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Auto Estim A
Auto Estim A
Por:
Orientador:
Fevereiro/2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Por:
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................01
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................32
INTRODUÇÃO
O conceito que se tem de si mesmo é primordial para se viver bem e ser feliz. A
imagem que todos nós formamos de nós mesmos, através de nosso desenvolvimento e
de nossa história de vida, nos diz quem nós somos, o que podemos esperar dos outros e
de nós, até mesmo o que achamos que merecemos ter e ser.
Pensando a respeito da questão merecimento, Branden (2000) ao conceituar
autoestima afirma: “Vou resumir numa definição formal: autoestima é a disposição
para experimentar a si mesmo como alguém competente para lidar com os desafios
básicos da vida e ser merecedor da felicidade”. (p.50)
Lucia Moysés (2004) ao conceituar autoestima também ressalta a importância do
merecimento quando afirma:
Christophe e Lelord, citados por Pereira (2004, p.3), afirmam: a autoestima não
é um dado definitivo. Ela é uma dimensão de nossa personalidade eminentemente
móvel: mais ou menos alta, mais ou menos estável, ela precisa ser alimentada com
regularidade
O conceito trazido por eles é importante quanto a questão da dinâmica da
autoestima e da necessidade de construção e alimentação contínua, para manutenção dos
que apresentam um bom nível de autoestima e para um aumento daqueles que o nível
não é satisfatório. Confirmando essa dinâmica da autoestima, Pereira (2004) afirma:
“Sem dúvida, a estima que a pessoa tem por si mesma, é dinâmica como a vida e precisa
ser protegida e nutrida”. (p.3)
As pessoas que apresentam uma boa autoestima olham a vida de frente,
confiam em si mesmas para conseguirem as coisas que almejam e para superarem as
dificuldades que possam surgir. Quem tem boa autoestima sabe que mesmo se tudo der
errado, mesmo que os problemas apareçam, ela tem valor e pode investir em si mesma
para que tudo melhore. Essa superação do homem nos momentos de adversidades da
vida é classificada por Branden (2000) como competência ou autoeficiência:
Ser eficiente (no sentido básico do dicionário) é ser capaz de
produzir um resultado desejado. Confiar em nossa eficiência
básica é confiar na nossa capacidade de aprender o que
precisamos e de fazer o que é preciso para atingir nossos
objetivos, desde que o sucesso dependa de nossos próprios
esforços. (p.58)
Pereira (2004) no seu estudo aponta que a autoestima pode ser ameaçada por
uma série de fatores e destaca a importância do professor se tornando eficiente no
sentido de fazer com que seus alunos descubram seus encantos e valores, fortalecendo
sua autoestima. Segundo Pereira (2004): “A autoestima pode ser ameaçada por muitas
coisas. As causas podem ser internas, isto é, próprias da pessoa, ou externas, ou seja,
sociais, familiares, etc.; reais ou imaginárias; passageiras ou duradouras”. (p.6)
Um pouco mais adiante; ainda explicando as possíveis causas de alteração da
autoestima, ela afirma:
A escola pode ser, para muitos alunos, o único espaço onde eles conseguem
expor opiniões, tomar decisões, exercer a autonomia, ser respeitado e ouvido. A
realidade tem mostrado que muitos jovens passam por situações desgastantes no
ambiente familiar onde não são ouvidos, não participam das decisões diárias, não são
respeitados; procurando dessa forma, na escola um local de “troca”, de participação e
interação.
É comum, portanto, alguns jovens transferirem para professores e colegas, as
relações não estabelecidas no ambiente familiar, daí a importância das figuras dos
professores e orientadores educacionais, como orientadores e conselheiros, servindo
como referências na construção da personalidade do indivíduo como sujeito atuante da
sociedade.
Como afirma Moysés (2004): “É lenta e gradual a aprendizagem que a criança
faz sobre as referências a seu respeito. As mais fáceis de ter seu sentido apreendido são
as que nascem de comentários ao seu comportamento”. (p.23)
A autora ressalta que o desenvolvimento da autoestima provém de opiniões,
elogios, aprovações e críticas que a criança recebe ao longo da sua vida. Isto significa
que o professor e orientador educacional devem estar atentos e perceber os alunos que
apresentam baixa autoestima, fruto muitas vezes de relações familiares problemáticas.
Se esses educadores acreditam no papel transformador da educação, eles procuram
apresentar para estes alunos com baixa autoestima, uma nova visão da realidade;
valorizando seus sentimentos e emoções, cultivando respeito e valores.
As crianças que conseguem experimentar uma realidade escolar mais
estimulante, tendo a oportunidade de fazer novos amigos, aprender a respeitar as
opiniões dos outros e a valorizar seus esforços nos estudos, elevando seus resultados,
com certeza perceberá a escola como um ambiente prazeroso. O professor e os demais
profissionais de educação podem elaborar estratégias
que estimulem este ambiente escolar mais confortável, sadio e com maior aceitação dos
alunos. Estas atitudes trarão como consequências, melhorias na qualidade de ensino;
assim como, elevação da autoestima não só dos alunos, mas também dos próprios
profissionais desta escola.
Segundo Aragon e Diez (2004) “Se há qualidades que os estudantes admiram em
seus educadores são sua equanimidade e seu senso de justiça”. (p.198) A partir desta
admiração dos estudantes, eles, interiorizam estes aspectos tratando seus colegas e
professores com igualdade e justiça. Estes dois fatores também são bem trabalhados
através do desenvolvimento de projetos em sala de aula e extracurriculares, que
valorizem o estudante não somente de forma acadêmica, mas como um ser humano em
processo de formação.
Convivendo diariamente em um ambiente onde são valorizados como seres
humanos, trocando ideias com os novos amigos, sendo respeitados pelos professores,
estes estudantes podem fazer da escola uma parceira como meio de obtenção de
conhecimentos e como mais um local para novas amizades.
O professor, muitas vezes sem perceber, consegue agir de forma transformadora,
na medida em que consegue fazer com que essas crianças valorizem e acreditem na
escola, mostrando novos horizontes e novas perspectivas futuras. Na medida em que a
confiança do aluno com o professor é estabelecida, abre-se a oportunidade para o
envolvimento do orientador educacional nesta relação. Este profissional pode, junto
com a família do estudante, desenvolver projetos que estimulem e desenvolvam novas
competências, fortalecendo a autoestima do aluno, e por vezes também, a própria estima
dos outros componentes desta família.
O orientador educacional é um articulador e vai proporcionar à unidade escolar
uma nova dinamização, atuando de forma integrada com os gestores, os coordenadores
pedagógicos, professores e alunos. Elaborar projetos, estratégias e ações que garantam
ao estudante, uma maior preparação para o futuro, e muitas vezes para o presente
também, são algumas das contribuições que o orientador educacional agrega ao campo
da educação. A atuação dele, além de contemplar ações positivas que interferem na
autoestima da comunidade escolar que atua, serve de exemplo para outras escolas,
comunidades e instituições; mobilizando as pessoas destes outros espaços para a
investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos.
Dessa forma, havendo a possibilidade de contar com o aluno como um aliado
disposto a aprender, a trocar, a se esforçar na busca do conhecimento, a equipe
pedagógica da escola, que também valoriza a educação continuada coloca em prática
novos projetos interdisciplinares que reforçam a autoestima dos seus alunos e consegue
até mesmo compensar a rigidez dos conteúdos que muitas vezes são desgastantes e
desapropriadas para a faixa etária dos estudantes.
Para reforçar essa ideia, foram pesquisadas em diferentes exemplares da Revista
Nova Escola, experiências relatadas que demonstrassem que é possível, na prática, o
professor em parceria com os orientadores educacional e pedagógico, trabalharem de
forma criativa e inovadora, contribuindo, desse modo, para o desenvolvimento da
autoestima do aluno.
Foram selecionados seis projetos que valorizavam, principalmente, a interação
social dos alunos. As análises de cada projeto selecionado, procuraram observar em que
medida essas experiências estimulavam a autoestima do aluno, contribuindo para que
ele interagisse melhor com o ambiente escolar, os colegas de classe e os professores.
São apenas exemplos do que pode e está sendo feito, não só em relação à autoestima,
como também, em muitos casos, em relação à própria consciência grupal e de cidadania.
Esses projetos são frutos das mais diferentes iniciativas e servem, sobretudo,
como estímulo e exemplo para as pessoas que trabalham diretamente com educação, e
já não conseguem acreditar que uma nova geração está sendo formada, muitas vezes
sem valores, princípios e boas atitudes. Destaca-se a atuação dos orientadores
educacional e pedagógico na elaboração dos projetos, em parceria com os professores;
assim como, a atuação destes profissionais desenvolvendo trabalhos de integração:
responsáveis - escola, professores – responsáveis, responsáveis – estudantes e
professores – estudantes.
Na seleção dos seis projetos que serão utilizados como exemplos, deu- se
prioridade para cinco que foram desenvolvidos em sala de aula com
crianças e adolescentes; e um extracurricular, o da Fundação Gol de Letra; que será o
primeiro a ser apresentado.
A Fundação Gol de Letra (Raí Souza Vieira de Oliveira e Leonardo Nascimento
de Araújo, 1998), citada por Moysés, nasceu de um sonho acalentado pelos ex-
jogadores de futebol Raí e Leonardo, conhecidos por suas atuações na seleção brasileira
de futebol, principalmente na Copa do Mundo de 1994. Localizada na zona Sul de São
Paulo e instituída em 1998 como uma organização não governamental, atende a 150
jovens de ambos os sexos, com idade entre 7 e 14 anos.
Essa Fundação trabalha com quatro eixos de atuação, buscando integrar todos
os grupos sociais envolvidos: 1)atendimento direto, 2)desenvolvimento cultural,
3)mobilização e 4)desenvolvimento institucional.
Apesar de muitas crianças desejarem participar desse projeto, só as que se
enquadram nos critérios de seleção são escolhidas. Para isso, é preciso ser moradora da
localidade, ter renda familiar de, no máximo, quatro salários mínimos, e estar
frequentando a escola.
O subprojeto “Virando o jogo” vem dando visíveis sinais de estar melhorando a
autoestima dos seus participantes. Realizando atividades esportivas, de arte-educação
(dança, música, teatro e artes plásticas), de informática, de leitura e escrita, além de
passeios, as crianças e os jovens aprendem a se comportar e vestir adequadamente,
manter o cuidado com a higiene, cumprir horários e compromissos, respeitar regras e
executar tarefas. Segundo Moysés estes aprendizados cristalizam sentimentos de
autoconfiança, autoestima e de identidade grupal, reforçando a importância do trabalho
em equipe.
O segundo projeto selecionado ocorreu de forma pioneira em Novembro de 2004
através da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (Revista Nova Escola, nº
177), que cumprindo a Lei nº 10.639, distribuiu 58 mil livros de literatura e de formação
para a maioria das escolas desta cidade, além de lançar um kit com 40 títulos que
valorizam a cultura e a identidade negra.
A lei nº 10.639, institui a valorização da África através da arte, literatura e
história. Desta forma, as escolas são obrigadas a trabalhar a cultura afro, discutindo
questões raciais, enfocando as contribuições dos africanos para o
desenvolvimento da humanidade e reconhecendo a existência do racismo no Brasil.
Muitas escolas de São Paulo na época, e em outros estados posteriormente,
desenvolveram e continuam desenvolvendo trabalhos exemplares de reeducação através
de leituras de livros, revistas, jornais, confecção de cartazes, desenhos e histórias;
seguidas de palestras, workshop e dinâmicas, organizadas pelos orientadores
educacional e pedagógico, gestores escolares e professores; que valorizam a cultura
africana e afro- brasileira.
Além de despertar os jovens para um conhecimento pouco abordado nas
escolas, este projeto trouxe ótimos resultados ao promover a igualdade racial e o
combate ao racismo; fazendo a integração dos jovens e reforçando a autoestima dos
alunos e funcionários negros das escolas que identificaram-se e sentiram-se orgulhosos
pela riqueza da cultura africana.
O terceiro projeto (Revista Nova Escola, nº180) destacado aconteceu em
Março de 2005, na cidade de Concórdia (SC), no bairro Santa Rita, elaborado pela
professora Edione de Língua Portuguesa, do 7º ano de uma escola do município citado.
Comovida com a não-identificação das crianças com o local em que vivem, a
professora sugeriu aos alunos o projeto “Conhecer para mudar”. Neste projeto eles
seriam responsáveis em pesquisar as causas da pobreza e a poluição do rio malcheiroso
que cortava o bairro.
A primeira ação da professora Edione em parceria com a orientadora
educacional da escola foi se aprofundar na realidade de vida de seus alunos, através da
leitura das pastas referentes a cada estudante, onde continham dados referentes a
estrutura familiar e o histórico de cada aluno. Após as leituras e a visitação as casas de
algumas crianças, a professora anotava em um caderno frases e palavras significativas.
Assim descobriu que, há 18 anos, famílias pobres espalhadas pela cidade, foram levadas
pela prefeitura para viver distante do centro, num antigo lixão.
A professora selecionou e escreveu em um cartaz 40 palavras ouvidas dos
entrevistados. Conforme a proposta os alunos deveriam comentar o significado de dez
delas e fazer uma redação.
Os textos foram exibidos com a ajuda de um retroprojetor e analisados pela
turma. Dessa forma, a professora pretendia levar os alunos a refletirem para que
compreendessem melhor a realidade, deixassem de lado os preconceitos e descobrissem
que cada um é capaz de mudar o presente para colherem no futuro.
Os resultados foram surpreendentes, pois através deste projeto, a professora
Edione conseguiu incentivar os alunos para a leitura e a escrita, trabalhou produção e
interpretação de textos, além de outros conteúdos de Língua Portuguesa como tempos
verbais, gêneros textuais, pontuação, pronomes; juntamente com a história do bairro e
da cidade.
Conhecendo melhor o bairro e a cidade, os alunos passaram a respeitar e
preservar a localidade, procurando combater a poluição do rio. Segundo a reportagem
muitos dos alunos que antes tinham vergonha de morar neste antigo lixão, depois do
projeto passaram a se sentirem mais confiantes para a melhoria da qualidade de vida
naquele local; reconhecendo que não era somente a pobreza, o lixo, o desemprego, o
roubo, as drogas (exemplos de palavras ouvidas dos entrevistados), que existiam neste
bairro, mas também uma história e uma população de gente honesta e trabalhadora que
tinha condições de mudar aquele “triste” panorama.
Com certeza, essas crianças melhoraram sua autoestima e o da professora
também. Através de uma iniciativa bem elaborada, conseguiu transformar a pouca
perspectiva daqueles jovens daquela turma e de seus familiares, em esperança de um
futuro mais justo e com menos pobreza e diferença social.
O quarto projeto selecionado (Revista Nova Escola, nº 184) está relacionado à
crianças agressivas que transferem a violência presenciada em casa para a escola.
Temperamento difícil e impulsivo, falta de carinho, violência física ou emocional,
ausência de limites ou tolerância excessiva dos responsáveis, excesso de energia mal
canalizada, são alguns dos fatores desencadeadores de procedimentos agressivos.
Algumas escolas; principalmente em São Paulo, recorreram à psicólogos,
terapeutas, orientadores educacional e pedagógico para desenvolverem estratégias de
autocontrole, mostrando para as crianças comportamentos positivos e sempre focando a
atenção para afetividade.
Além do apoio destes profissionais, as escolas desenvolveram atividades que
promovessem a boa convivência do grupo como, por exemplo: contar histórias sobre
amizade; programar atividades físicas em que houvesse contato físico entre as crianças;
levar as crianças para que brincassem ao ar livre; aplicar técnicas de relaxamento;
montar uma brinquedoteca, entre outras.
Toda essa movimentação das escolas, seria insuficiente se não fossem realizadas
conversas dos profissionais envolvidos com os pais na busca de atitudes equilibradas.
Essas conversas no começo do processo eram bem difíceis, porém com o tempo, os pais
conseguiram compreender que esta comunicação é imprescindível; além de passarem a
acreditar na importância deles para as mudanças emocionais dos filhos.
Na avaliação desse projeto, as escolas conseguiram aproximar os pais, elevar a
autoestima das crianças que perceberam uma melhoria e aproximação na relação com os
seus pais, controlar a maioria dos comportamentos agressivos, impor limites e
incentivar manifestações de afeto, segurança, respeito e amizade. Estes fatores foram
importantes para a formação destas crianças e para a reestruturação de algumas famílias.
O quinto projeto (Revista Nova Escola, nº190) foi selecionado para demonstrar
uma iniciativa autêntica, inovadora e para ratificar a importância das aulas de Educação
Física e outras disciplinas, por vezes, nem tão valorizadas, para a interdisciplinaridade.
Este projeto aconteceu em Três Corações (MG) em Março de 2006, numa escola
Municipal desta cidade. A professora de Educação Física resolveu acabar com a
“mesmice” das aulas; e incentivada pela curiosidade dos alunos da 6º ano, implantou
uma pesquisa sobre as pipas.
A pesquisa foi dividida em etapas desde a busca de informações sobre a história
e a ciência do brinquedo, a base científica para a brincadeira, até o momento mais
prazeroso que é o de empinar e curtir a pipa.
Para que o projeto obtivesse o êxito esperado foram necessárias algumas noções
de Educação Física, Geografia, Ciências e Cidadania.
A professora no período de aplicação do projeto, explicou as normas de
segurança, os mecanismos, que fazem a pipa voar e os possíveis defeitos que a impedem
de ganhar altura.
O objetivo principal da professora além de transmitir o conhecimento técnico
desta brincadeira, era o desenvolvimento emocional da turma por meio do trabalho em
grupo e do movimento corporal.
Os resultados obtidos, segundo a reportagem, foram emocionantes, pois foi
percebido pela professora que a turma sentiu-se valorizada ao ver uma atividade tão
agradável transformada em conteúdo escolar. Além do envolvimento e da intensa
participação das crianças; inclusive de algumas que apresentavam dificuldades com as
disciplinas escolares, a professora observou que através da técnica apurada para empinar
pipa, as crianças puderam trocar experiências com os colegas elevando a autoestima.
O sexto projeto (Revista Nova Escola, nº190) escolhido aconteceu em uma
escola Municipal em São Paulo, no começo do ano de 2005, contemplou alunos da
educação infantil de 4 anos da professora Deborah.
Percebendo a dificuldade das crianças em expressarem vontade de narrar
histórias ou algum fato acontecido em casa ou na escola, a professora decidiu criar
situações em que elas sentissem vontade de falar. Propôs a montagem de caixas de
histórias que servissem de cenário para a narração de contos.
A professora queria que a turma desenvolvesse a capacidade de expressar
sentimentos e opiniões ao mesmo tempo que tivesse prazer em escutar histórias.
Conseguindo com que as crianças expressassem opiniões estaria ampliando o
vocabulário delas e fazendo com que começassem a tornar algumas decisões; que
encadeariam um processo de autonomia.
Durante o projeto, a professora reparou que as crianças começaram a participar
mais das aulas; pediam a palavra em diversas situações em que antes permaneciam
caladas e faziam perguntas pertinentes ao tema.
Além de conseguir um desenvolvimento na oralidade e participação da turma, na
autonomia das crianças; o projeto conseguiu uma aproximação maior entre elas, pois
passaram a estabelecer vínculos de respeito, afeto, confiança e amizade.
A intenção, ao trazer estes projetos, foi mostrar que é possível na prática
desenvolver atividades que reforcem a autoestima. A criatividade dos professores e
demais profissionais da área de educação que elaboram e aplicam estes projetos
também são fundamentais, contribuindo ainda mais, na
importância que a escola representa na formação de muitas crianças e jovens que antes
não enxergavam nela, um espaço de aprendizados, trocas, interações.
Como observado, as mudanças para os alunos podem ocorrer tanto no espaço
escolar quanto no ambiente familiar, colaborando numa reaproximação dos pais com os
filhos, no estabelecimento de uma relação sadia entre eles, além da satisfação que esta
nova relação traz para ambas as partes.
As mudanças apresentadas no ambiente familiar, refletem na forma que a criança
percebe o mundo e interage com ele. A autoestima deste aluno atuará de forma
positiva, elevando sua capacidade de raciocínio, interação social e no seu desempenho
escolar.
Embora estes projetos não estivessem necessariamente voltados para o
desenvolvimento da autoestima dos alunos, eles através dos resultados obtidos e as
mudanças de comportamento observadas, reforçaram a autoestima no sentido que
ampliaram os desejos destes alunos de aprender, interagir, trabalhar em equipe
respeitando as opiniões dos colegas; trazendo novas perspectivas e uma satisfação
pessoal muito grande para todos os envolvidos neste processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BENCINI, Roberta. Educação não tem cor. Revista Nova Escola, São Paulo, a. XIX, n.
177, p. 46-53, nov. 2004.
BRIZA, Lucita; CLARO, Priscila Del. Aluno agressivo? Ele precisa de afeto e de
limites. Revista Nova Escola, São Paulo, a. XX, n. 184, p. 38-39, ago. 2005.
ESTUDO da língua muda auto-imagem da turma. Revista Nova Escola, São Paulo, a.
XX, n. 180, p. 44-45, mar. 2005.
FONTELES, B. Ney Matogrosso: ousar ser. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado,
SESC, 2002.
GENTILE, Paola. Uma caixa que ajuda a narrar histórias. Revista Nova Escola, São
Paulo, a. XXI, n. 190, p. 46-47, mar. 2006.