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A Neurociência da Tomada de Decisão: Como o Seu Cérebro Faz Escolhas

A Neurociência da Tomada de Decisão: Como o Seu Cérebro Faz Escolhas

Billy NascimentoBilly Nascimento

Billy Nascimento

Construo tecnologias cognitivas e…

Publicado em 1 de mar. de 2023

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Introdução

Olá, Neuroamigos! Você já parou pra pensar no complexo e intrigante processo que ocorre em seu
cérebro cada vez que você tem que decidir alguma coisa? Tomar decisões é uma parte importante de
nossas vidas, desde escolher o que comer no café da manhã até saber o que fazer com as coisas
importantes na vida pessoal ou profissional. Nossas decisões podem ter um grande impacto em nosso
sucesso e felicidade, e aprender sobre elas pode ser um grande passo.

Este post examina a ciência da tomada de decisões, incluindo suas várias manifestações e mecanismos
neurais subjacentes. Também analisaremos maneiras de tomar melhores decisões e os vários aspectos
que podem afetar as decisões, como influências psicológicas e ambientais.

Vamos primeiro examinar como se desenvolve a tomada de decisão no cérebro.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Imagem criada pelo autor usando Midjourney

A Neurociência por Trás da Tomada de Decisão


O que acontece dentro de nossas cabeças quando tomamos uma decisão? Como o cérebro analisa os
benefícios e desvantagens de cada escolha antes de tomar uma decisão? Nesta seção, veremos a
neurociência da tomada de decisão e os processos que ocorrem em nossos cérebros.

O córtex pré-frontal, a região frontal do cérebro responsável por atividades cognitivas superiores como
escolhas, resolução de problemas e planejamento, está no centro da tomada de decisão. O córtex pré-
frontal é às vezes chamado de CEO do cérebro, uma vez que é fundamental para nossa capacidade de
pensar e tomar decisões complicadas.

Ao ser apresentado a uma decisão, o córtex pré-frontal avalia as muitas possibilidades e considera os
prós e contras de cada uma. Também leva em consideração qualquer informação relevante armazenada
em nossa memória de longo prazo e combina estes dados com as informações disponíveis do momento.
Podemos tomar decisões sensatas com base em nossas informações e experiências passadas graças a
esse processo.

Infelizmente, tomar decisões nem sempre é um processo lógico. As emoções, na realidade, têm uma
influência fundamental na tomada de decisões. O sistema límbico, que é responsável pelas emoções e
motivações no cérebro, também está envolvido na tomada de decisões. O sistema límbico analisa o
conteúdo emocional associado a cada escolha e envia sinais ao córtex pré-frontal quando tomamos
decisões.

Imagine que você está avaliando duas ofertas de emprego: uma de uma empresa que paga bem, mas
tem um ambiente de trabalho estressante, e outra de uma empresa que paga menos, mas tem um
ambiente de trabalho mais relaxado. Se você quer um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, seu
sistema límbico pode fazer você escolher a segunda opção, mesmo que a primeira lhe dê mais dinheiro.
É claro que isso dependerá de onde você coloca seus valores! Mas, se você quer um bom equilíbrio
entre trabalho e vida pessoal, seu sistema límbico pode fazer você escolher a segunda opção, mesmo
que a primeira lhe dê mais dinheiro.

Os neurotransmissores, moléculas que permitem o fluxo de informação entre neurônios no cérebro, são
outro componente que impacta a tomada de decisões. Diferentes neurotransmissores têm papéis
distintos na tomada de decisão. Por exemplo, quando experimentamos consequências agradáveis ou
recebemos feedback positivo, que valida nossas expectativas, a dopamina, um neurotransmissor ligado
à recompensa e ao prazer, é produzida. A serotonina, por outro lado, é um neurotransmissor conectado
ao humor e comportamento social, e desempenha um papel na tomada de decisão social.

Às vezes não somos tão hábeis em tomar decisões ótimas, apesar dos processos intrincados de tomada
de decisão de nossos cérebros. Influências ambientais e preconceitos pessoais podem ambos ter um
impacto em nossa capacidade de tomar decisões. Restrições de tempo, por exemplo, podem nos forçar
a tomar decisões impulsivas, enquanto preconceitos pessoais podem nos fazer ignorar fatos cruciais.

Para desenvolvermos uma maior capacidade de escolha, é importante obter uma compreensão mais
profunda da neurobiologia por trás do processo de tomada de decisão, bem como das maneiras pelas
quais nossos próprios preconceitos e emoções podem obscurecer nosso julgamento. Se pudéssemos
aprimorar nossas habilidades de tomada de decisão, poderíamos usar essas informações para tomar
decisões mais sábias que teriam uma probabilidade maior de sucesso.

Para resumir, a tomada de decisão é um processo complicado que envolve várias áreas do cérebro e é
impactado por elementos como emoções, neurotransmissores e preconceitos pessoais. Podemos
aprimorar nossas habilidades de tomada de decisão e tomar decisões mais informadas que têm mais
chances de resultar em resultados favoráveis se compreendermos a neurobiologia por trás deste
fenômeno.

Fatores que Afetam a Tomada de Decisão

Muitas coisas podem obscurecer nosso julgamento quando se trata de tomar decisões. Alguns fatores
têm uma maior relação com questões do ambiente, enquanto outros têm maior relação com questões
psicológicas. Aqui, discutiremos as diversas circunstâncias que podem influenciar nosso julgamento e
veremos como é importante se conhecer para mudar!

Elementos Ambientais:

As influências ambientais são situações fora de nosso controle que podem ter um impacto em como
tomamos decisões. Exemplos típicos incluem:

Pressão dos Pares: Há várias maneiras pelas quais a presença de outras pessoas pode afetar nossas
escolhas. Por exemplo, podemos sentir que temos que concordar com as ideias ou valores do grupo, ou
podemos ter que competir com os outros para chegar à "melhor" conclusão. Quando as pessoas
valorizam a unidade do grupo acima do pensamento crítico, uma tendência conhecida como
"pensamento de grupo" aparece, às vezes resultando em situações em que as escolhas não serão ideais.

Restrições de Tempo: As restrições de tempo também podem ter um grande impacto em como
tomamos decisões. Heurísticas, frequentemente conhecidas como atalhos mentais, são técnicas que
usamos para tomar decisões rapidamente quando estamos sob pressão de tempo. Embora esses atalhos
possam ocasionalmente ser benéficos, eles também podem resultar em preconceitos e imprecisões que
podem nos levar a más escolhas.

Preconceito Pessoal: Os preconceitos pessoais, como viés de ancoragem e viés de confirmação, também
podem influenciar como tomamos decisões. Quando procuramos informações que apoiam nossas
opiniões preexistentes enquanto descartamos informações que as contradizem, isso é conhecido como
viés de confirmação. Quando baseamos uma escolha muito fortemente na primeira informação que
encontramos, isso é conhecido como viés de ancoragem. Ambos os vieses podem nos fazer cometer
erros capitais.

Variáveis Psicológicas

Os elementos psicológicos são circunstâncias internas que podem influenciar como tomamos decisões.
Alguns exemplos:

Emoções: Nossos processos de tomada de decisão podem ser significativamente afetados por nossas
emoções. Por exemplo, quando estamos com medo ou nervosos, podemos tomar decisões mais
cautelosas que colocam a segurança acima da tomada de riscos. Do outro lado, se estivermos nos
sentindo animados ou entusiasmados, podemos estar mais propensos a correr riscos e tomar decisões
audaciosas.

Motivações: Nossas motivações podem desempenhar um papel na formação de nossas escolhas. Por
exemplo, se somos motivados pela necessidade de admirar ou ser conhecido, podemos colocar esses
objetivos à frente de outros. Se somos motivados pelo desejo de evitar dor ou más consequências,
podemos optar por alternativas que priorizem a segurança acima da redução de riscos.

Traços de Personalidade: Por último, nossos traços de personalidade podem influenciar como tomamos
decisões. Por exemplo, aqueles com altos níveis de abertura à experiência podem estar mais inclinados
a correr riscos e explorar novas oportunidades, enquanto pessoas com altos níveis de conscienciosidade
podem ser mais propensas a dar maior prioridade à responsabilidade e confiabilidade ao tomar
decisões.

Melhorando a Tomada de Decisão

A habilidade de tomar decisões sábias é algo que pode ser aprendido e aprimorado com o tempo.
Vamos discutir algumas técnicas, nesta seção, que você pode aplicar para melhorar sua capacidade de
tomada de decisão e tomar decisões mais sábias.

Analisar as opções é um método para se tornar melhor no processo de decisão. Frequentemente, temos
a tendência de nos concentrar em apenas uma escolha sem considerar opções alternativas. Ao pesar
cuidadosamente todas as opções, você pode avaliar os prós e contras de várias possibilidades e
selecionar aquela que melhor se adequa aos seus objetivos e valores.

Pensar sobre as consequências de suas escolhas é uma outra tática. Considere as possíveis
consequências e como elas afetarão você e as pessoas ao seu redor antes de tomar uma decisão. Dessa
forma, você pode tomar uma decisão melhor e evitar quaisquer resultados indesejáveis.

Uma boa técnica para aprimorar suas habilidades de tomada de decisão é pedir opinião de outras
pessoas. Às vezes, corremos o risco de perder de vista possíveis problemas porque estamos muito
comprometidos com nossa escolha. Você pode obter uma nova perspectiva e levar em consideração
informações que possam ter sido esquecidas ao pedir opiniões de pessoas confiáveis.

Também é importante estar ciente e lidar com quaisquer preconceitos pessoais que possam estar
influenciando sua tomada de decisão. O viés de confirmação, que é a tendência de buscar evidências
que apoiem nossas opiniões pré-existentes, é um preconceito que pode afetar como tomamos decisões.
Podemos tomar decisões mais imparciais e lógicas ao identificar e corrigir esses preconceitos.

Por fim, é crucial levar o tempo que for necessário na tomada de decisão. Tomar decisões precipitadas
pode levar a más escolhas e resultados indesejáveis. Ao avaliar cuidadosamente todas as suas opções e
suas possíveis consequências, você terá mais chances de tomar uma decisão que esteja alinhada com
seus objetivos e valores. No entanto, é importante estar consciente da paradoxo de escolha. Ter muitas
opções pode resultar em uma análise demorada, o que nem sempre é ideal.
. A psicologia cognitiva e a tomada de decisões

Os modelos iniciais da psicologia cognitiva relacionados a processos de tomada

de decisões admitiam que quem decide (1) está informado quanto às opções e

resultados possíveis, (2) é sensível às sutis diferenças entre as alternativas e (3) é

racional quanto à escolha, admitindo que a decisão é baseada na maximização de

benefícios e na minimização de custos calculados (Sternberg, 2000).

Entretanto, teorias subsequentes reconheceram que pessoas adotam, com

frequência, critérios e estimativas subjetivos, e que fatores de difícil controle muitas

vezes influenciam as decisões. Além disso, há subjetividade também na avaliação dos

resultados da decisão, levando a questionamentos sobre a racionalidade nela

envolvida. Além do “cálculo” que objetiva a “maximização de benefícios e a

minimização de custos”, há muita variabilidade individual no “peso” subjetivo atribuído

a eles. A valoração dos custos e benefícios envolve tanto um sistema de valor como

um sistema motivacional, particulares de cada organismo. Portanto, os dois processos

parecem ser fundamentais na tomada de decisões, e de forma alguma seriam


excludentes, mas complementares (Onishi, comunicação pessoal).

Nessa linha de pensamento, Simon (1957) (ganhador do prêmio Nobel de

economia) sugeriu que a tomada de decisões em humanos não seria necessariamente

irracional, mas a expressão de uma racionalidade limitada. Sujeitos consideram as

alternativas uma a uma e selecionam tão logo encontram uma que pareça satisfatória

ou boa o suficiente para satisfazer seu nível mínimo de aceitabilidade

Posteriormente, Tversky (1972a; 1972b apud Sternberg, 2000), baseando-se

nessa noção de racionalidade limitada observou que, na presença de muitas

alternativas, o indivíduo focaliza num aspecto (atributo) das alternativas e cria um

critério mínimo para esse aspecto. Ele ressaltou que, não raro, adota-se “atalhos

mentais” e hipóteses que limitam (e às vezes distorcem) a capacidade para tomar

decisões racionais, particularmente quando se realizam estimativas de probabilidades.

A psicologia cognitiva vem desenvolvendo modelos de processamento de

informações sobre como seres humanos decidem (Sternberg, 2000). O pressuposto

desta escola de pensamento é que não há uma “escolha perfeita”, i.e., aquela que
seria selecionada por todos, pois há uma utilidade subjetiva na decisão de cada

pessoa, influenciada pelas estimativas de probabilidade e nas ponderações de custos

e benefícios da decisão, ou seja, não há como a estimativa da probabilidade ser um

dado realmente objetivo do evento, mas fruto da computação do sistema nervoso de

cada indivíduo.

1.2. Algumas frentes de pesquisas

Processos de tomada de decisão vêm sendo investigados por abordagens

multidisciplinares, entre elas, introdutoriamente, pesquisas clínicas, básicas e o

esforço recente por desenvolver modelos matemáticos.

As pesquisas clínicas têm se debruçado sobre o desempenho extraído de

tarefas que envolvem decisão sejam em populações com alterações funcionais em

áreas específicas do sistema nervoso ou em grupos de pacientes psiquiátricos (e.g.,

Bechara, 2001; 2004; Cavedini, 2002; Schurman, 2005). Os estudos apontam para a

existência de claras correlações entre o desempenho de tarefas que envolvem tomada

de decisões em humanos e um aumento da atividade em regiões definidas do sistema

nervoso, como revelado por estudos de neuroimagem funcional. As regiões cerebrais


envolvidas são, principalmente, as frontais. Essas mesmas regiões parecem estar

afetadas em pessoas com disfunções patológicas nos processos decisionais.

A pesquisa básica vem realizando experimentos associados a neurobiologia

(incluindo vias de neurotransmissores e correlatos anátomo-funcionais),

principalmente em ratos e primatas não humanos, lançando mão de modelos

matemáticos e probabilísticos para a análise dos dados (e.g., Körding e Wolpert, 2006;

Kepecs, 2008). Os principais achados dessa abordagem beneficiam-se da inclusão de

fatores tais como incerteza, probabilidade e complexidade; fatores estes cuja

mensuração é incluída para a interpretação do fenômeno.

Há também estudos centrados nos modelos de variáveis que concorrem para

as escolhas. Em artigo recente sobre escolhas humanas, Rushworth e Behrens (2008)

ressaltaram que probabilidade, risco e incerteza contribuem diferentemente para os

processos de tomada de decisões. Körding e Wolpert (2006) revisaram os

mecanismos neurais envolvidos para estimar e resolver problemas envolvendo

escolhas, e concluíram que ações humanas seguem três passos preconizados pela

concepção Bayesiana de tomada de decisões: (1) quantificar as incertezas com


probabilidades, (2) quantificar as consequências de ações face aos objetivos

almejados e (3) escolher a melhor ação em função de um processo de maximização

de resultados esperados. Essas tentativas de desenvolver modelos formais sobre

como seria a escolha em seres humanos também delimita com razoável precisão os

elementos considerados relevantes para investigar esse problema sob o ponto de vista

do funcionamento do sistema nervoso.

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