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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância – IED

Tema: Teorias de Aprendizagem

Inês Cabongo Código: 708221244

Curso: Licenciatura em ensino de Biologia


Disciplina: Psicologia de Desenvolvimento
Ano de frequência: 2º Ano

Pemba, Setembro de 2023


Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Estrutura
Aspectos  Introdução 0.5
organizacionai
 Discussão 0.5
s
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo
(expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise coesão textual)
 Revisão bibliográfica
e discussão nacional e internacional
2.0
relevante na área de
Estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
 Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Recomendações de melhoria:
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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3

1.1.1. Objectivo geral .......................................................................................................... 3

1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 3

1.1.3. Metodologia do trabalho ........................................................................................... 3

1.1.4. Estrutura do trabalho ................................................................................................. 3

2. DESENVOLVIMENTO......................................................................................................... 4

2.1. Teoria de aprendizagem segundo Sigmund Freud ........................................................... 4

2.1.1. Transferência ............................................................................................................. 4

2.1.2. Sublimação ................................................................................................................ 5

2.2. Teoria de aprendizagem segundo Piaget.......................................................................... 6

2.2.1. O organismo e o ambiente ......................................................................................... 7

2.2.2. O construtivismo ....................................................................................................... 7

2.2.3. Ensino de habilidades específicas ............................................................................. 8

2.2.4. Assimilação e acomodação ....................................................................................... 8

2.2.5. Estágios do desenvolvimento .................................................................................... 9

2.3. Teoria de aprendizagem segundo Vygotsky .................................................................. 10

2.3.1. Teoria da mediação ................................................................................................. 10

3. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 12

3.1. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 13

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda sobre as teorias de aprendizagem segundo diferentes pensadores


nomeadamente: Sigmund Freud, Jean Piajet e Lev Vygotsky.

Dentre os teóricos que se aplicaram aos estudos da Psicologia da Aprendizagem, Piaget talvez
seja um dos mais influentes. A sua formação inicial foi em Biologia, o que lhe permitiu
contribuir com uma visão orgânica da aprendizagem, além dos aspectos sociais e psicológicos
que ele enfoca.

1.1.1. Objectivo geral

 Descrever teorias de aprendizagem segundo diferentes pensadores nomeadamente:


Sigmund Freud, Jean Piajet e Lev Vygotsky.

1.1.2. Objectivos específicos

 Desenvolver a teoria de aprendizagem segundo Sigmund Freud;


 Desenvolver a teoria de aprendizagem segundo Jean Piajet;
 Desenvolver a teoria de aprendizagem segundo Lev Vygotsky.

1.1.3. Metodologia do trabalho

Metodologia é a maneira como o trabalho foi realizado usando certo caminhos e estratégias. A
metodologia adoptada para este trabalho está fundamentada em uma abordagem qualitativa,
de carácter descritivo e do tipo bibliográfico, isto é, foi realizado com base nas referências
bibliográficas.

1.1.4. Estrutura do trabalho

O trabalho, está estruturado em três fases. A primeira fase, reflecte a parte preliminar onde
inclui os objectivos e a metodologia; o segundo capítulo, condiz o desenvolvimento onde são
expostos os diferentes conceitos e analisados os conteúdos relacionado ao tema e no terceiro
capítulo são apresentadas as conclusões e referências bibliográficas.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Teoria de aprendizagem segundo Sigmund Freud

Freud, em todos os anos de sua formação, teve relações bem interessantes com seus Mestres.
Pois apesar de respeitá-los, sempre entrava em divergências com estes, por discordar de
alguns detalhes de suas respectivas teorias. Com isso, mostrava falhas nestas e as superava.
Freud teve cinco Mestres: Breuer, Meynert, Charcot, Brucke e Fliess e em dado momento,
houve estas rupturas teóricas, como aponta Kupfer (2005), a autora nos mostra que na
realidade, a relação de superação destes mestres, era uma espécie de superação do próprio Pai
de Freud, sendo assim, quando ele os superava, estava superando o Pai e quando Freud se
deparou com isto, pode ele mesmo tornar-se o mestre.

Freud deteve-se a mostrar como se davam estas situações, de aprender e de educar. Dentro de
seus conceitos, houve alguns que foram e são de extrema valia para falar desta relação mestre-
aluno. Destacamos dois, que consideramos ser os mais cruciais, dentre os quais é impossível
de relacionar psicanálise – educação, sem citá-los.

2.1.1. Transferência

Designa em psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se actualizam sobre


determinados objectos no quadro de certo tipo de relação estabelecida com eles. Trata-se aqui
de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de actualidade acentuada.
(Laplanche & Pontalis, 2008, p.514.)

Freud notou em seus pacientes o movimento da transferência, atentou que em determinados


momentos na análise, os pacientes se relacionavam com ele, como se ele fosse O PAI, com
medo da autoridade supostamente exercida por parte deste Pai. Contudo, Freud percebeu que
seus pacientes não se davam conta, sendo isso, uma manifestação inconsciente.

Desta maneira, Freud se questiona: “O que são transferências, afinal?” e ele mesmo responde
a sua indagação “São reedições dos impulsos e fantasias despertadas e tornadas “conscientes”
durante o desenvolvimento da análise e que trazem como singularidade característica a
substituição de uma pessoa anterior, pela pessoa do médico”. Para melhor dizê-lo: toda uma
série de acontecimentos psíquicos ganha vida novamente, agora não mais como passado, mas
como relação actual com a pessoa do médico.

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A partir deste dado, podemos demostrar que um professor pode tornar-se a figura a quem
serão focados os interesses do seu aluno, porque é objecto de uma transferência. E como já foi
explanado, o que se transfere, são as experiências vividas primitivamente com os
progenitores.

Vimos, com Laplanche & Pontalis que transferir é imputar um sentido especial àquela figura
determinada pelo desejo. Isso pode tornar-se complicado a partir do instante que o professor
torna-se depositário de algo que pertence ao aluno, com isso, inevitavelmente tais figuras
ficam carregadas de uma „importância especial‟. E é dessa „importância‟ que deriva o
PODER, que indubitavelmente têm sobre o sujeito.

2.1.2. Sublimação

Segundo Laplanche & Pontalis (2008, p. 494) é o processo postulado por Freud para explicar
actividades humanas sem qualquer relação aparente com a sexualidade, mas que encontrariam
o seu elemento propulsor na força da pulsão sexual.

Roudinesco & Plon (1998, p.734) complementa que Freud conceituou este termo em 1905
para dar de um tipo particular de actividade humana (criação literária, artística, intelectual)
que não tem nenhuma relação aparente com a sexualidade, mas que arranca sua força da
pulsão sexual, na medida em que esta desloca para um alvo não sexual, investindo objectos
socialmente valorizados.

Postas as presentes definições, é interessante mostrar que este conceito é de suma


importância, pois através dele, pode-se explicar as diversas formas que um sujeito pode
desejar sem deixar que isso interfira, de maneira negativa, na sua relação com o outro. Um
sujeito que é considerado um génio (na arte, na ciência, na música) é valorizado por tal
empreitada. Porém, quando esta pulsão é voltada parta objectos sexuais, ele é repreendido,
pois a cultura e os valores pregados por esta, são de que você precisa abrir mão de uma
determinada liberdade pulsional, em prol de um pouco de segurança. (FREUD, 1930)

Relacionando isto com a educação, temos que ter em mente que as bases da sublimação se
dão através das pulsões sexuais, sendo assim, é como se ocorresse uma acção educativa que
propusesse a desarraigar o “MAL”. Aqui, como nos remete Kupfer (2005) poderiam querer
comprar Freud aos pedagogos da época, que acreditavam que a criança vinha com um “mal
originário” e que através da educação, esse mal evaporaria. Só que Dr. Freud diferencia-se

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deste pedagogos a partir do instante que mostra que não quer desarraigar mal algum, ele
apenas propõe que esse dito “mal” se canalize em direcção a valores superiores, aos bens
culturais, algo que possa ser útil a sociedade.

2.2. Teoria de aprendizagem segundo Piaget

Inicialmente, vamos saber um pouco sobre a vida de Jean Piaget e como ele desenvolveu a
sua teoria. Nascido na Suíça, em 1896, na cidade de Neuchatel, sua primeira formação foi na
área da Biologia, que era o seu interesse desde a infância. Adentrou nos estudos da Psicologia
com o objectivo de estudar questões epistemológicas e entender mais sobre o conhecimento e
o conhecer. Ele queria saber como esse fenómeno ocorria, o que era o conhecimento e o que
de facto conhecíamos, como os objectos e os sujeitos contribuíam para o conhecer.

É importante ressaltar que os conhecimentos em Biologia foram de grande importância para


essa teoria, além de exercer uma grande influência nos conceitos formulados. Com toda a
influência biológica, orgânica, Piaget desenvolveu a Psicologia Genética ou Psicogenética na
década de 1920, com a finalidade de estudar a evolução do conhecimento e como este transita
de um estado menor para um maior.

Piaget afirmou que qualquer questão psicológica ou epistemológica deveria ser observada por
meio da genética, pois, de acordo com seus estudos em Biologia, para haver uma evolução na
aquisição de conhecimento, antes é necessário ocorrer uma evolução no organismo que
aprende, uma evolução cognitiva.

A proposta de colocar a aprendizagem como dependente de um desenvolvimento orgânico foi


um desafio. Apesar de ter desenvolvido a base de sua teoria no início do século XX, foi na
década de 1960 que as suas propostas ganharam espaço nos Estados Unidos. Na época,
prevalecia a ideia de que o ambiente era o principal responsável pelo processo de aprender, e
as crianças eram vistas como receptoras dos estímulos ao redor.

Piaget dizia que, na visão ambiental, a aprendizagem dependia de tarefas ou situações


particulares, ou seja, se o professor ensinasse, o aluno aprenderia, e pouca importância era
dada à maturação orgânica e às questões hereditárias. Um fato curioso é que os principais
experimentos e observações realizados para fundamentar sua teoria foram com seus próprios
filhos.

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2.2.1. O organismo e o ambiente

Piaget é o que podemos chamar de interacionista. Ele acreditava que a evolução e o


desenvolvimento somente seriam possíveis com a união das mudanças no organismo somadas
a exposições no ambiente. Por exemplo, vamos tomar aqui a permanência do objecto para
crianças pequenas. Quando a criança é muito pequena, ela não sabe que os objectos existem
quando estão fora da visão dela.

Se você apresentar uma mamadeira, ela vê e quer pegar, mas se você esconder a mamadeira,
ela busca outro objecto com os olhos. Ao crescer mais um pouco, ela desenvolve a capacidade
de entender que o objecto continua existindo mesmo quando não está no seu campo de visão.
Esta capacidade de permanência do objecto só é possível porque o seu sistema neurológico se
desenvolveu e agora permite esta compreensão. Sem isto (parte orgânica), a permanência
nunca seria possível; porém, só o sistema neurológico não é sufi ciente, é preciso haver o
estímulo ambiental. Da mesma forma que este conhecimento dependeu do desenvolvimento,
outros conhecimentos dependerão de outras maturações.

2.2.2. O construtivismo

Para Piaget, o ser humano é activo, curioso e criativo durante toda sua vida, buscando sempre
a interacção com o meio além de novos desafios. Afirma ainda que, ao agir por conta própria,
a criança aprende explorando e descobrindo novos objectos, novos seres, além de ter acesso a
novas informações. A finalidade última do conhecimento seria a adaptação ao meio.

Piaget dava grande importância às transformações que as pessoas dão às informações que
chegam pelos sentidos, visão, audição, tato, paladar e olfacto, afirmando que é a interpretação
dada ao que chega que influencia no comportamento, e não o fato em si. Por isto, várias
pessoas podem ter entendimentos diferentes a partir do mesmo estímulo.

O nosso mundo, seria o resultado da forma como manipulamos os estímulos do meio e como
entendemos o resultado desta manipulação. Nós construímos! É como se a cada nova proposta
do ambiente reformulássemos o que conhecemos.

Sendo assim, Piaget acreditava na importância de estimular a criança a explorar o mundo.


Para ele, a educação deveria ser feita de forma activa, para que o aluno descobrisse como as
coisas aconteciam, pois isto favoreceria o desenvolvimento cognitivo. Além disso, caro aluno,

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ele criticava o ensino de habilidades específicas, do tipo “é assim que se faz”, que impediam a
criança de criar seus próprios métodos de aprendizagem.

2.2.3. Ensino de habilidades específicas

Ao tratar do ensino de habilidades específicas, Piaget está falando do método de ensino que
explica como fazer algo, como proceder nos contextos. É assim que se deve saltar para sacar
uma bola, é dessa forma que se deve fazer um arremesso, é desse jeito que se segura o lápis, é
desta maneira que se estuda. A criança recebe as informações prontas e tem ou pouca ou
nenhuma liberdade para descobrir a melhor forma de fazer algo, sendo, inclusive, punida
quando o tenta.

2.2.4. Assimilação e acomodação

Desde pequeno, o homem faz leituras sensoriais do ambiente. Essas leituras são simples, e o
resultado delas são os esquemas, registos simples que permitem a criança reconhecer o meio
onde vive. Esses esquemas possibilitam à criança reconheça eventos já vivenciados no
passado, quando eles se repetem. São estruturas iniciais de organização. Após os dois anos de
idade, Piaget acredita que as estruturas cognitivas da criança estão organizadas de forma
hierárquica e já permitem o acúmulo de conceitos em categorias, tais como cachorro e gato
são peludos, meninos e meninas são seres humanos.

A partir daí, Piaget explica a aprendizagem por meio de dois processos: a assimilação e a
acomodação.

Assimilação: é o esforço que temos para fazer com que os eventos existentes se adaptem ao
nosso organismo. Compreendemos os novos conceitos, comparando-os com os que já temos
na nossa estrutura. Por exemplo, temos, em nossa estrutura, um conceito para aves: são
pequenas, tem penas, voam, tem bico e botam ovo. Ao ver uma águia pela primeira vez, a
criança compara com as informações que tem e conclui que se trata de uma ave. Foi um
processo de assimilação. Mas a criança pode ver um avestruz e achar estranho o tamanho
dessa ave, além de ela não voar. Com isto, a criança fi ca sem saber se classifica como ave ou
não, entra em desequilíbrio.

Acomodação: quando surge uma situação em que a assimilação não pode ser feita, ocorre o
seu complemento, que é a acomodação. Neste caso, ocorre uma adaptação nos conceitos

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existentes para que se possa assimilar o novo conteúdo. O que acontece é que a criança
terminará por criar uma subcategoria. No caso das aves, irá classificá-las como as que voam e
as que não voam.

A acomodação sempre acontece quando as informações que vêm do ambiente não


correspondem às informações cognitivas já existentes. Com isso, o equilíbrio cognitivo é
restabelecido. Todas as vezes que ocorre um desequilíbrio cognitivo, os processos de
assimilação e acomodação passam a funcionar. Esses processos ocorrem durante toda a nossa
vida, estamos sempre em processo de desequilíbrio cognitivo em busca de equilíbrio. Esse
fenómeno é conhecido como equilibração.

2.2.5. Estágios do desenvolvimento

É importante que observemos como evolui o sistema cognitivo da criança para entendermos
de que forma a aprendizagem ocorre. Piaget dividiu o desenvolvimento em estágios, como
você poderá constatar a partir do conteúdo que iremos apresentar. Cada estágio alcançado
possibilita novas formas de ver o mundo.

Estágio Sensório-Motor: esse período vai dos 0 aos 2 anos e vem antes do desenvolvimento
da linguagem. Essa fase é da reflexão, quando os bebés desenvolvem suas capacidades
sensoriais e motoras, isto é, sua capacidade de percepção do meio ambiente através de seus
sentidos e sua reflexão.

Estágio Pré-Operacional: esse estágio vai aproximadamente dos 2 aos 7 anos de idade e se
inicia com o desenvolvimento da linguagem. Nessa fase, a comunicação da criança é
considerada egocêntrica - ela fala o que está na sua mente - e nem sempre há coerência nas
falas. Essa é uma fase de enorme evolução cognitiva, com desenvolvimento linguístico e
conceitual.

Estágio das Operações Concretas: essa etapa ocorre aproximadamente entre os 7 e 12 anos,
a depender do desenvolvimento da criança. Nesse período, a criança começa a expandir sua
capacidade de raciocinar de maneira lógica, porém ainda tem dificuldade em entender
abstracções, ela está focada nas acções concretas que realiza.

Estágio das Operações Formais: inicia-se aos 12 anos e é a fase em que a criança começa a
se desenvolver para tornar-se um adolescente e então um adulto. Nesse estágio, a criança já é

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capaz de administrar pensamentos abstractos, formular hipóteses e compreender as relações
de causa e efeito.

2.3. Teoria de aprendizagem segundo Vygotsky

A teoria de Lev Vygotsky, psicólogo e educador russo, é amplamente reconhecida por sua
contribuição para o campo da aprendizagem e do desenvolvimento humano. Vygotsky
acreditava que a aprendizagem não ocorre apenas através de processos individuais, mas
também é moldada pelo contexto social e cultural em que ocorre. Sua abordagem é conhecida
como a teoria sociocultural, e destaca a importância das interacções sociais e da mediação
para o desenvolvimento cognitivo.

2.3.1. Teoria da mediação

Vygotsky (2007) defende que o aprendizado do indivíduo não pode ser dissociado do
contexto histórico, social e cultural em que está inserido. Para aprender, elaborar
conhecimentos e para se autoconstruir, o ser humano precisa interagir com outros membros de
sua espécie, com o meio e também com a cultura. Para o autor, as relações sociais podem se
tornar aprendizado via mediação, a qual é definida pela acção que se interpõe entre sujeito e
objecto de aprendizagem.

Para que haja interacção, é necessário utilizar-se de instrumentos criados pelas sociedades ao
longo do curso da história da humanidade e que mudam a forma social e o nível de seu
desenvolvimento cultural, e de signos, definidos pela linguagem, a escrita e o sistema
numérico. O uso de instrumentos para diferenciar o ser humano de outros animais também é
um conceito defendido por Marx e Engels, que influenciaram Vygotsky em seus
apontamentos. Sua teoria procura avaliar os processos mentais envolvidos na compreensão do
mundo.

Ao tratar de mediação, Gomes (2010) ressalta que é preciso situá-la como acção vinculada à
vida, ao movimento, ao processo de construção de sentidos, tomando como base o
pensamento de Vygotsky, o qual defende que o ser humano se desenvolve pela interacção
social.

As ideias de Lev Vygostky possuem quatro conceitos elementares: interacção, mediação,


internalização e Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). O teórico defendia que, para

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melhorar o nível da aprendizagem, mais do que o indivíduo agir sobre o meio, ele precisava
interagir com o meio. Para o teórico, todo sujeito adquire seus conhecimentos a partir de
relações interpessoais, de troca com o meio e, por isso, usa-se o termo „interactivo‟.

Vygotsky (2007) afirma que aquilo que parece individual na pessoa é, na verdade, resultado
da construção da sua relação com o outro, um outro colectivo, veiculado pela cultura. Na
interacção por meio da língua, da linguagem e dos símbolos escolhidos como metáforas é
que se realiza a mediação do indivíduo com a cultura.

Ele defende que, por mais que um indivíduo tenha biologicamente potencial de se
desenvolver, se ele não interagir com os outros, não se desenvolverá como poderia. É por
meio das representações simbólicas que a cultura negocia o sentido das coisas, que realiza a
mediação entre um objecto ou uma realidade e a sua compreensão, actuando como uma
tradução (Camillo; Medeiros, 2018).

Outro conceito defendido por Vygotsky (2007) é a internalização, que compreende o


momento em que o aprendizado se completa, quando, ao reflectir sobre o nome e o
significado do objecto, ao internalizá-los, consegue abstrair o conceito e torná-lo universal,
via mediação da linguagem, na troca com os outros. Assim se apreende conhecimentos,
papéis sociais e valores.

Para Vygotsky (2007), existem as zonas de desenvolvimento, que estão divididas em três
categorias: nível de desenvolvimento real, que se refere às etapas já alcançadas pelo indivíduo
e que permitem que ele solucione problemas de forma independente; nível de
desenvolvimento potencial, ou seja, a capacidade que o indivíduo tem de desempenhar tarefas
desde que seja mediado; e zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre os
níveis de desenvolvimento real e potencial, ou seja, o caminho a ser percorrido até o
amadurecimento e a consolidação de funções superiores.

A ZDP é o espaço entre o que o indivíduo já conhece e o potencial de conhecimentos que


pode vir a ter, desde que seja orientado por um mediador. O termo „proximal‟ sugere algo que
esteja perto ou seja íntimo, aqui se encontra o educador ou outro indivíduo mais experiente
que detecta o potencial a ser alcançado e o estimula a se superar e a se apropriar dos
conhecimentos de que é capaz. Dessa forma, para Vygotsky (2007), o educador é um
mediador entre o indivíduo e o mundo, um descobridor da ZDP do aluno, que o ajuda a
interagir com os outros e consigo mesmo e, assim, atingir seu verdadeiro potencial.
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3. CONCLUSÃO

A teoria de Piaget nos mostra a aprendizagem por um enfoque interacionista, ou seja, depende
do desenvolvimento orgânico em interacção com os estímulos recebidos pelo meio. Para ele,
aprender é adaptar as informações que chegam pelo sistema sensorial às estruturas cognitivas
formadas, através de processos conhecidos por assimilação, que é a absorção de novas
informações com as mesmas características de outras informações antigas presentes nas
estruturas já existentes; e acomodação, que é a modificação das estruturas antigas para poder
assimilar a nova informação que não se assemelha às informações já existentes.

Vygotsky acreditava que a aprendizagem não ocorre apenas através de processos individuais,
mas também é moldada pelo contexto social e cultural em que ocorre. Sua abordagem é
conhecida como a teoria sociocultural, e destaca a importância das interacções sociais e da
mediação para o desenvolvimento cognitivo.

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3.1. Referências Bibliográficas

1. Bessa, V. (2008). Teoria da Aprendizagem. Curitiba: IESDE, Brasil S.A.


2. Bizerra, A. & Urzi, S. (n.d.). Teorias da aprendizagem: influência da psicologia
experimental. In Introdução aos Estudos da Educação I (pp. 109-130). São Paulo:
Universidade de São Paulo. Retirado de
3. Borowsky, F. (2008, novembro). Inclusão educacional: contribuições da teoria
vigotskiana. Comunicação apresentada no 1.º Simpósio Nacional de Educação na XX
Semana da Pedagogia. Unioeste – Cascavel/PR, Brasil.
4. Bringuier, J. (1978). Conversas com Jean Piaget. Lisboa: Livraria Bertrand.
5. Bruner, J. (1979) On Knowing. Essays for the Left Hand (2.ªed.). Londres: Belknap
Press of Harvard University.
6. Camillo, C. M.; Medeiros, L. M. (2018). Teorias da educação. Santa Maria, RS:
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7. Davis, K., Christodoulou, J., Seider, S. & Gardner, H. (2011). The Theory of Multiple
Intelligences. Retirado de https://www.researchgate.net/publication/317388
8. Freud, S. (1930). O mal estar na cultura. Tradução de Renato Zwick. Porto ALEGRE,
RS: L&PM, 2012.
9. Gabriel, M. (2023). Estágios do desenvolvimento para Henri Wallon. Retirado a 14 de
setembro de 2023 de http://www.blogpsicologos.com.br/psicologiadesen volvimento-
humano/item/98-estagios-do-desenvolvimento-para-henri-wallon
10. Gomes, H. F. (2009). Tendências de pesquisa sobre mediação, circulação e
apropriação da informação no Brasil: estudo em periódicos e anais.
11. Kupfer, M.C. (2005). A educação: o mestre do impossível. São Paulo, SP: Ed.
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12. Laplanche, J; Pontalis, J. (2008). Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, SP: Martins
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13. Moreira, M. A. (1999). Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU.
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15. Nuernberg, A. (2008). Contribuições de Vigotski para a educação de pessoas com
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16. Ogasawara, J. (2009). O conceito de aprendizagem de Skinner e Vigotsky: um diálogo
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13
17. Oliveira, L. (2011). Psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento. Maringá:
Centro Universitário de Maringá – Núcleo de Educação à Distância.
18. Ostermann, F. & Cavalcanti, C. (2011). Teorias da aprendizagem. Porto Alegre:
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19. Pinto, J. (2003). Psicologia da aprendizagem. Concepções, teorias e processos.
Lisboa: Stória Editores.
20. Silva, C. F. (2007a). Teorias da aprendizagem. Para uma educação baseada na
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21. Vygotsky, L. S. (1998). Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo, SP: Martins
Fontes.
22. Vygotsky, L. S. (2007). A formação social da mente. 7. ed. São Paulo, SP: Martins
Fontes.

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