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INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL –

FREQUÊNCIA

PRINCIPIOS GERAIS
• Formular o desenvolvimento do doente e dos seus problemas em termos cognitivos. Há uma
reformulação contínua à medida que se integra nova informação no quadro clínico do doente
• Estabelecer uma aliança terapêutica saudável
• Colaboração e participação ativa do doente na sua própria terapia (treinar o doente para ser o seu próprio
terapeuta)
• Os objetivos da terapia são fixos e têm o seu foco em problemas concretos (qual o motivo da consulta? O
que é que o cliente espera da terapia? Os seus objetivos são realistas? – isto vai ajudar com que o
terapeuta obtenha feedback e consiga monitorizar o progresso da terapia)
• Maior ênfase no presente, no “o que é que está a acontecer agora”
• Tem uma conotação educativa, que ensina estratégias ao doente para ser o seu próprio terapeuta
• Tempo limitado: as sessões são limitadas por protocolos de intervenção e têm linhas orientadoras com
objetivos definidos
• Ensina o doente a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e comportamentos disfuncionais,
quer eliminar os padrões que comportamento que evitam a fobia
• Usa várias técnicas que pretendem mudar o pensamento, emoções e comportamento do doente perante
as situações e pensamentos disfuncionais

PSICOEDUCAÇÃO
Ajuda a fornecer ao paciente informação relevante e objetiva sobre o seu problema ou psicopatologia, ou
seja, a informação que o paciente recebe ajuda a criar um certo alívio quando tem sucesso em corrigir as
interpretações disfuncionais que tem da realidade

Dar a informação certa ao paciente sobre o seu quadro clínico e as suas implicações ajuda a que se conheça
a melhor e à sua doença também. Ajuda a reconhecer sinais de alarme (que podem começar o pensamento
problema) e possíveis inícios de pensamentos incongruentes, o que ajuda a que o paciente se torne um agente
ativo e crítico na sua própria realidade e problema.

A psicoeducação é uma estratégia importante dentro da prevenção secundária e terciária. Para familiares
ajuda a criar uma visão sistémica da doença em que conseguem ativar os mecanismos de ajuda de uma forma
mais precoce.

Muitas vezes, o psicólogo tem de assumir o papel de transmissor de informações relevantes relacionadas
com a terapia que o doente está a praticar para o seu problema, existem vários assuntos, mas um dele são os
efeitos adversos da medicação. O conhecimento acerca da medicação que é prescrita aos pacientes (como
funciona, quando deve ser tomada, durante quanto tempo) facilita a adesão e previne quebra da medicação por
decisão própria. A psicoeducação eficaz diminui internamentos e repercussões da doença nas esferas familiares.

A psicoeducação é mais eficaz se: for adaptada à compreensão do doente, a informação for clara e breve,
os materiais escritos forem facilitadores, solicitar feedback e houver uma boa recomendação de leituras ou tpc
(caderno de terapia, arquivo de terapia).
É um processo que se mantém ao longo de todo o processo terapêutico, especialmente quando se algum
aspeto da vida do paciente tiver informações insuficientes ou distorcidas devem ser corrigidas. A psicoeducação
é igualmente relevante no momento da intervenção, principalmente na explicação da estratégia de intervenção
que será adotada e realizada para que o paciente a compreenda e se comprometa.

PERTURBAÇÃO DE PÂNICO
O paciente recebe informação de fatores como a génese (origem), manutenção e tratamento da
perturbação. Numa fase inicial devemos focar nos fatores de manutenção (sensações corporais, evitamento,
ansiedade antecipatória), de forma a atingir o mais rapidamente ganhos terapêuticos e que o paciente atinja um
funcionamento mais ajustado. O sujeito deve ser informado sobre a influência que os seus pensamentos
catastróficos têm num maior autofoco nas sensações corporais, os quais ativam e confirmam os pensamentos
disfuncionais, mantendo-se desta forma num ciclo vicioso.

Na perturbação de pânico há uma interpretação errada das sensações como mais perigosas do que
realmente são, como desastres físicos ou mentais eminentes.

Modelo cognitivo de Clark

Aqueles com perturbações de pânico têm maior tendência para sentir mais intensamente sensações
corporais que vão ser interpretadas como ameaçadoras. Este modelo defende que o ataque vem de estímulos
(internos ou externos) que criam uma ameaça percebida que levam a estados de apreensão (pela vulnerabilidade
percebida), levando a uma interpretação catastrófica que gera um agravamento da ameaça.

Muitos estímulos vão ser associados ao início da crise, muitas vezes são internos (sensações,
pensamentos ou imagens), alguns fatores precipitantes a ansiedade podem ser exercício físico, consumo de café
e/ou sensações corporais. Ao catastrofizar a sensação cria-se a crise de pânico. Quando as sensações são mal
interpretadas a apreensão aumenta, o que aumenta as sensações corporais e cria um ciclo vicioso. Este modelo
diz que as crises são precedidas por períodos de elevada ansiedade mas também podem ser espontâneas, e
demonstra que a compreensão da ocorrência da ansiedade pode não conduzir a uma crise de pânico.

O modelo distingue entre a primeira crise e desenvolvimento da perturbação – as crises de pânico são
frequentes na população em geral. Devido aos processos de seleção natural existem fatores biológicos para a
intensidade com que percecionamos a ameaça que aumenta as nossas sensações corporais e aumentos da
ativação do sistema simpático que podem ter mais probabilidade de serem interpretados de forma catastrófica.
Não dificulta quando há uma crença de que a ansiedade pode ter consequências perigosas e ameaçadoras a curto
e longo prazo.

Doentes de pânico interpretam mais sensações corporais como catastróficas


A interpretação vai criar uma maior ansiedade e pânico no doente que tem a perturbação
Devemos reduzir a interpretação catastrófica da sensação
A modificação cognitiva da interpretação na sensação traz bastantes ganhos quando bem efetuada
No segundo modelo apresentado diz-se que o ciclo vicioso pode vir também de outro ciclo. Acrescenta
conceitos como a hipervigilância (“Quanto mais penso que vou ter um ataque de pânico, fico mais atento às
minhas sensações físicas”), que vai criar um ciclo vicioso onde entram comportamentos de segurança que
acabam por manter a perturbação.

Modelo biopsicossocial de Barlow

Há uma vulnerabilidade biológica (doença prévia que tenha implicações na perturbação presente na
atualidade) e psicológica (acontecimentos anteriores, memórias afetivas, etc) naqueles que desenvolvem uma
perturbação de pânico. Há diferentes tipos de reação de alarme.

Alarmes verdadeiros Quando há realmente um perigo iminente


Falsos alarmes Crises de pânico quando há perceção de um perigo sem que ele esteja
necessariamente presente
Alarmes aprendidos O pânico é condicionado com base em experiências anteriores.

A história de desenvolvimento e aprendizagens prévias são predisponentes para o desenvolvimento da


perturbação de pânico. O acontecimento indutor de stress inicia e desenvolve dificuldades atuais, criando um
fator precipitante para uma futura crise de pânico.

Intervenção cognitivo-comportamental na perturbação de pânico

Objetivos centrais da TCC


Estabelecer uma relação terapêutica baseada na colaboração e compreensão empática entre terapeuta e
paciente
Promover insight sobre a influência das perturbações emocionais e comportamentais nas perturbações
cognitivas e vice-versa que vão ajudar a reestruturar e modificar crenças disfuncionais
Reestruturar ou modificar cognições para produzir os efeitos desejados a nível comportamental, ou seja,
treinar competências que ajudem a lidar com os sintomas da ansiedade
Generalizar os ganhos terapêuticos alcançados
Queremos extinguir os padrões de comportamento que mantém a perturbação. Dura, normalmente, 12 a
15 sessões semanais dependendo dos aspetos idiossincráticos do paciente. Quando são de tratamento individual
duram por volta de 50 minutos, quando são em grupo duram 90 a 120 minutos.

As crises de pânico são vistas como momentos de aprendizagem sobre o que as causa e como as podemos
controlar. Há intervenções durante a sessão terapêutica e outras que são levadas como TPC, reforçando a ideia
de que o tratamento é contínuo e acontece fora da sessão terapêutica. Devemos pedir feedback para ver se a
informação foi bem interiorizada pelo paciente.
Devemos familiarizar o doente com os fatores que mantém a perturbação e explicar o plano de
tratamento:

1) Mostrar a ansiedade como uma resposta à sobrevivência


2) Ver que circunstâncias criam a crise de ansiedade
3) Ver a forma física, cognitiva e motora como se manifesta
4) Mostrar que a ansiedade é uma resposta natural e não perigosa
5) Mostrar que a ansiedade patológica vem de uma sobrevalorização de uma ameaça ou perigo

É importante que o doente compreenda que a sua visão pode não corresponder à realidade e que a ansiedade
vem de um alerta genético para a sobrevivência, mas que se for extrema origina a perturbação de pânico. A
quantidade e persistência da ansiedade são o que a torna patológica.

É útil pedir os pensamentos e imagens que houve durante a crise para entender o que a faz começar.
Conseguimos identificar o que inicia o ciclo vicioso do pânico ao pedir que se recorde da última crise, que
alterações sentiu/o que pensou, o que sentiu depois de ter tido esse pensamento e o que pensou com aumento
das sensações corporais. Tudo isto ajuda a compreender as crises e as interpretações catastróficas que o paciente
faz do próprio pensamento. Deve procurar o que mantém os pensamentos catastróficos e fazer experiências
comportamentais que põem à prova a sua veracidade.

É importante saber o que um sintoma ou comportamento implica. O doente, ao identificar o conteúdo do


pensamento, pode pôr à prova as suas próprias crenças e modificá-las com aquilo que aprendeu durante a
terapia. Para ver até que ponto há generalizações devemos pedir as razões que levaram à interpretação, que pode
vir de informação errada ou de uma experiência do passado que deixou marcas. Queremos reestruturar o
significado que dá às sensações e criar questões que vão ajudar a avaliar os pensamentos automáticos negativos.
Quando põem à prova a catastrofização conseguem interpretar corretamente as suas sensações e pensamentos
negativos.

Perturbações de pânico e agorafobia, proposta de intervenção dividida em 3 passos


1 – Psicoeducação – informação e educação sobre o inicio e desenvolvimento da perturbação, modelos cognitivos
e métodos de tratamento

2 – Adquirir estratégias comportamentais como técnicas de relaxamento (úteis na fase inicial da crise mas não
quando já está instalada, pode evitar ataques), exercícios respiratórios e estratégias de prevenção da recaída

3 – Reestruturação

Exposição Associação entre estímulos/situações e os ataques de pânico. Os tratamentos devem ser


prolongados, repetidos até que a ansiedade ou receio seja eliminado, gradual (hierarquia
de sintomas) e especificado. Pode ser Introcetiva (avaliar sensações internas às quais o
pânico está associado e o que desencadeia a mesma), Sistemática (depois de ensinar as
técnicas de controlo) e ao vivo (identificar os comportamentos de evitamento que
interferem na vida do paciente). Os doentes são isntruidos a exporem-se gradualmente às
situações receadas, sendo encorajados a permanecer nas mesmas apesar dos elevados
níveis de ansiedade, de forma a poderem verificar que aquilo que receiam não é perigoso
Hiperventilação Treino de controlo respiratório indicado para individuos cuja hiperventilação desempenha
voluntária um papel importante nas crises de ansiedade. Respiração lenta e profunda, em oposição à
rápida da hiperventilação
Uso do saco de Respirar para dentro de um saco, levando o paciente a controlar a respiração
papel
Distração A atenção autofocada é má na ansiedade porque o paciente foca no seu corpo ou sensações
corporais por medo de reviver a crise. Técnicas que ajudam a ensinar o paciente a focar em
b«objetos ou coisas que ajudem a desviar do desastre na presença de sintomas.
Diários das Fundamentais para a identificação de pensamentos automáticos negativos e permitem
crises de pânico ainda identificar quais os desencadeantes das crises de pânico (exercício, cafeína,
cognições específicas assustadoras, hiperventilação, etc)
Prevenção de Sessões implementadas no final do processo terapêutico que querem chamar a atenção ao
recaídas paciente para a possibilidade de poder vir a ter novas crises de pânico, fatores que podem
provocar e o que deve fazer se tiver.

As técnicas de distração querem tirar o foco do doente da situação em que está para outras situações. Por
exemplo, pôr-se em pé e ver a sua estabilidade ou focar a atenção no próprio batimento cardíaco.

Para as técnicas de exposição, deve expor a estímulos externos e internos ou artificiais. A exposição deve
ser prolongada, repetida até a ansiedade ser eliminada, gradual/sistemática (explicar que para entender uma
crise de pânico como não-perigosa deverá passar por esta experiência) e especifica.

Devemos transmitir a possibilidade de recaídas, que as pode causar e o que deve ser feito quando
acontecem. É bom recordar o doente de que os evitamentos que fez aos estímulos externos e internos o
impediram de desconformar com as suas crenças e que se voltar a evitá-los vai aumentar a possibilidade de
recaída

Tratamento
As perturbações de pânico são tratadas de forma eficaz usando farmacoterapia, terapias cognitivos e
cognitivo-comportamentais ou a combinação de ambas. Tratamentos que não apresentem resultados em 6 a 8
semanas devem ser reavaliados

Modelo idiossincrático da pessoa - para que ela perceba o ciclo vicioso em que vive e tente quebrá-lo, antes de
atingir proporções mais elevadas. Funciona como estratégia de psicoeducação. Podemos perguntar coisas como
“Quando foi a última vez que se sentiu mal?”. As crenças são colocadas como hipóteses, sendo trabalhadas
conjuntamente de forma identificar a existência de evidências que a apoiem, havendo uma discussão em que se
identificam problemas e implementam estratégias.

Para fazer um bom modelo com o paciente devemos pedir o relato do último episódio e contruir a partir de aí,
uma vez que a terapia cognitivo-comportamental é focada no presente. Usar o modelo idiossincrático é
importante como uma forma de psicoeducação

PERTURBAÇÃO OBSSESSIVO-COMPULSIVA
Critérios de diagnóstico
A – Existência de obsessões, compulsões ou ambas:

Obsessões 1 – Pensamentos, impulsos ou imagens, recorrentes e persistentes que são


experimentados, em algum momento durante a perturbação, como intrusivos e
inapropriados e que provocam acentuada ansiedade ou mal-estar
2 – O individuo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou
neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação (por exemplo, através da
realização de um ritual
Obsessões quanto à Ideias – pensamentos repetitivos, suscetíveis de interromper o normal curso de
forma pensamento (palavras, frases ou rimas de conteúdo absurdo, violento, etc)
Convicções – também pensamentos, mas de caráter mágico (por exemplo, se eu fizer
isto 3x tudo se vai resolver)
(não sai)
(não sai) Ruminações – pensamentos intermináveis sobre questões que não obtêm qualquer
resposta (ciclo inconclusivo e sem fim)
Impulsos – pensamento que implica ação, associado a um comportamento;
preocupação de poder cometer um ato nocivo, imoral ou agressivo
Medos – similares às fobias envolvem mais tipicamente temas relacionados com a
sujidade e a contaminação

Muitas obsessões têm mais do que uma categoria


Obsessões quanto ao Contaminação (entrada de micróbios não especificados no organismo, medo de
conteúdo serem contaminados ou infetados) (rituais compulsivos de lavagem ou evitamento
para prevenir a exposição com os contaminantes)
Dúvida patológica (e se… acontecer) (preocupações constantes relacionadas com a
possibilidade de haverem consequências terríveis, leva à verificação, é o núcleo da
patologia obsessiva)
Somáticas (o paciente especifica a doença que tem medo de contrair)
Necessidade de simetria (medição, número certo, posição dos objetos, podem
demorar horas)
Impulsos agressivos (medo de ser agressivo ou ofensivo com alguém)
Ruminações obsessivas (ideias imponderáveis, envolvendo considerações
intermináveis sobre alternativas que não tem resposta)
Compulsões 1 – Comportamentos repetitivos (por exemplo lavar as mãos, ordenar e verificar) ou
atos mentais (rezar, contar, repetir palavras em silêncio) que o individuo se sente
obrigado a fazer como resposta a uma obsessão ou regras que têm de ser aplicadas
de um modo rígido. Podem estar associadas a um número mágico definido pelo
paciente que desfaz os níveis de ansiedade e provoca alívio
2 – Os comportamentos ou atos mentais vão prevenir ou reduzir ou mau estar ou
ansiedade, ou prevenir algum acontecimento ou situação temidos. Mesmo assim,
estes comportamentos ou atos mentais não estão ligados de maneira realista ao que
querem neutralizar ou evitar, ou são claramente excessivos

As crianças podem não ser capazes de articular os objetivos destes comportamentos


ou atos mentais
Rituais abertos Verificação
(comportamentos Lavagem
repetitivos e visíveis) Contar
VS cobertos (atos Necessidade de perguntar ou confessar (“tem a certeza que não me vai acontecer
mentais, parte nada?” como terapeutas devemos devolver sempre a questão na forma de “o que é
cognitiva que só o que você acha?”)
cliente dá acesso) Simetria e precisão
Impulsos sexuais
Armazenar
Compulsões múltiplas

B – As obsessões ou compulsões causam uma perda considerável de tempo (por exemplo, demoram mais de uma
hora por dia) ou interferem com a rotina normal, funcionamento ocupacional, relações ou atividade sociais

C – Os sintomas obsessivo-compulsivos não são devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (como
droga ou medicação) ou de uma condição médica geral

D – Não é melhor explicado por…


Especificar se : insight bom/razoável (o indivíduo reconhece que as crenças não são ou podem não ser
verdadeiras), pobre/fraco (as crenças são provavelmente verdadeiras) ou sem insight (está completamente
convencido que as crenças são verdadeiras)

Especificar se: Relacionada com tiques (tem histórico de transtorno de tique)

Documento
Há uma grande presença de obsessões ou compulsões que atuam de forma persistente e intensiva. Os
pensamentos são vistos como impróprios e acabam por causar nojo, medo e vergonha que, para que os possa
ignora, o sujeito cria rituais e formas de evitamento que os ajudam a não pensar nele, mas acabam por causar
mais incómodo.

Compulsões – comportamentos/rituais para se livrar da obsessão ou desconforto provocado pela mesma. Podem
ser visíveis (organizar objetos) ou cognitivos (rezar, recordar factos, contar). Com tudo isto, o sujeito deixa as
obsessões e compulsões controlarem o seu bem-estar e qualidade de vida.

As avaliações distorcidas dos seus pensamentos fazem com que exista uma necessidade de os neutralizar
através de rituais e compulsões. Os pensamentos são vistos como possíveis ações ou comportamentos reais em
vez de só pensamentos (por exemplo, “Se acho isto então provavelmente é real”). Isto leva a que passem a haver
sentimentos de vergonha/culpa/nojo e o sujeito ponha em prática o ritual para afastar estes sentimentos.

Dar a conhecer ao cliente que todos temos pensamentos intrusivos e vergonhosos é importante, mas a
importância e o significado que lhes damos é diferente. O pensamento existir não significa que seja real ou que
somos capazes de o pôr em prática.

Há muitas situações que criam pensamentos aversivos. Isto vem a gerar pensamentos intensos e faz com
que o sujeito sinta a necessidade de pôr em prática os rituais. Os rituais são vistos como relaxantes, o que aumenta
e piora os sintomas. Por associar o alivio do ritual a uma determinada ação, fazemos com que um acontecimento
neutro passe a tornar-se aversivo.

O problema é mantido pelas regras e estratégias. A maneira como se interpreta e dá significado aos
pensamentos são o que os transforma em obsessivos e recorrentes. A hipervigilância vem intensificar este
conceito. O problema também é mentido pelas compulsões e rituais, que vão fazer com que sejam efetuados
quando algo incomoda, reforçando o comportamento
Intervenção na POC
Psicoeducação

Procura ajudar o paciente a: reconhecer os sintomas da sua doença, interpretar os danos causados pela
doença e planear estratégias que o ajudam a conviver com ela. Os pacientes sentem-se reconfortados por terem,
pela primeira vez, uma explicação par aos seus problemas.

Deve informar acerca dos sinais e sintomas, diferenças entre obsessões e compulsões, causas, fatores de
manutenção e possíveis tratamentos.

Tratamento
• Análise funcional cognitivo-comportamental
• Observação e monitorização dos sintomas
• Avaliação clínica psicométrica
• Farmacologia
• Psicoeducação
• Terapia cognitivo-comportamental
• Psicocirurgia

O protocolo de tratamento especifica alguns estágios como trabalhar para desenvolver modelos cognitivo-
comportamentais, identificar os pensamentos obsessivos e discutir técnicas comportamentais que pretendem
testar as avaliações e processos que mantém o pensamento obsessivo do paciente, e ajudar o paciente a
identificar e modificar ideias gerais e subjacentes que o ajudam a sustentar as interpretações erróneas da sua
atividade mental.

Terapia Comportamental Terapia Cognitiva


Exposição – ou dessensibilização sistemática é Tenta mudar os esquemas que criam regras
apresentar o estímulo condicionado depois de induzir disfuncionais como auto-verbalizações ou
relaxamento profundo, o que vem emparelhar o pensamentos automáticos negativos que, mesmo
relaxamento com a ansiedade, descondicionando a sendo irracionais, parecem reais quando o paciente os
resposta da ansiedade está a sentir. Se o controlo e o confronto falharem
Aversiva – Apresentar fortes estímulos aversivos ao criam-se emoções negativas e penosas que vão criar
transformar um estímulo neutro num que evoque stress emocional.
sentimentos de segurança ou dar estímulos aversivos
até que ocorra o comportamento desejável (não fazer O sofrimento psicológico vem das perceções
o ritual) disfuncionais e crenças irracionais que temos da
Intenção paradoxal – intensificar a realidade.
frequência/intensidade dos
pensamentos/comportamentos problemáticos e Por isso, devemos focar na mudança dos processos e
imaginar as consequências quer sejam tangíveis ou avaliações secundárias irracionais. Assim que o
não (não sai porque não demos em aula) doente percebe os seus padrões de pensamento
Paragem do pensamento – inibir os pensamentos pela irracionais, segue para a reestruturação cognitiva.
palavra “stop”, associando-lhe a interrupção do Nela, damos a entender que as compulsões não
pensamento obsessivo. No inicio a palavra é gritada resolvem os seus problemas, o que os vai resolver é a
pelo terapeuta e depois praticada pelo doente aquisição de formas mais racionais e funcionais de
Ansiedade induzida - provocar e dessensibilizar pensamento. Deve haver uma ajuda para distinguir o
Exposição com prevenção de resposta – terapia com pensamento intrusivo, a resposta emocional e
grande eficácia onde se expõe para ativar memórias esquemas, o pensamento automático e o ritual
emocionais que vão ser modificadas por informação compulsivo.
“corretiva”. Quando é in vivo devemos adequar a
intervenção ao modelo de medo interno do doente. A Outras formas cognitivas são isolar pensamentos
exposição lida com a ansiedade ligada aos estímulos, intrusivos com exercícios de descatastrofização,
a prevenção de resposta lida com a presença de rituais identificação e discussão de códigos de conduta e
e compulsões crenças rígidas e irrealistas, etc.
Saciação – repetir a ação várias vezes até que crie
habituação e extinção, o paciente não deve prestar Na reestruturação cognitiva é útil testar o significado
atenção a outros pensamentos automáticos quando e a veracidade das crenças e como os esquemas se
está a executar a tarefa. Escreve uma história onde se articulam com o autoconhecimento. A partir destas
deixa levar pelas ideias e deve estar atento aos representações podemos ver o que mantém certos
detalhes, depois deve de as descrever com exatidão – distúrbios psicológicos.
deve repetir o processo até que o desconforto seja
extinto. O êxito da saciação depende da sua aplicação, Reestruturação cognitiva - mostrar ao doente que as
sem que possa prestar atenção a outros pensamentos obsessões não são eficazes para o seu problema e há
automáticos. outras formas de pensar. Útil para testar a validade da
crença

(cont)

Lista de sintomas

Base para o tratamento. Registar do que deixa mais ansioso para o que deixa menos ansioso

Identificar e mudar interpretações distorcidas

Mudar e interpretar melhor com o terapeuta para que se passe a ter uma visão mais realista do problema.
Os pacientes apresentam crenças distorcidas, superestimando a sua responsabilidade sobre os pensamentos, o
seu poder e a necessidade de controlá-las. É fundamental identificar e modificar os pensamentos disotrcidos de
forma a fazer interpretações mais realistas.

Exposição às obsessões e prevenção de rituais

Para diminuir ansiedade e medo a estímulos não-nocivos. A exposição ocorre através da lista de sintomas
sendo que a instrução é não realizar qualquer tipo de ritual físico ou mental até que o desconforto diminuía e
perceber que não é uma situação realmente ameaçadora. Pretende diminuir de forma progressiva a ansiedade e
alterar as crenças. Deve ser feito repetidamente até se atingir o sucesso.

Psicoeducação

Procura ajudar o paciente a: reconhecer os sintomas da sua doença, interpretar os danos causados pela
doença e planear estratégias que o ajudam a conviver com ela. Os pacientes sentem-se reconfortados por terem,
pela primeira vez, uma explicação par aos seus problemas.
Deve informar acerca dos sinais e sintomas, diferenças entre obsessões e compulsões, causas, fatores de
manutenção e possíveis tratamentos.

PERTURBAÇÃO DO STRESS PÓS-TRAUMÁTICO


Critério de diagnóstico
A – Exposição a um episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma ou mais das
seguintes formas:

• Vivenciar diretamente o evento traumático


• Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas
• Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto
ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou
acidental
• Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (por exemplo,
socorristas que recolhem restos de corpos humanos)

B – Presença de um ou mais dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando
depois de sua ocorrência

• Lembranças perturbadoras, intrusivas e recorrentes


• Sonhos perturbadores
• Reações dissociativas, o individuo sente que o evento traumático está a ocorrer outra vez
• Mal-estar psicológico intenso ou prolongado quando é exposto a sinais internos ou externos que
simbolizem ou façam lembrar algum aspeto do evento traumático
• Reações fisiológicas relacionadas com sinais internos ou externos que simbolizem ou façam lembrar
algum aspeto do evento traumático

C – Evitamento persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do


evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspetos:

• Evitamento de ou esforços para evitar memórias, pensamentos ou sentimentos perturbadores sobre ou


associados ao evento traumático
• Evitamento ou esforços para evitar elementos externos que relembrem o evento e provoquem
memórias, pensamentos ou sentimentos perturbadores relacionados com o evento traumático

D – Alterações cognitivas ou do humor, de cariz negativos e associadas ao evento traumático com inicio ou
agravamento após a sua ocorrência, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspetos:

• Incapacidade de recordar aspetos importantes do evento (tipicamente devido a amnésia dissociativa e


tendo sido excluídos outros fatores causais como lesão craniana, álcool ou drogas)
• Expectativas e crenças exageradamente e persistentemente negativas acerca do próprio, dos outros e
do mundo em geral (ex: “sou mau”, “não se deve confiar em ninguém”)
• Cognições persistentes e distorcidas acerca da causa ou consequências do evento ou eventos
traumáticos que levam o individuo a culpar-se a si ou outros
• Estado emocional negativo persistente (ex: medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha)
• Interesse e participação em atividades significativas marcadamente diminuídas
• Sentimentos de distanciamento ou indeiferença em relação aos outros
• Incapacidade persistente de experienciar emoções positivas (ex: incapacidade de vivenciar sentimentos
de felicidade, satisfação ou amor)

E – alterações marcantes a estimulação e reatividade associadas ao evento traumático, a começar ou piorar


após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspetos
• Irritabilidade ou acessos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a
forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos
• Comportamento autodestrutivo ou imprudente
• Hipervigilância
• Resposta de sobressalto exagerada
• Problemas de concentração
• Perturbação do sono (como dificuldade em iniciar ou manter o sono, ou sono agitado)

F – A perturbação dura mais de 1 mês


G – Causa mau estar
H – Não se deve a substâncias
Determinar o subtipo : com sintomas dissociativos (além dos sintomas tem sintomas dissociativos persistentes
em resposta ao stressor), despersonalização (sente-se separado como se fosse um observador externo dos
processos mentais ou corpo, como estar num sonho, ser irreal ou estar em câmara lenta), desrealização
(experiências persistentes ou recorrentes de irrealidade do ambiente)

Especificar : se tem expressão, ou seja, se não cumprir os critérios até 6 meses depois do evento embora a
manifestação inicial e expressão de alguns sintomas possa ser imediata

Psicoeducação
➢ Fornecer o racional teórico ao paciente da TCC e da perturbação
➢ Modelo cognitivo da PTSD (embotamento, ou seja, menos intensidade nas emoções, e ativação)
➢ Estratégias adotadas e disfuncionais que mantêm o quadro
➢ Explicar que o tratamento passa por processar o evento traumático com vista a anular os fatores de
manutenção
➢ Doloroso e podem querer desistir, devem ter consciência de que querer desistir da terapia é normal

Intervenção
Para que o trauma seja ultrapassado é fundamental a mudança.

➢ A memória traumática deve ser elaborada e integrada no contexto das experiências precedentes e
subsequentes ao trauma, no sentido de reduzir as intrusões (processamento completo do evento
traumático)
➢ Modificar das interpretações problemáticas do trauma e das suas consequências, pois são responsáveis
pela manutenção da sensação de ameaça (reestruturação cognitiva)
➢ Abolição das estratégias desenvolvidas pelo paciente (comportamentos de segurança) para lidar com os
sintomas, sendo-lhe explicado que as mesmas estão a contribuir para a manutenção do quadro.
➢ Supressão dos evitamentos, comportamentos de segurança e outras estratégias cognitivas que
contribuem para impedir a elaboração da memória traumática, agravar os sintomas ou dificultar uma
reavaliação do acontecimento traumático
➢ Recuperação e normalização das relações interpessoais, familiares e profissionais
➢ Aplicar a exposição a estímulos que provocam a ansiedade sem recurso a métodos que a vão reduzir. Os
estímulos serão as memórias sobre o evento traumático, assim como estímulos relacionados com o
trauma.
➢ Sessão: escolha de uma memória a ser trabalhada, resultando da colaboração entre o paciente e o
terapeuta. O paciente deve fechar os olhos e focar-se em vários aspetos da memória, descrevendo-a como
se a vivesse no presente, de forma a reviver o evento mais vividamente possível. Procura de sinais de
evitamento e incitar o paciente a manter a memória, focando nos seus sentimentos.
➢ Dessensibilização sistemática: assente no principio da inibição recíproca, o tipo de exposição especifico,
na qual é efetuada de forma imaginativa e breve por parte do sujeito. A exposição a memórias traumáticas
é interrompida por exercícios de relaxamento quando o paciente fica ansioso, retomando a memória
quando a ansiedade diminui. O emparelhamento do estímulo aversivo com o relaxamento é feito de forma
hierárquica, proporcionando um aumento gradual da dificuldade
➢ Treino de relaxamento é ensinado e praticado até que o individuo se torne hábil para o executar sozinho,
e só aí se inicia a hierarquia de estímulos temidos
➢ Terapia cognitiva
➢ Terapia do processamento cognitivo

Intervenção em PTSD
Baseia-se em modelos cognitivos e de processamento de informação e engloba elementos da terapia
cognitiva e exposição.

Componente cognitiva: debate de cognições problemáticas (autoculpabilização) e tentativas mentais de refazer


o evento)

Componente cognitivo da terapia do processamento cognitivo atua sobre temas afetados pela experiência
traumática, por meio de técnicas da reestruturação cognitiva

Componente da exposição: escrever um relato minucioso do evento e lê-lo na terapia e em casa. Torna possível
focar a expressão de afeto e facilita a identificação de aspetos sensíveis para o paciente, ou seja, momentos
durante o trauma que colidiram com crenças prévias ou factos particularmente difíceis de aceitar

ESQUIZOFRENIA
As características essenciais que definem as perturbações psicóticas são: delírios, alucinações,
desorganização do pensamento, comportamento motor desorganizado e sintomas negativos da perturbação.

Sintomas positivos Sintomas negativos


Alucinações Embotamento afetivo
Ideação delirante Alogia (pobreza do pensamento ou discurso)
Alterações da forma do pensamento (bloqueio de Avolia (diminuição da atividade por falta de energia)
pensamentos; salada de palavras; neologismos) Anedonia (Falta de interesse)
Comportamento desorganizado Isolamento social
Fase prodromal: alteração do funcionamento pré-mórbido até ao início do quadro psicótico, ou seja, o inicio da
manifestação de sintomas

Sinais e sintomas
➢ Alterações na vida diária tais como: disfunção social, episódios psicóticos moderados e sintomas
negativos
➢ Tensão, irritabilidade, dificuldades de concentração
➢ Isolamento, suspeita, desorganização, ansiedade

Delírios Alucinações
De perseguição ou de ameaça (“ando a ser Auditivas
perseguido pela policia secreta, eles acham que eu Visuais
sou o responsável pelas guerras do mundo”) Táteis
Místico/religioso (“tenho a missão de salvar o Olfativas
mundo”) Cinestésicas
Megalómanos (“sou uma pessoa muito famosa, ainda
ontem tive uma reunião com líderes mundiais) Estas alucinações funcionam como vozes de
Roubo e divulgação do pensamento comando para as suas ações diárias
Controlo (“fui raptado pelos ET’s que me colocaram
um chip na cabeça para me controlar)

Psicoeducação
➢ Útil para o paciente e sua família
➢ Melhorar o conhecimento da doença
➢ Realçar a importância do tratamento e o papel do paciente no processo terapêutica
➢ Diminuir o risco de recaída: ajudando o paciente a identificar os sinais e alerta
➢ Detetar sinais prodromais e intervir precocemente
➢ Adotar estratégias concretas durante o episódio psicótico
➢ Tornar a doença egodistónica (o paciente passa a ter noção da sua sintomatologia)

Intervenção, objetivos
➢ Reduzir o stress e a incapacidade associada a sintomatologia psicótica residual
➢ Reduzir a perturbação emocional
➢ Promover a participação ativa do individuo na regulação do risco de recaída e de desajustamento social
➢ Diminuir ou modificar as condutas desadaptativas e as distorções cognitivas que delas provêm
➢ Promover a adaptação do paciente à sociedade e melhorar o funcionamento global

Etapas da intervenção

1. Estabelecimento de uma relação terapêutica colaborativa

A colaboração deve ter uma participação ativa por parte do paciente durante as sessões, ajudar no
estabelecimento da agenda, responder às questões, role plays, e mantar abertura quanto à discussão acerca de
padrões de pensamento ou comportamento

2. Avaliação
➢ Explorar crenças do paciente e perceber como é que se desenvolveram
➢ Focar nos delírios, alucinações e comportamentos
➢ Formulação idiossincrática do caso com o paciente, incluindo os fatores predisponentes e de manutenção

3. Foco na experiência psicótica


As estratégias de coping são estratégias comportamentais ou técnicas cognitivas onde o paciente sente que
tem um maior controlo sobre certos aspetos do seu comportamento.

A reestruturação cognitiva ajuda no sentido em que torna os pacientes mais flexíveis relativamente à
avaliação que fazem dos seus sintomas. Acabam por modificar os erros que fazem no processamento da
informação como inferência arbitrária, abstração seletiva, pensamento dicotómico ou atribuições externas
estáveis.

4. Resolução de problemas

Identificar e procurar soluções, verbalizando a antecipação dos resultados de cada alternativa. Criam-se os
passos necessários para implementar a solução depois da avaliação dos resultados. É importante fornecer-mos
linhas de orientação e feedback ao longo de uma tarefa para também fornecer a aprendizagem em vez de dar o
feedback só no final.

5. Estabilização do humor
➢ Estratégias de coping, estratégias comportamentais ou técnicas cognitivas
➢ Monitorização para constatar os progressos realizados através de um diário ou registo de atividades
(diário/caderno da consulta)
➢ Sintomas negativos: lista de atividades do dia; responde sim ou não nas atividades de prazer em vez de 0
a 10
➢ Reforço dos pequenos progressos
6. Prevenção de recaída

Identificar aquilo que antece um episódio ou cria uma recaída e aprender estratégias de controlo que aplica
quando reconhece o alerta

EXPOSIÇÃO
É uma das técnicas mais eficazes no tratamento de perturbações fóbicas e ansiógenas. Aqui, o sujeito é
exposto a estímulos condicionados (aqueles que lhe dão ansiedade) de forma planeada com o terapeuta. O
paciente deve ter consciência de que é normal terem pensamentos sobre quererem desistir da terapia uma vez
que é um processo trabalhoso e, muitas vezes, emocionalmente doloroso.

O pensamento por detrás da exposição assenta na ideia de que o medo surge por causa de uma associação
entre estímulos neutros e estímulos aversivos pelo condicionamento clássico, sendo mantido por meio do
condicionamento operante, ou seja, cada vez que o estímulo ameaçador é reconhecido cria-se uma associação
que põe o paciente em alerta.

As estratégias de evitamento impedem os indivíduos de verificar que os estímulos condicionados são


seguidos de estímulos incondicionados, mantendo o medo através de um processo de reforço negativo. A
exposição enfraquece estas associações ao apresentar estímulos condicionados, sem que sejam seguidos de
trauma e por isso extingue as respostas condicionadas.

A exposição leva a um processamento emocional, através do qual a estrutura patológica do medo é


contrabalançada com a informação corretiva (estímulos que fazem lembrar o trauma, mas não levam ao retorno
do trauma). Este processo requer a ativação da estrutura do medo por meio da exposição a estímulos temidos,
trazendo nova informação incompatível com os elementos patológicos da estrutura de medo

A exposição ao trauma vem da habituação que resulta na diminuição da ansiedade e corrige as ideias
erradas de que ela permanece a não ser que vá haver uma forma de escapar da situação.

Exposição gradual ou mediatizada - uma técnica de dessensibilização sistemática onde é confrontado de uma
forma gradual com uma hierarquia de estímulos enquanto são apresentados, simultaneamente, estímulos
geradores de uma resposta antagónica
Exposição direta – direta e prolongada aos estímulos condicionados enquanto se previne o aparecimento de
qualquer resposta de fuga ou evitamento

Exposições na vida real – dar confiança aos doentes para que enfrentem aquilo que têm evitado. Numa fase inicial
o doente deve ser acompanhado pelo terapeuta até conseguir passar por estas situações sozinho

Exposição em grupo – partilhar ideias sobre a exposição ao estímulo e partilha de apoio e incentivo

Princípios teóricos
Inibição recíproca e contra condicionamento Extinção ou habituação
Enfraquecimento de uma resposta condicionada Exposição repetida a estímulos condicionados na
provocada pela estimulação de uma resposta ausência do estímulo incondicionado, o que previne a
antagónica (Exposição gradual e mediatizada) manifestação de uma resposta de evitamento
(exposição direta)
A exposição envolve: um elevado nível de concentração, deve ser regular e com uma longa duração.

Exposição gradual e mediatizadas


1. Construção de hierarquias

Hierarquia graduada: lista ordenada de situações fóbicas usadas para orientar a exposição. Ajuda na recolha de
informação, conhecimento da história pessoal e exploração do comportamento problema

Cria-se uma listagem e descrição detalhada de todas as situações desencadeadoras da ansiedade.


Enumera-se itens que provocam ansiedade do que menos cria para o que mais cria. Quando há uma dificuldade
em classificar os medos existe uma ocorrência de lacunas que geram dificuldades para o tratamento. Devemos
incluir as sensações internas e externas

2. Treino de relaxamento progressivo


➢ 16 grupos musculares, 7 grupos musculares, 4 grupos musculares – treino de relaxamento muscular
progressivo
➢ Relaxamento por recordação
3. Processo de dessensibilização
➢ Introdução do relaxamento através da recordação
➢ Introdução da cena de controlo
➢ Progressão hierárquica

Exposição em imaginação – útil quando existem situações ou estímulos fóbicos que dificultam a exposição ao
vivo. Envolve a imaginação de uma situação geradora de ansiedade, enquanto é aplicado o relaxamento. É
também acompanhada pela progressão hierárquica

Exposição na PTSD – quando existem pensamentos intrusivos, flashbacks, manifestações de medo, pânico e
evitamentos devemos ajudar na confrontação aos objetos, situações, memórias e imagens associadas às
experiências traumáticas

Modelo cognitivo de Clark e Wells da ansiedade social


Dificuldades de exposição na fobia social
Há algumas dificuldades na exposição da fobia social como a imprevisibilidade e variabilidade das
situações sociais (podem dificultar a tarefa da exposição) e a curta de duração de muitas situações sociais (isto
impede que a exposição seja longa o suficiente para que o doente perceba que a sua ansiedade estabiliza e descai
ao longo do tempo). Durante a tarefa de exposição alguns doentes protegem-se de focar a sua atenção nos
estímulos situacionais e não se envolvem o suficiente na própria situação.

As exposições por si só não têm impacto significativo no medo de avaliação dos fóbicos sociais, dado que
a resposta dos outros ao seu desempenho social não é facilmente percetível em muitas situações sociais.

Exposição interoceptiva
Envolve pequenos exercícios que visam provocar ativação fisiológica de forma a fazer o teste da realidade
de associação entre as sensações iniciais, típicas da ansiedade, e as finais, referentes a um ataque de pânico. Fica
exposto às suas próprias sensações corporais que mais teme, por exemplo, hiperventila como se estivesse a ter
um ataque de pânico. Mostra assim, durante a consulta, que é possível controlá-la.

Exposição com prevenção de resposta


Tem 2 componentes principais:

➢ Exposição, que tem como objetivo reduzir a ansiedade associada às obsessões ou medos a elas
relacionadas
➢ Técnicas de prevenção de resposta, que pretende reduzir a frequência dos rituais dos pensamentos
obsessivos

Técnica usada para ajudar o paciente a descobrir a forma como neutralizar os comportamentos usados
de forma a manter as suas crenças e o desconforto associado, e descobrir como parar tais comportamentos. A
combinação destes 2 procedimentos é o melhor para tratar a POC

Exposição direta
Construção da hierarquia Recolha de informação
serial de evitamento História pessoal
Exploração do comportamento problema
Exploração das respostas de medo/evitamento
Identificação de cenas reais ou hipotéticas
Construção de hierarquias (por exemplo, lista de sintomas)
Processos de Apresentação do racional
imersão/implosão Treino da imagem neutra
Apresentação e progressão nas cenas
(não vai pedir para Apresentação de cenas sintomáticas
aplicar) Apresentação de cenas internas
Apresentação de cenas hipotéticas e dinâmicas

Estratégias de distração e estratégias de mestria e prazer


Técnicas de distração
➢ Visam diminuir ou eliminar o tempo de ruminação e o autofoco bem como o alívio imediato de sintomas
➢ Permitem desviar o foco atencional de reações cognitivas, emocionais, comportamentais e fisiológicas
disfuncionais, para estímulos
➢ O individuo é instruído a alterar o foco atencional de pensamentos ruminativos para pensamentos
passíveis de produzir emoções neutras ou positivas

FOCALIZAÇÃO NUM OBJETO O objeto deve apresentar algum grau de complexidade, uma
vez que quanto maior o pormenor maior a atenção e
concentração
PERCEÇÃO SENSORIAL Foco da atenção no ambiente que o rodeia, recorrendo a todos
os seus sentidos
EXERCICIOS MENTAIS Realização de exercícios mentais de elevada dificuldade
LEMBRANÇAS AGRADÁVEIS Recordações vividas e concretas de memórias prazerosas e
fantasias
ATIVIDADES QUE OCUPAM A ATENÇÃO Atividades que ocupem a mente e o corpo.
Estas estratégias de evitamento exigem um elevado grau de concentração e devem ser ativadas quando
se iniciam os pensamentos perturbadores.

CONTAGEM DE PENSAMENTOS O individuo anota os pensamentos automáticos


negativos sendo que, inicialmente, podem aumentar o
número de pensamentos indesejados
PARAGEM DE PENSAMENTOS Permite a inibição das ruminações do individuo
(gritar a palavra STOP). Este processo inicia-se de
forma vocal e depois subvocal até a pessoa conseguir
fazê-lo com êxito de modo encoberto

EXEMPLO : O pensamento é provocado > o psicólogo


diz STOP > a pessoa diz STOP em voz alta > voz baixa
e encoberto

Modelo teórico cognitivo da depressão

Este é um modelo que explica todos os momentos da vida do individuo (fatores predisponentes,
precipitantes e manutenção). Existem experiências anteriores (fatores predisponentes) que vulnerabilizam o
individuo para o desenvolvimento de esquemas disfuncionais. O individuo tem os esquemas latentes, sem nunca
os ativar até que surge um acontecimento de vida negativo (fatores predisponentes) que ativa os esquemas
depressivos.

Tudo isto vai levar ao surgimento de pensamentos automáticos negativos (incompetência, desesperança,
falta de perspetivas de futuro, etc) levando a sintomas de depressão (fatores de manutenção) que podem ser a
nível comportamental (comportamentos de evitamento, isolamento), motivacional (perda de motivação para
atuar nas atividades do dia-adia), emocional, cognitivo (erros de processamento de informação) e vegetativo
(sistema nervoso simpático – insónias e choro).

Tríade cognitiva da depressão


Na tríade cognitiva da depressão explica o surgimento de ideias negativas espontâneas de pensamentos
negativos em relação a si mesmo, ao futuro e aos outros. A tríade cognitiva da depressão são os fatores de
manutenção

Modelo das atribuições

Os indivíduos com depressão apresentam uma


perceção da ineficácia do próprio comportamento, sendo que em acontecimentos de fracasso o atribuíram aos
seus défices internos, globais e instáveis (“a culpa é toda minha de ter chumbado, nunca faço nada de jeito, nunca
vou chegar a lado nenhum”). Esses défices levam a uma perspetiva de que o futuro não é controlável pelo próprio
comportamento. Tudo isto vai levar a uma perda de motivação para atuar nos acontecimentos do dia-a-dia.

Estratégias de mestria e prazer


1) Monitorização de atividades de mestria e prazer
➢ Obter informação relativa ao nível geral de atividade
➢ Testar pensamentos disfuncionais
➢ Demonstrar a relação entre humor e atividade
2) Planeamento de atividades
➢ Aumentar nível de atividade, maximizando o grau de mestria e prazer
➢ Aumenta a realização de atividades satisfatórias
➢ Aumenta a perceção de controlo sobre a vida

Prescrição de tarefa graduada


Tem como objetivo a maximização da probabilidade de sucesso na realização de uma tarefa dividindo-a
em várias etapas

1) Definir o problema
2) Dividir a tarefa em vários passos
3) Observação imediata e direta e discussão de dúvidas
4) Encorajamento de uma avaliação realista, pelo seu desempenho
5) Reforço (esforço e competência do doente)
6) Projetar tarefas novas e mais complexas

Estratégia de reestruturação cognitiva


Identificar, desafiar e corrigir um conjunto de pensamentos automáticos negativos, esquemas e crenças
disfuncionais que despoletam um conjunto de comportamentos disfuncionais.

1) Individuos são ensinados a identificar pensamentos irracionais procedendo a uma avaliação da disfunção
associada aos mesmos (auto-monitorização e registo dos pensamentos num diário)
2) Deve ser realizado o desafio dos pensamentos distorcidos, através do teste da realidade, questionando as
bases desses pensamentos à luz das evidências reais. Recolha de evidências para avaliar a validade desses
pensamentos: informação usada para desafiar os pensamentos infundados, que serão substituídos por
outros mas funcionais
3) Ao desafiar os pensamentos, é possível determinar os tipos de erros de processamento de informação a
eles associados
4) Modificação ou substituição dos conteúdos distorcidos e das crenças disfuncionais subjacentes, por
outras mais adaptativas

Terapia limitada no tempo, estruturada, diretiva, colaborativa e com a intervenção orientada para o
problema.

Avaliação e conceptualização
1 – Avaliação dos pensamentos automáticos

2 – Avaliação dos erros cognitivos

3 – Avaliação das atitudes disfuncionais

Estratégias
Questões diretas, experiências de descoberta guiada, Análise do conjunto de pensamentos automáticos:
imaginação, dramatização contagem de pensamentos identificação de temas comuns, regras gerais, técnica
automáticos. Tudo isto ajuda a identificar e avaliar os da flecha descendente. Esclarecimento sobre as
pensamentos automáticos atitudes mais básicas do sujeito face a si próprio e à
realidade

Estratégias de reestruturação cognitiva

➢ Consciência das cognições maladaptativas: relacionadas com emoções e comportamentos desagradáveis,


e posteriormente modificar as cognições disfuncionais
➢ Inferir dados cognitivos: necessários para detetar padrões de pensamento automático, crença irrealistas
e aspetos distorcidos do processamento de informação
➢ Ajudar o individuo a analisar o conteúdo das suas cognições
➢ Desafiar cognições disfuncionais e estilos de processamento de informação deficitários, explorando
crenças alternativas
➢ Estabelecer experiências que o individuo deve levar a cabo, de modo a testar as crenças disfuncionais que
identificou anteriormente
Técnicas de reestruturação cognitiva: avaliação e conceptualização
RECOLHA DE INFORMAÇÃO História pessoal (informação geral, familiar, relações
interpessoais, nível de vida e sistemas de apoio social)
Exploração do comportamento problema (definição e
determinantes do problema)
REGISTO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS Identificação de pensamentos disfuncionais durante a
consulta e em situações da vida real
APRESENTAÇÃO DO RACIONAL Terapia limitada no tempo, estruturada, diretiva,
colaborativa e com a intervenção orientada para o
problema

Registo de automonitorização

Quer perceber em que situações os pensamentos automáticos negativos são ativados e quais as respostas
e consequências dos mesmos. Permite ainda a formulação de pensamentos racionais alternativos para respostas
mais adaptativas.

Aumentar a consciência do paciente sobre os seus comportamentos, pensamentos e emoções que estão a
contribuir para manter o problema permitindo aumentar o autocontrolo.

O registo pode ser: racional ou estruturado (fase 1: identificar dos pensamentos negativos: como fazer…). A fata,
situação, pensamentos automáticos 0-100 e as emoções 0-100.

Problemas comuns no registo de pensamentos automáticos

A ocasião

Escrever os pensamentos negativos (esquecimento ou evitamento)

Técnicas de reestruturação cognitiva – estratégias cognitivas


➢ Reestruturar o pensamento (“que evidências tem de que isso é verdade?” – os erros de processamento
da informação devem ser desconstruídos)
➢ Análise da lógica deficitária – a ausência de informação sobre o tema que incomoda, levando o cliente a
acreditar em algo que não é real. Dar psicoeducação sobre aspetos que o individuo não conhece
➢ Fornecer informação
➢ Testagem/desafio verbal – desenvolver alternativas através de um questionamento sensível e
sistemático – questões para desenvolver alternativas através de perguntas. Temos o questionamento
socrático (devolver a pergunta para que o próprio paciente responda), flecha descendente (“se desmaiar
porque é que é uma vergonha?” “você ia rir-se de alguém que desmaiou?” – descendo no nível de
complexidade de forma que a pessoa chegue ao esquema) e ponto contraponto (contraposição sobre o
que o individuo insiste e acredita –“haverá outra forma de encarar a situação?” “ e se for mesmo verdade,
o que é que de tão grave e catastrófico me pode acontecer?”)
➢ Classificação dos erros cognitivos- mostrar ao individuo que o que faz é uma leitura da mente das outras
pessoas e não há bases racionais para tal

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