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Qualidade e Sistemas

de Produção
Material Teórico
Produção JIT

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Enrico D’Onofrio

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Oliveira da Costa Santos
Produção JIT

• Introdução;
• Técnicas JIT;
• Métodos de Redução de Tempo;
• MRP – Material Requirements Planning;
• Optimizes Production Tecnology (OPT).

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender o funcionamento do sistema JIT, conhecer as princi-
pais técnicas que viabilizam o JIT.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Produção JIT

Introdução
O Just In Time é considerado uma filosofia e, também, um método de planeja-
mento e controle das operações que visa atender a demanda em menor tempo com
alta qualidade e sem desperdícios.

O conceito de JIT nasceu no Sistema Toyota de Produção, foi aprimorado ao


longo das décadas, e vem sendo utilizado até hoje, em larga escala, nas indústrias e
empresas de serviços.

Devido aos diversos resultados que proporciona, o JIT também tem certa inclina-
ção a outros significados, tais como manufatura de fluxo contínuo, manufatura de
alto valor agregado, estoque zero, redução de estoque, manufatura rápida, manufa-
tura enxuta, manufatura de tempo de ciclo reduzido e tantas outras abordagens que
se misturam e fazem com que ocorram distorções do que vem a ser o Just In Time.

Perceba que, ao reduzirmos os níveis de estoque, consequentemente o sistema


terá menor tolerância a erros, uma vez que, se faltar estoque por motivos de erros,
a produção irá parar, ocasionando graves perdas ao processo produtivo.

Note que o JIT, por trabalhar de forma simplificada os seus estoques, garante
naturalmente uma maior velocidade das operações. O JIT, por meio da redução
dos estoques, proporciona que a manufatura seja enxuta.

Não podemos esquecer que o JIT nasceu dentro do Sistema Toyota de Produção
e que este é uma das colunas que garantiram o sucesso de tal modelo produtivo.
O JIT não funciona de forma isolada, pois depende grandemente da qualidade e
de outras ferramentas de cunho técnico ou comportamental para que o sistema
produtivo enxuto obtenha êxito.

Para entender a decadência dos antigos sistemas produtivos e a contribuição


do JIT para a produção enxuta, é necessária uma análise dos antigos modelos que
operavam com abundância de estoques e recursos.

Ao conceber o JIT, o nível de desempenho dentro do sistema produtivo se torna


mais exigente, pois como já vimos, pela própria redução de recursos, o erro causa-
ria graves problemas ao sistema produtivo.

Algumas das características necessárias requeridas para a implantação do JIT são:

• Qualidade - a qualidade é um dos mais importantes elementos, uma vez que,


por meio da padronização das atividades e processos, reduzem-se as possibi-
lidades de erros, bem como há a redução dos níveis de estoque. Sem a quali-
dade, ficaria muito difícil operar com êxito.

• Velocidade - a velocidade é um outro elemento importante para o desempe-


nho da produção que utiliza o JIT, pois, devido à redução dos níveis de esto-
que, é necessário buscar criatividade, inovação e padronização para aumentar a
velocidade do ritmo de produção, não somente por ter estoque em abundância.

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• Confiabilidade - a confiabilidade é um item primordial para que o processo
ganhe velocidade, uma vez que, se todos os fornecedores garantem seu pa-
drão e especificações técnicas, a chance de ocorrer um erro se torna cada
vez menor, sustentando um modelo de produção com estoque reduzido.

• Flexibilidade - a flexibilidade é um dos itens que faz com que o JIT seja uti-
lizado até os dias de hoje, uma vez que proporciona a formação de células
produtivas, lotes pequenos, mix de produtos e personalização da produção.

Para conseguir eficiência no processo produtivo, o sistema JIT utiliza o máximo


da capacidade produtiva, buscando a otimização dos recursos não somente volta-
dos ao estoque, mas também de tempo, máquinas e pessoas.

A filosofia JIT é percebida por meio de técnicas para gestão de produção.


A filosofia JIT tem em sua origem a prática japonesa de utilizar apenas o necessário,
buscando a eliminação de desperdícios. O desperdício não necessariamente tem relação
com o estoque, mas pode ser definido como qualquer atividade que não agrega valor.

Buscar formas de reduzir as atividades que não agregam valor ao produto, geran-
do apenas custo, deve ser observado com cautela, pois isso pode gerar o aumento
do custo de produção sem a geração de valor.

Quando foi desenvolvido o sistema JIT na Toyota, verificou-se que os desperdí-


cios poderiam ser classificados em sete grupos, sendo eles superprodução, tempo
de espera, transporte, processo, estoque, movimentação e produtos defeituosos.

Superprodução
A superprodução foi encarada como produzir mais do que efetivamente é utili-
zado naquele momento. Este conceito é estruturalmente o oposto do que trata o
JIT, uma vez que o conceito JIT propõe produzir apenas o necessário no momento
necessário. Há de se observar que este conceito de superprodução foi originado dentro
do sistema americano de produção, tendo como exemplo as linhas de produção da
Ford, que geravam altos níveis de estoques intermediários e que, por sua vez, gera-
vam custos de capital imobilizado e custo de manutenção dos estoques. Porém, uma
frase americana épica dizia que, em se tratando de produção em linha, é melhor
sobrar do que faltar.

Tempo de Espera
Dentro do processo produtivo, são utilizadas a mão de obra e as máquinas de
forma eficiente para que não haja perda de tempo e, consequentemente, desper-
dício de recursos.

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UNIDADE Produção JIT

Ajustes de máquina e produção que não é necessária naquele momento podem


gerar desbalanceamento de linha, fazendo com que alguns processos tornem-se
mais velozes do que outros, gerando morosidade em todo o processo.

Transporte
O transporte é encarado como a movimentação de produtos ou materiais den-
tro da fábrica, seja de produtos acabados ou semiacabados, fazendo com que a
movimentação desnecessária ou em uma distância maior gere desperdícios que,
muitas vezes, são imperceptíveis.

Processo
Em determinado processo, podem ocorrer desperdícios que seriam evitados
fazendo com alguns ajustes. Ao produzir produtos que possuem como origem os
metais, é natural que ocorram perdas ao longo do processo produtivo, da mesma
forma que o desperdício ocorre em diversas áreas da produção no setor de pa-
péis, borrachas e em outros setores da indústria e de serviços.

Estoque
O estoque, dentro do sistema JIT, é considerado um grande desperdício, porém,
para conseguirmos eliminar o estoque, é necessário que antes eliminemos as suas
causas, sendo muito improvável ter sucesso eliminando apenas os estoques sem
entender, efetivamente, o motivo pelo qual seus níveis aumentam constantemente.

Movimentação
A movimentação desnecessária dentro do processo JIT é considerada des-
perdício, pois envolve a nossa empresa e, às vezes, fornecedores e até mesmo
clientes, num processo sem contínuo de perdas e desperdícios, no que se rela-
ciona com movimentação.

Produtos Defeituosos
Uma das piores perdas que existe é a perda do produto acabado, uma vez que,
quando fabricamos produtos defeituosos, estamos materializando a nossa ineficiên-
cia em um determinado produto ou serviço. Se as etapas forem cumpridas em rela-
ção à qualidade e padronização, provavelmente a redução de produtos defeituosos
será minimizada.

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Alguns dos aspectos filosóficos da cultura japonesa influenciam diretamente o
sistema JIT, pois, dentro do sistema Toyota e da cultura japonesa, é necessário que
haja o envolvimento de todos, bem como o respeito mútuo para que sua implan-
tação tenha êxito.

Outra característica da cultura japonesa é que não existe nada que não possa
ser melhorado, e este aprimoramento contínuo, além de garantir o sucesso em
diversas organizações também gerou um certo desafio, pois, por meio da elimi-
nação de desperdícios, é possível ter sucesso em suas atividades.

Esse princípio, denominado de Kaizen, está presente nas práticas básicas de


trabalho e é de fundamental importância na implantação do JIT.

Técnicas JIT
Para que possamos viabilizar o JIT, existem algumas técnicas e ferramentas que
auxiliam na eliminação de desperdício.

Algumas das técnicas são: práticas de trabalho, projeto para a manufatura, foco
na operação, máquinas simples e pequenas, arranjo físico, manutenção produtiva,
redução de set-up e fornecimento.

Práticas de Trabalho
As práticas básicas de trabalho podem resumir-se em:

• Disciplina - padrões de trabalho que seguem rigorosamente as normas de


segurança e padrões preestabelecidos de trabalho, entendendo o funcioná-
rio sobre a importância da disciplina nas atividades cotidianas.

• Flexibilidade - a flexibilidade dentro da autonomia de trabalho é importante


para encorajar os funcionários na busca da melhoria contínua, facilitando a
solução de problemas e na busca das causas.

• Igualdade - a igualdade é uma importante característica de empresas que


utilizam uma mensagem igualitária, o que facilita a implantação, padroni-
zação, manutenção dos processos, bem como a convivência e os conflitos
organizacionais.

• Autonomia - outro princípio básico das práticas de trabalho dentro do siste-


ma JIT é a autonomia, princípio este que delega a responsabilidade aos en-
volvidos nas atividades diretas, sendo o gestor apenas aquele que dá suporte
aos colaboradores.

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UNIDADE Produção JIT

• Desenvolvimento do Pessoal - uma importante característica é desenvolver


um mix de pessoas que possuam capacidade técnica para desenvolver mul-
titarefas, além das habilidades e competências no âmbito comportamental,
que devem ser desenvolvida para facilitar o trabalho em equipe.

• Qualidade de Vida no Trabalho - a qualidade de vida no trabalho é uma


das características importantes para a sustentabilidade do trabalho; além da
segurança física e mental, é desenvolvido nos colaboradores o envolvimento
no processo de decisão, diversão e estabilidade no emprego, gerando assim
uma melhor qualidade de vida no trabalho.

• Criatividade - o elemento criativo é um dos itens que devem ser valorizados


e trabalhados, pois é um dos elementos fundamentais para a motivação no
trabalho. Esta prática dentro das organizações faz com que o colaborador
sinta-se parte do todo, além de auxiliar na construção das atividades, pro-
cessos e identificação de melhorias.

Projeto para a Manufatura


Ao realizarmos um estudo de aprimoramento do projeto, podemos reduzir cus-
tos do produto em função da quantidade de componentes e montagens, buscando
também o melhor material e os métodos de produção.

Foco na Operação
O foco na operação constitui-se em estruturar políticas de manufatura, serviços
e suporte que, por meio da simplicidade da missão pré-estipulada, traz experiên-
cia e, consequentemente, competência, fazendo deste processo um aprendizado.

Máquinas Simples e Pequenas


Para gerar maior flexibilidade na produção, as máquinas pequenas e simples de
se operar são consideradas fundamentais para que se possa mudar a linha de produ-
ção e as células produtivas dando, além de flexibilidade, velocidade às necessidades
de produção.

Arranjo Físico e Fluxo


O arranjo físico e fluxo de operações devem ser estudados e constituídos para pro-
mover um fluxo operacional que minimize o acúmulo de estoques ao longo do processo,
bem como diminua desperdícios de qualquer ordem, sendo um deles a movimentação
desnecessária de pessoas e materiais.

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Algumas das formas para constituir arranjos e fluxos, obedecendo aos critérios
do JIT, são:

• Situar postos de trabalhos próximos para evitar a geração de estoques;

• Estruturar os postos de trabalho de forma que estejam visíveis uns aos outros,
fazendo com que o fluxo se torne transparente para todos os envolvidos.

Manutenção Produtiva Total


A manutenção produtiva total tem como objetivo eliminar variabilidade em
processos que garantem a diminuição de rupturas de estoques, de abastecimento
de linha, sendo este elemento uma espécie de planejamento e acompanhamento
da produção.

Redução de Set-Up
O Set-up é definido como o tempo necessário para a troca de processo de pro-
dução para um novo lote que necessita de certo tempo para a realização de ajustes,
principalmente de máquinas.

Métodos de Redução de Tempo


Fornecimento JIT
O fornecimento JIT envolve desenvolvimento de fornecedores que estejam com
sistemas de gestão da qualidade em funcionamento para garantir a padronização
de seus produtos e processos, minimizando possíveis falhas, ou defeitos de produ-
tos finais e processos.

As relações de parceria, onde são desenvolvidas relações de negócios de médio e


longo prazo, com o objetivo de desenvolver uma relação duradoura de médio e longo
prazo, garantem a perpetuidade dos negócios e processos.

Algumas das principais técnicas de planejamento e controle do JIT é o Kanban,


que conseguiu minimizar os estoques e, consequentemente, desperdício por meio
deste controle de cartões.

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UNIDADE Produção JIT

Controle Kanban
O controle kanban é uma das formas de viabilizar o JIT devido ao controle que
exerce sobre os níveis de estoque.

O kanban, em japonês, significa cartão ou sinal, que tem como objetivo controlar
a transferência de material de um setor produtivo para o outro, podendo ser aplica-
do na relação direta com fornecedores externos, bem como na própria produção.

Os principais tipos de kanban são:

• kanban de transporte, que demonstra o estágio em que o material pode ser


retirado e transferido para um novo destino;

• kanban de produção.

MRP – Material Requirements Planning


MRP teve sua origem nos anos 1960, com o significado Material Requirements
Planning. O MRP I permite a previsão de quais materiais são necessários e em que
momento. Para o ajuste e cálculo, necessitamos da demanda e os pedidos que iremos
receber. O MRP verifica as necessidades programando de acordo com calendário e
necessidade de produção

O MRP é um sistema que ajuda as empresas a fazerem os cálculos de volume e


tempo similares de uma forma mais rápida, uma vez que, antes da década de 1960,
todos estes cálculos eram realizados de forma

A partir da década de 1980, o conceito MRP evoluiu para Planejamento dos


Recursos de Manufatura que foi integrado a outras partes da empresa. Esta versão
ampliada do MRP é conhecida atualmente como Planejamento dos Recursos de
Manufatura (Manufacturing Resource Planning) ou MRPII.

Quadro 1 - MRP
SEMANA 1 2 3 4 5
Necessidades Brutas
Estoque Disponível
Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas
Liberação de Ordem

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Cama

Estrado Cabeceira Peseira Parafusos


(1) (1) (1) (8)
Figura 1 - Árvore do Produto (MRP)

O produto é oriundo da montagem de quatro componentes e o número entre parênte-


ses indica a quantidade necessária de cada material para a montagem de uma cama.

A demanda de camas é de 600 unidades na semana 6 e 400 unidades na semana


12. Pode-se dizer que a cama tem uma “demanda independente”, pois não depende de
outro componente ou subcomponente para a montagem, já cabeceira, peseira, estrado
e parafusos são considerados “demanda dependente”, pois são afetados em função
de outros itens, neste caso, o produto cama. Uma vez disponíveis, os componentes, a
montagem final é feita em uma semana. Após a última montagem (que aconteceu na
semana 2), permaneceram os seguintes estoques:

• Cama – 100 unidades;


• Cabeceira – 50 unidades;
• Peseira – 100 unidades;
• Estrado – 150 unidades;
• Parafusos – 250 unidades.

Para cada cama, precisamos de uma cabeceira. A demanda de fabricação é de


mil camas portanto temos a necessidade bruta de mil cabeceiras. Podemos observar
que em cada cama utilizamos oito parafusos, portanto a nossa necessidade bruta será
oito mil parafusos.

Para tanto, precisamos salientar que, quando alteramos a quantidade do produto


final, automaticamente será alterada a quantidade de seus componentes, portanto,
perceba que já existe estoque disponível de camas (100 unidades), fazendo com que
a necessidade líquida passe a ser 900. Ao realizarmos a alteração da necessidade
total de camas, as quantidades de cabeceira, peseira, estrado e parafusos irão sofrer
alterações, como podemos observar na tabela.

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UNIDADE Produção JIT

Temos, portanto, a seguinte lista de materiais:


Quadro 2
Componentes Necessidade Bruta Estoque Disponível Necessidade Líquida
Cama 1000 100 900
Cabeceira 900 50 850
Peseira 900 100 800
Estrado 900 150 750
Parafuso 7200 250 6950

Os tempos de espera para a aquisição dos componentes – cabeceira, peseira, estra-


do – são de uma semana, enquanto para o componente parafuso é de três semanas.

Na tabela MRP, para cada um dos itens (cama, cabeceira, estrutura metálica, estrado
e parafuso), as quantidades necessárias são iguais às necessidades líquidas. Para início,
assumimos que estamos na semana 1.

Solução:
Temos como início do exemplo a tabela do produto acabado cama, em que deno-
minamos de item “Pai”

Quadro 3 – Item “Pai” – Cama


Item: Cama
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 600 400
Estoque Disponível 100

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas
Liberação de Ordem

Inicialmente, a tabela é preenchida com a quantidade de demanda necessária


(no nosso caso, 600 unidades na semana 6 e 400 unidades na semana 12) e com
a quantidade em estoque disponível (100 unidades).

Realizamos, então, o cálculo das necessidades líquidas, sendo:


Necessidades Líquidas = Necessidades Brutas – Estoques Disponíveis – Recebi-
mentos Programados.

Para a semana 6:
Necessidades Líquidas = 600 – 100 – 0 = 500 unidades.

Para a semana 12:


Necessidades Líquidas = 400 – 0 – 0 = 400 unidades.

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Quadro 4 – Item “Pai” – Necessidades Líquidas
Item: Cama
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 600 400
Estoque Disponível 100
Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 500 400
Liberação de Ordem

Como a montagem final é realizada em uma semana, necessariamente o início


desta montagem deverá ser a semana anterior. Portanto, deveremos emitir a Ordem
de Produção uma semana antes da entrega do produto. No nosso caso, nas semanas
5 e 11, ficando a tabela da seguinte maneira:

Quadro 5 – Item “Pai” – Liberação de Ordens


Item: Cama
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 600 400
Estoque Disponível 100

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 500 400
Liberação de Ordem 500 400

Com a liberação da ordem de fabricação e o consequente início da montagem na


semana 5 e na semana 11, é necessário que todos os materiais estejam disponibiliza-
dos para a montagem dessa mercadoria. Para isso, portanto, temos que realizar uma
nova tabela para cada material utilizado.

Quadro 6 – Item “filho” – Cabeceira


Item: Cabeceira (Utilização 1 unidade por cama)
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 500 400
Estoque Disponível 50

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 450 400
Liberação de Ordem 450 400

Percebe-se que a necessidade bruta do item “filho” é dado pelo momento da libe-
ração da ordem de fabricação do item “pai”. Outro ponto a ser considerado é a quan-
tidade de material que será utilizada no item. No caso do item cabeceira, é utilizado
um para cada cama produzida.

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UNIDADE Produção JIT

Quadro 7 – Item “filho” – Peseira


Item: Peseira (Utilização 1 Unidade por Cama)
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 500 400
Estoque Disponível 100

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 400 400
Liberação de Ordem 400 400

Quadro 8 – Item “filho” – Estrado


Item: Estrado (Utilização 1 Unidade por Cama)
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 500 400
Estoque Disponível 150

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 350 400
Liberação de Ordem 350 400

Quadro 9 – Item “filho” – Parafusos


Item: Parafusos (Utilização 8 Unidades por Cama)
Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Necessidades Brutas 4000 3200
Estoque Disponível 250

Recebimentos Programados
Necessidades Líquidas 3750 3200
Liberação de Ordem 3750 3200

Optimizes Production Tecnology (OPT)


Segundo Caxito (2011), o OPT é uma técnica computadorizada que auxilia a
programação de sistemas produtivos, ao ritmo ditado pelos recursos mais fortemente
carregados, ou seja, os gargalos. Se a taxa de atividade em qualquer parte do sistema
exceder àquela do gargalo, alguns itens estarão sendo produzidos sem que possam
ser utilizados. Se a taxa de trabalho cai abaixo do ritmo no gargalo, todo o sistema
é subutilizado.

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O autor do livro “A Meta” Goldratt faz uma abordagem importante em relação às
restrições e balanceamento dos níveis de produção. Para conhecer mais profunda-
mente sobre o assunto, leia o livro: GOLDRATT, Eliyahu M.; COX, Jeff. A Meta: um
processo de aprimoramento contínuo. São Paulo: Nobel.
Caxito (2011) subdivide a gestão dos gargalos e otimizarão da produção para o
aumento dos lucros em três itens:
• Fluxo de Materiais - É a taxa segundo a qual o sistema gera dinheiro por meio
da venda de seus produtos.
• Estoque - Quantificado pelo dinheiro que a empresa empregou nos bens que
pretende vender, refere-se ao valor apenas das MPs envolvidas. Não se inclui o
“valor adicionado”, ou o “conteúdo do trabalho”.
• Despesas Operacionais - O dinheiro que o sistema gasta para transformar
estoque em fluxo.
Podemos perceber que a gestão dos recursos produtivos e da demanda são impor-
tantes no combate ao desperdício e paradas de linha que geram enormes custos para
fabricantes e clientes.
Na implantação do OPT, devemos:
1 – Identificar a Restrição do Processo:
Não podemos gerenciar o que não controlamos, e não conseguimos controlar o que
não conhecemos. Uma das formas de identificarmos as restrições é desenhando os
processos para posteriormente identificarmos a ociosidade e falta da capacidade;
2 – Explorar a Restrição do Processo:
A exploração da restrição diz respeito ao estudo profundo dos gargalos na proposta
de minimizá-los ou eliminá-los;
3 – Subordinar todo o restante do processo em detrimento do recurso com restrições
para evitar a perda de tempo em alguns processos, ou a falta de capacidade opera-
cional em outros;
4 – Procurar relaxar a restrição:
Aumentar a capacidade do recurso restritivo e observar para possíveis ajustes;
5 – Identificar nova restrição diz respeito à melhora contínua dos processos na
busca de qualquer processo que possa impedir a sequência dos processos eficientes.

Para entender mais sobre a otimização de processos e a eliminação de restrições na produção


Explor

acesso o link: Teoria das Restrições.


https://youtu.be/aKq4c8UB7GU

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UNIDADE Produção JIT

Considerações Finais
O Just In Time é um conceito de eliminação de desperdícios, utilizando apenas
o necessário para a produção. Porém, podemos perceber nos exemplos de MRP
que nem sempre é possível manter estoques em nível zero, uma vez que os forne-
cedores e fatores contingenciais obrigam as organizações a manterem certo nível
de estoque denominando-os de estoque de segurança.

Diante do cenário econômico e de mercado, as projeções devem ser realizadas


para que a produção seja feita conforme a previsão real, fabricando o produto
certo na hora certa, no momento em que é desejado, apenas o necessário.

Uma das características para que o Sistema Just In Time dê certo é: a quali-
dade, pois o JIT não aceita erros, uma vez que, se ocorrer alguma falha, haverá
ruptura na produção e na ferramenta Kanban, que se é importantíssima, uma vez
que, por meio dos cartões, identificamos e controlamos os níveis de estoque.

A produção puxada é realizada em conjunto dessas ferramentas, para a reali-


zação da produção na quantidade e tempo desejados.

O sistema JIT engloba diversos conceitos de eliminação de desperdício, sendo


apoiado por ferramentas, incluindo as da qualidade, para que obtenha sucesso, pois
sem o conceito global e apoio destas, dificilmente o JIT irá obter êxito.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
O Sistema Just-in-time
https://youtu.be/HLWgkPk0mMs
Kanban
https://youtu.be/cfLjtiFbia4
Parte I - Toyota - Lean Manufacturing
https://youtu.be/c6KVeDbgRgU
Parte II - Toyota - Lean Manufacturing
https://youtu.be/6vmdVR9dzPM

Leitura
As Relações entre Estratégia de Produção, TQM (Total Quality Management ou Gestão da Qualidade Total) e JIT
(Just-In-Time): Estudos de Caso em uma Empresa do Setor Automobilístico e em Dois de Seus Fornecedores
As Relações entre Estratégia de Produção, TQM (Total Quality Management ou Gestão da Qualidade
Total) e JIT (Just-In-Time): Estudos de Caso em uma Empresa do Setor Automobilístico e em Dois de
seus Fornecedores. Gest. Prod. [online]. 2000, vol.7, n.3, pp.305-319. ISSN 0104-530X
https://goo.gl/Cq8nqa

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UNIDADE Produção JIT

Referências
GONÇALVES, Paulo Sérgio. Administração de Materiais. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.

SLAK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; HARLAND, Christine. Administração da Produ-


ção. São Paulo: Atlas, 2012.

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