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Detalhamento de Acórdão

PJe 12. 0001260-15.2014.5.03.0099 (AP)

Órgão Julgador Oitava Turma

Relator(a)/Redator(a) Marcelo Lamego Pertence

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AGRAVO DE PETIÇÃO. CÁLCULOS PERICIAIS. OBSERVÂNCIA AO COMANDO EXEQUENDO.


RATIFICAÇÃO. O escopo da liquidação é interpretar rigorosamente os comandos do título
judicial, conforme inteligência contida no art. 879, § 1º, da CLT, que estabelece: "Na
liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir
matéria pertinente à causa principal". Operando-se a coisa julgada sobre a matéria, deve a
liquidação obedecer aos parâmetros fixados na sentença, não podendo as partes inovar
ou modificar seu conteúdo. Assim, estando os cálculos periciais quanto às horas extras em
compasso com o comando exequendo, devem ser ratificados, em respeito à coisa julgada
(artigo 5º, inciso XXXVI, da CR).

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO

PROCESSO nº 0001260-15.2014.5.03.0099 (AP)


AGRAVANTES: 1) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
2) JUSSARA MARIA SANTOS RAMOS
AGRAVADOS: AS MESMAS
RELATOR: DESEMBARGADOR MARCELO LAMEGO PERTENCE

EMENTA

AGRAVO DE PETIÇÃO. CÁLCULOS PERICIAIS.


OBSERVÂNCIA AO COMANDO EXEQUENDO.
RATIFICAÇÃO. O escopo da liquidação é interpretar
rigorosamente os comandos do título judicial, conforme
inteligência contida no art. 879, § 1º, da CLT, que
estabelece: "Na liquidação, não se poderá modificar, ou
inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente

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à causa principal". Operando-se a coisa julgada sobre a


matéria, deve a liquidação obedecer aos parâmetros
fixados na sentença, não podendo as partes inovar ou
modificar seu conteúdo. Assim, estando os cálculos
periciais quanto às horas extras em compasso com o
comando exequendo, devem ser ratificados, em respeito
à coisa julgada (artigo 5º, inciso XXXVI, da CR).

RELATÓRIO

O MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Governador


Valadares/MG, por meio da decisão de ID. fecee16, da lavra do Exmo. Juiz do
Trabalho Substituto Alexandre Pimenta Batista Pereira, cujo relatório adoto e a este
incorporo, julgou IMPROCEDENTES os EMBARGOS À EXECUÇÃO opostos pela
executada, nos termos da fundamentação. Também julgou IMPROCEDENTE a
IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO, interposta pela exequente, nos
termos da fundamentação. Por fim, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a
impugnação à sentença de liquidação oferecida pela União Federal, para, nos termos
e com base na fundamentação expendida na origem, acatar a retificação pericial,
incluindo, na base de cálculo das contribuições previdenciárias, as gratificações
semestrais objeto de condenação. Custas, pela embargante, no importe de R$44,26.

A executadainterpôs agravo de petição (ID. f56e1bf),


requerendo a revisão da r. sentença quanto ao adicional de transferência; valor do
CTVA; e aplicação imediata e integral dos julgados com repercussão geral do STF -
ADC's 58 e 59 e ADI's 5.867 e 6.021.

A exequente interpôs Agravo de Petição de ID. f5f828e,


pleiteando a alteração da r. sentença quanto ao cálculo do adicional de incorporação;
apuração da CTVA deferida; e FGTS.

Contraminuta apresentada pela exequente, ID. 038d707.

Devidamente intimadas, ID. a050773 e ID. f431a47, a


executada e a UNIÃO FEDERAL não apresentaram contraminutas.

Encaminhados os autos ao Gabinete do Exmo.


Desembargador Marcus Moura Ferreira, considerando que o acórdão anterior foi
proferido por esta 8ª Turma deste Regional, sob a relatoria do Exmo. Desembargador

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Márcio Ribeiro do Valle, constatada a prevenção desta Turma, os autos foram


encaminhados ao Presidente desta 8ª Turma, nos termos do art. 930, parágrafo
único, do CPC c/c o art. 136, § 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, ID. 9443ac6.

O Exmo. Desembargador José Marlon de Freitas


determinou a redistribuição do presente feito por sorteio, entre os Magistrados que
compõem esta Eg. 8ª Turma, considerando os termos do art. 136, § 3º, do Regimento
Interno do TRT da 3ª Região, conforme a decisão de ID. c94f070.

Dispensada a manifestação do Ministério Público do


Trabalho.

É o relatório.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

O agravo de petição de ID. f56e1bf, interposto pela


executada CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, em 03/02/2022, é tempestivo,
considerando a ciência da publicação da r. sentença em 25/01/2022, conforme
consulta a aba "expedientes" do Sistema PJe, intimação de ID. c2b353f. Regular a
representação processual da executada, nos moldes da procuração de ID. 8a4927f -
Pág. 1; Garantida a execução mediante depósito judicial no valor de R$3.051.762,31,
ID. c7173a5.

O agravo de petição interposto pela exequente JUSSARA


MARIA SANTOS RAMOS, é tempestivo, uma vez que interposto em 04/02/2022, ID.
f5f828e, sendo certo que a agravante tomou ciência da decisão agravada em
25/01/2022, ID. c2b353f, conforme consulta a aba "expedientes" do Sistema PJe.
Regular a representação processual do agravante, conforme procuração de ID.
b69fca3 e substabelecimento de ID. b9cebd9.

Conheço dos agravos de petição interpostos pela


executada e pela exequente.

JUÍZO DE MÉRITO

AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXECUTADA

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

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Insurge-se a executada em face da r. sentença de


liquidação que ampliou a sua condenação com base na natureza salarial do adicional
de transferência. Entende que a liquidação deve se restringir ao comando
exequendo, e não na reanálise meritória. Alega que: "Para cálculo do adicional de
transferência, devem ser observadas as rubricas 0005 COMPL TEMP VARIAVEL
AJUSTE, 0007 ADICIONAL TEMPO DE SERVIÇO, 0049 VP-GRAT SEM/ ADIC TEMPO
SER e 0275 FUNCAO GRATIFICADA EFETIVA, conforme constou expressamente na r.
Sentença de ID 9a47bdf, vejamos:" (ID. f56e1bf - Pág. 2/3). Afirma que a base do
adicional de transferência foi expressamente deferida, não incidindo o salário-base
da reclamante na referida verba, sendo a interpretação do i. perito uma emenda ao
julgado. Aduz que os valores devidos estão majorados, não podendo prevalecer sob
pena de enriquecimento ilícito da autora.

Examino.

Nos termos do comando exequendo de ID. 9a47bdf,


quanto ao Adicional de Transferência, a executada foi condenada ao pagamento da
referida verba, nos seguintes termos:

"Demonstrado está que a reclamante, no período de janeiro


de 2010 a novembro de 2012, dezembro de 2012 a
dezembro de 2013 e janeiro de 2014 até os dias atuais, fora
transferida pela reclamada para as cidades de Conselheiro
Pena, João Monlevade e Governador Valadares, sem
receber o referido adicional sobre todas as parcelas salariais.

Logo, atendidos os pressupostos legais, devido à autora o


pagamento das diferenças do adicional de transferência, no
período de janeiro de 2010 a novembro de 2012, dezembro
de 2012 a dezembro de 2013 e janeiro de 2014 até os dias
atuais, no importe de 25%, a incidir sobre o adicional de
tempo de serviço, função gratificada efetiva, VP - vantagem
pessoal e CTVA, observando-se, para o cálculo, os
demonstrativos de pagamento incrustados nos autos, com
reflexos em 13º salários, férias com 1/3, FGTS, gratificações
semestrais, licenças-prêmio, APIP's e horas extras." (ID.
9a47bdf - Pág. 10).

Constou no dispositivo da sentença: "(...) condenar a


reclamada a pagar, no prazo legal, as seguintes parcelas:
(...) h) diferenças do adicional de transferência, no período
de janeiro de 2010 a novembro de 2012, dezembro de 2012
a dezembro de 2013 e janeiro de 2014 até os dias atuais, no
importe de 25%, a incidir sobre o adicional de tempo de

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serviço, função gratificada efetiva, VP - vantagem pessoal e


CTVA, observando-se, para o cálculo, os demonstrativos de
pagamento incrustados nos autos, com reflexos em 132
salários, férias com 1/3, FGTS, gratificações semestrais,
licenças-prêmio, APIP's e horas extras; (...)"(ID. 9a47bdf -
Pág. 14).

O v. acórdão de ID. d832560 - Pág. 34/37, manteve a


condenação da reclamada ao pagamento de adicional de transferência à autora,
negando provimento ao seu recurso ordinário.

Considerando a divergência dos cálculos apresentados


pelas partes, o d. juízo de origem nomeou perito para elaboração dos cálculos, sendo
elaborado o laudo pericial contábil de ID. f490460.

A executada impugnou o laudo pericial, alegando, quanto


ao adicional de transferência, que os valores foram contados em duplicidade, já que
já eram parte integrante do salário e assim se deu em outros meses, ID. 8cd2b1e -
Pág. 1/2.

Em esclarecimentos, informou o i. perito que "Consta da r.


decisão que o adicional de transferência incide sobre todas as parcelas salariais, citando
algumas delas. No cálculo foram consideradas além das citadas parcelas salariais o salário
base da Reclamante. Vale dizer que foram deduzidos todos os valores pagos relativos a
parcela."(ID. 82a5778 - Pág. 7 - grifei).

Considerando que houve novas impugnações, por meio do


despacho de ID. 9da0c52, o d. juízo de origem manifestou quanto ao tema recorrido:

"1. DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

A sentença de id 9a47bdf assim estabeleceu: '(...) devido à


autora o pagamento das diferenças do adicional de
transferência, no período de janeiro de 2010 a novembro de
2012, dezembro de 2012 a dezembro de 2013 e janeiro de
2014 até os dias atuais, no importe de 25%, a incidir sobre o
adicional de tempo de serviço, função gratificada efetiva, VP
- vantagem pessoal e CTVA, observando-se, para o cálculo,
os demonstrativos de pagamento incrustados nos autos, com
reflexos em 13º salários, férias com 1/3, FGTS, gratificações
semestrais, licenças-prêmio, APIP's e horas extras' (grifei).

Logo, considerando que a decisão transitada em julgado


fixou, expressamente, as parcelas componentes da base de

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cálculo para a apuração das diferenças do adicional de


transferência (adicional de tempo de serviço, função
gratificada efetiva, VP - vantagem pessoal e CTVA), a conta
liquidanda deve ater-se aos parâmetros fixados.

Portanto, assistindo razão à reclamada, os cálculos periciais


devem ser retificados nesse ponto." (ID. 9da0c52 - Pág. 1).

O i. perito retificou os cálculos de liquidação, conforme


determinado no despacho supracitado, ID. e3df182. A título de exemplo, após a a
retificação, o valor referente ao adicional de transferência, apurado pelo i. perito, foi o
montante de R$319.483,66, ID. 39d9423 - Pág. 1. Enquanto, o adicional de
transferência apurado, antes do despacho do d. juízo de origem, consistia no
montante de R$535.699,42, ID. 6c836f3 - Pág. 1. Tal fato demonstra que o i. perito já
retificou o cálculo pericial, acolhendo a determinação do d. juízo de origem, ID.
9da0c52, que determinou que a base de cálculo do adicional de transferência
corresponde as parcelas de adicional de tempo de serviço, função gratificada efetiva,
VP - vantagem pessoal e CTVA, como requerido pela executada.

O d. juízo de origem homologou os cálculos contábeis,


ID. e5f770f.

Em embargos à execução, ID. a79b0c1, a executada


discordou da apuração efetuada quanto ao cálculo do adicional de transferência, por
incluir parcelas não deferidas na base de cálculo do Adicional de transferência.

Como se observa, a executada ignorou a retificação dos


cálculos promovida pelo i. perito, conforme determinada pelo d. juízo de origem na
decisão de ID. 9da0c52, já homologada.

Apesar de o i. perito, em esclarecimentos de ID. 0e2e590


- Pág. 7, ter informado que além das parcelas expressamente citadas no comando
exequendo, considerou o salário base da autora, ao consultar as planilhas com o
resumo do cálculo, consta o valor do adicional de transferência no montante de
R$322.078,85, atualizado até 31/12/2021, o que corrobora que o i. perito manteve o
cálculo homologado em ID. e5f770f, que, conforme demonstrado, considerou para o
cálculo de liquidaçãodas diferenças do adicional de transferência apenas o adicional
de tempo de serviço, função gratificada efetiva, VP - vantagem pessoal e CTVA, nos

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termos do comando exequendo.

O fato de a r. sentença agravada ter indeferido o pleito da


executada citando a manifestação do i. perito em esclarecimentos não altera o
entendimento, visto que mantido o cálculo retificado homologado de ID. e3df182, com
as atualizações de ID. ca316d3.

Nego provimento.

VALOR DO CTVA

Alega a executada que o laudo homologado segue um


regramento diverso do estipulado no título executivo, ampliando as parcelas ou
incluindo outras de forma indistinta. Aponta que o comando exequendo determinou
que os cálculos da média do CTVA, com base nos valores recebidos nos últimos
cinco anos. Diz que o i. perito incluiu, de forma indevida, o porte e função gratificada,
o que não teria sido deferido no comando exequendo. Também contesta a utilização
da média a contar de julho de 2010, por não ter sido invalidada a norma da CAIXA
pela sentença. Requer seja calculado a média exclusivamente do CTVA, a partir da
supressão ocorrida em MAI/2014, regredindo os sessenta meses dessa data, ou
seja, até abril de 2019. Requer, também, seja excluída da média a parcela "Porte",
alegando que não houve condenação nesse sentido. Em relação a gratificação de
função, entende que não pode ser incluída na média, sob pena de pagamento em
duplicidade, eis que esta já fora deferida na diferença do Adicional de Incorporação,
conforme o pedido.

Examino.

Na petição inicial, a autora alegou que auferia a parcela


CTVA a contar de janeiro de 2001 até maio de 2014, de forma regular e ininterrupta,
pleiteando a sua integração em sua remuneração. Disse que a partir da implantação
do Novo Plano de Função Gratificada - PFG, em julho de 2010, foi imposta alterações
nas verbas que compunham a sua remuneração, com a criação da verba "Porte
Unidade - Função Gratificada Efetiva", e a redução drástica da verba CTVA, como
forma de impedir a sua incorporação integral ao salário. Relatou que tanto o CTVA
quanto o "Porte Unidade - Função Gratificada Efetiva" foram suprimidos em

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11/05/2014, devido ao seu descomissionamento (ID. d3d54a7 - Pág. 17). Postulou a


incorporação da CTVA ao seu salário, e o seu restabelecimento em parcelas
vencidas e vincendas no valor percebido em junho de 2010, antes da alteração lesiva
que o reduziu, ou, sucessivamente, na média paga ao longo dos últimos 05 anos,
considerando no cálculo da média, o valor percebido a título de "Porte Unidade -
Função Gratificada Efetiva", e os seus reflexos (ID. d3d54a7 - Pág. 18).

Nos termos do comando exequendo de ID. f1a7c45, o d.


juízo de origem, quanto ao tema "Incorporação integral da função - incorporação da
CTVA", condenou a executada: "a integrar o valor integral do CTVA (Complemento
Temporário Variável de Ajuste ao Piso de Mercado) no salário obreiro, pagando-lhe as
parcelas vencidas e vincendas, as diferenças apuradas, com reflexos em 13 salários
integrais e proporcionais, férias integrais e proporcionais acrescidas de 1/3, FGTS,
gratificações semestrais, APIP's, licenças-prêmio, eventuais horas extras pagas no período
e as deferidas nesta decisão, calculadas com base em uma remuneração-base inferior, ou
seja, sem o CTVA devido, a apurar em liquidação de sentença."(ID. 9a47bdf - Pág. 7 -
grifei).

Em sede de embargos de declaração, o d. juízo de


origem, em esclarecimentos, determinou: "De início, diante da omissão sentencial,
acolho, no ponto, os presentes embargos para, sanando-a, esclarecer que, na integração
do valor integral da CTVA, observar-se-á a média dos últimos cinco anos."(ID. 9b14f1b -
Pág. 1 - destaquei).

O v. acórdão de ID. d832560 indeferiu o recurso das


partes, mantendo a condenação, nos termos deferidos pelo comando exequendo.

As planilhas de ID. 5e902bc - Pág. 10/12, constantes do


laudo pericial oficial, revelam que a autora auferiu a parcela CTVA de modo habitual
até maio de 2014, enquanto houve uma grande redução dos valores em 07/2010,
quando passou a auferir o valor de R$2.313,21, enquanto no mês anterior consistia
no montante de R$3.240,21.

O i. perito apurou diferenças de CTVA a contar de julho


de 2010, conforme tabela de ID. 5e902bc - Pág. 23/27.

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A executada impugnou o laudo pericial, alegando que


não atendeu o deferido no comando exequendo quanto a média dos valores pagos
nos últimos 05 anos, entendendo que a média, a contar de abril/2009 à abril/2014,
perfaz um montante de R$2.352,12, considerando que a supressão da parcela
ocorreu em maio de 2014. Alega que o i. perito não demonstrou a base de cálculo
das diferenças salariais a título de CTVA (ID. 8cd2b1e - Pág. 2/3).

Em esclarecimento, informou o i. perito que o cálculo do


CTVA foi apurado a partir da média dos valores recebidos da parcela "Porte unidade
função gratificada", no valor de R$732,41 e média dos últimos 05 anos da parcela
CTVA, no montante de R$2.399,92, totalizando o valor devido a partir de junho de
2010 o valor de R$3.132,34, ID. 82a5778 - Pág. 2/3. Disse, ainda, que "A partir de
junho/10 quando houve reajuste relativo ao salário da Reclamante foram considerados os
mesmos reajustes para atualização do valor da parcela CTVA devida, (...)"(ID. 82a5778 -
Pág. 4).

Em nova impugnação, a executada alega que conforme


a base de cálculo apresentada pelo i. perito, foi incluída, indevidamente, o porte e
função gratificada, o que não restou deferido no comando exequendo. Questionou,
também, o cálculo da média a contar de julho de 2010, considerando que não foi
invalidada a norma da empresa que instituiu o PFG (ID. 9d2b2b5 - Pág. 2/4).

Em novos esclarecimentos, informou o i. perito que a


integração do "porte unidade" consta na sentença, conforme apontou em ID.
0e2e590 - Pág. 8.

Imperioso ressaltar que o referido trecho citado pelo i.


perito para justificar o cálculo da média dos valores recebidos da parcela "Porte
unidade função gratificada" corresponde a petição inicial apresentada pela autora, em
ID. d3d54a7 - Pág. 18, e não no comando exequendo, conforme alegado.

No presente caso, conforme demonstrado, não houve o


deferimento, pelo comando exequendo, a média "Porte Unidade - Função Gratificada
Efetiva", na verba CTVA, conforme apurado pelo i. perito.

Ao contrário do que alega a executada, foi deferido pelo

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comando exequendo a integração do valor integral do CTVA (Complemento


Temporário Variável de Ajuste ao Piso de Mercado) no salário obreiro, pagando-lhe
as parcelas vencidas e vincendas, inclusive as diferenças apuradas, considerando a
média dos últimos cinco anos, a contar da sua supressão, conforme devidamente
apurado pelo i. perito.

O escopo da liquidação é interpretar rigorosamente os


comandos do título judicial, conforme inteligência contida no art. 879, § 1º, da CLT,
que estabelece: "Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença
liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal".

Isso, sob pena de ofensa à coisa julgada formada nos


autos (inteligência do artigo 5º, inciso XXXVI, da CR/88).

Estando os cálculos periciais em descompasso com o


comando exequendo, devem ser retificados.

Dou parcial provimento ao recurso da executada para


determinar a retificação do cálculo pericial, quanto a integração da verba CTVA, sem
a apuração da verba "Porte Unidade - Função Gratificada Efetiva", visto que não
constante no comando exequendo.

Provimento parcial.

APLICAÇÃO IMEDIATA E INTEGRAL DOS JULGADOS


COM REPERCUSSÃO GERAL DO STF - ADC's 58 e 59 e ADI's 5.867 e 6.021

Insurge-se a executada em face da r. sentença que


determinou o pagamento de 1% de juros cumulado com IPCA no período anterior ao
ajuizamento da presente ação. Assevera que a SELIC já engloba os juros de mora,
razão pela qual surge a discussão quanto a aplicação de juros antes do ajuizamento
da ação. Afirma que o STF nunca deferiu a inclusão dos juros de mora cumulados
com o IPCA, antes do ajuizamento da lide. Aduz que a legislação determina a
aplicação de juros moratórios legais apenas após o ajuizamento da ação judicial.
Alega que o caput, quanto o parágrafo primeiro, da Lei 8.177/91, foram
expressamente declarados inconstitucionais. Afirma que o acórdão do ADC 58 afasta
a aplicação dos juros de mora de 1% previstos no art. 39, §1º, da Lei 8.177/91, pois

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substituídos por um indexador que também integra a correção monetária (SELIC),


sendo declarados inconstitucionais pelo STF. Requer a procedência das suas razões
de agravo de petição para que seja aplicada a decisão proferida na ADC 58
estabelecendo-se exclusivamente a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a
partir do ajuizamento da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil).

Examino.

Sobre a matéria, consta do comando exequendo de ID.


9a47bdf - Pág. 14, datado de 10/04/2016, verbis: "Os juros moratórios hão de ser
calculados a partir do ajuizamento da ação, à base de 1 % ao mês, pro rata die, incidentes
sobre o valor já corrigido monetariamente (Súmula 200 do TST). Já a correção monetária
deve ser computada observando-se as épocas próprias, assim considerados os
vencimentos de cada parcela, nos termos do art. 39 da Lei no 8177/91. Para o cálculo da
correção monetária deverá ser observado o índice de atualização dos créditos trabalhistas
em geral, conforme o disposto na Súmula 381 do Colendo TST e a Súmula 15 do TRT/MG.
Cessam os juros e correção monetária quando ocorrer o pagamento do débito e não em
caso de depósito do montante total da execução para fins de garantia da execução. O
depósito judicial para garantia do Juízo não se equipara com o pagamento do débito."
(destaquei).

A r. sentença de embargos de declaração de ID. 9b14f1b


não alterou os parâmetros constantes na sentença de origem.

O v. acórdão de ID. 47a4669 desta Eg. 8ª Turma, de


relatoria do Exmo. Desembargador Márcio Ribeiro do Valle indeferiu o recurso da
autora mas fundamentou que: "Ao contrário do que alega a autora, o art. 39 da
mencionada Lei 8.177191 se encontra em pleno vigor, e expressamente determina a
aplicação da TRD acumulada no período compreendido entre a data de vencimento da
obrigação e o seu efetivo pagamento, não prosperando a pretensão de aplicação do INPC,
IPCA, SELIC ou qualquer outro índice para o cômputo da atualização monetária. (...)
Destarte, considerando a decisão emanada pelo STF, deve ser observado, ainda, o art. 39
da Lei 8.177/91 que indica a TRD acumulada como índice a ser utilizado na correção dos
débitos trabalhistas de qualquer natureza." (ID. d832560 - Pág. 61/62 - grifei).

O v. acórdão de ID. 012b280 não alterou os parâmetros

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de correção monetária.

Trânsito em julgado da decisão.

Iniciada a fase de liquidação.

Considerando a divergência entre os cálculos


apresentados, o d. juízo de origem determinou a realização de perícia de liquidação,
sendo apresentado o laudo pericial de ID. 5e902bc, determinando, quanto a correção
monetária: "Valores corrigidos pelo índice 'IPCA-E' até 03/09/2014 e pelo índice 'SELIC
(Fazenda Nacional)' a partir de 04/09/2014, acumulados a partir do mês subsequente ao
vencimento, conforme súmula nº 381 do TST. Última taxa 'SELIC (Fazenda Nacional)'
relativa a 08/2021. (...) Juros simples de 1% a.m., pro rata die, até 03/09/2014 (Art. 39 da
Lei nº 8177/91); e sem incidência de juros a partir de 04/09/2014." (ID. 5e902bc - Pág. 2).

A autora impugnou os cálculos periciais, ID. 5a295b6,


pleiteando a incidência de juros de mora desde o ajuizamento da ação. A executada
também impugnou o laudo pericial, requerendo a exclusão dos juros de mora
aplicados indevidamente pelo i. Perito, ID. 8cd2b1e.

Em esclarecimentos, o i. perito afirmou que: "Consta da r.


decisão que deve ser apurado juros de 1% ao mês e a correção na forma da ADC n. 58.
Conforme critérios de cálculo foi observado os juros de 1% ao mês e IPCA-e na fase pré-
judicial e após, a Selic que já engloba juros e correção."(ID. 82a5778 - Pág. 6). O i. perito
manteve o entendimento, conforme esclarecimentos de ID. 0e2e590.

A r. sentença manteve o entendimento do i. perito,


afirmando que "A decisão prolatada dispôs sobre a forma de correção (fl. 3254), de forma
que, ao caso, é aplicável a modulação traçada pelo STF na ADC nº 58, em seu item (i).
Tudo devidamente elucidado pelo vistor à fl. 4286."(ID. fecee16 - Pág. 3).

Observa-se que o título exequente menciona a aplicação


da Lei 8.177/91, somente quanto aos parâmetros de incidência de juros legais no
percentual de 1% ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória, nos termos da
Súmula 200 do TST, nada dispondo sobre a adoção de qualquer índice de correção
monetária. O comando exequendo apenas menciona que haverá correção monetária
a contar do 1º dia do mês subsequente ao trabalhado, nos termos do parágrafo único

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do artigo 459 da CLT e da Súmula 381 do TST (ID. 858261a - Pág. 5).

O título executivo não estabeleceu expressamente o


índice de atualização monetária a ser aplicado ao caso. Nesse sentido, não houve a
formação da coisa julgada material quanto à adoção do índice utilizado para a
correção monetária do débito trabalhista, restando pendente a controvérsia no
particular.

Resta pendente a controvérsia em torno do índice para a


correção monetária do débito trabalhista, critério de cálculo jungido à aplicação da lei
pertinente.

No julgamento conjunto das Ações Declaratórias de


Constitucionalidade (ADC) 58 e 59 e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade
(ADIs) 5867 e 6021, em 18/12/2020, o Supremo Tribunal Federal decidiu: "O Tribunal,
por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, para conferir interpretação conforme à
Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467
de 2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos decorrentes de
condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do
Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos
índices de correção monetária e de juros que vigentes para as condenações cíveis em
geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a
incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, (...)."

Assim, os cálculos deverão ser adequados à decisão do


STF, quando do julgamento da ADC/58.

O STF determinou que à atualização dos créditos


decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução
legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes para as
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E e juros legais do art. 39
da Lei 8177/1991 na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC (art.
406 do Código Civil).

O acórdão foi publicado em 07/04/2021, encontrando-se

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assim ementado:

"EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO


TRABALHO. AÇÕES DIRETAS DE
INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS
DE CONSTITUCIONALIDADE. ÍNDICES DE CORREÇÃO
DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E DOS DÉBITOS
JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 879, §7º, E
ART. 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.
467, DE 2017. ART. 39, CAPUT E §1º, DA LEI 8.177 DE
1991. POLÍTICA DE CORREÇÃO MONETÁRIA E
TABELAMENTO DE JUROS.INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
TAXA REFERENCIAL (TR) COMO POLÍTICA DE
DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA. TR COMO ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA.
INCONSTITUCIONALIDADE.PRECEDENTES DO STF.
APELO AO LEGISLADOR. AÇÕES DIRETAS DE
INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS
DE CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE
PROCEDENTES, PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO
CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, §7º, E AO
ART. 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI
13.467, DE 2017. MODULAÇÃO DE EFEITOS.

1. A exigência quanto à configuração de controvérsia judicial


ou de controvérsia jurídica para conhecimento das Ações
Declaratórias de Constitucionalidade (ADC) associa-se não
só à ameaça ao princípio da presunção de
constitucionalidade - esta independe de um número
quantitativamente relevante de decisões de um e de outro
lado -, mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de
uma decisão tomada por segmentos expressivos do modelo
representativo.

2. O Supremo Tribunal Federal declarou a


inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a
redação dada pela Lei 11.960/2009, decidindo que a TR
seria insuficiente para a atualização monetária das dívidas
do Poder Público, pois sua utilização violaria o direito de
propriedade. Em relação aos débitos de natureza tributária, a
quantificação dos juros moratórios segundo o índice de
remuneração da caderneta de poupança foi reputada
ofensiva à isonomia, pela discriminação em detrimento da
parte processual privada (ADI 4.357,ADI 4.425, ADI 5.348 e
RE 870.947-RG - tema 810).

3. A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do


Tribunal Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao
ponto de se imaginar que, diante da inaplicabilidade da TR, o
uso daquele índice seria a única consequência possível. A
solução da Corte Superior Trabalhista, todavia, lastreia-se
em uma indevida equiparação da natureza do crédito
trabalhista com o crédito assumido em face da Fazenda

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Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da


Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei
11.960/2009.

4. A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda


análise específica, a partir das normas em vigor para a
relação trabalhista. A partir da análise das repercussões
econômicas da aplicação da lei, verifica-se que a TR se
mostra inadequada, pelo menos no contexto da
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice de
atualização dos débitos trabalhistas.

5. Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art.


879, §7º, e ao art. 899, §4º, da CLT, na redação dada pela
Lei 13.467, de 2017, definindo-se que, até que sobrevenha
solução legislativa, deverão ser aplicados à atualização dos
créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos
depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do
Trabalho os mesmos índices de correção monetária e de
juros vigentes para as hipóteses de condenações cíveis em
geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da
Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F
da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei
11.960/2009), com a exegese conferida por esta Corte na
ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e no RE 870.947-RG (tema
810).

6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o


ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado
como indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a
dezembro de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser
utilizado o IPCA-E mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da
extinção da UFIR como indexador, nos termos do art. 29, §
3º, da MP 1.973-67/2000. Além da indexação, serão
aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei 8.177, de
1991).

7. Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos


judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando
que ela incide como juros moratórios dos tributos federais
(arts. 13 da Lei 9.065/95; 84 da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei
9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96; e 30 da Lei 10.522/02). A
incidência de juros moratórios com base na variação da taxa
SELIC não pode ser cumulada com a aplicação de outros
índices de atualização monetária, cumulação que
representaria bis in idem.

8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na


aplicação do novo entendimento, fixam-se os seguintes
marcos para modulação dos efeitos da decisão: (i) são
reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão, em
ação em curso ou em nova demanda, incluindo ação

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rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando a TR


(IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive
depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim
como devem ser mantidas e executadas as sentenças
transitadas em julgado que expressamente adotaram, na sua
fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os
juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em curso que
estejam sobrestados na fase de conhecimento,
independentemente de estarem com ou sem sentença
inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob
pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial
fundado em interpretação contrária ao posicionamento do
STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC.

9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos


processos, ainda que transitados em julgado, em que a
sentença não tenha consignado manifestação expressa
quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os
critérios legais).

10. Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ações


Diretas de Inconstitucionalidade julgadas parcialmente
procedentes."

Tratando-se a hipótese do item 9, ou seja, processo


transitado em julgado em que a sentença não consignou manifestação expressa quanto
aos índices de correção monetária, deve-se utilizar o IPCA-E e juros do art. 39 da Lei
8177/1991 na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa SELIC.

Quanto aos juros de mora, conquanto haja previsão


expressa no título executivo de aplicação de juros a partir da data do ajuizamento da
ação (artigo 883 da CLT), calculados na base de 1%, incidentes sobre o valor já
corrigido monetariamente pro rata die (Súmula 200 do TST), o que, aparentemente,
chancelaria a tese constante na r. sentença, entendo que não pode prosperar.

Isso porque os juros de mora já se encontram


compreendidos na taxa SELIC, não havendo que se aplicar a incidência autônoma de
juros mensais, desde a citação, nos termos da ADC 58 e 59 do STF.

Neste sentido, o posicionamento adotado pelo Exmo


Ministro Alexandre de Morais, quanto ao tema, na Reclamação nº 46023, publicada
em 03/03/2021, verbis:

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"A decisão proferida por esta CORTE no julgamento conjunto


da ADC 58, ADC 59, ADI 6021 e ADI 5867 (Rel. Min.
GILMAR MENDES) conferiu interpretação conforme à
Constituição ao art. 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na
redação dada pela Lei 13.467 de 2017, no sentido de que à
atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial
e à correção dos depósitos recursais em contas judiciais na
Justiça do Trabalho deverão ser aplicados, até que
sobrevenha solução legislativa, os mesmos índices de
correção monetária e de juros que vigentes para as
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do
IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência
da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil). Ocorre que, ao
determinar também o pagamento de juros de mora
equivalentes aos índices de poupança, a partir do
ajuizamento da ação, o ato reclamado viola, em parte, o
quanto assentado pelo referido julgado. Isso porque a taxa
SELIC é um índice composto, isto é, serve a um só tempo
como indexador de correção monetária e também de juros
moratórios, nos termos do art. 406 do Código Civil (Quando
os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem
sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação
da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor
para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional). Assim, a determinação conjunta de pagamento de
juros de mora, equivalentes aos índices da poupança, e de
atualização monetária pela taxa SELIC, como consta do ato
ora reclamado - implica em violação ao quanto decidido na
ADC 58, ADC 59, ADI 6021 e ADI 5867 (Rel. Min. GILMAR
MENDES)" (grifos nossos)

Trata-se de decisão proferida pelo STF, contendo, assim,


efeito vinculante e eficácia erga omnes, ou seja, de observância obrigatória, o que torna
ineficaz, no particular, a previsão constante do título executivo relativamente aos
juros de mora.

Veja-se que a decisão acima transcrita estabeleceu,


quanto aos créditos trabalhistas, "a incidência do IPCA-e na fase pré-judicial e, a partir
da citação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)", de forma a excluir os
juros moratórios constantes da Lei 8.177/91.

Assim, por se tratar de decisão de caráter vinculante e


erga omnes, sendo omisso o comando exequendo, o débito deverá ser atualizado na
forma definida pelo STF, no julgamento conjunto das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADC) 58 e 59, no dia 18/12/2020, com a incidência do IPCA-E e
juros do art. 39 da Lei 8177/1991 na fase pré-judicial e, a partir da citação, a

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incidência da taxa SELIC, devendo ser observados os regramentos específicos da


taxa, inclusive em relação à sua natureza composta, que engloba correção monetária e
juros.

Frise-se que em julgamento dos embargos de declaração


pelo STF, em Sessão Plenária realizada no dia 22/10/2021 (Sessão realizada por
videoconferência, conforme Resolução 672/2020/STF), nos autos da ADC 58, por
unanimidade, não conheceu dos embargos de declaração opostos pelos amici curiae,
rejeitou os embargos de declaração opostos pela ANAMATRA, mas acolheu,
parcialmente, os embargos de declaração opostos pela AGU, tão somente para sanar o
erro material constante da decisão de julgamento e do resumo do acórdão, de modo a
estabelecer a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento da ação,
a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), sem conferir efeitos infringentes,
nos termos do voto do Relator.

Dessa forma, o débito deve ser atualizado na forma


definida pelo STF, no julgamento conjunto das ADC 58 e 59 e nas Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADIs) 5867 e 6021, ou seja, à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser aplicados - até que sobrevenha solução
legislativa -, os mesmos índices de correção monetária e de juros que vigentes para
as condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E e juros do art.
39 da Lei 8177/1991 na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento da ação, a
incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil).

Dou provimento ao apelo da executada, para determinar


que o débito seja atualizado na forma definida pelo STF, no julgamento conjunto das
ADC 58 e 59, no dia 18/12/2020, com a incidência do IPCA-E e juros do art. 39 da Lei
8177/1991 na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento da ação, a incidência da taxa
SELIC, que engloba correção monetária e juros, sem a incidência autônoma de juros
mensais, salientando, contudo, que devem ser observadas eventuais alterações
quando ao tema da atualização monetária, emanadas do STF em decisões
posteriores, até o efetivo pagamento.

Recurso provido, nestes termos.

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RECURSO DA AUTORA

CÁLCULO DO ADICIONAL DE INCORPORAÇÃO

Insurge-se a autora em face da r. sentença que ao aderir


ao laudo pericial, indeferiu o pedido de inclusão da verba "Porte de Unidade - Função
Gratificada" na base de cálculo das diferenças do "Adicional de Incorporação".Diz
que conforme a sua evolução salarial, a verbaPorte Unid. Função Gratificada compõe
a verba Função Grat. Efetiva. Relata que ambas começaram a serem quitadas em
julho de 2010, sendo suprimidas em maio de 2014. Requer a retificação do laudo
pericial para que seja incluído a verba Porte de Unidade Função Gratificada Efetiva
na base de apuração da diferença do adicional de função deferido.

Examino.

O comando exequendo, consubstanciado no v. acórdão


de ID. d832560, condenou a executada ao pagamento da diferença entre o valor da
gratificação de função suprimida (100%) e do adicional compensatório pago
(adicional de incorporação), verbis:

"Por assim ser, a conduta da Reclamada, ao suprimir a


parcela atinente à gratificação de função/cargo em comissão
e promover sua transformação em Adicional de
Incorporação, cujo valor era inferior àquela, não pode ser
tolerada, pois o exercício de tal função incontroversamente
durou mais de dez anos, impondo-se, pois, o deferimento à
Obreira das diferenças salariais decorrentes da incorporação
desta verba, observando a incorporação de 100%, parcelas
vencidas e vincendas, e seus reflexos em RSR (OJ 394 da
SDI - 1 do TST), horas extras pagas e deferidas, férias + 113,
13 0 salário, gratificações semestrais, APIP5 e licenças
prêmio.

Dou provimento, pois, ao recurso da Autora para acrescer à


condenação o pagamento da complementação salarial
correspondente à diferença entre o valor da gratificação de
função suprimida (100%) e do adicional compensatório pago
(parcelas vencidas e vincéndas), e seus reflexos em horas
extras pagas e deferidas, férias + 113, 13 0 salário,
gratificações semestrais, APIPs e licenças prêmio." (ID.
d832560 - Pág. 55 - grifei).

O v. acórdão em sede de embargos de declaração,


apresentou a seguinte fundamentação quanto ao tema:

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"No que toca ao regulamento empresário que exclui o CTVA


da formula que determina o adicional de incorporação restou
destacado no v. acórdão embargado, que a norma interna da
Ré, consubstanciada nos itens. 3.6.1 e.3.6.2 da RH 151, não
é benéfica ao trabalhador, não podendo, assim, se sobrepor
ao principio da estabilidade financeira, fundado, sobretudo,
no art. 70, VI, da CR/88 (irredutibilidade salarial), porquanto o
valor do adicional de incorporação corresponde a apenas
uma média ponderada dos últimos cinco anos de exercício
da FG/CC/FC.

Logo, em tal aspecto, a Turma afastou a eficácia da predita


norma, porquanto afeta a estabilidade financeira do
trabalhador que, por dez anos ou mais, esteve exercendo o
cargo ou a função de confiança, nos termos da. Súmula 372,
1, do Colendo TST.

Concluiu-se, pois, que a conduta da Reclamada, ao suprimir


a parcela atinente à gratificação de função/cargo em
comissão e promover sua transformação em Adicional de
Incorporação, cujo valor, era inferior àquela, não pode ser
tolérada pois o exercício de tal função incontroversamente
durou mais de dez anos, impondo-se, pois, o deferimento à
Obreira das diferenças salariais decõrréntes da incorporação
desta verba, observando a incorporação de 1.00%, e. não o
percentual utilizado pela CEF, razão pela qual não houve
qualquer obscuridade quanto à forma de cálculo das
diferenças deferidas." (ID. 012b280 - Pág. 4)

O i. perito oficial, por meio das planilhas de cálculos do


laudo pericial, apresentou a apuração da diferença do adicional de incorporação, ID.
5e902bc - Pág. 20/22.

Em impugnação de ID. 5a295b6, alegou a autora que o i.


perito deixou de incluir a parcela "Porte Unid. Função Gratificada"na base de cálculo
das diferenças do adicional de incorporação. Afirmou que a verba "Porte Unid.
Função Gratificada" compõe a verba "Função Grat. Efetiva".

Em esclarecimentos, informou o i. perito que "Consta da r.


decisão apenas a parcela gratificação de função/cargo em comissão. Ademais, consta do
pedido inicial que o "porte unid. função gratificada" deve ser considerado na base de
cálculo das diferenças do CTVA, conforme ID. d3d54a7 - Pág. 18, f. 23."(ID. 82a5778 -
Pág. 2).

Em nova impugnação, alegou a autora que o laudo

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pericial "deixa de incluir a totalidade das verbas suprimidas para apuração da diferença do
adicional de função deferido."(ID. 6ff2bf3 - Pág. 4).

O i. perito ratificou o cálculo pericial, ID. 0e2e590 - Pág.


1/2.

A r. sentença julgou improcedente a impugnação à


sentença de liquidação interposta pela autora, entendendo que: "No atinente ao
adicional de função, houve estrita observância do comando sentencial, com a gratificação
de função/cargo em comissão, sem o porte."(ID. fecee16 - Pág. 3).

Corroboro o entendimento do d. juízo de origem, visto


que o comando exequendo, ao deferir diferenças salariais decorrentes da
incorporação da gratificação de função/cargo em comissão considerando a sua
transformação em Adicional de Incorporação, não determinou a inclusão da verba
"Porte Unid. Função Gratificada" em sua base de cálculo.

Consoante destacado, o título não contempla o


parâmetro de cálculo ora propugnado pela agravante.

Nos termos do art. 879, § 1º, da CLT, na liquidação, não


se poderá modificar ou inovar a sentença liquidanda ou discutir matéria pertinente à
causa principal (art. 5º, XXXVI, da CRFB).

Por conseguinte, devem ser estritamente obedecidos os


parâmetros de cálculo fixados no título judicial, não podendo as partes adulterar seu
conteúdo no momento da liquidação.

Nego provimento.

APURAÇÃO DA CTVA DEFERIDA

Insurge-se a autora em face da r. sentença que acolheu


o laudo pericial, mantendo o critério que entende equivocado para apuração das
diferenças de CTVA deferidas pelo comando exequendo. Questiona o perito que
utilizou a média dos últimos 05 anos para apuração da CTVA, enquanto a r. sentença
é clara ao determinar a integração em seu valor integral. Aponta que a verba CTVA
foi reduzida em janeiro de 2010 pela executada. Requer a retificação do cálculo.

21 of 25 4/19/2024, 5:53 PM
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Examino.

Conforma já analisado no tópico anterior, o comando


exequendo condenou a reclamada a "integrar o valor integral do CTVA (Complemento
Temporário Variável de Ajuste ao Piso de Mercado) no salário obreiro, pagando-lhe as
parcelas vencidas e vincendas, as diferenças apuradas, com reflexos em 13º salários
integrais e proporcionais, férias integrais e proporcionais acrescidas de 1/3, FGTS,
gratificações semestrais, APIP's, licenças-prêmio, eventuais horas extras pagas no período
e as deferidas nesta decisão, calculadas com base em uma remuneração-base inferior, ou
seja, sem o CTVA devido, a apurar em liquidação de sentença;"(ID. 9a47bdf - Pág. 13/14
- grifei).

A r. sentença em sede de embargos de declaração


determinou a forma de apuração do valor integral do CTVA, ao determinar que: "De
início, diante da omissão sentencial, acolho, no ponto, os presentes embargos para,
sanando-a, esclarecer que, na integração do valor integral da CTVA, observar-se-á a
média dos últimos cinco anos." (ID. 9b14f1b - Pág. 1).

Assim, não há se falar em aplicação do valor integral,


sem considerar o comando exequendo que determinou, de forma expressa, que a
integração do valor integral da CTVA, observar-se-á a média dos últimos cinco anos.

Quanto a alegada redução do valor da CTVA a contar de


janeiro de 2010, esclareceu o i. perito que "Para cálculo do CTVA foi apurada média dos
valores recebidos da parcela porte unid. função gratificada e média dos últimos 5 anos da
parcela CTVA. O valor devido em junho/2010 é R$3.132,34. (...) A partir de junho/10
quando houve reajuste relativo ao salário da Reclamante foram considerados os mesmos
reajustes para atualização do valor da parcela CTVA devida, (...)"(ID. 82a5778 - Pág.
2/5).

Assim, no presente caso, os cálculos homologados estão


em conformidade com o comando exequendo.

Nego provimento.

REFLEXOS SOBRE O FGTS

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Insurge-se a exequente em face da r. sentença que


entendeu pela não necessidade de apuração do FGTS sobre as férias + 1/3, 13º
salário, gratificações semestrais e DSR's. Alega que o FGTS "deve ser calculado sobre
os valores efetivamente devidos das parcelas salariais, inclusive repercussões, porque elas
integram sua base de cálculo, conforme disposições contidas no artigo 15 da Lei 8036/90,
pouco importando que o título executivo assim determine expressamente." Requer seja
determinadoa inclusão de todas as verbas salariais na base de cálculo do FGTS,
quais sejam,13º salário, férias gozadas com o adicional de 1/3, gratificações
semestrais e DSRs.

Ao exame.

Em esclarecimento, narrou o i. perito que: "Não há


determinação para inserir na base de cálculos dos reflexos em FGTS + 40%, os demais
reflexos deferidos. Apenas há determinação para apurar reflexos no FGTS + 40% sobre a
parcela principal."(ID. 0e2e590 - Pág. 6).

Na r. sentença de ID. fecee16 - Pág. 3, o d. juízo a quo


acolheu os esclarecimentos periciais para indeferir a impugnação à sentença de
liquidação interposta pela autora, entendendo que: "Também quanto ao FGTS com
40%, o perito atuou adstrito literalidade do comando sentencial, não havendo erro em sua
apuração." (ID. fecee16 - Pág. 3).

Divirjo do entendimento sedimentado na origem.

De acordo com o artigo 15 da Lei 8.036/90, o FGTS é


devido sobre a remuneração paga ao empregado, o que autoriza a inclusão não só
das parcelas expressamente deferidas, mas também dos respectivos reflexos em
férias + 1/3, 13º salário e quaisquer outras parcelas de natureza salarial na base de
cálculo do FGTS e sua respectiva multa. Nesse mesmo sentido, a Súmula 63/TST.

Se, por força de lei, o FGTS incide sobre a remuneração,


é evidente que os reflexos das verbas principais deferidas devem compor sua base
de cálculo.

É que a norma que regulamenta o FGTS (Lei


8.036/1990) não exclui da sua base de cálculo determinada parcela componente da

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remuneração do empregado, somente por ser reflexa de outra. Quaisquer verbas


integrantes da remuneração formam a base de cálculo do FGTS e sua respectiva
multa.

Esteja ou não expressamente determinado no comando


exequendo, trata-se de matéria de ordem pública, sendo certo que o cálculo do
FGTS deve ser feito não apenas sobre os valores devidos a título de verba principal,
mas também sobre todos os reflexos.

Vale destacar que, se a exequente tivesse auferido esses


benefícios (parcelas deferidas e seus reflexos) em tempo próprio, não teria
necessidade de recorrer à tutela jurisdicional e os reflexos também sobre o FGTS
refletiriam suas reais remunerações.

O FGTS é devido também sobre as parcelas reflexas,


porquanto, a teor do art. 15 da Lei 8.036/1990, todas as parcelas de natureza salarial
e que compõem a remuneração do trabalhador constituem a base de cálculo da
referida verba trabalhista.

A formação dessa base de cálculo prescinde de


condenação detalhada nesse sentido, em face da existência do aludido dispositivo
legal, determinando a forma de apuração da parcela em comento.

Os cálculos periciais devem ser retificados, apurando-se


o FGTS oriundo das repercussões das parcelas de natureza salarial deferidas.

Dou provimento ao apelo a fim de determinar a


retificação dos cálculos periciais para apurar o FGTS oriundo das repercussões das
parcelas de natureza salarial deferidas.

ACÓRDÃO

Fundamentos pelos quais,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em


sessão virtual ordinária da sua Oitava Turma, hoje realizada, sob a Presidência do
Exmo. Desembargador José Marlon de Freitas, presente o Exmo. Procurador
Dennis Borges Santana, representante do Ministério Público do Trabalho

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e, computados os votos dos Exmos. Desembargadores Sércio da Silva Peçanha e


José Marlon de Freitas: JULGOU o presente processo e, preliminarmente. à
unanimidade CONHECEU do agravo de petição interposto pela executada CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL, e, no mérito, sem divergência, DEU-LHE PARCIAL
PROVIMENTO para: a)determinar a retificação do cálculo pericial, quanto a integração
da verba CTVA, sem a apuração da verba "Porte Unidade - Função Gratificada
Efetiva", visto que não constante no comando exequendo; b) determinar que o débito
seja atualizado na forma definida pelo STF, no julgamento conjunto das ADC 58 e 59,
no dia 18/12/2020, com a incidência do IPCA-E e juros do art. 39 da Lei 8177/1991
na fase pré-judicial e, a partir do ajuizamento da ação, a incidência da taxa SELIC,
que engloba correção monetária e juros, sem a incidência autônoma de juros
mensais, salientando, contudo, que devem ser observadas eventuais alterações
quando ao tema da atualização monetária, emanadas do STF em decisões
posteriores, até o efetivo pagamento; à unanimidade, CONHECEU do agravo de
petição interposto pela exequente JUSSARA MARIA SANTOS RAMOS, e, no mérito,
sem divergência, DEU-LHE PARCIAL PROVIMENTO para determinar a retificação dos
cálculos periciais para apurar o FGTS oriundo das repercussões das parcelas de
natureza salarial deferidas; custas, sob responsabilidade da executada, no importe
de R$44,26(quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos), na forma do art. 789-A,
IV, da CLT.

Belo Horizonte, 18 de maio de 2022.

MARCELO LAMEGO PERTENCE

Desembargador Relator
MLP/DFA

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