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Alimentação Sem Carne Éric Slywich
Alimentação Sem Carne Éric Slywich
Er ic Slywitch
Alimentação
sem carne
Um guia prático para montar
a sua dieta vegetariana com saúde
Meu objetivo ao escrever este livro, publicado pela primeira vez em 2008, foi for-
necer informações consistentes, seguras e, sobretudo, imparciais sobre uma dieta sem
carne. Não importa por qual motivo o indivíduo se tornou vegetariano nem qual é a
linha que ele segue; o importante é que a opção pela dieta sem carne seja segura.
Este foi o primeiro livro brasileiro totalmente embasado em artigos científicos que
ensina a montar um cardápio combinando grupos alimentares, para qualquer tipo de
dieta vegetariana. Há também aqui as informações mais importantes sobre os prin-
cipais nutrientes em relação aos quais existem dúvidas na dieta vegetariana, além de
tabelas de valores nutricionais de centenas de alimentos.
Esta nova edição traz 50% a mais de conteúdo e diversas novidades. As tabelas
foram ampliadas e atualizadas, o que trouxe informações de valores nutricionais
de mais alimentos. Como exemplos, foram incluídos os germinados, assim como
o teor de vitamina D e ômega-3 de diversos alimentos. Uma adição marcante foi
a apresentação de tabelas com todos os aminoácidos essenciais dos alimentos
vegetais e animais. Isso permitiu o cálculo de diferentes dietas para verificar o que
ocorre com o teor final de aminoácidos e desmistificar a dieta vegetariana estrita
nesse contexto.
A forma de elaboração da dieta traz agora diversas sugestões diferentes, simples, sem
a necessidade de elaborar cálculos, para que você saiba facilmente pelo que trocar os
alimentos de origem animal em diferentes refeições, seja em lanches, café da manhã,
sopas, churrascos e massas.
O capítulo de ômega-3 traz uma inovação que é a mistura de óleos para que a pro-
porção de ômega-6 e ômega-3 fique equilibrada, seja qual for o óleo que você utiliza no
dia a dia. Além disso, mostra o teor dos ômegas 3 e 6 em centenas de alimentos, sejam
de fonte animal ou vegetal.
Após quase dez anos do lançamento da primeira edição, me sirvo dos meus anos
de experiência clínica diária de atendimento em consultório para fornecer ainda
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Prefácio
mais dicas sobre a alimentação vegetariana referente aos seus cuidados nutricionais,
assim como condutas referentes à correção de deficiências, que também são encon-
tradas na dieta onívora.
Com o objetivo de reunir dados consistentes, seguros e imparciais sobre o vegeta-
rianismo, este livro se mantém um grande aliado para leigos ou profissionais de saúde
como fonte de informações científicas seguras.
Boa leitura!
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Introdução ao vegetarianismo
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Introdução ao vegetarianismo
DIETA E DIVERSIDADE
Existem diversos tipos de práticas dietéticas vegetarianas, assim como diferentes moti-
vos para uma pessoa aderir a esse tipo de alimentação. Da mesma maneira, há vege-
tarianos coerentes, incoerentes, agradáveis, desagradáveis, bom caráter, mau-caráter,
com saúde, doentes, empregados, desempregados, ricos, pobres...
Não discrimine o vegetariano como membro de um grupo de pessoas estereotipadas,
que têm os mesmos hábitos, pensamentos e atitudes. As pessoas são diferentes! A
diversidade de comportamento, crenças e atitudes está presente em toda a sociedade.
Isso é intrínseco à natureza humana.
Nesse ponto, a frase do Dalai Lama é muito pertinente: “Sentimento de superioridade
que resulta em depreciação é, afinal de contas, orgulho ou presunção, uma poderosa
mancha mental”.
Como seres humanos, diversas facetas do nosso desenvolvimento pessoal são tra-
balhadas. Algumas pessoas têm um desenvolvimento intelectual admirável, mas são
pobres no desenvolvimento afetivo, e vice-versa. Outras conseguem olhar para os ani-
mais e sentir a compaixão que as fazem transformar seus próprios hábitos e até colocar
em xeque seus relacionamentos pessoais. Outras têm mais dificuldade para fazer esse
tipo de transformação.
Nosso desenvolvimento pessoal não é como uma escola regular, em que a cada ano
devemos nos apossar de um conhecimento específico para chegar ao final do curso
com um leque de conhecimentos bem incorporados. Na vida, os desafios se apresentam
sem uma sequência predefinida, o que faz com que, por exemplo, pessoas de mesma
idade tenham atitudes diferentes com relação ao mesmo assunto. Há onívoros que
ignoram a dor dos animais que ingerem e são extremamente afetivos com outros seres
humanos. Há vegetarianos que são sensíveis à questão animal, mas totalmente insen-
síveis ao sofrimento humano.
Ser vegetariano contribui para reduzir o sofrimento animal, independentemente do moti-
vo que levou a pessoa a adotar esse estilo de vida, mas isso não faz dela um ser iluminado.
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toda, ou, pelo menos, por um período bas- nível. No capítulo sobre a vitamina B12,
tante prolongado para que esses ganhos exploro em detalhe esse aspecto.
sejam efetivados.
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mas também dependem das escolhas A ingestão de sódio também deve ser
alimentares. É perfeitamente possível, controlada, já que seu excesso pode pro-
em qualquer tipo de dieta, ingerir mais vocar hipertensão em alguns indivíduos,
ou menos vitaminas que o necessário. além de perda de cálcio pela urina. A
Assim, os vegetarianos não apresentam Organização Mundial da Saúde (OMS)
risco de deficiência vitamínica maior recomenda ingestão de 2.000 mg de
que os onívoros, exceto, teoricamente, sódio por dia, o que equivale a menos de
em relação à vitamina B12 na dieta vege- 5 g ou uma colher de chá de sal de cozi-
tariana estrita. nha comum. No entanto, vegetarianos e
Já os minerais merecem considera- onívoros ingerem muito mais sódio do
ções especiais. O selênio, por exemplo, que necessitam. No Brasil, diferentes
é importantíssimo para o sistema antio- estudos mostram que as pessoas conso-
xidante do organismo. O sódio participa mem de 4.700 mg a 9.600 mg de sódio,
da manutenção do equilíbrio de água. O ou seja, mais do que o dobro do con-
iodo, por sua vez, é essencial para o fun- sumo diário recomendado. Somando o
cionamento da glândula tireoide. sal utilizado nas refeições ao dos produ-
Tanto vegetarianos quanto onívo- tos industrializados, esse número pode
ros devem priorizar a ingestão de selê- chegar a 12.000 mg/dia.
nio. Nos vegetais, o teor desse mineral Por outro lado, estudos realizados
depende da proporção encontrada no com índios (que não adicionam sal aos
solo. Por exemplo: os alimentos cultiva- alimentos) revelam uma ingestão diária
dos no Norte, no Sul e no litoral do Brasil menor que 500 mg de sódio, sem que
são ricos em selênio, o que não ocorre no isso acarrete nenhum distúrbio à saúde.
Sudeste e no Centro-Oeste. Portanto, não há problema algum se
Uma castanha-do-pará contém de você reduzir a ingestão de sódio abaixo
60 mcg a 87 mcg de selênio, o que é sufi- dos padrões recomendados pela OMS.
ciente para ultrapassar as necessidades Assim, a orientação da OMS não repre-
diárias (55 mcg) do adulto. Seus efei- senta uma meta para obter a quantidade
tos tóxicos ocorrem quando se excede a suficiente de sódio para cobrir as perdas
ingestão diária de 850 mcg por dia, ou corporais. A questão está totalmente
seja, quando comemos, cronicamente, relacionada ao nosso paladar, que já está
mais de dez castanhas por dia. viciado em alimentos salgados. Por isso,
temos dificuldade para sentir o sabor dos
alimentos com menos sal.
Por fim, os alimentos ricos em iodo
são aqueles cultivados próximos ao mar
ou provenientes dele (peixes e algas).
Os vegetarianos ou onívoros que
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