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Detalhamento de Acórdão

PJe 19. 0002060-63.2013.5.03.0136 (ROT)

Órgão Julgador Oitava Turma

Relator(a)/Redator(a) Marcelo Lamego Pertence

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REAPRECIAÇÃO DE RECURSO ORDINÁRIO EM VIRTUDE DE DECISÃO PROFERIDA EM SEDE


DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. TERCEIRIZAÇÃO. AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF) 324 E RECURSO EXTRAORDINÁRIO 958.252. Em virtude
da decisão proferida pelo E. STF no âmbito da Reclamação Constitucional nº 56.156/MG,
que cassou o acórdão proferido por esta Eg. 8ª Turma nos presentes autos e determinou
que se profira outra decisão, reaprecia-se a questão concernente à licitude da
terceirização e seus consectários. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 324, e do Recurso Extraordinário
958.252 (RE 958252) - Tema nº 725 de Repercussão Geral - em sessão datada de
30/08/2018, reconheceu a licitude ampla da terceirização, seja de atividade-meio ou fim
da empresa. A tese fixada pela Corte Suprema afastou a distinção entre as atividades da
empresa, para fins de se aferir a regularidade da terceirização, afastando o critério
adotado no entendimento jurisprudencial firmado na Súmula 331, I, do TST, o qual vedava
a transferência para terceiro da execução de atividade inserida dentre as atividades
finalísticas da empresa. Com efeito, restou sedimentado pelo STF a tese de que,
independentemente da natureza das atividades desempenhadas pelo trabalhador em
benefício do tomador de serviços, em atividade-meio ou fim, e do objeto social das
empresas envolvidas, é lícita a terceirização de serviços, razão pela qual não se sustenta
mais o entendimento de que há formação de vínculo de emprego diretamente com o
tomador dos serviços pelo simples fato de o trabalhador atuar na sua atividade-fim. Em
suma, tem-se por pacificada a tese de que são lícitas as terceirizações, sejam em
atividade-meio ou fim do empreendimento.

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO

PROCESSO nº 0002060-63.2013.5.03.0136 (ROT)

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RECORRENTES: 1) HOMERO SANTIAGO PRIMOLA


2) GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A.
3) ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL
BELO HORIZONTE - APSHBH
4) HOBEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A.
RECORRIDOS: OS MESMOS
RELATOR: DESEMBARGADOR MARCELO LAMEGO PERTENCE

EMENTA

REAPRECIAÇÃO DE RECURSO ORDINÁRIO EM


VIRTUDE DE DECISÃO PROFERIDA EM SEDE DE
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. TERCEIRIZAÇÃO.
AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL (ADPF) 324 E RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 958.252. Em virtude da decisão
proferida pelo E. STF no âmbito da Reclamação
Constitucional nº 56.156/MG, que cassou o acórdão
proferido por esta Eg. 8ª Turma nos presentes autos e
determinou que se profira outra decisão, reaprecia-se a
questão concernente à licitude da terceirização e seus
consectários. O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 324, e do Recurso Extraordinário
958.252 (RE 958252) - Tema nº 725 de Repercussão
Geral - em sessão datada de 30/08/2018, reconheceu a
licitude ampla da terceirização, seja de atividade-meio ou
fim da empresa. A tese fixada pela Corte Suprema
afastou a distinção entre as atividades da empresa, para
fins de se aferir a regularidade da terceirização,
afastando o critério adotado no entendimento
jurisprudencial firmado na Súmula 331, I, do TST, o qual
vedava a transferência para terceiro da execução de
atividade inserida dentre as atividades finalísticas da
empresa. Com efeito, restou sedimentado pelo STF a
tese de que, independentemente da natureza das
atividades desempenhadas pelo trabalhador em
benefício do tomador de serviços, em atividade-meio ou
fim, e do objeto social das empresas envolvidas, é lícita a
terceirização de serviços, razão pela qual não se
sustenta mais o entendimento de que há formação de
vínculo de emprego diretamente com o tomador dos
serviços pelo simples fato de o trabalhador atuar na sua
atividade-fim. Em suma, tem-se por pacificada a tese de
que são lícitas as terceirizações, sejam em atividade-
meio ou fim do empreendimento.

Vistos os autos.

RELATÓRIO

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Trata-se de decisão monocrática proferida em


04/10/2022, pelo Exmo. Ministro Alexandre de Moraes, nos autos da Reclamação
Constitucional nº 56.156/MG (ID. 038c840 - Pág. 8/17) que julgou procedente a
reclamação para cassar o acórdão impugnado, determinando que a autoridade
reclamada observe o entendimento fixado no Terna 725 da Repercussão Geral (RE
958.252, Rel. Mim. Luiz Fux) e ADPF 324 (Rel. Min. Roberto Barroso).

O autor HOMERO SANTIAGO PRIMOLA, em 02/10/2013,


propôs a reclamatória trabalhista em face de GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A.,
1ª ré, ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL BELO
HORIZONTE, 2ª reclamada, e HOBEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, 3ª ré,ID.
5743dda. Alegou que as reclamadas constituem um grupo econômico, razão pela
qual requereu a responsabilidade solidária das empresas incluídas no polo passivo.
Relatou que foi contratado pela 1ª ré, para prestar serviços de engenharia incluindo
atividades de atos executivos e de consultoria, conforme contrato de prestação de
serviços anexos. Esclareceu que é sócio-proprietário da empresa ÚNICA
ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA.. Pleiteou o reconhecimento do vínculo de
emprego com a 1ª reclamada, tomadora do serviço, no período de 16/03/2001 à
09/12/2011, alegado ter ocorrido a "pejotização". Requereu, também, a anotação da
sua CTPS, com o pagamento de 13º salário, férias, FGTS, e recolhimentos
previdenciários. Assim como adicional de periculosidade, verbas rescisórias, multas
dos arts. 477, parágrafo 8º e 467 da CLT, diferenças salariais por acúmulo de
funções, horas extras, reajuste salarial, e honorários sucumbenciais e contratuais.

Conforme se infere dos autos, a r. sentença primeva (ID.


dca4236), julgou PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos apresentados por
HOMERO SANTIAGO PRIMOLA, reconhecendo o vínculo de emprego entre o autor e
a 1ª reclamada, GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S/A., no período de 16/03/2001 à
04/01/2012, condenando as rés, de forma solidária: "1 - aviso prévio indenizado (inclusive
proporcional ao tempo de serviço e projeção no tempo de serviço; férias integrais (em
dobro e simples) e proporcionais, todas acrescidas de + 1/3; 13ºs salário integrais e
proporcionais; FGTS + 40%; diferença salarial (decorrente dos reajustes salariais); multa
do artigo 477, §8º , da CLT (quantia equivalente ao salário-base); tudo de acordo com a
exordial. 2 - pagamento da multa do artigo 467 da CLT (a incidir sobre aviso prévio

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indenizado; férias proporcionais + 1/3; 131s proporcionais e multa de 40% do FGTS). 3 -


pagamento do adicional de periculosidade de 30%, pelo período de 02/10/2008 a
31.08.2011, com reflexos em aviso prévio, férias + 113, 130 salários, FGTS + 40%. 4 -
pagamento do acréscimo salarial de 20% pelo acúmulo de funções, pelo período fixado,
com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, 13° salários, FGTS + 40%. 5 - anotar a CTPS
conforme a fundamentação." (ID. dca4236 - Pág. 7/8). Deferido ao autor os benefícios
da justiça gratuita. Custas pelas reclamadas no importe de R$ 4.000,00 calculadas
sobre o valor da condenação arbitrado em R$ 200.000,00.

Opostos embargos de declaração pelo autor (ID.


5b37911), e pelas reclamadas (ID. 98270e4), que foram julgados improcedentes (ID.
8f9fa3f).

Recurso ordinário interposto pelo autor (ID. d1d8f9d), e


pelas reclamadas, ID. 58d349c.

Esta Eg. Oitava Turma, nos termos do v. acórdão de ID.


9c3db38 - Pág. 5/24, da lavra da Exma. Desembargadora Ana Maria Amorim
Rebouças, em 30/11/2016, conheceu do recurso das reclamadas e deu parcial
provimento para: "a) autorizar a dedução de R$7.398,00, do cálculo do aviso prévio
indenizado; b) excluir a condenação ao pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT; c)
excluir da condenação o pagamento do adicional de periculosidade e seus reflexos, bem
como o pagamento de honorários periciais." Inverteu o ônus do pagamento de
honorários periciais, que fica a cargo do autor. Negou provimento ao recurso do
autor. O v. acórdão manteve o reconhecimento do vínculo de emprego, entendendo que o
autor estava imediatamente subordinado à Diretoria do Hospital, com recebimento de
salário fixo, sendo um verdadeiro empregado, embora o vínculo estivesse encoberto por
um contrato civil entre pessoas jurídicas, fenômeno denominado "pejotização".

Embargos de declaração opostos pelas rés, ID. 9764651,


e pelo autor, ID. 16a55fd, que foram julgados improcedentes pelo v. acórdão de ID.
9fbdc28.

A 1ª reclamada, GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A.,


interpôs Recurso de Revista de ID. 14fae7d e ID. 266eec0, alegando, dentre os
pleitos, a inexistência de relação de emprego com o autor. O autor também interpôs o

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Recurso de Revista de ID. 953ec82.

Foi instaurada a execução provisória em 02/06/2017 (ID.


6c3af59).

Agravo de Instrumento oposto pela 1ª ré (ID. 6cb9702), e


pelo autor (ID. d31f087), visto que ambos recursos de revista não foram admitidos
por este Eg. Tribunal (ID. 2912f5c - Pág. 9).

Em 11/09/2017, foram homologados os cálculos de


liquidação, com o valor total geral da execução fixado em R$847.975,33 (ID. 1cc812b
- Pág. 7).

Em 18/02/2019, o C. TST, por meio da decisão do Exmo.


Ministro Douglas Alencar Rodrigues, publicada em 22/02/2019, negou provimento ao
Agravo de Instrumento oposto pela 1ª ré (ID. 3e81e9d), com trânsito em julgado em
22/02/2019, ID. 3e81e9d - Pág. 10.

Fixada a execução no montante de R$879.994,46,


atualizado até 31/05/2019 (ID. 08e60ed).

Em 04/10/2022, o STF comunicou ao presidente deste


Tribunal a decisão proferida nos autos da Reclamação nº 56.156 interposto pela 1ª
ré, GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A., em face deste Eg. Tribunal (ID. 038c840 -
Pág. 7).

Foi juntados aos autos a decisão no âmbito da Reclamação


56.156/MG, de relatoria do Ministro Alexandre de Moraes, proferida pelo E. STF, ajuizada
contra o acórdão regional proferido no presente feito, em que julgou procedente o pedido
de cassação do acórdão impugnado, determinando que a autoridade reclamada observe o
entendimento fixado no Tema 725 e da Repercussão Geral (RE 958.252) e ADPF 324 (ID.
038c840 - Pág. 8/16).

Diante da decisão proferida pelo E. STF, na Reclamação


Constitucional nº 56.156, ajuizada contra o acórdão regional proferido no presente
feito, determinou-se a remessa dos autos à este Eg. Tribunal, e posteriormente ao d.
juízo de primeiro grau, considerando que o referido processo se encontrava recolhido

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ao arquivo temporário.

Em 14/10/2022, os autos foram remetidos à esta Eg. 8ª


Turma, pelo d. juízo de origem, ID. 7059c33.

Em cumprimento à decisão proferida pelo Exmo. Ministro


Alexandre de Moraes, passa-se a proferir novo acórdão.

É o relatório.

QUESTÃO DE ORDEM

Pugna a ré, Gestho Gestão Hospitalar S.A, mediante


petição anexada sob ID 75c632f, após a inclusão do feito em pauta, pela habilitação
do subscritor da presente como seu procurador nesse feito, alegando ainda que "os
autos necessitam ser redistribuídos aos cuidados da Exma. Dra. Desembargadora ANA
MARIA AMORIM REBOUÇAS, considerando que a referida magistrada atuou como
relatora no julgamento desse mesmo recurso em 30/11/2016 consoante faz prova a cópia
do 1º acórdão prolatado por esta E. Corte (em anexo)".

Nos processos que tramitam por meio do PJ-e, a


habilitação do procurador nos autos é feita pelo próprio advogado, nos termos do
artigo 5º e parágrafos da resolução 185 do CSJT, notadamente nos parágrafos 5º e
10º.

Quanto à alegada prevenção, tal não prevalece, eis que


a Desembargadora Ana Maria Amorim Rebouças que proferiu acórdão nos autos (ID
9c3db38, p. 5/24) não mais integra a 8a. Turma e nos termos do artigo 136, § 3º do
Regimento Interno deste Eg. Regional, "Não mais estando o redator integrado ao órgão,
o processo será redistribuído entre os magistrados que o compõem, ressalvado o disposto
nos arts. 9º, parágrafo único, e 135 deste Regimento". Registro ainda que os presente
autos foram distribuídos a este Relator em 14/10/2022, por sorteio.

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RELATÓRIO

O MM. Juízo da 36ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte/


MG, mediante decisão proferida pelo Exmo. Juiz do Trabalho Substituto André
Barbieri Aidar (ID. dca4236), de 13/06/2016, cujo relatório adoto e a este incorporo,
no mérito, julgou PROCEDENTES, EM PARTE, os pedidos formulados por HOMERO
SANTIAGO PRIMOLA em face de GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S/A., 1ª ré,
ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL BELO HORIZONTE
(APSHBH), 2ª ré, e HOBEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A., 3ª reclamada,
para reconhecer o vínculo de emprego do autor com a 1ª reclamada, e condenar as rés,
de forma solidária, a: "1 - aviso prévio indenizado (inclusive proporcional ao tempo de
serviço e projeção no tempo de serviço; férias integrais (em dobro e simples) e
proporcionais, todas acrescidas de + 113; 13 1s salário integrais proporcionais; FGTS +
40%; diferença salarial (decorrente dos reajustes salariais); multa do artigo 477, §80 , da
CLT (quantia equivalente ao salário-base); tudo de acordo com a exordial; 2 - pagamento
da multa do artigo 467 da CLT (a incidir sobre aviso prévio indenizado; férias proporcionais
+ 1/3; 131s proporcionais e multa de 40% do FGTS); 3 - pagamento do adicional de
periculosidade de 30%, pelo período de 02/10/2008 a 31.08.2011, com reflexos em aviso
prévio, férias + 1/3, 13º salários, FGTS + 40%; 4 - pagamento do acréscimo salarial de
20% pelo acúmulo de funções, pelo período fixado, com reflexos em aviso prévio, férias +
113, 13° salários, FGTS + 40%; 5 - anotar a CTPS conforme a fundamentação." (ID.
dca4236 - Pág. 7/8). Honorários do perito a cargo da reclamada, sucumbente no
objeto da perícia, no valor ora arbitrado de R$1.500,00, corrigido na forma da OJ n°
198 da SDII/TST. Deferido ao autor os benefícios da justiça gratuita. Custas pelas
reclamadas no importe de R$ 4.000,00 calculadas sobre o valor da condenação
arbitrado em R$ 200.000,00.

Os embargos de declaração opostos pelo autor (ID.


5b37911) e pelas rés (ID. 98270e4), foram julgados improcedentes (ID. 8f9fa3f).

Inconformado, o autor HOMERO SANTIAGO PRIMOLA


interpôs recurso ordinário (ID. d1d8f9d), em que se insurge em face da r. decisão de
origem, em relação aos seguintes pontos: horas extras - inexistência de cargo de
confiança; limitação da apuração do valor da condenação; base salarial; e reflexos
dos reajustes salariais.

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As reclamadas GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A.,


ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO HOSPITAL BELO HORIZONTE, e
HOBEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, de forma conjunta, também
apresentaram recurso ordinário em face da r. sentença, quanto aos seguintes temas:
preliminar de negativa de prestação jurisdicional quanto ao deferimento de
assistência judiciária ao autor; inexistência de relação de emprego; aviso prévio
indenizado; multa do art. 467 da CLT; adicional de periculosidade; adicional por
acúmulo de funções; e indeferimento do pedido de assistência judiciária.

Contrarrazões ofertadas pelo autor (ID. 640367a).

As reclamadas apresentaram contrarrazões ao recurso


ordinário interposto pelo autor (ID. 9fb070a).

Não vislumbrado interesse público, os autos não foram


remetidos ao Ministério Público do Trabalho.

É o relatório.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

O recurso ordinário interposto pelo autor HOMERO


SANTIAGO PRIMOLA, é tempestivo (intimado da r. sentença em sede de embargos
de declaração de ID. 8f9fa3f, com publicação no DEJT em 07/07/2016, conforme
Certidão de ID. 8f9fa3f - Pág. 4; e razões recursais interpostas em 15/07/2016, nos
termos do ID. d1d8f9d - Pág. 1 e ID. d1d8f9d - Pág. 10); regular a representação
processual, conforme instrumento de procuração de ID. 501e79e - Pág. 2. Isento do
preparo.

O recurso ordinário interposto pelas reclamadas GESTHO


- GESTÃO HOSPITALAR S.A., ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO
HOSPITAL BELO HORIZONTE, e HOBEL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, é
tempestivo (intimado da r. sentença em sede de embargos de declaração de ID.
8f9fa3f, com publicação no DEJT em 07/07/2016, conforme Certidão de ID. 8f9fa3f -
Pág. 4; e razões recursais interpostas em 15/07/2016, nos termos do ID. 58d349c -
Pág. 1 e ID. 0a02de4 - Pág. 5); regular a representação processual, conforme
instrumentos de procuração de ID. bc73241 - Pág. 22, ID. fd394fe - Pág. 61 e ID.

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fd394fe - Pág. 60; substabelecimentos de ID. cbbc63f - Pág. 25, ID. cbbc63f - Pág. 24
e ID. fd394fe - Pág. 63. Advogado Erick Machado Batista, OAB n° 822483/MG,
presente na audiência de ID. 2c3da32 - Pág. 1, representando as reclamadas; e
preparo realizado com regularidade, considerando as custas quitadas no valor de
R$4.000,00, em 17/06/2016, conforme comprovante de ID. 0a02de4 - Pág. 1 e guia
de ID. 0a02de4 - Pág. 2. E depósito recursal recolhido no importe de R$8.185,00, em
17/06/2016, ID. 0a02de4 - Pág. 3, e guia de ID. 0a02de4 - Pág. 4.

Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de


admissibilidade, conheço dos recursos ordinários interpostos pelo autor e pelas
reclamadas.

JUÍZO DE MÉRITO

Considerando a decisão monocrática proferida na


Reclamação Constitucional 56.156 Minas Gerais, pelo Exmo. Ministro Alexandre de
Moraes, proferida em 04/10/2022, que cassou o acórdão impugnado desta Eg. 8ª
Turma, e determinou que fosse observado o entendimento fixado no Tema 725 da
Repercussão Geral (RE 958.252, Rel. Min. Luiz Fux) e ADPF 324 (Rel. Min. Roberto
Barroso). Assim como o respectivo transito em julgado em 28/10/2022 (conforme se
infere em consulta ao sistema de tramitação processual no sítio mantido na internet
pelo Supremo Tribunal Federal - https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?
incidente=6493828), passo à prolação de nova decisão, nos termos a seguir
transcritos:

PRELIMINAR - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL - GRATUIDADE DE JUSTIÇA (RECURSO DA RÉS)

Em preliminar, pleiteiam as reclamadas a nulidade da


decisão recorrida por eventual ofensa ao inciso IX, do art. 93 da Constituição Federal,
bem como ao inciso IV do §1º do artigo 489 do CPC/2015. Afirmam que a decisão
recorrida não tangenciou a impugnação apresentada em contestação, quanto ao
pedido de justiça gratuita ao autor. Requerem o acolhimento da presente preliminar
para se declarar a nulidade da sentença por negativa de prestação jurisdicional em
razão do franco desatendimento ao disposto no inciso IX do artigo 93 da Constituição
Federal, bem como o inciso IV do § 12 do artigo 489 do CPC/2015, devendo os autos

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retornarem à 1º instância para que o magistrado sentenciante decida integralmente a


lide, conhecendo dos pedidos e apreciando os argumentos aduzidos na contestação
que infirmam a concessão ao autor dos benefícios da assistência judiciária.

No mérito, pleiteiam o indeferimento do pedido de


assistência judiciária gratuita ao autor, sob o fundamento de que o reclamante é
empresário e aufere valores mensais superiores a 2 salários mínimos com o seu
negócio. Afirmam que o autor foi capaz de realizar viagens internacionais, como
aquela que justificou o adiamento da audiência inicial. Alegam que o autor, por meio
de suas redes sociais, constam referências a viagens em cruzeiros no litoral, em
Armação dos Búzios. Requerem seja cassada a decisão de origem que deferiu ao
autor os benefícios da justiça gratuita, sendo condenado ao pagamento do ônus
sucumbencial.

Sem razão.

Em contestação, as rés impugnaram o pedido de


assistência judiciária do autor, alegando que o mesmo, na condição de empresário,
aufere valores mensais superiores a 2 salários mínimos. Disseram que o autor
realizou viagens internacionais e cruzeiros no litoral, razão pela qual pleitearam que
fosse julgado improcedentes os pedidos do autor relativos ao pagamento de
honorários, e seja indeferido o pedido de concessão dos benefícios da justiça
gratuita, visto que o autor seria capaz de arcar com os ônus sucumbenciais (ID.
826896b - Pág. 10/11).

O d. juízo de origem, por meio da r. sentença, decidiu:

"7 - Justiça Gratuita

Preenchidos os requisitos do artigo 790, §3º, da CLT, defiro


os benefícios da justiça gratuita ao reclamante." (ID. dca4236
- Pág. 6).

Pois bem.

Diante do entendimento adotado pela r. sentença no


tocante aos benefícios da justiça gratuita, não há falar em quaisquer vícios no
julgado, já que devidamente examinadas as questões de fato e de direito que
levaram o julgador à conclusão adotada.

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Deve-se frisar que incumbe ao julgador solucionar as


questões submetidas a julgamento, fundamentando a decisão, nos termos dos arts.
490 e 492 do CPC e do art. 93, inciso IX, da CR, o que foi devidamente observado.

Se as reclamadas não concordam com o entendimento


da sentença, este inconformismo comporta recurso próprio, abarcado pelo efeito
devolutivo, uma vez que os estreitos limites dos embargos de declaração, que foram
opostos pela reclamante e julgados improcedentes, não admitem o reexame de
matéria já devidamente apreciada e decidida.

Como ressaltado, o juiz está apenas obrigado a trazer os


motivos de sua decisão, fundamentados, o que foi amplamente observado no
presente caso.

Quanto ao mérito, dispõe o art. 790, parágrafo 3º, da


CLT, com a redação anterior a modificação promovida pela Lei 13.467/2017, aplicável
à espécie:

"§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes


dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo
legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em
condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família."

De igual feita, estatui o art. 1º da Lei 7.115/83, verbis:

"A declaração destinada a fazer prova de vida, residência,


pobreza, dependência econômica, homonímia ou bons
antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado
ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei,
presume-se verdadeira." (destaques nossos)

Por fim, excele o art. 99, parágrafo 3º, do CPC, que


"Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural."

Interpretando-se os dispositivos legais anteriores, os


quais se harmonizam dentro do ordenamento jurídico, tem-se que o Juiz pode
conceder a justiça gratuita quanto da parte que juntar declaração de pobreza nos moldes

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do art. 99, parágrafo 3º, do CPC e do art. 1º da Lei 7.115/83, a qual atende aos requisitos
alternativo criado pelo art. 790, parágrafo 3º, da CLT.

No caso, o autor requereu os benefícios da justiça


gratuita, juntando a declaração de ID. 501e79e - Pág. 1, por meio da qual afirma que
não dispõe de condições econômicas para custear as despesas processuais sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Não há nos autos evidências que permitam elidir a


presunção assim estabelecida, com fulcro nos arts. 790, § 3º, da CLT e 1º da Lei
7.115/83, para essa finalidade.

Competia às reclamadas provar que as condições


concretas de vida do obreiro são incompatíveis com o benefício, a teor dos arts. 818
da CLT e 373, II, do CPC, mas desse ônus não se desincumbiram.

No presente caso, a alegação das reclamadas de que o


autor teria realizado viagens e participado de um cruzeiro, não impõe, por si só,
concluir que o autor tem capacidade financeira de suportar as despesas do processo
sem prejuízo de sua subsistência.

A declaração obreira gera presunção relativa de


miserabilidade jurídica do autor, cabendo à parte ex adversa produzir prova hábil a
infirmá-la, ônus do qual as rés não se desincumbiram.

Não há, nos autos, evidências que permitam elidir a


presunção assim estabelecida. Competia à ré demonstrar que as condições concretas
de vida do reclamante são incompatíveis com o benefício, a teor dos arts. 818 da CLT
e 373, II, do CPC, mas desse ônus não se desvencilharam.

Somem-se aos fundamentos anteriores as razões


expostas na seguinte ementa do col. TST, às quais adiro:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA. A demanda oferece
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
política e social, qual seja, o desrespeito da instância
recorrida à jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE

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HIPOSSUFICIÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA


AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE
MISERABILIDADE. Diante de possível ofensa aos arts. 5°,
XXXV, da CF/88 e 99, §3°, do CPC, dá-se provimento ao
agravo de instrumento para determinar o processamento do
recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e
provido. II - RECURSO DE REVISTA. ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE
MISERABILIDADE. Cinge-se a controvérsia a se saber se é
necessária a comprovação do estado de miserabilidade no
processo do trabalho para fins de concessão dos benefícios
da assistência judiciária gratuita. A Lei nº 1.060/50, que
estabelecia as normas para a concessão de assistência
judiciária gratuita aos necessitados, previa no parágrafo
único do art. 2º que "Considera-se necessitado, para os fins
legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita
pagar as custas do processo e os honorários de advogado,
sem prejuízo do sustento próprio ou da família." Por sua vez,
o art. 4º estabelecia como requisito para concessão da
gratuidade de justiça que "A parte gozará dos benefícios da
assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria
petição inicial, de que não está em condições de pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família". Dessa disposição, as
partes começaram a apresentar nos autos a declaração de
hipossuficiência. O art. 5º da referida lei dispunha
expressamente que "O juiz, se não tiver fundadas razões
para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando
ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas
horas." Portanto, surgiu para as partes requerentes do
benefício da gratuidade da justiça a presunção de veracidade
da declaração de hipossuficiência. A jurisprudência do TST
havia se consolidado no sentido de que, para a concessão
da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, bastava a
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte
ou por seu advogado. Na mesma linha, o art. 99 do CPC/
2015, revogando as disposições da Lei nº 1.060/50 sobre
gratuidade de justiça, trouxe em seu § 3º que "Presume-se
verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural". Nesse sentido, após a
entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, o
TST converteu a Orientação Jurisprudencial nº 304 da
SBDI-1 na Súmula nº 463. Logo, para a pessoa natural
requerer os benefícios da justiça gratuita bastava a juntada
de declaração de hipossuficiência, sendo ônus da parte
adversa comprovar que o requerente não se enquadrava em
nenhuma das situações de miserabilidade. No caso de
pedido formulado pelo advogado da parte, este deveria ter
procuração com poderes específicos para este fim. No

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entanto, em 11/11/2017, entrou em vigor a Lei nº


13.467/2017 (Reforma Trabalhista), que inseriu o parágrafo
4º ao art. 790 da CLT. Dessa forma, as ações ajuizadas a
partir da entrada em vigor da reforma trabalhista estão
submetidas ao que dispõe o § 4º do art. 790 da CLT, que
exige a comprovação, pela parte requerente, da insuficiência
de recursos para a concessão dos benefícios da justiça
gratuita. Sem dúvida, o referido dispositivo inaugurou uma
condição menos favorável à pessoa natural do que aquela
prevista no Código de Processo Civil. No entanto, em se
tratando de norma específica que rege o Processo do
Trabalho, não há espaço, a priori , para se utilizar somente
as disposições do CPC. Logo, o referido dispositivo
implicaria, no ponto de vista do trabalhador, um retrocesso
social, dificultando o acesso deste ao Poder Judiciário.
Assim, a par da questão da constitucionalidade ou não do §
4º do art. 790 da CLT, a aplicação do referido dispositivo não
pode ocorrer isoladamente, mas sim deve ser interpretado
sistematicamente com as demais normas, quer aquelas
constantes na própria CLT, quer aquelas previstas na
Constituição Federal e no Código de Processo Civil. Dessa
forma, à luz do que dispõe o próprio § 3º do art. 790 da CLT
c/c com os arts. 15 e 99, § 3º, do CPC, entende-se que a
comprovação a que alude o § 4º do art. 790 da CLT pode ser
feita mediante a simples declaração da parte, a fim de
viabilizar o pleno acesso do trabalhador ao Poder Judiciário,
dando, assim, cumprimento ao art. 5º, XXXV e LXXIV da
Constituição Federal. Isso porque não se pode atribuir ao
trabalhador que postula, junto a esta Especializada, uma
condição menos favorável àquela destinada aos cidadãos
comuns que litigam na justiça comum, sob pena de afronta
ao princípio da isonomia, previsto no caput do art. 5º da CF.
Não conceder à autora, no caso dos autos, os benefícios da
gratuidade de justiça, é o mesmo que impedir o amplo
acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF) e
discriminar o trabalhador em relação às pessoas naturais
que litigam na justiça comum (art. 5º, caput , da CF). Recurso
de revista conhecido por violação dos arts. 5º, XXXV da CF
99, § 3º, do CPC e provido"(RR-1000683-69.2018.5.02.0014,
3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra
Belmonte, DEJT 11/10/2019, grifei).

Rejeito a preliminar e desprovejo o mérito.

INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE EMPREGO (RECURSO


DAS RÉS)

Insurgem-se as reclamadas em face da r. sentença que


declarou a existência de relação de emprego entre as partes. Afirmam que a relação
jurídica ocorrida entre o autor e a empresa GESTHO GESTÃO HOSPITALAR S/A., 1ª

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reclamada, não reunia todos os elementos fático-jurídicos necessários à


caracterização da relação de emprego. Alegam que: "Inicialmente é crucial salientar
que os serviços contratados junto à sociedade empresária 'ÚNICA ENGENHARIA E
CONSTRUÇÕES LTDA' da qual o recorrido é sócio, conforme a farta documentação que
instrui este feito, não se trata de mera fachada para dissimular uma relação de emprego
pois restou mais do que comprovado que esta empresa não possui apenas a recorrente
Gestho Gestão Hospitalar como cliente. Há nos autos provas documentais que a empresa
do recorrido se apresenta perante o mercado como especialista em Gestão Hospitalar com
mais de 20 anos de experiência no setor, atuando ainda nos ramos de engenharia clínica,
construção, reforma e consultoria." (ID. 58d349c - Pág. 5). Aduzem que o autor é
proprietário da empresa prestadora se serviços, constituindo uma parceria de
natureza puramente empresarial. Asseveram que o autor nunca esteve subordinado
a qualquer empregado da ré, possuindo total autonomia na execução do contrato
firmado. Pugnam pelo provimento do apelo para reformar a decisão de origem,
declarando improcedentes os pedidos da exordial.

Examino.

Trata-se a hipótese de decisão proferida na Reclamação


Constitucional 56.156, ajuizada pela 1ª ré, GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S.A., contra
acórdão proferido por esta Oitava Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira
Região.

Através da decisão monocrática proferida em


04/10/2022, o Exmo. Ministro Alexandre de Moraes, nos autos da Reclamação
56.156, que transitou em julgado em 28/10/2022, cassou o acórdão proferido nestes
autos, nos seguintes termos: "Diante do exposto, com base no art. 161, parágrafo único,
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, JULGO PROCEDENTE o pedido de
forma que seja cassado o acórdão impugnado e, DETERMINO que a autoridade
reclamada observe o entendimento fixado no Tema 725 da Repercussão Geral (RE
958.252, Rel. Min. LUIZ FUX) e ADPF 324 (Rel. Min. ROBERTO BARROSO)." (ID.
038c840 - Pág. 16 - grifei).

Destarte, em atendimento ao comando emanado da


determinação acima referida, passo a proferir nova decisão.

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Na petição inicial, o autor alegou que foi contratado pela


1ª reclamada, para prestar serviços de engenharia, incluindo atividades de atos
executivos e de consultoria, por meio de contrato de prestação de serviços. Afirmou
que é sócio-proprietário da empresa ÚNICA ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES
LTDA., que figura como contratada pela 1ª reclamada. No entanto, alega que:
"prestava serviços de forma pessoal; NUNCA podendo ser substituído por outro, onerosa;
percebia o valor de R$ 5.241,00 (cinco mil, duzentos e quarenta e um reais) como
remuneração, não eventual; cumpria jornada de segunda à sexta-feira e por diversas vezes
também aos sábados e com subordinação. O labor de segunda à sexta-feira, por mais de
10 anos consecutivos, a ausência de possibilidade de recusa de serviço, a emanação de
ordens de superiores, a fiscalização do serviço e a proibição de contratação de outra
pessoa para auxiliar nas suas funções são elementos que evidenciam a presença da
subordinação, da pessoalidade e da rotina do labor, pressupostos da relação de emprego
(art. 3° da CLI)." (ID. 5743dda - Pág. 2). Entende o autor que está evidenciada a
chamada "pejotização", visto que a criação de pessoas jurídicas é fomentada pelo
tomador de serviços objetivando evitar encargos trabalhistas. Relatou que laborava
subordinado ao administrador do Hospital e a diretoria, recebendo e acatando
ordens, cumprindo jornada de 8 horas diárias, necessitando de permissão para se
ausentar, quando necessário. Alegou, ainda, que: "O Reclamante possuía poder de
admissão e dispensa de outros empregados da 1ª Reclamada, atuando como 'longa
manus' do empregador, podendo, ainda, aplicar suspensões, advertências e promover
pessoal. Em que pese o autor gozar de prerrogativas ínsitas à figura do empregador, o
mesmo também tinha superiores, aos quais tinha que se reportar. O autor precisava de
autorização para realização de pagamentos e confirmação de serviços diversos que seriam
prestados no hospital."(ID. 5743dda - Pág. 3). Afirmou que foi contratado em
16/03/2021, com início de prestação imediata, sendo comunicado da rescisão
contratual em 09/12/2011, com aviso prévio de 60 dias, laborando até 16/01/2012,
quando foi comunicado que não precisaria cumprir o resto do período de aviso
prévio. Pleiteou, assim, o reconhecimento do vínculo empregatício com a 1ª
reclamada.

As reclamadas, por meio da defesa de ID. 826896b,


impugnaram o pedido de relação de emprego, alegando que contrataram os serviços
perante a sociedade empresária ÚNICA ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA.,

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com caráter personalíssimo, em que o autor era sócio. Atestaram que a referida
empresa não possui apenas a 1ª ré como cliente, pelo contrário, a empresa se
apresenta como especialista em gestão hospitalar, com mais de 20 anos de
experiência no setor, atuando nos ramos de engenharia clínica, construção, reforma
e consultoria. Disseram que: "Importante salientar que a empresa "Única
Engenharia" não presta serviços somente através da pessoa do autor, o que por certo
afasta o requisito da pessoalidade na prestação de serviços, impedindo assim a
configuração da relação de emprego. Asseverando o aqui afirmado, é fato que a empresa
do reclamante emitiu notas fiscais não somente à reclamada mas também para
terceiros, o que mais uma vez confirma a multiplicidade de clientes atendidos, tratando-se
uma genuína pessoa jurídica que corre os riscos próprios do seu empreendimento (gestão
hospitalar) e, consequentemente colhe os seus frutos. Diante de tais fatos, não é
possível outra conclusão senão que a empresa contratada pela reclamada não é,
nem nunca será, engodo para encobrir qualquer tipo de relação de índole trabalhista.
Com efeito, o reclamante não estava, nem nunca esteve subordinado à qualquer membro
da 1ª reclamada, possuindo total autonomia na execução do contrato firmado com
esta última, não havendo qualquer tipo de influência desta em seu modus operandi, muito
menos quaisquer exigências relacionadas à assiduidade diária ou jornada definida a
cumprir, o que requer seja observado." (ID. 826896b - Pág. 4). Assim, atestam que não
se verificam os requisitos necessários à caracterização da relação de emprego,
motivo pelo qual as pretensões autorais não merecem prosperar.

Quanto ao tema, o d. juízo de origem reconheceu o


vínculo de emprego do autor com a 1ª reclamada, nos seguintes termos:

"2 - Vínculo empregatício e direitos trabalhistas

O reclamante afirma que prestou serviços para a 1ª


reclamada no período de 16.03.2001 a 04.01.2012, nos
moldes celetistas, mas foi compelido a prestar serviços por
meio de pessoa jurídica para mascarar a formação do
vínculo empregatício.

Os reclamados rechaçam a pretensão do autor.

Inicialmente, pontuo que, como a prestação de serviços foi


admitida pelas empresas, caberia a estas demonstrarem que
não ocorrera na forma ordinária prevista nos artigos 2º, 3º e
444 da CLT, mas nos moldes do contrato de prestação de
serviços.

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Não obstante isso, na verdade foi o obreiro quem comprovou


que trabalhou nos moldes celetistas, por meio da prova
documental e oral produzidas, com a caracterização da
subordinação objetiva e subjetiva.

De fato, analisando os documentos de f.16/18 (contrato


formal de prestação de serviços) e f.27/ss (autor assinando
pela empresa e a representa como preposto), bem como a
prova oral produzida, percebe-se que o reclamante estava
estruturalmente subordinado à reclamada na sua dinâmica
operacional.

Ademais, no caso dos autos, foi demonstrada a presença


dos requisitos jurídicos do vínculo empregatício:
subordinação subjetiva, porque o autor deveria seguir as
orientações e ordens gerais do empregador; pessoalidade,
pois o reclamante poderia prestar os serviços; onerosidade,
pagamento dos salários disfarçados por meio das notas
fiscais de serviços e demais documentos contábeis (f.681/ss
e 921/ss); não eventualidade, caracterizada até mesmo pela
inserção na atividade fim da reclamada; pessoa física,
porquanto a pejotização servia apenas para mascarar a
relação empregatícia.

Por salutar, transcrevo parte dos depoimentos:

'que o reclamante trabalhava nas dependências da primeira


reclamada; que o reclamante tinha que comparecer nas
dependências da primeira reclamada, de segunda a sexta,
em horário flexível; que na área em que atuava, o reclamante
tinha poderes para contratar e demitir funcionários da
primeira reclamada; que o valor pago à empresa do
reclamante era um valor fixo mensal, quitado através de nota
fiscal (...) que o reclamante possuía cerca de 15
subordinados, que eram empregados da primeira reclamada
(depoimento do preposto da 1ª reclamada)'.

'que o reclamante chefiava aproximadamente 50


empregados da Gestho, direta e indiretamente subordinados
ao autor; que já presenciou o reclamante receber ordens de
Gerson, que era o administrador do hospital; que tais ordens
que presenciou era para o cumprimento de cláusulas
contratuais e de responsabilidade; que acima do reclamante,
hierarquicamente, havia apenas a diretoria do hospital e o
gestor geral do hospital; (...) que o reclamante não tinha
substituto na empresa, sendo que Gerson respondia pelo
autor nas ausências deste; (...) que já presenciou Gerson
chamar a atenção do autor por motivos de divergência ou de
estresse do dia a dia; (1ª testemunha do reclamante).'

'que já presenciou Gerson dar ordens ao reclamante; que na


I ausência do reclamante, a diretoria da primeira reclamada
que o representava; (2ª testemunha do reclamante).'

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Anote-se que a testemunha ouvida a rogo da empresa


reconheceu que não conhecia realmente as atividades e a
rotina de trabalho desenvolvida pelo autor, pouco
contribuindo para a instrução do feito.

Assim, ante o princípio da primazia da realidade, resta nulo o


contrato de trabalho firmado entre a reclamante e a primeira
reclamada, com base no artigo 91 da CLT.

Por conseguinte, reconheço o vínculo empregatício entre o


autor e 1ªreclamada, pelo período de 16.03.2001 a 04.01
.2012 (término por iniciativa patronal), bem como a
responsabilidade solidária dos réus, na forma do artigo 2º,

§2º da CLT (além da prova oral, vide f.143/ss).

Assim, diante da ausência de recibos, condeno as


reclamadas a pagar: aviso prévio indenizado (inclusive
proporcional ao tempo de serviço e projeção no tempo de
serviço); férias integrais (em dobro e simples) e
proporcionais, todas acrescidas de + 113; 13 11s salário
integrais e proporcionais; FGTS + 40%; diferença salarial
(decorrente dos reajustes salariais, reflexos em aviso prévio,
férias + 113, 13 1 salários, FGTS + 40%); multa do artigo
477, §8º, da CLT (quantia equivalente ao salário-base);
tudo de acordo com a exordial.

Condeno-as, também, ao pagamento da multa do artigo 467


da CLT (a incidir sobre aviso prévio indenizado; férias
proporcionais + 113; 13 1's proporcionais e multa de 40% do
FGTS).

O salário de base para a apuração é a quantia prevista nas


notas fiscais e não devem ser ultrapassados os valores
quantificados pelo autor no rol de pedidos.

Devem ser compensados os reajustes salariais já


concedidos, sob pena de bis in idem.

Finalmente, comente-se que, diante do exposto, as


alegações empresariais, inclusive aquelas de f.1067/1068 e
125711262, não vingam. Nesse sentido, lembro que eventual
e rara prestações de serviços a outros tomadores não afasta
o vínculo empregatício, porque a exclusividade não é um
pressuposto da relação empregatícia." (ID. dca4236 - Pág.
2/4).

Pois bem.

No caso dos autos, não há dúvidas de que o autor, por


meio do contrato de prestação de serviços firmado entre a empresa ÚNICA

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ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA., da qual era sócio, e a 1ª ré, GESTHO -


GESTÃO HOSPITALAR S/A., trabalhou em favor da 1ª reclamada.

Consta nos autos, o contrato de prestação de serviços de


ID. d1539f8 - Pág. 26/28, formalizado entre ÚNICA ENGENHARIA E
CONSTRUÇÕES LTDA. e a 1ª ré, GESTHO - GESTÃO HOSPITALAR S/A., cujo
objeto consistia em "prestação de serviços na área de Engenharia Civil, Hospitalar e
Clínica, ficando determinado que as atividades inclui atos executivos e de consultoria,
descritos a seguir: (...)"(ID. d1539f8 - Pág. 26). A sua Cláusula V determinou que o
prazo do contrato é indeterminado, passando a vigorar a contar da data de sua
assinatura, em 16/03/2001.

Em 09/12/2011, a 1ª reclamada notificou a empresa


ÚNICA ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA. para informar da rescisão do
contrato, com aviso prévio de 60 dias (ID. d1539f8 - Pág. 25).

Em depoimento pessoal, o autor confirmou que: "possui a


empresa pela qual prestou serviços às reclamadas, desde 1994; que antes de ser
contratado pelas reclamadas, trabalhou 5 anos com CTPS assinada pelo Hospital Semper,
sendo que em tal período, também prestou serviços a tais hospitais, por intermédio de sua
empresa, através da realização de projetos; que durante o período em que trabalhou para
as reclamadas, prestou serviços esporádicos para outras empresas; que a empresa do
depoente nunca teve funcionários; que retificando o seu depoimento, esclarece que em
2001 já teve 2 funcionários registrados em sua empresa; que a partir do momento em que
foi contratado pelas reclamadas, passou a trabalhar exclusivamente no edifício da Hospital
Belo Horizonte; (...)" (ID. 4df48b9 - Pág. 3).

Ainda no mesmo depoimento, o autor disse que:


"comparecia para trabalhar de segunda a sexta de 7h as 1911, com 10 minutos de
intervalo; que trabalhava 2 sábados por mês, das 8h às 15h, com 10 minutos de intervalo;
que inicialmente, o depoente era o responsável do hospital, pela área de gerenciamento de
obras e de manutenção predial e de equipamentos médicos; que depois de 1 ano, as
reclamadas aumentaram o serviço do depoente, passando a ele a responsabilidade pelo
gerenciamento de contratos diversos, gerenciamento de estacionamento, serviço de
limpeza, lavanderia, nutrição, portaria e segurança do hospital, entre outros; que o

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depoente estava diretamente subordinado ao administrador geral do hospital, que foram,


inicialmente, Heloísa Koga, Gerson Braga e Willian Condessa; que o depoente tinha um
ganho fixo; que o depoente tinha que comparecer diariamente e caso não comparecesse,
tinha que justificar a sua ausência; que não poderia se fazer substituir; (...)"(ID. 4df48b9 -
Pág. 3).

Já o preposto da rés, em depoimento pessoal, disse:


"que a empresa do reclamante era responsável por toda reforma, construção e
infraestrutura das reclamadas; que o reclamante trabalhava nas dependências da primeira
reclamada; que o reclamante tinha que comparecer nas dependências da primeira
reclamada, de segunda a sexta, em horário flexível; que na área em que atuava, o
reclamante tinha poderes para contratar e demitir funcionários da primeira reclamada; que
o valor pago à empresa do reclamante era um valor fixo mensal, quitado através de nota
fiscal; que o reclamante nunca atuou na gerência de contratos, apoio e hotelaria; que na
ausência do reclamante, o mesmo sempre designava preposto para representá-lo; que o
preposto era pessoa que trabalhava para a empresa do reclamante; que se recorda de um
dos prepostos, que tinha o nome de Paulo Roberto; que o reclamante sempre tinha 30 dias
de folga por ano, que eram fracionadas em 2 períodos; que durante as folgas, as
reclamadas pagavam ao reclamante regularmente os valores mensais fixados no contrato;
que nas ausências do reclamante, inclusive férias, sempre havia preposto designado pelo
autor para dar continuidade aos serviços prestados por sua empresa; que o reclamante
quem escolhia as épocas em que iria usufruir folgas; que atualmente há outra empresa
terceirizada, de engenharia, realizando os serviços que eram prestados pela empresa do
reclamante; que o reclamante não participava de reuniões da diretoria e do conselho de
administração, mas apenas prestava contas a tais órgãos; (...) que o reclamante possuía
cerca de 15 subordinados, que eram empregados da primeira reclamada; que Gerson
Braga era gerente financeiro do hospital; que Gerson Braga tinha CTPS assinada pela
primeira reclamada; que além de Paulo Roberto, não se lembra de outra pessoa que tenha
substituído o autor em seu serviço; que Paulo Roberto substituía o autor constantemente e
diariamente a depoente o via na primeira reclamada; (...)"(ID. 4df48b9 - Pág. 4).

A 1ª testemunha arrolada pelo autor, Sr. Juliano Fagner


Soares Mourão, disse que: "trabalhou na Gestho de 2004 a 2011, inicialmente como
técnico em eletrônica e depois, encarregado do setor de equipamentos médicos; que o
depoente foi contratado pelo reclamante junto ao RH da primeira reclamada, e foi

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subordinado do autor durante todo o período contratual; que quando o depoente foi
demitido, o autor já tinha saído da empresa; que não trabalhava no mesmo ambiente físico
do reclamante; que durante cada dia, ficava junto do reclamante por 1 hora, sendo que, no
restante do período, trabalhava afastado do reclamante; que o reclamante chefiava
aproximadamente 50 empregados da Gestho, direta e indiretamente subordinados ao
autor; que já presenciou o reclamante receber ordens de Gerson, que era o administrador
do hospital; que tais ordens que presenciou era para o cumprimento de cláusulas
contratuais e de responsabilidade; (...) que o depoente trabalhava das 8h às 18h, sendo
que o reclamante também trabalhava neste horário, pois tinha que passar pelo corredor
onde ficava a sala do depoente, para ir ao seu local de trabalho; que o reclamante também
atuou na área de gerência de contratos, apoio e hotelaria"(ID. 4df48b9 - Pág. 5).

A 2ª testemunha indicada pelo autor, Sr. Agnaldo Antero


da Silva, relatou em depoimento que: "foi empregado da primeira reclamada, de 2000 a
novembro de 2010, na função de encarregado do setor de manutenção; que o chefe geral
da área do depoente era o reclamante; que o reclamante era chefe direto de 16
funcionários da primeira reclamada; que o reclamante era diretamente subordinado à
diretoria, dentro do hospital; que o depoente e reclamante trabalhavam de segunda a
sexta, das 8h às 18h e ocasionalmente aos sábados, das 6h às 20h; que, em média, um a
dois sábados por mês eram trabalhados; que já presenciou Gerson dar ordens ao
reclamante; que na ausência do reclamante, a diretoria da primeira reclamada que o
representava; que acredita que o reclamante tirava uns 20 dias de férias por ano; (...)"(ID.
4df48b9 - Pág. 6).

As testemunhas arroladas pelas reclamadas não


trabalhavam no mesmo ambiente em que o reclamante e somente tinham contato
com o reclamante quando este comparecia à diretoria, pouco conhecendo a rotina do
autor.

O conjunto probatório produzido nos autos demonstra


que o autor prestou labor para a 1ª reclamada, por meio da empresa ÚNICA
ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA., da qual era sócio, evidenciando a
terceirização por pejotização, em que o autor presta trabalho por meio de pessoa
jurídica constituída, sob o manto de um contrato de prestação de serviço.

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Quanto ao tema, nos autos da Reclamação


Constitucional nº 56.156/MG, por meio da decisão monocrática do Exmo. Ministro
Alexandre de Moraes, entendeu o C. STF, verbis:

"Assim, a conclusão adotada pelo acórdão reclamado


acabou por contrariar os resultados produzidos no RE
958.252 (Rel. Mm. LUTZ FUX) e na ADPF 324 (Rel. Mm.
ROBERTO BARROSO), a sugerir, consequentemente, o
restabelecimento da autoridade desta CORTE quanto ao
ponto.

Por oportuno, vale salientar que em caso análogo, também


envolvendo discussão sobre ilicitude na terceirização por
pejotizacão, a 1ª Turma já decidiu na mesma direção, de
maneira que não há falar em irregularidade na contratação
de pessoa jurídica formada por profissionais para prestar
serviços terceirizados na atividade-fim da contratante. Trata-
se da Rd 39.351 AgR (Rel. Min. ROSA WEBER, Relator p/
Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
julgado em 11/5/2020) e da Rcl 47.843 AgR (ReL Mm.
CARMEN LUCIA, Relator p1 Acórdão: Min. ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, DJe de 7/4/2022), esta última
assim ementada:

'CONSTITUCTONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL


CIVIL. AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. OFENSA
AO QUE DECIDIDO POR ESTE TRIBUNAL NO
JULGAMENTO DA ADPF 324 E DO TEMA 725 DA
REPERCUSSAO GERAL. RECURSO PROVIDO.

1. A controvérsia, nestes autos, é comum tanto ao decidido


no julgamento da ADPF 324 (Rel. Mm. ROBERTO
BARROSO), quanto ao objeto de análise do Tema 725 (RE
958.252, Rel. Min. LUIZ FUX), em que esta CORTE fixou
tese no sentido de que: 'E lícita a terceirização ou qualquer
outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante'.

2. A Primeira Turma já decidiu, em caso análogo, ser lícita a


terceirização por 'pejotizacão', não havendo falar em
irregularidade na contratação de pessoa jurídica formada por
profissionais liberais para prestar serviços terceirizados na
atividade-fim da contratante (Rd 39.351 AgR; Rel. Mm.
ROSA WEBER, Red. p1 Acórdão: ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, julgado em 11/5/2020).

3. Recurso de Agravo ao qual se dá provimento'. (...)" (ID.


038c840 - Pág. 15/16 - destaquei).

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Dessa forma, o STF entendeu que não há se falar em


irregularidade na contratação de pessoa jurídica formada por profissionais para
prestar serviços terceirizados na atividade-fim da contratante, apontando como lícita
a terceirização por "pejotizacão."

O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento


do Recurso Extraordinário (RE 958.252) - Tema nº 725 de Repercussão Geral -
realizado em 30/08/2018, firmou a seguinte tese: "É lícita a terceirização ou qualquer
outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do
objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
contratante".

De igual modo, na mesma data, restou fixada a seguinte


tese jurídica quando do julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 324, verbis:

"1. É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão


do trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante"2. Na terceirização, compete à
contratante: I) verificar a idoneidade e a capacidade
econômica da terceirizada; e II) responder subsidiariamente
pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como
por obrigações previdenciárias, na forma do artigo 31 da Lei
8.212/1993".

Cumpre registrar que o Supremo Tribunal Federal, por meio


de decisão do Exmo. Ministro Luiz Fux, na Reclamação nº
32.840/MG, firmou o entendimento de que o conteúdo das
teses firmadas pela Corte Suprema, a respeito do tema
relativo à terceirização "torna-se vinculativo a partir da ata de
julgamento da sessão plenária", sendo que "a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que, para
fins de aplicação da sistemática da repercussão geral, não é
necessário se aguardar o trânsito em julgado do acórdão
paradigma para a observância da orientação estabelecida".

Como se observa, o Supremo Tribunal Federal, no


julgamento da ADPF 324 e do Recurso Extraordinário 958.252 reconheceu a licitude
ampla da terceirização, seja ela de atividade-meio ou fim da empresa. Com efeito,
restou sedimentado pela Corte Suprema a tese de que, independentemente da
natureza das atividades desempenhadas pelo trabalhador em benefício do tomador

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de serviços, em atividade-meio ou fim, e do objeto social das empresas envolvidas, é


lícita a terceirização de serviços, razão pela qual não se sustenta mais o
entendimento de que há formação de vínculo de emprego diretamente com o
tomador dos serviços pelo simples fato de o trabalhador atuar na sua atividade-fim.

A tese fixada pela Corte Suprema afastou a distinção


entre atividade-meio e atividade-fim, para fins de se aferir a regularidade da
terceirização, afastando o critério adotado no entendimento jurisprudencial firmado na
Súmula 331 do TST, o qual vedava a transferência para terceiro da execução de
atividade inserida dentre as atividades finalísticas da empresa.

Conforme destacado pelo Exmo. Ministro Luiz Fux,


Relator do RE 958.252, verbis: "A dicotomia entre a atividade-fim e atividade-meio é
imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada pela
especialização e divisão de tarefas com vistas à maior eficiência possível.
Frequentemente, o produto ou o serviço final comercializado é fabricado ou prestado por
agente distinto. Igualmente comum, a mutação constante do objeto social das empresas
para atender à necessidade da sociedade".

Nos termos do entendimento firmado pelo referido


Ministro, "os valores do trabalho e da livre iniciativa são intrinsecamente conectados, em
relação dialógica que impede a rotulação de determinada providência como maximizadora
de apenas um deles. O Enunciado 331 (1) da Súmula do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) foi considerado inconstitucional por violar os princípios da livre iniciativa e da
liberdade contratual".

O Exmo. Ministro Alexandre de Moraes, por ocasião do


julgamento acima mencionado, nos termos da mesma notícia veiculada em
Informativo do STF, sublinhou que "a intermediação ilícita de mão-de-obra, mecanismo
fraudulento combatido pelo Ministério Público do Trabalho, não se confunde com a
terceirização de atividade-fim".

Pontuo, por oportuno, que a decisão proferida na ADPF


324 foi publicada em 06/09/2019, contendo a seguinte ementa:

"DIREITO DO TRABALHO. ARGUIÇÃO DE


DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.

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TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM E DE ATIVIDADE-


MEIO. CONSTITUCIONALIDADE.

1. A Constituição não impõe a adoção de um modelo de


produção específico, não impede o desenvolvimento de
estratégias empresariais flexíveis, tampouco veda a
terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o
tema tem sido oscilante e não estabelece critérios e
condições claras e objetivas, que permitam sua adoção com
segurança. O direito do trabalho e o sistema sindical
precisam se adequar às transformações no mercado de
trabalho e na sociedade.

2. A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim


de uma empresa tem amparo nos princípios constitucionais
da livre iniciativa e da livre concorrência, que asseguram aos
agentes econômicos a liberdade de formular estratégias
negociais indutoras de maior eficiência econômica e
competitividade.

3. A terceirização não enseja, por si só, precarização do


trabalho, violação da dignidade do trabalhador ou
desrespeito a direitos previdenciários. É o exercício abusivo
da sua contratação que pode produzir tais violações.

4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que


amparam a constitucionalidade da terceirização devem ser
compatibilizados com as normas constitucionais de tutela do
trabalhador, cabendo à contratante: i) verificar a idoneidade e
a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder
subsidiariamente pelo descumprimento das normas
trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias (art.
31 da Lei 8.212/1993).

5. A responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços


pressupõe a sua participação no processo judicial, bem
como a sua inclusão no título executivo judicial.

6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste


o objeto da ação, entre outras razões porque, a despeito
dela, não foi revogada ou alterada a Súmula 331 do TST, que
consolidava o conjunto de decisões da Justiça do Trabalho
sobre a matéria, a indicar que o tema continua a demandar a
manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito dos
aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a
aprovação da lei ocorreu após o pedido de inclusão do feito
em pauta.

7. Firmo a seguinte tese: "1. É lícita a terceirização de toda e


qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação
de emprego entre a contratante e o empregado da
contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i)
verificar a idoneidade e a capacidade econômica da

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terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo


descumprimento das normas trabalhistas, bem como por
obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei
8.212/1993". 8. ADPF julgada procedente para assentar a
licitude da terceirização de atividade-fim ou meio. Restou
explicitado pela maioria que a decisão não afeta
automaticamente decisões transitadas em julgado."

Doutro prisma, a decisão proferida no RE 958.252 teve


sua publicação na data de 13/09/2019. Eis o teor de sua ementa:

"EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM
REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL.
DIREITO DO TRABALHO. CONSTITUCIONALIDADE DA
"TERCEIRIZAÇÃO". ADMISSIBILIDADE. OFENSA DIRETA.
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE
INICIATIVA (ART. 1º, IV, CRFB). RELAÇÃO
COMPLEMENTAR E DIALÓGICA, NÃO CONFLITIVA.
PRINCÍPIO DA LIBERDADE JURÍDICA (ART. 5º, II, CRFB).
CONSECTÁRIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
(ART. 1º, III, CRFB). VEDAÇÃO Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n°
2.200-2/2001 de 24/08/2001. A RESTRIÇÕES
ARBITRÁRIAS E INCOMPATÍVEIS COM O POSTULADO
DA PROPORCIONALIDADE. DEMONSTRAÇÃO EMPÍRICA
DA NECESSIDADE, ADEQUAÇÃO E
PROPORCIONALIDADE ESTRITA DE MEDIDA
RESTRITIVA COMO ÔNUS DO PROPONENTE DESTA.
RIGOR DO ESCRUTÍNIO EQUIVALENTE À GRAVIDADE
DA MEDIDA. RESTRIÇÃO DE LIBERDADE ESTABELECIDA
JURISPRUDENCIALMENTE. EXIGÊNCIA DE GRAU
MÁXIMO DE CERTEZA. MANDAMENTO DEMOCRÁTICO.
LEGISLATIVO COMO LOCUS ADEQUADO PARA
ESCOLHAS POLÍTICAS DISCRICIONÁRIAS. SÚMULA 331
TST. PROIBIÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO. EXAME DOS
FUNDAMENTOS. INEXISTÊNCIA DE FRAGILIZAÇÃO DE
MOVIMENTOS SINDICAIS. DIVISÃO ENTRE "ATIVIDADE-
FIM" E "ATIVIDADEMEIO" IMPRECISA, ARTIFICIAL E
INCOMPATÍVEL COM A ECONOMIA MODERNA. CISÃO DE
ATIVIDADES ENTRE PESSOAS JURÍDICAS DISTINTAS.
ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL. INEXISTÊNCIA DE
CARÁTER FRAUDULENTO. PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL DA LIBERDADE DE DESENHO
EMPRESARIAL (ARTS. 1º, IV, E 170). CIÊNCIAS
ECONÔMICAS E TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO.
PROFUSA LITERATURA SOBRE OS EFEITOS POSITIVOS
DA TERCEIRIZAÇÃO. OBSERVÂNCIA DAS REGRAS
TRABALHISTAS POR CADA EMPRESA EM RELAÇÃO AOS
EMPREGADOS QUE CONTRATAREM. EFEITOS
PRÁTICOS DA TERCEIRIZAÇÃO. PESQUISAS
EMPÍRICAS. NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA DE

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METODOLOGIA CIENTÍFICA. ESTUDOS


DEMONSTRANDO EFEITOS POSITIVOS DA
TERCEIRIZAÇÃO QUANTO A EMPREGO, SALÁRIOS,
TURNOVER E CRESCIMENTO ECONÔMICO.
INSUBSISTENTÊNCIA DAS PREMISSAS DA PROIBIÇÃO
JURISPRUDENCIAL DA TERCEIRIZAÇÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE DOS INCISOS I, III, IV E VI DA
SÚMULA 331 DO TST. AFASTAMENTO DA
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA CONTRATANTE
POR OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

1. Recurso extraordinário com repercussão geral


reconhecida para examinar a constitucionalidade da Súmula
n.º 331 do Tribunal Superior do Trabalho, no que concerne à
proibição da terceirização de atividadesfim e
responsabilização do contratante pelas obrigações
trabalhistas referentes aos empregados da empresa
terceirizada. 2. Interesse recursal subsistente após a
aprovação das Leis nº. 13.429, de 31 de março de 2017, e
13.467, de 13 de julho de 2017, as quais modificaram a Lei
n.º 6.019/1974 para expressamente consagrar a
terceirização das chamadas "atividades-fim", porquanto
necessário não apenas fixar o entendimento desta Corte
sobre a constitucionalidade da tese esposada na Súmula nº.
331 do TST quanto ao período anterior à vigência das
referidas Leis, como também deliberar a respeito da
subsistência da orientação sumular do TST posteriormente
às reformas legislativas.

3. A interpretação jurisprudencial do próprio texto da Carta


Magna, empreendida pelo Tribunal a quo, revela a
admissibilidade do apelo extremo, por traduzir ofensa direta
e não oblíqua à Constituição. Inaplicável, dessa forma, a
orientação esposada na Súmula nº 636 desta Egrégia Corte.
Mais além, não tem incidência o verbete sumular nº 283
deste Egrégio Tribunal, porquanto a motivação de cunho
legal do aresto recorrido é insuficiente para validar o acórdão
de forma autônoma.

4. Os valores do trabalho e da livre iniciativa, insculpidos na


Constituição (art. 1º, IV), são intrinsecamente conectados,
em uma relação dialógica que impede seja rotulada
determinada providência como maximizadora de apenas um
desses princípios, haja vista ser essencial para o progresso
dos trabalhadores brasileiros a liberdade de organização
produtiva dos cidadãos, entendida esta como balizamento do
poder regulatório para evitar intervenções na dinâmica da
economia incompatíveis com os postulados da
proporcionalidade e da razoabilidade.

5. O art. 5º, II, da Constituição consagra o princípio da


liberdade jurídica, consectário da dignidade da pessoa

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humana, restando cediço sede doutrinária que o "princípio da


liberdade jurídica exige uma situação de disciplina jurídica na
qual se ordena e se proíbe o mínimo possível" (ALEXY,
Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio
Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 177).

6. O direito geral de liberdade, sob pena de tornar-se estéril,


somente pode ser restringido por medidas informadas por
parâmetro constitucionalmente legítimo e adequadas ao
teste da proporcionalidade.

7. O ônus de demonstrar empiricamente a necessidade e


adequação da medida restritiva a liberdades fundamentais
para o atingimento de um objetivo constitucionalmente
legítimo compete ao proponente da limitação, exigindo-se
maior rigor na apuração da certeza sobre essas premissas
empíricas quanto mais intensa for a restrição proposta.

8. A segurança das premissas empíricas que embasam


medidas restritivas a direitos fundamentais deve atingir grau
máximo de certeza nos casos em que estas não forem
propostas pela via legislativa, com a chancela do debate
público e democrático, restando estéreis quando impostas
por construção jurisprudencial sem comprovação inequívoca
dos motivos apontados.

9. A terceirização não fragiliza a mobilização sindical dos


trabalhadores, porquanto o art. 8º, II, da Constituição
contempla a existência de apenas uma organização sindical
para cada categoria profissional ou econômica, mercê de a
dispersão territorial também ocorrer quando uma mesma
sociedade empresarial divide a sua operação por diversas
localidades distintas.

10. A dicotomia entre "atividade-fim" e "atividade-meio" é


imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da economia
moderna, caracterizada pela especialização e divisão de
tarefas com vistas à maior eficiência possível, de modo que
frequentemente o produto ou serviço final comercializado por
uma entidade comercial é fabricado ou prestado por agente
distinto, sendo também comum a mutação constante do
objeto social das empresas para atender a necessidades da
sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do
mundo. É que a doutrina no campo econômico é uníssona no
sentido de que as "Firmas mudaram o escopo de suas
atividades, tipicamente reconcentrando em seus negócios
principais e terceirizando muitas das atividades que
previamente consideravam como centrais" (ROBERTS, John.
The Modern Firm: Organizational Design for Performance
and Growth. Oxford: Oxford University Press, 2007).

11. A cisão de atividades entre pessoas jurídicas distintas


não revela qualquer intuito fraudulento, consubstanciando

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estratégia, garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da


Constituição brasileira, de configuração das empresas para
fazer frente às exigências dos consumidores, justamente
porque elas assumem o risco da atividade, representando a
perda de eficiência uma ameaça à sua sobrevivência e ao
emprego dos trabalhadores.

12. Histórico científico: Ronald H. Coase, "The Nature of The


Firm", Economica (new series), Vol. 4, Issue 16, p. 386-405,
1937. O objetivo de uma organização empresarial é o de
reproduzir a distribuição de fatores sob competição
atomística dentro da firma, apenas fazendo sentido a
produção de um bem ou serviço internamente em sua
estrutura quando os custos disso não ultrapassarem os
custos de obtenção perante terceiros no mercado, estes
denominados "custos de transação", método segundo o qual
firma e sociedade desfrutam de maior produção e menor
desperdício.

13. A Teoria da Administração qualifica a terceirização


(outsourcing ) como modelo organizacional de desintegração
vertical, destinado ao alcance de ganhos de performance por
meio da transferência para outros do fornecimento de bens e
serviços anteriormente providos pela própria firma, a fim de
que esta se concentre somente naquelas atividades em que
pode gerar o maior valor, adotando a função de "arquiteto
vertical" ou "organizador da cadeia de valor".

14. A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i)


aprimoramento de tarefas pelo aprendizado especializado;
(ii) economias de escala e de escopo; (iii) redução da
complexidade organizacional; (iv) redução de problemas de
cálculo e atribuição, facilitando a provisão de incentivos mais
fortes a empregados; (v) precificação mais precisa de custos
e maior transparência; (vi) estímulo à competição de
fornecedores externos; (vii) maior facilidade de adaptação a
necessidades de modificações estruturais; (viii) eliminação
de problemas de possíveis excessos de produção; (ix) maior
eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre
departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução
dos custos iniciais de entrada no mercado, facilitando o
surgimento de novos concorrentes; (xi) superação de
eventuais limitações de acesso a tecnologias ou matérias-
primas; (xii) menor alavancagem operacional, diminuindo a
exposição da companhia a riscos e oscilações de balanço,
pela redução de seus custos fixos; (xiii) maior flexibilidade
para adaptação ao mercado; (xiv) não comprometimento de
recursos que poderiam ser utilizados em setores
estratégicos; (xv) diminuição da possibilidade de falhas de
um setor se comunicarem a outros; e (xvi) melhor adaptação
a diferentes requerimentos de administração, know-how e
estrutura, para setores e atividades distintas.

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15. A terceirização de uma etapa produtiva é estratégia de


organização que depende da peculiaridade de cada mercado
e cada empresa

(...)

16. As leis trabalhistas devem ser observadas por cada uma


das empresas envolvidas na cadeia de valor com relação
aos empregados que contratarem, tutelando-se, nos termos
constitucionalmente assegurados, o interesse dos
trabalhadores.

17. A prova dos efeitos práticos da terceirização demanda


pesquisas empíricas, submetidas aos rígidos procedimentos
reconhecidos pela comunidade científica para desenho do
projeto, coleta, codificação, análise de dados e, em especial,
a realização de inferências causais mediante correta
aplicação de ferramentas matemáticas, estatísticas e
informáticas, evitando-se o enviesamento por omissão de
variáveis ("omitted variable bias").

18. A terceirização, segundo estudos empíricos criteriosos,


longe de "precarizar", "reificar" ou prejudicar os empregados,
resulta em inegáveis benefícios aos trabalhadores em geral,
como a redução do desemprego, diminuição do turnover,
crescimento econômico e aumento de salários, permitindo a
concretização de mandamentos constitucionais como
"erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais", "redução das
desigualdades regionais e sociais" e a "busca do pleno
emprego" (arts. 3º, III, e 170 CRFB).

19. A realidade brasileira, apurada em estudo específico,


revela que "os trabalhadores das atividades de Segurança/
vigilância recebem, em média, 5% a mais quando são
terceirizados", que "ocupações de alta qualificação e que
necessitam de acúmulo de capital humano específico, como
P&D [pesquisa e desenvolvimento] e TI [tecnologia da
informação], pagam salários maiores aos terceirizados", bem
como afirmou ser "possível que [em] serviços nos quais os
salários dos terceirizados são menores, o nível do emprego
seja maior exatamente porque o 'preço' (salário) é menor"
(ZYLBERSTAJN, Hélio et alii . "Diferencial de salários da
mão de obra terceirizada no Brasil". In : CMICRO - Nº32,
Working Paper Series, 07 de agosto de 2015, FGV-EESP).

20. A teoria econômica, à luz dessas constatações


empíricas, vaticina que, verbis: "Quando a terceirização
permite às firmas produzir com menos custos, a competição
entre firmas que terceirizam diminuirá os preços dos seus
produtos. (...) consumidores terão mais dinheiro para gastar
com outros bens, o que ajudará empregos em outras
indústrias" (TAYLOR, Timothy. "In Defense of Outsourcing".

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In: 25 Cato J. 367 2005. p. 371).

21. O escrutínio rigoroso das premissas empíricas


assumidas pela Corte de origem revela insubsistentes as
afirmações de fraude e precarização, não sendo suficiente
para embasar a medida restritiva o recurso meramente
retórico a interpretações de cláusulas constitucionais
genéricas, motivo pelo qual deve ser afastada a proibição,
em homenagem às liberdades fundamentais consagradas na
Carta Magna (art. 1º, IV, art. 5º, II, e art. 170).

22. Em conclusão, a prática da terceirização já era válida no


direito brasileiro mesmo no período anterior à edição das
Leis nº. 13.429/2017 e 13.467/2017, independentemente dos
setores em que adotada ou da natureza das atividades
contratadas com terceira pessoa, reputando-se
inconstitucional a Súmula nº. 331 do TST, por violação aos
princípios da livre iniciativa (artigos 1º, IV, e 170 da CRFB) e
da liberdade contratual (art. 5º, II, da CRFB).

23. As contratações de serviços por interposta pessoa são


hígidas, na forma determinada pelo negócio jurídico entre as
partes, até o advento das Leis nº. 13.429/2017 e
13.467/2017, marco temporal após o qual incide o
regramento determinado na nova redação da Lei n.º
6.019/1974, inclusive quanto às obrigações e formalidades
exigidas das empresas tomadoras e prestadoras de serviço.

24. É aplicável às relações jurídicas preexistentes à Lei n.º


13.429, de 31 de março de 2017, a responsabilidade
subsidiária da pessoa jurídica contratante pelas obrigações
trabalhistas não adimplidas pela empresa prestadora de
serviços, bem como a responsabilidade pelo recolhimento
das contribuições previdenciárias devidas por esta (art. 31 da
Lei n.º 8.212/93), mercê da necessidade de evitar o vácuo
normativo resultante da insubsistência da Súmula n.º 331 do
TST. 25. Recurso Extraordinário a que se dá provimento para
reformar o acórdão recorrido e fixar a seguinte tese: "É lícita
a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas,
independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da
empresa contratante." (destaques acrescidos)

Nessa esteira, não é mais possível o reconhecimento da


ilicitude da terceirização e, via de consequência, da existência do vínculo de emprego
entre o empregado e o tomador dos serviços, considerando-se tão somente a
circunstância de o trabalhador desempenhar atividade-fim do empreendimento, e a
fraude na aplicação da legislação trabalhista.

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Em suma, tem-se por pacificada a tese de que são lícitas


as terceirizações, sejam em atividade-meio ou fim do empreendimento.

As decisões do STF com efeito de repercussão geral,


prevalecem sobre a norma contida no art. 836 da CLT e no art. 505 do CPC,
autorizando que seja revista a decisão anteriormente prolatada pelo Colegiado, ainda
não transitada em julgado. Trata-se de interpretação sistemática dos arts. 836/CLT e
505/CPC, com o disposto nos artigos 1.030, II, e 1.041, §1º, do CPC, e, ainda com o
art. 10, §3º da Lei 9.882/99, os quais dispõem sobre o processo e julgamento da
arguição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do §1º do art. 102
da Constituição Federal.

Assim, a decisão proferida por esta d. Turma no acórdão


primevo, porquanto ainda não transitada em julgado, cede espaço ante as decisões do
STF.

É mister seja proferida, assim, nova decisão, em


substituição ao acórdão anteriormente proferido por esta Eg. 8ª Turma.

Por conseguinte, impende afastar o reconhecimento da


ilicitude da terceirização havida por pejotização e, em decorrência, decotar a
condenação das reclamadas ao pagamento e cumprimento das seguintes
obrigações: 1 - aviso prévio indenizado (inclusive proporcional ao tempo de serviço e
projeção no tempo de serviço; férias integrais (em dobro e simples) e proporcionais,
todas acrescidas de + 1/3; 13ºs salário integrais e proporcionais; FGTS + 40%;
diferença salarial (decorrente dos reajustes salariais); multa do artigo 477, §8º da CLT
(quantia equivalente ao salário-base); tudo de acordo com a exordial; 2 - pagamento
da multa do artigo 467 da CLT (a incidir sobre aviso prévio indenizado; férias
proporcionais + 1/3; 131s proporcionais e multa de 40% do FGTS); 3 - pagamento do
adicional de periculosidade de 30%, pelo período de 02/10/2008 a 31/08/2011, com
reflexos em aviso prévio, férias + 113, 13º salários, FGTS + 40%/; 4 - pagamento do
acréscimo salarial de 20% pelo acúmulo de funções, pelo período fixado, com
reflexos em aviso prévio, férias + 113, 13° salários, FGTS + 40%; 5 - anotar a CTPS
conforme a fundamentação. Invertida a sucumbência, fica excluída a condenação
das reclamadas ao pagamento de honorários periciais, arbitrados em R$1.500,00.

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Com a inversão do ônus, o autor foi sucumbente no


objeto da perícia realizada, beneficiário da justiça gratuita, conforme deferido pelo d.
julgador de origem, não sendo objeto de recurso da reclamada, não deverá o obreiro
arcar com o pagamento dos honorários periciais. Assim, determino que tal verba será
suportada pela União Federal, nos moldes da Resolução 247/2019 do CSJT.

Diante da reforma da decisão de origem, com o


reconhecimento da terceirização mediante pejotização, não há se falar em vínculo de
emprego entre o autor e a 1ª reclamada, razão pela qual resta prejudicado os pedidos do
autor, em sede recursal.

As rés serão absolvidas da condenação imposta,


invertendo-se, portanto, os ônus da sucumbência, com custas de R$20.000,00,
considerando-se o valor atribuído à causa, R$1.000.000,00, isento.

Acolhe-se assim a determinação constante da


Reclamação Constitucional 56.156/MG, que cassou o acórdão anteriormente
proferido por esta Eg. 8ª Turma e determinou que outro seja proferido, afastando-se o
reconhecimento da ilicitude da terceirização por pejotização havida entre as partes e,
em decorrência, decotando a condenação das reclamadas ao cumprimento das
seguintes condenações e obrigações: 1 - aviso prévio indenizado (inclusive
proporcional ao tempo de serviço e projeção no tempo de serviço; férias integrais (em
dobro e simples) e proporcionais, todas acrescidas de + 1/3; 13ºs salário integrais e
proporcionais; FGTS + 40%; diferença salarial (decorrente dos reajustes salariais);
multa do artigo 477, §8º da CLT (quantia equivalente ao salário-base); tudo de acordo
com a exordial; 2 - pagamento da multa do artigo 467 da CLT (a incidir sobre aviso
prévio indenizado; férias proporcionais + 1/3; 131s proporcionais e multa de 40% do
FGTS); 3 - pagamento do adicional de periculosidade de 30%, pelo período de
02/10/2008 a 31/08/2011, com reflexos em aviso prévio, férias + 113, 13º salários,
FGTS + 40%/; 4 - pagamento do acréscimo salarial de 20% pelo acúmulo de funções,
pelo período fixado, com reflexos em aviso prévio, férias + 113, 13° salários, FGTS +
40%; 5 - anotar a CTPS conforme a fundamentação. Invertida a sucumbência, fica
excluída a condenação das reclamadas ao pagamento de honorários periciais,
arbitrados em R$1.500,00. As rés serão absolvidas da condenação imposta,
invertem-se, portanto, os ônus da sucumbência, com custas de R$20.000,00, pelo

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reclamante, isento.

ACÓRDÃO

Fundamentos pelos quais,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em


sessão presencial ordinária da sua Oitava Turma, hoje realizada, sob a Presidência
do Exmo. Desembargador José Marlon de Freitas, presente a Exma. Procuradora
Dra. Lutiana Nacur Lorentz, representante do Ministério Público do Trabalho,
sustentou oralmente o Dr. Erick Machado Batista, pelo 1º reclamado/recorrente
e, computados os votos dos Exmos. Desembargadores Sércio da Silva Peçanha e
José Marlon de Freitas: JULGOU o presente processo e, à unanimidade, proferida
nova decisão no feito, a fim de acolher a determinação constante da Reclamação
Constitucional nº 56.156/MG, que cassou o acórdão anteriormente proferido por esta
Eg. 8ª Turma e determinou que outro fosse proferido, afastado o reconhecimento da
ilicitude da terceirização por pejotização havida entre as partes, razão pela qual
CONHECEU do recurso ordinário interposto pelas reclamadas, GESTHO - GESTÃO
HOSPITALAR S.A., 1ª ré, ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO
HOSPITAL BELO HORIZONTE, 2ª reclamada, e HOBEL EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS, 3ª ré, e, no mérito, sem divergência, DEU-LHE PROVIMENTO para
excluir a condenação das reclamadas ao cumprimento das seguintes obrigações: 1 -
aviso prévio indenizado (inclusive proporcional ao tempo de serviço e projeção no
tempo de serviço; férias integrais (em dobro e simples) e proporcionais, todas
acrescidas de + 1/3; 13ºs salário integrais e proporcionais; FGTS + 40%; diferença
salarial (decorrente dos reajustes salariais); multa do artigo 477, §8º da CLT (quantia
equivalente ao salário-base); tudo de acordo com a exordial; 2 - pagamento da multa
do artigo 467 da CLT (a incidir sobre aviso prévio indenizado; férias proporcionais +
1/3; 13ºs. proporcionais e multa de 40% do FGTS); 3 - pagamento do adicional de
periculosidade de 30%, pelo período de 02/10/2008 a 31/08/2011, com reflexos em
aviso prévio, férias + 113, 13ºs. salários, FGTS + 40%/; 4 - pagamento do acréscimo
salarial de 20% pelo acúmulo de funções, pelo período fixado, com reflexos em aviso
prévio, férias + 113, 13°s. salários, FGTS + 40%; 5 - anotar a CTPS conforme a
fundamentação; invertida a sucumbência, fica excluída a condenação das
reclamadas ao pagamento de honorários periciais, arbitrados em R$1.500,00(um mil

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e quinhentos reais); com a inversão do ônus, o autor foi sucumbente no objeto da


perícia realizada, beneficiário da justiça gratuita, conforme deferido pelo d. julgador
de origem, não sendo objeto de recurso da reclamada, não deverá o obreiro arcar
com o pagamento dos honorários periciais; assim, determinou que tal verba será
suportada pela União Federal, nos moldes da Resolução 247/2019 do CSJT; as rés
serão absolvidas da condenação imposta, invertendo-se, portanto, os ônus da
sucumbência, com custas de R$20.000,00(vinte mil reais), considerando-se o valor
atribuído à causa, R$1.000.000,00(um milhão de reais), pelo autor, isento; à
unanimidade, CONHECEU do recurso ordinário interposto pelo autor, HOMERO
SANTIAGO PRIMOLA, e, no mérito, sem divergência, NEGOU-LHE PROVIMENTO,
considerando que prejudicado os pedidos em face da decisão que deferiu o pleito
das reclamadas e reformou a r. sentença, não reconhecendo o vínculo de emprego
entre o autor e a 1ª reclamada; determinou o envio de cópia desta decisão ao Exmo.
Ministro Alexandre de Moraes, assim como seja informado do julgamento realizado
nos autos do processo 0002060-63.2013.5.03.0136 (ROT), deste Eg. Tribunal.

Belo Horizonte, 15 de fevereiro de 2023.

MARCELO LAMEGO PERTENCE

Desembargador Relator
MLP/DFA

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