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Aula VI

(OBS: TRATA-SE DE SIMPLES MATERIAL DE APOIO, QUE NÃO ESGOSTA A


MATÉRIA E NÃO DISPENSA ANOTAÇÕES EM SALA DE AULA, SENDO
IMPRESCINDÍVEL A LEITURA DO CÓDIGO CIVIL, DA DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA.)

Professora Christiane C. Marcellos


(PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO)

RECOMENDAÇÃO DE LEITURA - DOUTRINA


GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: obrigações.
25. ed. rev. ampl. São Paulo: Saraiva, 2023. v. 2. (e-book - Minha Biblioteca)
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 20. ed. São
Paulo: Saraiva, 2023. v. 2. (e-book - Minha Biblioteca)
VENOSA, S. de S. Direito Civil: obrigações e responsabilidade civil. 23. ed. Grupo
GEN, 2023. (e-book - Minha Biblioteca)

DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS


OBRIGAÇÕES
(CONTINUAÇÃO)

1. Do pagamento em consignação.
2. Do pagamento com sub-rogação.
3. Da imputação do Pagamento.
4. Da dação em pagamento.
5. Da novação.
6. Da compensação.
7. Da confusão.
8. Da remissão das dívidas.

Pagamentos especiais: Dos elencados acima, a consignação em pagamento, o


pagamento com sub-rogação, a imputação do pagamento e a dação em pagamento são
chamados de pagamentos especiais. A consignação em pagamento é ainda chamada de
pagamento indireto, pois o pagamento é feito mediante depósito bancário ou judicial,
não direitamente ao credor.

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1. DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO – ART. 334
CONCEITO: “O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da
coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação.”1

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial


ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
NATUREZA JURÍDICA:
*Híbrida ou mista: instituto de direito material (O Código Civil, arts. 334 a 345,
disciplina os fatos que autorizam a consignação) e processual ( O Código de Processo
Civil, arts. 539 a 549, disciplina o modo) .

OBJETO DA CONSIGNAÇÃO
“Coisa devida”: depósito não só do dinheiro, mas também de bens móveis ou imóveis.
Ex: depósito de imóvel em que se deposita simbolicamente as chaves.

DEPÓSITO EM ESTABELECIMENTO BANCÁRIO (Lei 8951/94)


Depósito bancário: esta regulamentado no artigo 539 do CPC, sendo:
Art. 539 Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito
de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10
(dez) dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário,
poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a
inicial com a prova do depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.

HIPÓTESES QUE AUTORIZAM O PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO


FIXADAS NO CODIGO CIVIL
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

1
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 2. 7ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2010.

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Vejamos:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma:
*Para evitar a mora, o devedor deverá valer-se da consignação.
* divida portable, onde incumbe ao devedor efetuar o pagamento no domicílio do
credor.
*autor (devedor): cabe provar a efetiva entrega e a recusa injusta do credor.
* réu (credor): Cabe a prova de que a recusa foi justa.
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos:
*regra: a dívida é quesível (cabe ao credor buscar o pagamento do domicílio do
credor), salvo disposição em contrário.
*Se o credor não for, nem mandar receber a coisa nos termos convencionados, faz-se
necessária a consignação.

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou


residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil:
* devedor não consegue localizar o credor, seja por estar em lugar incerto ou por
encontrar-se ausente, como também residir em local de acesso perigoso ou difícil.
*Se o credor for incapaz, o devedor deverá efetuar o pagamento ao seu representante.
Se não tiver representante ou, por qualquer motivo , o pagamento não possa ser
efetuado ao representante, deverá o devedor valer-se da consignação.

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do


pagamento:
*Se houver dúvida quanto ao titular do crédito, deverá o devedor valer-se da
consignação.

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento: Pode ocorrer, ainda, que sobre o
objeto do pagamento penda litígio, onde uma terceira pessoa esteja disputando em
juízo com o credor o objeto do pagamento. Neste caso, o devedor deve consignar
judicialmente, para ser levantado pelo vencedor da demanda.

REQUISITOS DE VALIDADE DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem
os quais não é válido o pagamento.

*quanto às pessoas: deve ser feito pelo devedor capaz ao verdadeiro credor (ou seu
representante, ambos capazes);
*Tem legitimidade ativa (autor) para propor a ação -o devedor
* Tem legitimidade passiva (réu) - o credor
* quanto ao objeto: o depósito deve ser integral, pois o credor não é obrigado a receber
menos;
*quanto ao modo: permanece o que foi convencionado. Ex. Se o pagamento era para
ser à vista, a consignação deve ser à vista.
*quanto ao tempo: permanece o que foi convencionado, sendo vedada antes de vencida
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a dívida, salvo se convencionado.

LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO:

1ª- Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.

2ª : Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,


embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

3ª : Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,


aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam
com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e
fiadores que não tenham anuído.

DESPESAS DA CONSIGNAÇÃO

*Se julgada procedente a consignação: o credor responderá pelas despesas;


*Se julgada improcedente a consignação: o devedor responderá pelas despesas;
Ou seja, quem perde a demanda arca com as despesas.

Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à


conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

Art. 546 do Novo CPC. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a
obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

PRESTAÇÕES SUCESSIVAS
Segundo o artigo 541 do Novo CPC: Tratando-se de prestações sucessivas,
consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e
sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco)
dias contados da data do respectivo vencimento.

2. DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO – ART. 346


CONCEITO:
*Palavra: vem do latim subrogo, as, avi, atum, are, que significa sub-rogar, substituir
uma coisa no lugar da outra (sub-rogação real) ou uma pessoa no lugar da outra (sub-
rogação pessoal). O Código Civil trata desta segunda espécie.

*Na sub-rogação o pagamento faz nascer uma alteração subjetiva da obrigação, onde
muda o credor. Constitui uma exceção a regra de que o pagamento extingue a
obrigação, pois na sub-rogação não ocorre a extinção da obrigação, apenas a alteração
subjetiva.

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* Existem duas espécies de sub-rogação: a legal (pela vontade da lei) e a convencional
(pela vontade das partes).

*SUB-ROGAÇÃO LEGAL
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.

Ocorre independente da vontade das partes, em proveito daqueles que a lei determinou,
conforme art. 346:
I – em favor do credor que paga a dívida do devedor comum. É o caso de um devedor
que tem mais de 2 (dois) credores, pode um deles pagar a divida para o outro e sub-
rogar-se em seus direitos, assim o devedor ficará com apenas um credor.
Ex. Devedor deve para Credor 1 e Credor 2. O credor 1 paga a dívida do devedor para
o credor 2, ficando como credor único.
II – em favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário,
bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel; Exemplo: “Pode, eventualmente, alguém adquirir imóvel hipotecado, porque
faltam poucas prestações a serem pagas ao credor, pelo alienante. Se este, no entanto,
deixa de pagá-las, pode o adquirente efetuar o pagamento, para evitar a excussão do
imóvel hipotecado, sub-rogando-se nos direitos daquele.2”

III – em favor do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte: É o caso de devedor solidário que paga a dívida toda;
do fiador que paga a dívida do afiançado; se duas pessoas se obrigam a entregar a
outra um bem indivisível, se uma delas o fizer, ficará sub-rogada nos direitos do
credor, para receber o correspondente a sua cota parte.

*SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL

Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe
transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a
dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do
credor satisfeito.

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos


os seus direitos. Ex. cessão de crédito.
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,
2
Carlos Roberto Gonçalves, obra citada.

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sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor
satisfeito:

3. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO – ART. 352


IMPUTAÇÃO: A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos. (art. 352)

ESPÉCIES DE IMPUTAÇÃO
São 3 as espécies de imputação de pagamento:
a) Por indicação do devedor;
b) Por vontade do credor;
c) Em virtude de lei;

a)Imputação por indicação do devedor:


Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
Imputação por indicação ou vontade do devedor: é regra prevista no art. 352.

b)Imputação por vontade do credor:


Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência ou dolo.
Se o devedor não declarar em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o
pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a
imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.

c)Imputação em virtude de lei:


Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa
quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar.
Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á
na mais onerosa.
Ausência de imputação pelo devedor e credor: esta se fará de acordo com a lei, vale
dizer que, nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas
líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
Critérios legais:
a) Havendo capital e juros, a imputação far-se-á primeiro nos juros vencidos (art.
354)
b) Entre dívidas vencidas e não vencidas: a imputação far-se-á nas vencidas;
c) Se algumas forem líquidas e outras ilíquidas, a imputação far-se-á nas líquidas,
por ordem de vencimento;
d) Se todas forem líquidas vencidas ao mesmo tempo: considera-se paga a mais
onerosa ( que rende mais juros)

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4. DA DAÇÃO EM PAGAMENTO – ART. 356
CONCEITO: na dação em pagamento o devedor entrega prestação diversa da que foi
convencionada e o credor aceita.
* Meio de extinção da obrigação,
Regra: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
Caso aceite, chama-se dação em pagamento: Art. 356. O credor pode consentir em
receber prestação diversa da que lhe é devida.
Exemplos:
“A” obrigou-se a entregar a “B” 1.000 reais, no momento de pagar, “A” propôs a
entrega de um computador e “B” aceitou.

*ELEMENTOS:
a) existência de uma dívida (vencida, pois só assim é exigida);
b) concordância do credor – lembrando que o credor não é obrigado a aceitar coisa
diversa, cf. art. 313; c) diversidade da prestação oferecida.

REGRAS DA DAÇÃO:

Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as


partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
- Se o objeto da dação for bens móveis e imóveis: Segue o contrato de compra e venda,
ou seja, se a dação for de bens móveis, basta a entrega da coisa para se aperfeiçoar
(tradição); se de bens imóveis, faz-se necessário o registro do título aquisitivo no
Cartório de Registro de Imóveis do local do imóvel.

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-


se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os
direitos de terceiros.
Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por
causa jurídica preexistente ao contrato.Ou seja, se o credor perdeu a coisa para terceiro,
pois quem transferiu não era o dono, restabelece-se a obrigação primitiva.

Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência


importará em cessão.
- Se o objeto da dação for título de crédito: Neste caso, nos termos do artigo 290 do
CC, o devedor deverá ser notificado, ficando o cedente responsável pela existência
do crédito transmitido (cf. art. 295) . Na verdade, haverá um cessão de crédito, e não
propriamente uma dação.

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5. NOVAÇÃO - ART. 360
CONCEITO:
Na novação, a obrigação nova substitui e extingue a primitiva.

a) existência de uma obrigação anterior;


REQUISITOS b) constituição de nova obrigação ( que pode ser obrigação de dar -
coisa ou dinheiro, fazer ou não fazer);
c) animus novandi , que é a intenção de novar, na dúvida não se
presume; caso não seja expressa, deve ser clara e inequívoca.
Obs: sem intenção haveria cumulação das obrigações, mero reforço da primeira
pela segunda. Ex: vendedor e comprador modificam objeto, substitui um apto. por
um terreno, mas todas as demais cláusulas permanecem. Não há, portanto, animus
novandi.

Ativa(credor, art.360,III)Ex:A deve p/ B 100 (titulo primitivo)/ Novo: A deve C 100


a) Subjetiva
Por expromissão: sem o consentimento devedor
Passiva (devedor, art. 360,II) Ex. M deve p/ B 100
Por delegação: com o consentimento devedor
Ambos: (credor e devedor) Ex. M deve p/ C 100
OBS: é diferente da cessão de crédito/débito, pois nesta a obrigação é a mesma, não é extinta e
substituída por outra, como ocorre na novação.
OBS: Em caso de insolvência do devedor não há direito de regresso contra o devedor primitivo, salvo
comprovada má-fé deste.

Espécies b) Objetiva: ocorre a alteração do objeto da prestação jurídica (art. 360,I)


Titulo primitivo: A deve B p/ 100 reais
Título novo: A deve p/ B uma prestação de serviço
OBS: Na dação em pagamento a obrigação é a mesma, só muda a prestação. Na novação objetiva
ocorre a quitação da primeira (primitiva), que é substituída pela segunda, com prestação diversa.

c) Mista: é a fusão das duas (subjetiva + objetiva)


Ex: Filho paga a dívida do pai, em dinheiro (muda devedor), por prestação de serviços (muda
objeto).
OBS 1. A obrigação nova substitui e extingue a primitiva;
gerais: 2. Regra: A substituição acarreta a extinção dos acessórios e garantias da dívida (penhor,
hipoteca), salvo convenção em contrário. Se a novação foi feita sem o consenso do fiador
com o devedor principal, o fiador fica exonerado.

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6. COMPENSAÇÃO – ART. 368
CONCEITO: Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra,
as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. (Art. 368)
Exemplo: compensação parcial
DEVEDOR CREDOR DÍVIDA
A B R$ 2000,00
B A R$ 1500,00
A B R$ 500,00
Exemplo: compensação total
DEVEDOR CREDOR DÍVIDA
A B R$ 2000,00
B A R$ 2000,00

ESPÉCIES:

a) Legal: decorre da lei, vale dizer que se opera automaticamente, no mesmo


instante em que o segundo crédito é constituído, extinguem-se as duas
dívidas.O Juiz apenas reconhece, declara sua configuração, desde que
preenchidos os requisitos legais.

b) Convencional: basta a vontade das partes, ocorre quando não se enquadra na


compensação legal. As partes acordam entre si, não sendo exigindo alguns de
seus requisitos, como a natureza e a liquidez. Assim, devida iliquida pode
compensar com liquida, divida vencida com não vencida, dinheiro com dívida
de um bem qualquer. Embora prevaleça a autonomia da vontade,esta possui
limites, como a boa-fé, moral, bons costumes, finalidade econômica e social,
proibição da lei.

c) Judicial: é determinada pelo juiz, quando presentes os pressupostos legais,


conforme artigo 343 do CPC; Normalmente ocorre em quando a ação e a
reconvenção são julgadas procedentes. Assim, se o autor cobra do réu 1000 e o
réu em reconvenção também 1000, sendo ambas procedentes, o juiz fará a
compensação.

REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO LEGAL:

a) reciprocidade das obrigações, as partes devem ser ao mesmo tempo credor e


devedor, exceto para o fiador: ex. A deve para B e B deve para A. Já o fiador
(terceiro interessado) pode compensar, o que constitui exceção a regra da
reciprocidade.
O fiador, portanto, pode alegar, em seu favor, a compensação que o devedor
(afiançado) poderia alegar perante o credor.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas
o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Ex. de compensação do fiador
A é credor de B de 5 mil reais
B é credor de A de 5 mil reais.
A executa o fiador C

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Se o fiador fosse credor de 5 mil do credor A, poderia compensar, ficando assim:
A executa o fiador C
C é credor de A
Como compensa com crédito próprio, tem o fiado assegurado o direito de regrasso
contra o devedor.

b) liquidez e exigibilidade das dívidas: Dívida liquida é aquela cujo valor encontra-se
determinado (expressão numérica indicada); vencidas são as dívidas que não foram
pagas em seu vencimento. Ou seja, não se pode compensar dívida vencida com não
vencida, pois esta última não pode ser exigida, somente é admissível na convencional.
Tampouco dívidas ilíquidas, como as decorrentes de perdas e danos, quando ainda não
possuem expressão numérica.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.

c) fungibilidade das prestações; ambas devem ser fungíveis, ou seja, da mesma


natureza (podem ser substituídas por outra da mesma espécie, quantidade e qualidade.
Ex: não pode compensar sacas de café com sacas de feijão. O gênero e qualidade devem ser os mesmos,
só pode variar na quantidade. Na convencional não há esta exigência.
Pode compensar cão de raça x com cão de ração X, dinheiro com dinheiro (fungíveis entre si)
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando
especificada no contrato.

DÍVIDAS NÃO COMPENSÁVEIS

Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

Ex. de causas diferentes que podem ser compensadas: A deve para B dívida 100 reais
decorrente da compra de um relógio. B deve para A 100 reais, decorrentes de um
empréstimo.

São casos em que a lei proíbe: (art. 373)


I - se provier de esbulho, furto ou roubo; (para evitar ato ilícito)
Ex.
A é credor de B no valor de 5 mil reais.
Para receber o crédito, A furta ou rouba B.
B processa pedindo a devolução do valor
A alegar compensação. (vedado)

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; (as coisas originárias de


comodato e depósito devem ser restituídas; os alimentos são necessários a existência,
por isso não podem ser compensados)
Ex.
A empresta sua casa da praia para B.
B não devolve, alegando compensação de 200 mil. (vedado)

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III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. (os bens impenhoráveis estão
descritos no artigo 833 do CPC. Ex: os móveis, pertences e utilidades domésticas que
guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; os vestuários, bem
como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
Ex. não se compensa o crédito proveniente de salário com dívida diversa.

Cláusula excludente de compensação e possibilidade de renúncia à compensação


Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem,
ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
A proibição pode ser convencional:
a) As próprias partes podem convencionar que a compensação fica proibida (art.
375, 1ª parte)
b) Quando há renúncia unilateral (art. 375, 2ª parte), ou seja, uma das partes abre
mão do direito de eventual compensação.
OBS: doutrina diverge quanto a compensação legal, em especial em processo judicial,
pois a compensação legal envolve matéria de ordem pública, não tendo validade a
vedação convencional e a renúncia (Tartuce)

Reciprocidade entre as dívidas, exceto para o caso do fiador (art. 371)


Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a
que o credor dele lhe dever.

Compensação na cessão de crédito


Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros
dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão
teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá
opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.

Desconto das despesas


Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem
compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Segundo o art.378, Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, pode
gerar despesas como transporte, por exemplo, acarretando prejuízos, por isso surge o
dever de indenizar.

Várias dívidas compensáveis: segue regras da imputação do pagamento, assim


caberá:
1º devedor
2º credor
3º lei

Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do
pagamento.

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Compensação não pode ocorrer em prejuízo de terceiros
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor
que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor
ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.
Ex.
A é credor de B – 5 mil
B, posteriormente, se tornou credor de A – 5 mil
Antes de o crédito de B perante A tornar-se exigível, C penhorou o crédito de A.
B não pode compensar com C o crédito que teria perante A.

7. CONFUSÃO – ART. 381


CONCEITO: é “a união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e de devedor, o
que imobiliza quanto à exigência do crédito, pois teria de exigi-lo de si própria”. 3
Ex: filho deve para o pai e este falece. Com o falecimento, o filho passa a condição de herdeiro, assim
cessa o dever de pagar, pois não pode ser credor de si mesmo.
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as
qualidades de credor e devedor.
ESPÉCIES:
a) Total: se ocorrer sobre a dívida toda;
b) Parcial: se ocorrer apenas sobre parte do débito ou crédito;
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte
dela.
RESTABELECIMENTO DA OBRIGAÇÃO: Em determinados casos a confusão não
acarreta a extinção da obrigação, como ocorre, por exemplo, na sucessão provisória,
quando o ausente aparece vivo.
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.

8.DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS – ART. 385

CONCEITO: é o perdão da dívida. Remissão vem do verbo remitir, que significa


perdoar.

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro.

ESPÉCIES:
a) Total ou parcial: A remissão a co-devedor já foi estudado por ocasião da
solidariedade passiva, conforme 277 e 282, que é reproduzido no art. 388:
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a

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Azevedo, Álvaro Villaça. Teoria geral das obrigações e responsabilidade civil. 11ed., São
Paulo:Atlas,2008.

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ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra
os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
b) Expressa ( por instrumento público ou particular, inter vivos ou causa mortis)
ou tácita (resulta do comportamento do credor, como a devolução do título ao
devedor)
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito
particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz
de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

REMISSÃO À GARANTIA: se alguém que recebeu um objeto como garantia


(bem móvel, por ex.) resolve restituir espontaneamente, não significa remissão da
dívida, mas apenas renúncia da garantia
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do
credor à garantia real, não a extinção da dívida.

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