
legislador, seja pela doutrina, seja pela jurisprudência.

Os conflitos, portanto, não são solucionados pelo Direito Internacional Privado, tão
pouco este ramo possui esta pretensão, o que cabe é estabelecer, no caso concreto, qual a norma
será aplicada, em outras palavras, o conflito permanece, mas no caso concreto será definida qual
norma a ser aplicada.

O que quer se dizer com a afirmação de que os conflitos permanecem, é que não se
chegará a uma solução chave ou um modelo, contudo, por meio do DIP conseguiremos que no
caso concreto seja a matéria controvertida resolvida.

A respeito da ciência do Direito Internacional Privado destacou Dolinger:

[…] a ciência tem como seu principal objeto o conflito das leis, visando estabelecer regras para a
opção dentre as mesmas, é um direito eminentemente nacional, daí ser incorreta a denominação

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“internacional”. E como ciência também estuda os conflitos, interespaciais, não internacionais,
bem como os interpessoais […] (DOLINGER, 2013, p. 7)

Seu objeto[2] é o conflito das leis, visando estabelecer regras para sua solução. Acredita e
defende que seja incorrecta a denominação internacional, haja vista que a solução dá-se em
âmbito nacional. O que é da óptica internacional são as normas que se controvertem[3].

Doutrinadores defendem que a principal fonte do Direito Internacional Privado sejam as


legislações internas de cada sistema jurídico, havendo que destacar uma esfera de
internacionalidade uma vez que regula conflitos de normas de diferentes Estados.

3. O REENVIO: CONSIDERAÇÕES E PRINCIPAIS DISCUSSÕES EM TORNO DO


TEMA

O reenvio como problema da interpretação do direito de conflito Tem-se até aqui


conceito a regra de conflitos como uma norma que essencialmente se destina a resolver
concursos de leis. O pressuposto básico da norma de conflitos é, poís, tanto nas suas origens
históricas como o seu significado actual, a existência de mais do que uma lei que se candidata-ou
concorre à resolução de certa questão priva intercional - e isto directamente, através das suas
normas de regulamentação directa (materiais) ou, quando muito, também através de normas
doutro ordenamento recebidas através de uma norma de remissão material.

Conforme vimos, o Direito Internacional Privado é o ramo do direito privado que se


ocupa a estudar e sistematizar as normas nacionais concernentes a questões individuais ou
empresariais que envolvam indivíduos, empresas, de jurisdições diferentes.

Assim, ocorrendo conflitos de uma determinada matéria, conectadas duas ou mais


jurisdições com leis diferentes, caberá ao Direito Internacional Privado indicar o direito
aplicável, através da legislação interna. Desse modo, havendo a incidência de uma matéria em
conflito, para o Direito Internacional Privado uma das medidas para a solução poderá ocorrer
pelo Reenvio.

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O Reenvio trata-se de um instituto pelo qual uma jurisdição indica a aplicação de normas
jurídicas de outra jurisdição, enquanto a jurisdição receptora pode considerar-se também
incompetente para a matéria em conflito e indicar uma terceira jurisdição ou até mesmo,
devolver ou retornar a matéria a jurisdição remetente. Vejamos outra definição deste instituto
jurídico:

O reenvio é, em Direito internacional privado, um mecanismo de solução aos conflitos


negativos de jurisdição, surgem dois ou mais legislações de diferentes ordenamentos jurídicos
nacionais e que nenhuma delas se atribui concorrência a si mesma para resolver o assunto, senão
que a cada uma delas (as legislações) dá concorrência a uma legislação estrangeira (PORTELA,
2011, p. 487).

Conforme a interpretação dada por Maria Helena Diniz:

[…] o reenvio, retorno ou devolução é o modo de interpretar a norma de direito


internacional privado, mediante a substituição da lei nacional pela estrangeira, desprezando o
elemento conexão apontado pela ordenação nacional, para dar preferência à indicada pelo
ordenamento jurídico (Lei de Introdução ao Código Civil Interpretada, Maria Helena Diniz,
p.415).

“Ocorrerá assim, o Reenvio de primeiro grau quando um país A indicar as normas


jurídicas de um país B, e este país receptor considerar-se incompetente, devolvendo ou
retornando a matéria de conflito ao país A” (DOLINGER, 2013, p. 297).

“Já o Reenvio de segundo grau, ocorre quando o país A indica as normas jurídicas de um
país B, e este país receptor considerando-se incompetente, determina a aplicação de um terceiro
país C” (DOLINGER, 2013, p. 298). Contudo, o instituto do Reenvio somente poderá ser
aplicado se as fontes internas não fizerem proibição do Reenvio.

As controvérsias envolvendo esse tema, são discutidas pela maioria das doutrinas dentro
do Direito Internacional Privado, havendo assim fundamentação positiva (que são a favor do
instituto do Reenvio) e negativa (que são contra).

Sendo assim, abordaremos agora quais são os argumentos positivos e negativos em torno desse
instituto:

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Fundamentos Positivos: Parte da doutrina acredita que o Reenvio deve ser aceito, pois,
quando um país atende as regras de Direito Internacional Privado de outro país, eles não estão
renunciando a sua soberania e não decorre apenas de uma “cortesia internacional”, isso é apenas
um reconhecimento de que a lei do outro país estrangeiro é mais adequada, fundamentada para se
aplicar no caso em questão.

Fundamentos Negativos: Parte da doutrina acredita que aceitar o Reenvio é renunciar a


soberania do país, pois estaria aplicando uma regra com carácter divergente da nacional. E
quanto à aceitação do Reenvio por “cortesia internacional”, seria um desprezo as regras do país.
Outro fundamento negativo seria a forma na qual o juiz natural aplicaria uma lei estrangeira, pois
traria divergência devido o não conhecimento da lei pelo juiz. Podendo ate mesmo buscar
normas que não foram àquelas indicadas a ser aplicadas.

Conforme os fundamentos acima descriminados, percebemos que os fundamentos


positivos se sobrepõem, ao nosso sentir, sobre os fundamentos negativos, admitimos a
essencialidade e importância do reenvio como forma de solução de conflitos de normas.

3.1 O reenvio como problema da interpretação do direito de conflitos

Tem-se até aqui concebido a regra de conflitos como uma norma que essencialmente se
destina a resolver concursos de leis. O pressuposto básico da norma de conflitos é, pois, tanto nas
suas origens históricas como o seu significado actual, a existência de mais que uma lei que se
candidata ou concorre à resolução de certa questão privada internacional – e isto directamente,
através das suas normas de regulamentação directa (materiais) ou, quando muito, também através
de normas doutro ordenamento recebidas através de uma norma de remissão material.

Essa diversidade das regras de conflito de leis dos diferentes sistemas nacionais veio pôr
em cheque o ideal de uniformidade de soluções a que aspira pela sua própria natureza o Direito
Internacional Privado – ideal que se deveria traduzir na garantia de uma dada questão viria a ser
apreciada por aplicação das mesmas normas materiais, qualquer que fosse o Estado em que
viesse a ser julgada.

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O problema é posto na doutrina em termos de saber qual o sentido da referência feita pela
regra de conflitos à lei por ela designada: trata-se de uma referência material ou duma referência
global? Por outras palavras: pergunta-se se, com a designação da lei aplicável feita pela regra de
conflitos, se pretende escolher directamente as normas materiais que devem regular a questão, ou
se se pretende, antes, determinar essas normas indirectamente, mediante uma referência à lei que
abranja também as normas de Direito Internacional Privado desta lei. Responde no primeiro
sentido a teoria da referência material, e no segundo, a tese da referência global.

3.2 Teoria da referência global ou devolucionista

A favor desta teoria alegaram-se fundamentalmente duas razões. A primeira é a de que a


norma material estrangeira não pode ser aplicada abstraindo da regra do Direito Internacional
Privado que, na lei a que pertence, lhe define o âmbito de aplicação no espaço: aplicá-la noutros
termos para desvirtuá-la. A regra de conflitos constitui elemento integrante da hipótese da norma
material, forma com ela, um todo incidível. Aplicar esta sem atender àquela não seria aplicar a
lei estrangeira seria, antes, ir contra a vontade dessa lei.

A segunda razão alegada a favor da mesma tese é a de que o entendimento por ela
propugnado da referência global conduz à harmonia jurídica entre leis que têm normas de
conflitos divergentes. Esta teoria significa que a ordem jurídica tem que ser vista como um todo,
logo a referência feita pela norma de conflitos portuguesa irá chamar o Direito Internacional
Privado da outra ordem jurídica e esta considerar-se-á ou não competente.

A teoria do reenvio ou devolução tem sido praticada pelos tribunais europeus sob duas
formas: sob a forma de devolução simples e na modalidade de devolução dupla ou integral. Fala-
se em devolução simples quando o ponto de vista da referência global se aplica só no momento
da partida, isto é, à designação feita pela regra de conflitos do foro à lei para que inicialmente
remete; mas já não se aplica nos momentos subsequentes – designadamente, já não se aplica à
regra de conflitos estrangeira que devolve a competência à lei do foro. Pelo contrário
a devolução dupla acolhe plenamente a ideia que está na base da teoria da referência global: o
tribunal do Estado do foro deve julgar o caso tal como este seria julgado pelo tribunal do Estado
cuja lei é declarada competente pela regra de conflitos da lex fori.

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3.3 Teoria da referência material ou tese anti-devolucionista

A referência feita pela lei do foro (L1) ao ordenamento jurídico em causa (L2) abrangeria
somente as normas materiais desse ordenamento, não se admitindo sequer existência de normas
de Direito Internacional Privado. Fundamentos desta tese: Era necessário uma lógica na remissão
da referência directa ao direito material interno: crítica, não se pode basear uma teoria num
fundamento lógico porque a índole remissiva das normas de conflito terá que ser resolvida pelos
princípios objectivos a prosseguir pelas principais normas de conflito; por outro lado, é também
negar a principal estrutura das normas de conflito gerando assim lacunas.

Respeitar a vontade soberana do legislador nacional: aceitar a tese da referência global,


isto é, das normas de conflito noutro ordenamento, aqui valeria a prescindir dos elementos de
conexão. A doutrina clássica entendia que a aceitação de um Direito Internacional Privado
em L2 equivaleria a negar o nosso Direito Internacional Privado. Crítica, é uma visão que aceita
uma apresentaçãoconceitualista e o facto de aceitarmos outros Direitos Internacionais Privados
não significa que devemos negar o nosso Direito Internacional Privado.

Atende-se à vontade histórica das leis (das normas de conflito): as normas de conflito
surgiram primeiramente como norma de referência material. Crítica, se o entendimento doutrinal
na feitura das normas de conflito foi só o entendimento de natureza material não significa que
não possa ter havido um progresso no Direito Internacional Privado com aparição das normas de
conflito.

Dificuldade de actuação prática da devolução: pode suscitar-se dificuldades gerais de


conhecimento e aplicação do Direito Internacional Privado estrangeiro, por ex., L2, pode não
aceitar competência para resolver a questão por existir no seu Direito Internacional Privado uma
norma semelhante ao art. 22º CC (reserva da ordem pública).

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3.4 Teoria da devolução simples

Preconizam a aceitabilidade da referência material como primeira referência, mas com


um limite que é o segundo momento, que é o da referência material. L1 remete para L2, sendo
uma devolução simples esta é obrigada a aceitar.

L2 devolve para L1. L1 devolve logo para o direito material interno de L2 que é obrigado
a aceitar. O art. 17º CC é o princípio geral.

3.5 Teoria da dupla devolução

Por via da qual as normas de conflito remetem para a ordem jurídica estrangeira
mas L1 deverá regular a questão como ela seria julgada em qualquer outro ordenamento. A teoria
da referência global pode funcionar com limites, este é na segunda referência existir
necessariamente uma referência material.

3.6 Princípios a ter em conta em matéria de reenvio: art. 16º CC

As regras de conflito, na construção do Direito Internacional Privado situam-se num


segundo plano, num plano subordinado. O plano superior ou primário é constituído por dois
princípios, o da estabilidade e o da uniformidade de que as regras de conflitos não apresentam a
directa expressão pois estas são antes simples critérios de resolução de concursos.

Afasta-se, em tese geral, a doutrina da devolução ou do reenvio, aceitando-se como regra


o princípio da simples remissão da norma de conflitos para a lei interna, em conformidade com a
chamada teoria da referência material. Quando a norma de conflitos portuguesa fixar a
competência de uma lei estrangeira, entende-se aplicável a lei interna estrangeira reguladora da
relação jurídica, e não a lei internacional (norma de conflitos) se, porventura remeter para outro
sistema legislativo. Este, em princípio, não é considerado pela regra de conflitos da lei
portuguesa. Sobre o art. 16º CC há que fazer duas observações:

A primeira é que, embora a atitude nele definida corresponda à que é própria da teoria da
referência material, não se crê que tal texto possa ser interpretado como impondo uma certa
concepção de fundo quanto ao sentido da referência de toda e qualquer norma de conflitos. A sua
função não é doutrinal, mas prático-regulamentadora: verificada a inexequibilidade da devolução

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como regra geral e verificado também que a sua utilização em certos casos permite obter
resultados valiosos, revela-se praticamente aconselhável partir da regra da sua não
admissibilidade, estabelecendo de seguida os desvios que esta regra comporta.

A segunda observação a fazer é que, mesmo que porventura de devesse entender como
princípio a regra do art. 16º CC certas soluções a que se chegaria através do reenvio poderiam
ainda ser alcançadas por outros meios, como o princípio da favor negotti ou do respeito dos
direitos adquiridos, pelo que aquele texto não obstaria a tais soluções, quando devidamente
fundamentadas.

Os princípios mais altos do Direito Internacional Privado são princípios que exprimem
uma justiça puramente formal, uma justiça unicamente atenta aos valores da certeza do direito e
da segurança jurídica.

A regra, neste preceito consagrada de que a referência da norma de conflitos portuguesa à


lei estrangeira determina apenas na falta de preceito em contrário, a aplicação do direito interno
dessa lei, obtém duas excepções, os arts. 17º/1 e 18º/1 CC.

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4. CONCLUSÃO

Concluímos com este trabalho que inúmeras são as concepções sobre o objecto do Direito
Internacional Privado, sendo a francesa a mais completa, e que este ramo da ciência jurídica não
tem o condão solucionar conflitos, mas sim dar no caso concreto qual a norma deva ser aplicada
àquela situação. Havendo situações que fazem com que surja a possibilidade de aplicação de
mais de um ornamento jurídico, de Estados diferentes, ordenamento jurídicos que nesse
momento chegaram a um conflito e que tem que ser solucionado.

Já o Reenvio trata-se de um instituto pelo qual uma jurisdição indica a aplicação de


normas jurídicas de outra jurisdição. Havendo controvérsias quando seu carácter positivo ou
negativo de aplicabilidade. Após a promulgação do Decreto 4.657/1942, criou-se uma proibição
ao Reenvio, permitindo apenas o Reenvio de 2º grau, conforme salientado acima. No mais, insta
salientar que o Reenvio, recepcionado por vários doutrinadores com críticas, e artigos em defesa
a manutenção do reenvio como possibilidade de solucionar controvérsias.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

Albano Pedro, Advogado e Professor de Direito, Curso de Direito Internacional Prviado.

BASSO, Maristela. Curso de Direito Internacional Privado. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

Decreto-Lei n.º 4.657, de 4 de setembro de 1942. Palácio do Planalto. Presidência da República.


Disponível em:. Acesso em: 23 out. 2016.

DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado. 5. Ed. Rio de Janeiro: Editora Atualizada,
2013. 479 p.

DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado: parte geral. 11. Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 3. Ed. Salvador:
Editora JusPodivm, 2011. 919 p.

SILVA, Márcio Candido da. Manual de Direito Internacional Privado. 2012. Disponível em:.
Acesso em: 23 out. 2016.

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