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Aula VI_2026_pagamento em consignação e outros
Aula VI_2026_pagamento em consignação e outros
1. Do pagamento em consignação.
2. Do pagamento com sub-rogação.
3. Da imputação do Pagamento.
4. Da dação em pagamento.
5. Da novação.
6. Da compensação.
7. Da confusão.
8. Da remissão das dívidas.
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1. DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO – ART. 334
CONCEITO: “O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da
coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação.”1
OBJETO DA CONSIGNAÇÃO
“Coisa devida”: depósito não só do dinheiro, mas também de bens móveis ou imóveis.
Ex: depósito de imóvel em que se deposita simbolicamente as chaves.
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Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 2. 7ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2010.
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Vejamos:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma:
*Para evitar a mora, o devedor deverá valer-se da consignação.
* divida portable, onde incumbe ao devedor efetuar o pagamento no domicílio do
credor.
*autor (devedor): cabe provar a efetiva entrega e a recusa injusta do credor.
* réu (credor): Cabe a prova de que a recusa foi justa.
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos:
*regra: a dívida é quesível (cabe ao credor buscar o pagamento do domicílio do
credor), salvo disposição em contrário.
*Se o credor não for, nem mandar receber a coisa nos termos convencionados, faz-se
necessária a consignação.
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento: Pode ocorrer, ainda, que sobre o
objeto do pagamento penda litígio, onde uma terceira pessoa esteja disputando em
juízo com o credor o objeto do pagamento. Neste caso, o devedor deve consignar
judicialmente, para ser levantado pelo vencedor da demanda.
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem
os quais não é válido o pagamento.
*quanto às pessoas: deve ser feito pelo devedor capaz ao verdadeiro credor (ou seu
representante, ambos capazes);
*Tem legitimidade ativa (autor) para propor a ação -o devedor
* Tem legitimidade passiva (réu) - o credor
* quanto ao objeto: o depósito deve ser integral, pois o credor não é obrigado a receber
menos;
*quanto ao modo: permanece o que foi convencionado. Ex. Se o pagamento era para
ser à vista, a consignação deve ser à vista.
*quanto ao tempo: permanece o que foi convencionado, sendo vedada antes de vencida
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a dívida, salvo se convencionado.
LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO:
1ª- Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
DESPESAS DA CONSIGNAÇÃO
Art. 546 do Novo CPC. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a
obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
PRESTAÇÕES SUCESSIVAS
Segundo o artigo 541 do Novo CPC: Tratando-se de prestações sucessivas,
consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e
sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco)
dias contados da data do respectivo vencimento.
*Na sub-rogação o pagamento faz nascer uma alteração subjetiva da obrigação, onde
muda o credor. Constitui uma exceção a regra de que o pagamento extingue a
obrigação, pois na sub-rogação não ocorre a extinção da obrigação, apenas a alteração
subjetiva.
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* Existem duas espécies de sub-rogação: a legal (pela vontade da lei) e a convencional
(pela vontade das partes).
*SUB-ROGAÇÃO LEGAL
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem
como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.
Ocorre independente da vontade das partes, em proveito daqueles que a lei determinou,
conforme art. 346:
I – em favor do credor que paga a dívida do devedor comum. É o caso de um devedor
que tem mais de 2 (dois) credores, pode um deles pagar a divida para o outro e sub-
rogar-se em seus direitos, assim o devedor ficará com apenas um credor.
Ex. Devedor deve para Credor 1 e Credor 2. O credor 1 paga a dívida do devedor para
o credor 2, ficando como credor único.
II – em favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário,
bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel; Exemplo: “Pode, eventualmente, alguém adquirir imóvel hipotecado, porque
faltam poucas prestações a serem pagas ao credor, pelo alienante. Se este, no entanto,
deixa de pagá-las, pode o adquirente efetuar o pagamento, para evitar a excussão do
imóvel hipotecado, sub-rogando-se nos direitos daquele.2”
III – em favor do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte: É o caso de devedor solidário que paga a dívida toda;
do fiador que paga a dívida do afiançado; se duas pessoas se obrigam a entregar a
outra um bem indivisível, se uma delas o fizer, ficará sub-rogada nos direitos do
credor, para receber o correspondente a sua cota parte.
*SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL
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sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor
satisfeito:
ESPÉCIES DE IMPUTAÇÃO
São 3 as espécies de imputação de pagamento:
a) Por indicação do devedor;
b) Por vontade do credor;
c) Em virtude de lei;
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4. DA DAÇÃO EM PAGAMENTO – ART. 356
CONCEITO: na dação em pagamento o devedor entrega prestação diversa da que foi
convencionada e o credor aceita.
* Meio de extinção da obrigação,
Regra: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
Caso aceite, chama-se dação em pagamento: Art. 356. O credor pode consentir em
receber prestação diversa da que lhe é devida.
Exemplos:
“A” obrigou-se a entregar a “B” 1.000 reais, no momento de pagar, “A” propôs a
entrega de um computador e “B” aceitou.
*ELEMENTOS:
a) existência de uma dívida (vencida, pois só assim é exigida);
b) concordância do credor – lembrando que o credor não é obrigado a aceitar coisa
diversa, cf. art. 313; c) diversidade da prestação oferecida.
REGRAS DA DAÇÃO:
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5. NOVAÇÃO - ART. 360
CONCEITO:
Na novação, a obrigação nova substitui e extingue a primitiva.
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6. COMPENSAÇÃO – ART. 368
CONCEITO: Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra,
as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. (Art. 368)
Exemplo: compensação parcial
DEVEDOR CREDOR DÍVIDA
A B R$ 2000,00
B A R$ 1500,00
A B R$ 500,00
Exemplo: compensação total
DEVEDOR CREDOR DÍVIDA
A B R$ 2000,00
B A R$ 2000,00
ESPÉCIES:
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Se o fiador fosse credor de 5 mil do credor A, poderia compensar, ficando assim:
A executa o fiador C
C é credor de A
Como compensa com crédito próprio, tem o fiado assegurado o direito de regrasso
contra o devedor.
b) liquidez e exigibilidade das dívidas: Dívida liquida é aquela cujo valor encontra-se
determinado (expressão numérica indicada); vencidas são as dívidas que não foram
pagas em seu vencimento. Ou seja, não se pode compensar dívida vencida com não
vencida, pois esta última não pode ser exigida, somente é admissível na convencional.
Tampouco dívidas ilíquidas, como as decorrentes de perdas e danos, quando ainda não
possuem expressão numérica.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Ex. de causas diferentes que podem ser compensadas: A deve para B dívida 100 reais
decorrente da compra de um relógio. B deve para A 100 reais, decorrentes de um
empréstimo.
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III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. (os bens impenhoráveis estão
descritos no artigo 833 do CPC. Ex: os móveis, pertences e utilidades domésticas que
guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; os vestuários, bem
como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
Ex. não se compensa o crédito proveniente de salário com dívida diversa.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do
pagamento.
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Compensação não pode ocorrer em prejuízo de terceiros
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor
que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor
ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.
Ex.
A é credor de B – 5 mil
B, posteriormente, se tornou credor de A – 5 mil
Antes de o crédito de B perante A tornar-se exigível, C penhorou o crédito de A.
B não pode compensar com C o crédito que teria perante A.
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro.
ESPÉCIES:
a) Total ou parcial: A remissão a co-devedor já foi estudado por ocasião da
solidariedade passiva, conforme 277 e 282, que é reproduzido no art. 388:
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a
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Azevedo, Álvaro Villaça. Teoria geral das obrigações e responsabilidade civil. 11ed., São
Paulo:Atlas,2008.
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ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra
os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
b) Expressa ( por instrumento público ou particular, inter vivos ou causa mortis)
ou tácita (resulta do comportamento do credor, como a devolução do título ao
devedor)
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito
particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz
de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
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