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2 Consignacao em Pagamento
2 Consignacao em Pagamento
Como
modalidade de extinção da obrigação, o pagamento por consignação é disciplinado
pelo direito material, onde se regulam os casos em que essa forma de liberação é
admissível e quais são seus requisitos de eficácia. Ao direito processual, todavia,
compete regular o procedimento para solução da pretensão de consignar, uma vez
que, em nosso ordenamento jurídico, o depósito liberatório só é válido ou eficaz, em
regra, quando feito judicialmente. É o meio através do qual o devedor busca a
quitação de sua dívida, evitando responder pela mora (art. 394, CC).
Obs.1: o devedor não pode ser deixado, indefinidamente, à mercê do credor malicioso
ou displicente, nem pode permanecer para sempre sujeito ao capricho ou ao arbítrio
deste. Daí por que a lei não só obriga o devedor ao pagamento, como também lhe
assegura o direito de pagar.
Obs.4: O devedor em mora pode propor a consignação? Para facilitar a resposta basta
fazer outra pergunta: O devedor que está em atraso pode pagar (liberar-se da
obrigação)?
Sim, o devedor em mora pode realizar a consignação. Neste caso o eixo de análise
desloca-se para o interesse do credor em receber. Em alguns casos, o atraso na
prestação pode gerar a perda total de interesse do credor.
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Ex: Obrigação de entregar panfletos para um evento dia 15. Devedor faz a consignação
dia 17 após o evento. Qual o interesse do credor em receber?
2.1 - Requisitos para propor a Consignação: O uso dessa via liberatória é franqueado
ao devedor, tanto quando o credor se recusa injustificadamente a receber a prestação
como quando o devedor não consegue efetuar validamente o pagamento voluntário
por desconhecimento ou incerteza, quer em torno de quem seja o credor, quer em
razão de sua ausência ou não localização ao tempo do cumprimento da obrigação (CC,
art.335). Dessa forma, se a consignação tem a força liberatória do pagamento, deve
preencher os mesmos requisitos deste último dispositivo para que seja válida (art.336
CC).
2.2.1 - Dívida Portável: são aquelas em que compete ao devedor oferecer a prestação
no domicílio do credor (ou no local por este indicado). Em havendo a oferta no lugar,
tempo e modo fixados, há a possibilidade de consignação nos termos do art.335, I CC).
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2.2.2 - Dívida Quesível: são aquelas em que o credor deve mandar receber a prestação
no local do domicílio do devedor. Se o credor não for receber ou não mandar receber
poderá o devedor propor a consignação nos termos do art.335, II do CC;
2.2.3 - Dúvida sobre quem deve receber: Pode ocorrer por multiplicidade de
pretendentes ao crédito ou então a dúvida sobre se aquele que se apresenta para
receber de fato é o credor e tem poderes para dar a quitação.
2.5 - Competência para a consignação: art. 540 do CPC. Lugar de pagamento é aquele
designado pela lei ou pelo contrato. Se a dívida for quesível (art. 335, II, CC) deverá ser
proposta no domicílio do devedor. Se portável (art. 335, I, CC) no domicílio do credor.
A competência na consignação é territorial, logo relativa. Proposta a ação em foro
diverso do revisto e não havendo manifestação por parte do credor (exceção de
incompetência) nesse sentido, prorrogar-se-á a competência.
Atenção: Somente obrigações pecuniárias podem ser extintas pela via extrajudicial.
Outros tipos de obrigação devem ser consignados judicialmente. O depósito
extrajudicial tem os mesmos efeitos do judicial que é IMPEDIR A INCIDÊNCIA DOS
EFEITOS DA MORA. Se o depósito for inferior ao valor devido (parcial), a mora incidirá
somente sobre o valor restante.
2.6.1.1 - Procedimento:
1 - Depósito do valor em banco oficial em conta com correção monetária no local do
pagamento;
2 - Envio de notificação escrita ao credor com aviso de recebimento para que possa
receber ou recusar o valor depositado;
3 - O credor deve manifestar sua recusa por escrito sob pena de liberar o devedor da
obrigação (art. 539, §2 do CPC/15)
4 - Em caso de recusa, o devedor deverá propor a ação de consignação no prazo de 1
mês instruindo a inicial com o comprovante do depósito e da recusa;
Obs.:
a) - o credor poderá aceitar receber o valor depositado com ressalva, passando-se a
discussão do restante devido na via judicial própria. Neste caso a liberação do devedor
ficará limitada ao valor recebido.
b) - Mesmo após o prazo de 1 mês da recusa a ação de consignação poderá ser
proposta. No entanto, quando não proposta no prazo fixado na legislação cessa o efeito
suspensivo da mora pelo depósito extrajudicial efetivado anteriormente (art. 539, §4,
CPC). É possível novo depósito com nova eficácia interruptiva dos efeitos da mora.
c) - A consignação extrajudicial também é cabível nos casos previstos na lei de locações.
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2.6.2 - Procedimento Judicial: qualquer espécie de prestação (dívidas de dinheiro, mas
também as de coisa, certa ou incerta, fungível ou não fungível, móvel ou imóvel, podem
autorizar o pagamento por consignação).
a) Petição Inicial: arts. 319 e 320 do CPC. Além destes requisitos deverá constar o
requerimento de depósito no prazo de 5 (cinco) dias a contar do deferimento da inicial
e a citação do réu para levantar o depósito ou apresentar resposta no prazo de 15
(quinze) dias (art. 542 CPC). Também haverá necessidade de se demonstrar a mora o
credor ou o risco do pagamento ineficaz.
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mês para a propositura da ação de consignação) basta ao devedor juntar os
comprovantes de depósito e as recusas apresentadas pelo credor. Os depósitos serão
realizados sempre na mesma conta, tanto extra quanto judicial.
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Obs.2: Dúvida sobre quem deva receber legitimamente: Nos casos em que há dúvida
sobre quem deva legitimamente receber deverá o devedor ajuizar a consignação contra
todos os possíveis credores (art. 547 CPC). Pode ocorrer do devedor de fato não saber
quem é o credor. Assim, na incerteza total de quem deva receber, poderá o devedor
promover a consignação requerendo a citação do credor (es) por edital. Nesta hipótese,
a partir da citação, fica o devedor liberado da obrigação. Quando surgir o credor ele
deverá ir a juízo para receber o crédito. Na outra hipótese, de dúvida a quem pagar mas
com diversos possíveis credores conhecidos a regra é a do litisconsórcio necessário
entre eles (art. 548 do CPC).
Obs.3: O CPC deixou de tratar a hipótese em que vários possíveis credores comparecem
e um ou alguns deles apresentam resposta com uma das alegações do artigo 544 do
CPC. Neste caso, entende-se que não há a liberação imediata do devedor ficando ele
vinculado à ação. Resolvida a pendência em relação ao depósito, a ação prosseguirá
entre os presuntivos credores ate que se determina qual deles tem de fato direito ao
crédito.
Obs.: Assim, é correto afirmar que nos casos de procedência a sentença na consignação
é DECLARATÓRIA. Quando houver improcedência fundada em insuficiência do depósito
a sentença terá natureza DECLARATÓRIA para liberar o devedor e CONDENATÓRIA para
forçar o mesmo ao cumprimento da obrigação de pagamento do restante devido.
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