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A Pedagogia No Sistema Das Ciências Da Educação
A Pedagogia No Sistema Das Ciências Da Educação
1.1.1. Pedagogia
O termo pedagogia, deriva do grego antigo “pai da gogos”, era inicialmente composto por
“paidos” = criança e “gogia” = conduzir ou acompanhar.
Outrora, este conceito faz referência dos escravos da antiga Grécia, os pais dos gogos que eram
encarregados de acompanhar as crianças que iam a escola. Por meio dessas interacções esses
escravos desenvolveram grande habilidade no trato com as crianças. E actualmente, o pedagogo
é um especialista em educação, e pedagogia, é o conjunto de conhecimentos sistemáticos que
competem a educação.
Também a pedagogia pode ser entendida como sendo a filosofia, a ciência e a técnica da
educação (Piletti, 1986).
A Pedagogia é uma ciência da educação, juntamente com as outras ciências da educação, embora
distinguindo-se delas por causa do seu carácter científico e, por conseguinte, formando um grupo
à parte. As ciências da educação incluem a Pedagogia: mas a Pedagogia não inclui as "Ciências
da Educação". (...) tenhamos em conta que a pedagogia deve fundamentar-se nas "Ciências da
educação"...”. (J. M. ª. Quintana Cabanas)
Assim, mais tarde, o significado deste termo adquiriu outro valor; assim começou-se a chamar às
pessoas que se dedicavam a educação das crianças e, para isso, tinham uma preparação especial.
Dessa maneira, surgiu a Pedagogia como ciência da educação das novas gerações. Hoje,
pedagogo é o especialista em assuntos educacionais.
1.1.2. Educação
Segundo o ICCP (1988) se entende por educação o conjunto de influências que exerce a
sociedade sobre o indivíduo. Isso implica que o ser humano se educa durante toda a vida.
Segundo Lênin, V (apud. ICCP, 1988), a educação é uma categoria geral e eterna, pois é parte
inerente da sociedade desde seu surgimento. Também, a educação constitui um elo essencial no
sucessivo desenvolvimento dessa sociedade, a ponto de não conceber progresso histórico-social
sem sua presença.
Reconhece-se aqui a necessária preparação para a vida, já referida em outras definições e que só
se logra a através de convicções fortes e bem definidas de acordo com esses padrões. Para uns,
Educação é processo, para outros é categoria, ou fenómeno social, ou preparação, ou conjunto de
influências, e muitos conceitos mais.
Ainda seguindo a linha de pensamento de J. Martins, (1990), se concorda que a educação tem as
seguintes características:
Deve-se analisar que a educação, mais que processo, mais que conjunto de influências, e outras,
é uma actividade. Como toda actividade tem orientação, por tanto pode ser planejada. É
processo, pois está constituída por acções e operações que devem ser executadas no tempo e no
espaço concreto.
Portanto, a educação é uma actividade social, política e económica, que se manifesta de diversas
formas e que seu sistema de acções e operações exercem influências na
Neste último aspecto vale destacar que o ser humano que se pretende construir, desde a óptica
como ser social deve ser desenvolvido simultaneamente nos planos, físico e intelectual, que tem
consciência clara de suas possibilidades e limitações. Um homem munido de uma cultura que lhe
permita conhecer, compreender e reflectir sobre o mundo. (Martins, 1990, p. 22)
2.1. Conceitos
2.1.1. Ciência
Hoje a pedagogia é uma ciência independente; independente no sentido de ter o seu objecto de
estudo, os seus métodos de investigação, as suas categorias chave. Como ciência, mantém uma
relação com outras ciências afins, nomeadamente as da educação (BRETT, 1960)
Importa sublinhar que o que é a pedagogia hoje resulta de um longo processo de reflexão e
desenvolvimento do pensamento pedagógico.
Na visão de Dilthey (1940) as Ciências Pedagógicas pelo seu carácter teórico e prático,
compreende:
A pedagogia se relaciona com a psicologia que lhe fornece subsídios sobre as actividades
mentais do ser humano, as particularidades psicológicas (temperamento e carácter), a motivação,
as necessidades especiais, em fim um conjunto de aspectos que se manifestam através do
comportamento e que evidenciam os níveis de desenvolvimento cognitivo, socio-afectivo e
psicomotor do mesmo.
A história estuda o passado das sociedades e da humanidade em geral, para melhor compreender
o presente e perspectivar o futuro. Ela se articula com a pedagogia para melhor compreender os
processos de construção do pensamento educativo.
Fica claro que a educação como acção exercida pelos adultos sobre a jovem geração não
é um processo fácil. Torna-se ainda mais complexo com o desenvolvimento social que
vai exigindo mais capacidades de adaptação e integração do homem no seu grupo.
Fica claro ainda que garantir o desenvolvimento do homem é uma tarefa não só difícil,
mas também complexa, se se pretende uma educação mais completa e adequada às
exigências da sociedade;
Assim, estamos cientes de que garantir o desenvolvimento do homem, proporcionando-
lhe uma educação de qualidade, exige um trabalho pedagógico mais elaborado (e não só),
mais renovado e dinâmico, sobretudo nos seus métodos, no seu conteúdo. Isso exige
exercício de reflexão que é essencialmente a tarefa e missão da ciência pedagógica;
O primeiro carácter do conhecimento científico, reconhecido até por cientistas e filósofos das
mais diversas correntes é a objectividade, no sentido de que a ciência intenta afastar do seu
domínio todo o elemento afectivo e subjectivo, deseja ser plenamente independente dos gostos e
tendências pessoais do sujeito que a elabora. Numa palavra, o conhecimento verdadeiramente
científico deve ser um conhecimento valido para todos.
De acordo com Vieira Pinto (1969), refere que a objectividade da ciência, por isso, pode ser
também, e talvez melhor, chamado de intersubjectividade, até porque a evolução recente da
ciência, e especialmente da Física, mostrou a impossibilidade de separar adequadamente o
objecto do sujeito e de eliminar completamente o observador.
Este reconhecimento que essencial na teoria da relatividade e na nova física quântica, torna o
carácter da objectividade mais complexo e problemático do que parecia no século XIX, todavia,
não elimina de modo algum da ciência o propósito radicalmente objectivo.
A ciência pode ser definida como um esforço de racionalização do real, partindo de dados
empíricos, através de sínteses cada vez mais vastas, o cientista esforça-se por abraçar todo
domínio dos factos que conhece num sistema raciona, no qual de poucos princípios simples e
universais possam logicamente deduzir-se as leis experimentais mais particulares de campos à
primeira vista aparentemente heterogéneos.
Isto não significa que a Filosofia não possa e não deva levar a termo uma indagação crítica sobre
a natureza da ciência, sobre os seus métodos e os seus princípios [uma indagação levada a cabo
pela Epistemologia -- nota d'O Canto] e que o cientista não possa tirar vantagem do
conhecimento reflexivo, filosófico e crítico da mesma actividade de cientista.
Mas em nenhum caso a ciência poderá dizer-se dependente de um sistema filosófico ou poderá
encontrar numa tese filosófica uma barreira-limite que impeça a priori a aplicação livre e integral
do seu método de pesquisa. E o mesmo se dirá no que respeita à fé: ela poderá constituir uma
norma directriz e prudencial para o cientista, enquanto homem e crente, nunca será uma norma
positiva ou restritiva para a ciência enquanto tal. O conhecimento é multifacetado e com várias
classificações. Segundo Morin, não se tem mais um porte seguro para o mesmo. Mas dentro da
tradição positivista, o conhecimento precisa de alguns pré-requisitos para ser científico. Dentro
das Ciências Naturais, este são os critérios para ser científico. No entanto, em outras áreas, segue
outros critérios.
O conhecimento científico é fáctico: Parte dos factos, respeita-os até certo ponto e sempre
retorna a eles. A ciência procura descobrir os factos tais como são, independentemente do seu
valor emocional ou comercial: a ciência não poetiza os factos. Em todos os campos, a ciência
começa por estabelecer os factos: isto requer curiosidade impessoal, desconfiança pela opinião
prevalecente e sensibilidade à novidade.
Nem sempre é possível, nem sequer desejável, respeitar inteiramente os factos quando se
analisam, e não há ciência sem análise, mesmo quando a análise é apenas um meio para a
reconstrução final do todo. O físico perturba o átomo que deseja espiar; o biólogo modifica e
pode inclusive matar o ser vivo que analisa; o antropólogo, empenhado no seu estudo de campo
de uma comunidade, provoca nele certas modificações.
O conhecimento científico é claro e preciso: os seus problemas são distintos, os seus resultados
são claros. A ciência torna preciso o que o senso comum conhece de maneira nebulosa.
O conhecimento científico é comunicável: não é inefável, mas expressável; não é privado, mas
público. A linguagem científica comunica informações a quem quer que tenha sido preparado
para a entender. O que é inefável pode ser próprio da poesia ou da música, não da ciência, cuja
linguagem é informativa e não expressiva ou imperativa.
A pedagogia sendo a ciência dessa educação crítica também precisa ser crítica ao olhar para os
fenómenos educativos, para que no momento da práxis a acção seja consciente.
Para Pimenta: “[..] a pedagogia precisa revelar de modo crítico/ analítico as contradições sociais,
os momentos de alienação na práxis educacional e socialização anteriores, para daí criar as pré-
condições teoricamente conscientes para uma prática consciente dessa alienação” (1994, p. 14).
Sendo a pedagogia uma ciência prática, ela possui “a estrutura peculiar de ser uma ciência da
educação para a educação, porque a educação, enquanto seu objecto, representa uma acção do
homem sobre o homem” (Schmied-Kowarzik, 1983, p. 128- 129).
A educação enquanto uma prática social precisa ser crítica, ou torna-se alienada. Nesta
perspectiva, a pedagogia enquanto teoria é entendida como àquela que faz a crítica da práxis na
sociedade e ao fazê-la está tomando partido em relação aos conflitos e as lutas reais da
sociedade. Cabe a pedagogia transformar esta práxis social pela própria prática.
Este olhar transformador que a pedagogia deve estabelecer sobre a realidade, a dialéctica da
práxis social, é o pensamento central da teoria dialéctico materialista de Karl Marx. Neste
contexto a “educação é concebida no momento da prática social [...] é àquela prática que serve à
produção e reprodução [...] à formação dos indivíduos enquanto portadores da práxis social.
A pedagogia, como já bem se apresentou neste estudo, chega na contemporaneidade por meio de
um curso que forma professores e pedagogos para actuar nas diferentes esferas onde se façam
necessários conhecimentos pedagógicos e/ou educacionais.
Segundo Charlot: Não há sujeito de saber e não há saber senão em uma certa
relação com o mundo, que vem a ser, ao mesmo tempo e por isso mesmo, uma
relação com o saber. Essa relação com o mundo é também relação consigo
mesmo e relação com os outros. Implica uma forma de actividade e,
acrescentarei, uma relação com a linguagem e uma relação com o tempo”. (1997,
p.63).
A prática pedagógica, entendida como essência do trabalho profissional dos professores, é assim
revitalizada. Torna-se prática científica e, por isso, metódica, sistemática, hermenêuticamente
elaborada e teoricamente sustentada. Uma prática pedagógica de carácter social, portanto,
socialmente elaborada e organizada conforme intencionalidades, conhecimentos.
Em suma: “A prática pedagógica é uma dimensão da prática social e pressupõe a relação teoria-
prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca de condições necessárias à
sua realização” (Veiga, 1994, p.16)
Para tal acção, é fundamental o modo como têm se organizado os cursos de licenciatura,
privilegiando fundamentação ou prática, conforme suas crenças.
Isso posto, acredito na possibilidade de os professores reconstituírem seu lugar social como
profissionais, inseridos em sua comunidade política e socialmente organizada, imersos em
movimentos mais ampliados, nos quais evidenciam-se políticas públicas, as quais reverberam
nas acções pedagógicas. Por isto, reflectir sobre os aspectos pedagógicos na escola, para mim,
implica tais inter-relações e tem como possibilidade de revitalizar socialmente o trabalho dos
professores, trabalho que é a produção da aula, este evento pedagógico, por excelência.
6. Conclusão
Em relação a função orientadora confere as ciências pedagógicas uma relevância peculiar, pelo
facto de que, as práticas educativas não ocorrem de forma isolada; elas reflectem alógica das
relações. Cabe as ciências pedagógicas reorientar o rumo das práticas educativa se esclarecer que
tipo de homem se pretende formar com a realização de tais práticas: Sociais, culturais,
económicas e políticas vigentes na sociedade (DEBESSE, 1974).
LIBÂNEO, J. (2002). “Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve
ser o curso de Pedagogia” IN: PIMENTA, S. G. (Org.) Pedagogia e pedagogos: caminhos e
perspectivas. São Paulo: Cortez,