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Nutrição Animal I

Prof.: Rosilene Patricia Lemes


da Silva
Zootecnista – 2017/2021
Tecnóloga em Agronegócio – 2016/2019
Esp. Metodologia e Didática do Ensino - 2019

E-mail: lemespatricia.zoo@gmail.com
Celular: 66 99917-0362
Histórico dos Estudos de Nutrição

René Reamur (1678 – 1757): primeiras observações


referentes a digestão de alimentos em aves.

Lázzaro Spallanzani (1729 – 1799): engolia saquinhos de


pano, amarados a um cordão, contendo pão e carne e depois
os retirava verificando alterações na composição do alimento.
William Beaumont (1785 – 1853): Reportou obsevações feitas
em seu paciente (Alexis St. Martin) através de uma cânula
estomacal, relatando a presença do suco gástrico, da motilidade
e das secreções gástricas, e indentificando o HCl.
Antoine Laurent Lavoisier (1760): Introduziu o termômetro e
a balança nos estudos de nutrição. E através de seus
estudos de calorimetria animal, identificou que parte do calor
animal era produzido pela combustão de substâncias no
organismo.

Século XVII: Concluia-se que o organismo necessitava de


vários nutrientes e que o valor nutricional dos alimentos não
era devido a um único componente, mas sim a um grupo:
proteínas, lipídeos e os carboidratos.

Weende (1865): primeira rotina de análise de alimentos, a


qual foi denominada de “Análise Proximal ou Método de
Weende”.
Johan Kjeldahl (1883): Descobriu um método rápido para se
determinar o conteúdo total de compostos nitrogenados dos
alimentos.

Karl Thomas (1909): Verificou que as proteínas tinham


valores nutricionais diferentes (Valor Biológico).

Willian C. Rose (1938): verificou que ratos necessitavam


da presença de certos aminoácidos na dieta, para obter
máximo desempenho (critérios de essencialidade).

Wilissi Aldrovandi (1600): Primeira observação de


minerais, mas somente em 1808 foram identificados os
minerais, no entanto, a importância dos minerais foi
reconhecida no século XX (seleção, precocidade,
produtividade, hábitos alimentares, sistemas de produção).
A produtividade animal depende do
aproveitamento dos nutrientes ingeridos através
da alimentação, bem como da sanidade, manejo
e potencial genético dos animais.

Conhecer os princípios básicos que regem os


mecanismos de interação entre os alimentos e
os animais, as fontes de alimentos disponíveis e
suas combinações para o fornecimento dos
nutrientes, constituem pontos fundamentais da
nutrição animal.
Conceitos: Nutrição
“Conjunto de processos que envolvem várias
reações químicas e processos fisiológicos que
transformam os alimentos em tecidos corporais
e atividades.
Consequentemente, ela envolve a ingestão, a
digestão, absorção dos vários nutrientes, seu
transporte para todas as células corporais e a
remoção dos produtos do metabolismo
(Maynard et al., 1979)”.
Importância da Nutrição Animal
➔Atender as necessidades Humanas:

- Alimento (carne, leite, ovos, gordura);


- Proteção (pele, lã);
- Trabalho, Lazer, Material Biológico;
- Sócio-Econômica (geração de renda e
emprego);
- Ambiental (fundamental para mimetização do
passivo ambiental da produção agroindustrial);
Importância da Nutrição Animal
➔No contexto do sistema de produção animal:

- Colabora no Melhoramento Genético,


permitindo a máxima expressão do genótipo
(exemplo clássico “frango de corte”);

- Ordem econômica: alimentação representa


entre 50 a 80% do custo de produção animal.
Portanto, o sucesso de um sistema de produção
animal é dependente da adequada nutrição dos
animais;
Importância da Nutrição Animal
Alimentos

Exigências Nutrição Nutrientes


Animal

Técnicas de
Alimentação
Conceitos: Nutrição
Ingestão: reconhecimento, preensão e
deglutição do alimento;

Digestão: Processos mecânicos, químicos e


enzimáticos onde macromoléculas são
“transformadas” em compostos mais simples
para posterior absorção;

Absorção: Passagem de moléculas presentes na


luz do trato gastrointestinal para o interior das
células, e destas, para o sangue (via sistema
porta) ou linfa (sistema linfático);
Conceitos: Nutrição
Nutriente: componente do alimento que, ao participar do
metabolismo celular do animal, contribui para a manutenção
da vida do animal.

Categorias de nutrientes: água, carboidratos, lipídios,


compostos nitrogenados (protéicos e “não-protéicos”),
minerais e vitaminas;

Nutriente essencial: nutriente que não é sintetizado ou


sintetizado em quantidade insuficiente para atender as
necessidades;

Alimento: Qualquer material que após a ingestão é capaz


de ser digerido, absorvido e utilizado pelo tecido animal;
Conceitos: Nutrição
Nutriente Digestível: É a fração possível de ser
digerida pelo animal, ou seja, a fração que não é
eliminada nas fezes. Alimentos com a mesma
composição bruta, mas com coeficientes de
digestibilidade distintos, terão aproveitamentos
diferentes.

NDT = Nutriente Digestível Total (%): É uma das


formas de expressar a concentração energética
dos alimentos e representa o somatório das frações
orgânicas digestíveis, obtidas pelas análises
bromatológicas de proteína bruta, extrato etéreo e
matéria mineral.
Conceitos: Nutrição
Digestibilidade (%) = proporção do alimento ou
nutriente ingerido que foi digerido e absorvido pelo
trato gastrintestinal.

Digestibilidade (%) = [ (ingerido – excretado nas fezes ) /


ingerido] x 100
A estimação da digestibilidade de um alimento
constitui aspecto preponderante de acesso ao seu teor
energético, via nutrientes digestíveis totais, permitindo
o balanceamento adequado de dietas que propiciem
atendimento das demandas para manutenção e
produção dos animais.
Conceitos: Nutrição
Conversão alimentar (CA): quantidade de alimento
necessária para produzir uma unidade de produto animal
(peso corporal; carne; leite; ovos; ect...).
CA = consumo de alimento (kg) / produto animal (kg)
Ex. CA de 9 ➔ necessidade de consumir 9 kg de alimento
para produzir 1 kg de produto animal

Eficiência alimentar (EA): Quantidade de produto animal


produzida a partir do consumo de uma unidade de
alimento. É o inverso da conversão alimentar.
EA = produto animal (kg) / consumo de alimento (kg)
Ex. EA de 0,5 ➔ 0,50 kg de produto animal / kg de
alimento consumido
Ração:

Total de alimento, incluindo água, consumido por


um animal num período de 24 horas.

Na literatura encontra-se a palavra dieta como


sinônimo de ração, muito embora o termo dieta
também se refere a enumeração dos alimentos
que compõem a ração.
Requisitos básicos da composição e
apresentação das rações:

- A ração deve cobrir as necessidades


nutricionais tanto do ponto de vista
quantitativo como qualitativo.

- Ex: Em aves não se deve verificar apenas a


quantidade de proteína bruta ou digestível da
dieta, mas também os aminoácidos essenciais
que são incapazes de serem sintetizados numa
velocidade suficiente para atender a demanda
biológica por proteína.
- A ração deve ser higiênica. Os alimentos
devem estar em boas condições, sem sofrer
fermentações indesejáveis ou outras
alterações que colocam em risco a saúde do
animal.
Ração Balanceada:
Total de alimento que um animal consome em 24
horas, capaz de atender às suas exigências
nutricionais. Portanto a ração deve conter todos
os nutrientes exigidos pelo animal para
satisfazer um determinado requerimento
fisiológico (mantença, lactação, etc).

Dieta:
Normalmente se refere à enumeração dos
alimentos que o animal ingere.

Refeição: Parte da ração distribuída e consumida


de cada vez. Quanto maior o número de refeições
a serem oferecidas, maior será a eficiência de
utilização do alimento.
Normas ou Tabelas de Alimentação: Guias
indispensáveis para a correta formulação das
rações.
As normas descrevem as quantidades de
nutrientes que os animais necessitam bem como
fornecem a composição nutricional dos alimentos.
Nelas se encontram as especificações das
quantidades dos nutrientes que devem ser
incluídos nas rações de acordo com a espécie,
categoria, sexo, peso vivo, nível de produção,
etc.

As normas mais utilizadas são: NRC (National


Research Council) e AFRC (Agricultural Research
Council), CSIRO, Andriguetto et al. (forma
resumida e traduzida do NRC), Viçosa, etc.
Exigência Nutricional: As exigências nutricionais
são especificações das quantidades de
nutrientes que devem ser incluídos nas rações
de acordo com a espécie animal, categoria,
sexo, peso vivo, condição corporal, propósito de
ganho, etc.

Os valores são encontrados em tabelas, cujos


dados são provenientes de trabalhos de
pesquisa.
Exigências nutricionais

Estas diferenças são devidas ao fato de que na fermentação


microbiana do rúmen ocorre:
a) Síntese de proteína microbiana a partir de proteína e de
outras fontes de nitrogênio da dieta.
b) b) Síntese de vitaminas do complexo B e vitamina K.
c) c) Melhor aproveitamento de CHO estruturais: celulose e
hemicelulose.
Classificação dos Alimentos
Forrageiras secas e grosseiras:
São produtos com igual ou mais de 18% de fibra
bruta na matéria seca (MS) do alimento. Estão
representadas pelos fenos de leguminosas e
gramíneas, palhas, cascas, forragens e
soqueiras.

Esta classe inclui todas as forrageiras e os


volumosos cortados e secos.

Forrageiras ou volumosos são pobres em energia


líquida por unidade de peso, usualmente devido
ao alto conteúdo de fibra;
Pastagens cultivadas, pastos nativos e
forrageiras utilizadas verdes:
Estão neste grupo todas as forrageiras utilizadas
na forma in natura, ou seja, “frescas” e que
apresentam igual ou mais que 18% de fibra bruta
na MS do alimento;
1) Silagens: representadas normalmente pelas
silagens das plantas de milho, sorgo e de
gramíneas como o capim elefante, além de
algumas leguminosas. Onde o material é
ensilado para sua conservação.

2) Alimentos energéticos: são os que contém


menos de 20% de proteína e menos que 18%
de fibra bruta na MS do alimento;

3) Suplementos protéicos: são os alimentos que


contém menos de 18% de fibra e apresentam
20% ou mais de proteína na MS do alimento;
4) Suplementos: alimento ou mistura de
alimentos utilizada para melhorar seu valor
nutritivo. Os suplementos podem ser minerais ou
vitamínicos;

5) Aditivos: substância intencionalmente


adicionada ao alimento, com a finalidade de
conservar, intensificar ou modificar suas
propriedades, desde que não prejudique seu
valor nutritivo. Exemplos: antibióticos, corantes,
conservantes, etc.
Volumosos: são alimentos que possuem 18% ou
mais de FB na MS do alimento, sendo utilizados
de forma significativa na alimentação de
ruminantes. Podem ser:
- aquosos: silagens, pastagens, capineiras;
- secos: fenos, restevas e socas.

Concentrados: São alimentos com menos de 18%


de FB na MS do alimento. Podem ser
classificados como energéticos e protéicos.
Concentrados energéticos:
Mais Energia (E) (NDT ou ED, EM, EL)
Menos fibra bruta (FB)
Menos proteína bruta (PB)
Qualidade da proteína geralmente é
menor.

Concentrados protéicos:
Apresentam valores >20% PB na MS do
alimento e <18% de FB na MS do
alimento.
A proteína é um nutriente crítico para animais
jovens e de rápido crescimento e para animais
adultos de alta produção como vacas em
lactação.

Os suplementos protéicos são sempre mais


caros que os energéticos, e o uso inadequado
aumenta o custo de produção.

OBS: Em ruminantes a necessidade protéica é


uma combinação dos requerimentos para nutrir
microorganismos e para fornecer aminoácidos
adequados ao indivíduo.
Os concentrados protéicos podem estar
representados pelos alimentos protéicos de
origem vegetal, animal e sintéticos.

- Origem vegetal: sementes oleaginosas e


subprodutos

- Origem animal: farinha de carne, farinha de


sangue, farinha de penas, resíduos de
incubatórios.

- Sintético: uréia, amônia, biureto (duas


moléculas de uréia).
Suplementos minerais: Estão constituídos pelos
minerais que podem se apresentar de forma
isolada ou em misturas.

Suplementos vitamínicos: Estão constituídos por


grupos de vitaminas na forma de complexo ou na
forma individual e que tem como objetivo auxiliar
na regulação de diversas funções do organismo
animal.

Aditivos: São ingredientes adicionados na dieta


em pequena quantidade com ou sem valor
nutritivo, com a finalidade de melhorar o sabor, a
coloração, a textura, a conservação, o aroma,
etc. Ex: palatabilizantes, antioxidantes,
ionóforos, conservantes, antifúngicos, entre
outros.

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