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Apostila - Atuacao Profissional Seguranca Publica Frente Grupos Vulneraveis
Apostila - Atuacao Profissional Seguranca Publica Frente Grupos Vulneraveis
DISCIPLINA
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA FRENTE A GRUPOS VULNERÁVIES
CONTEUDISTA
José Messias Mendes Freitas
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM
• 2023 •
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
A Constituição Brasileira de 1988 consagra em art. 5º, caput, que “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Desde então, é possível concluir que o
Estado assegurou o que poderemos chamar de igualdade formal, ao inserir no seu
ordenamento jurídico os comandos legais que vinculam todas as demais relações com os
seus cidadãos.
Temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o
direito a ser diferente quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a
necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença
que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
(Boaventura de Sousa Santos)
É a isonomia material que de fato irá se apresentar como algo realizável na vida em
sociedade. Não basta a promulgação de normas que assegurem relações iguais entre os
diferentes. Essas diferenças precisam ser substancialmente percebidas e realizadas nas
mais diversas relações da vida em sociedade.
1
As pessoas não são iguais. Homens, mulheres, altos, baixos, negros, brancos,
religiosos, ateus, ricos, pobres, gordos, magros, dentre tantas outras distinções fazem da
complexidade a principal marca da humanidade.
A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais.
Muitas se parecem umas às outras. Mas todas entre si diversificam. Os ramos
de uma só árvore, as folhas da mesma planta, os traços da polpa de um dedo
humano, as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do
espectro de um só raio solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros no céu, até
os micróbios no sangue, desde as nebulosas no espaço, até aos aljôfares do
rocio na relva dos prados.
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social,
proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da
igualdade1.
1
Disponível em <http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/rui_barbosa/FCRB_RuiBarbosa_Oracao_aos_mocos.pdf> Acesso
em 25 set. 2017.
2
Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação. (art. 5º, L).
Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias. (art. 7º, XVIII).
As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em
tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. (art.
143, § 2º).”
3
3. O ESTADO LIBERAL
4. O ESTADO SOCIAL
O conceito de Estado Social surge da evolução do Estado Liberal, que tinha como
principal característica a minimização dos Estados. A igualdade formal do Estado Liberal
colocava trabalhadores e patrões em um mesmo nível de relação, desencadeando um
sentimento de resistência por parte dos trabalhadores.
O Estado Social tem na incorporação de deveres prestacionais por parte do Estado,
sua mais elevada significação, dando sentido material ao conceito de igualdade, agora em
sua perspectiva material.
2
Disponível em www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11750> Acesso em 10 out. 2017.
4
O Estado Social parte do pressuposto de que, além de dirigir a economia do
país, o Estado deve também estar atento às distribuições da produção e ao bem
estar dos cidadãos, assumindo, portanto, funções que não existiam no modelo
do liberalismo clássico. Trata-se do liberalismo acrescido de novos elementos e
demandas, de humanismo e de dignidade. (BONAVIDES, 2001, p. 62)
5
fraternidade. “São direitos transnacionais que transcendem os interesses do indivíduo e
passam a se preocupar com a proteção do gênero humano, com altíssimo teor de
humanismo e universalidade” (LENZA, 2012, p. 960), dando fundamentação filosófica e
jurídica às ações afirmativas.
6. AÇÕES AFIRMATIVAS
Doutrina jurídica adotada pelos Estados Unidos, entre os anos de 1896 a 1954, que
levou a Suprema Corte Americana a julgar como legítima a prática da segregação racial
naquele país, como não sendo uma violação Constituição, que garantia proteção e
direitos civis iguais a todos os cidadãos.
Essa doutrina autorizava o governo aceitar que setores públicos ou privados, a
exemplo de moradia, cuidados médicos, educação, emprego e transporte pudessem ser
separados baseado em raça, desde que a qualidade de cada um destes serviços fosse
igual para pretos e brancos.
3
Disponível em <http://wiki.answers.com/Q/What_was_separate_but_equal>. Acesso em 01out 2017.
6
Todavia, embora comumente se pense que as medidas de caráter afirmativo, como
ficou conhecida as affirmative action (ação afirmativa) nos Estados Unidos e
discrimination positive (discriminação positiva) e/ou action positive (ação positiva) na
Europa, não têm sua gênese nos EUA.
Em outras nações é possível identificar também “medidas similares a essas
registradas antes ou concomitantemente a experiência norte-americana, mas que não
ganharam a alcunha de ação afirmativa”. (NASCIMENTO, 2016, p. 20).
Foram muitas as experiência de outros países, no sentido de promoverem a
igualdade material de pessoas submetidas à hipossuficiências, que careciam de um
tratamento diferenciado, com vista a compensar desigualdades insuperáveis pelo esforço
meramente individual.
NASCIMENTO (2016, p. 20 apud Silva 2003) acrescenta que “essas políticas não se
restringem a esse país, embora tenha sido lá que as ações afirmativas alcançaram maior
visibilidade”. E continua destacando, como exemplo a Malásia, onde foram adotadas
medidas de promoção da etnia majoritária. A antiga União Soviética, com cota de 4% das
vagas para habitantes da Sibéria na Universidade de Moscou. A Nigéria e a Alemanha,
com ações afirmativas para as mulheres. Na Colômbia, contemplou-se com ações os
indígenas.
Analisado o caso da Índia, segundo a literatura especializada sobre a temática,
(MOEHLECKE, 2002; MOORE, 2005), já no ano 1940, foram adotadas medidas afirmativas
com o objetivo de criar a “representação diferenciada dos seguimentos populacionais
designados inferiores (Dalits) nos processos eleitorais, até então dominado por membros
da mais alta casta, os Brahmin.” (NASCIMENTO, 2016, p. 21).
Políticas públicas tocadas pelo governo ou até mesmo pela iniciativa privada têm
como objetivo a correção de desigualdades raciais presentes na sociedade, acumuladas
ao longo de anos
Dada a relevância dessa política assumida pelo Governo Federal, a problemática
racial passou a contar com uma secretaria exclusiva, criada no ano de 2003.
7
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial dispõe de ampla
divulgação de conceitos e ações que buscam em tornar real a igualdade entre brancos e
negros no Brasil.
Na sua plataforma oficial4, encontram-se volumosas informações conceituais sobre a
política de igualdade racial no Brasil.
No ano de 2010, foi inserido no Ordenamento Jurídico Brasileiro, o Estatuto da
Igualdade Racial, por meio da Lei nº LEI Nº 12.288,
8
Ao debater as cotas para negros nas universidades, por exemplo, é preciso
retornar ao Brasil colonial e perceber como o processo de escravidão criou
desigualdades sociais que são presentes até hoje, mesmo após 127 anos da
abolição da escravidão. A partir de dados estatísticos que demonstram a
diferença entre negros nas universidades comparados com o percentual desta
população no total de brasileiros, o governo comprova a necessidade de criar
uma política para compensar séculos de desigualdades. (BRASIL, 2017).
7.1 As Minorias
Diz respeito a uma porção de pessoas que por distinções étnicas, religiosas,
linguísticas ou culturais, pertencem a um grupo numericamente inferior de uma
sociedade.
Todavia, não se trata de uma definição fechada, fundada em diferenças meramente
conceituais. Nesse sentido, BRITO (2009, p. 99 apud ELIDA SÉGUIN) alerta que não se
pode ficar restrito tão apenas a critérios étnicos, religiosos, linguísticos ou culturais,
sendo necessário sopesar a sua realidade jurídica ante as conquistas modernas, deixando
margem para a flexibilidade e possibilidade de progresso, pensando-se “minorias como
um contingente numericamente inferior, como grupos de indivíduos que se distinguem
dos outros habitantes do país”. E continua afirmando que, Elida Séguin sustenta que,
Caportori elenca, como elementos constitutivos da minoria:
9
a) o numérico;
b) o da não dominância;
c) o da cidadania;
d) o da solidariedade entre seus membros, tudo com vistas à preservação de sua
cultura, tradições, religião e idioma.
Portanto, optamos por um conceito mais aberto do que seria minoria, a exemplo de
ELIDA SÉGUIN6, quando adverte para o fato de que a cada dia surgem novos grupos ou se
passa a discriminar novos grupos, como, por exemplo, os presos, e os egressos, que
passam a sofrer intolerâncias pelo preconceito de que voltarão a delinquir, sugerindo,
portanto, que é preciso, mudar o critério quantitativo para o qualificativo, o que tornará
possível, em dado momento, investigar a questão de minorias menos estudadas, como os
mais altos, os mais baixos, os obesos, os transplantados, etc.
5
Disponível http://www.politize.com.br/o-que-sao-minorias/.Acesso em 15 out. 2017.
6
Disponível em <https://pt.scribd.com/document/355531454/Minorias-e-Grupos-Vulneraveis-Politicas-Publicas-pdf. Acesso em 15 out.
2017.
7
Disponível http://www.politize.com.br/o-que-sao-minorias/.Acesso em 15 out. 2017.
10
III - Luta contra privilégios de grupos dominantes: Por serem grupos não-dominantes
e, muitas vezes, discriminados, as minorias lutam contra o padrão vigente estabelecido.
Essa luta, na atualidade, tem como grande marca a utilização das mídias, para expor a
situação dessas minorias e levar conhecimento para a população em geral. Exemplo:
índios.
IV - Estratégias discursivas: As minorias organizadas, em geral, realizam ações
públicas e estratégias de discurso para aumentar a consciência coletiva quanto a seu
estado de vulnerabilidade na sociedade. Além das mídias já citadas, passeatas e
manifestos também podem são frequentemente utilizados. Exemplo: movimento LGBT.
II - As ações afirmativas que asseguram 20% dos cargos públicos federais a pessoas
portadoras de deficiência:
III - As ações para reconhecimento da união entre casais homoafetivos, dentre elas: a
8
Disponível http://www.politize.com.br/o-que-sao-minorias/.Acesso em 15 out. 2017.
11
Resolução número 175/20139 da CNJ, que passou a permitir o casamento civil entre casais
do mesmo sexo e a aprovação recente.
Em abordagem elaborada pela DHES (2014, p. 13), são vulneráveis quem tem
diminuídas, por diferentes razões, suas capacidades de enfrentar as eventuais violações
de seus direitos básicos, a saber, de direitos humanos. Essa diminuição de capacidades
está associada à determinada condição que permite identificar o indivíduo como membro
de um grupo específico que, como regra geral, está em condições de clara desigualdade
material em relação ao grupo específico que, como regra geral, está em condições de
clara desigualdade material em relação ao grupo majoritário.
Nesse sentido, o grupo vulnerável decorre de condições materiais de desigualdade,
diferentemente das minorias, que preponderam pela quantidade, o vulnerável deflui da
9
Disponível em: http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/resolu%C3%A7%C3%A3o_n_175.pdf. Acesso em 15 out. 2017.
12
hipossuficiência de condições que acabam colocando os vulneráveis em situação de
dominado, mesmo que pertencentes a um grupo numericamente superior.
Um didático exemplo pode ser dado pelas mulheres, que mesmo representado a
maioria da população, acabam sendo submetidas a situações de subjugo e violência em
decorrência de um conjunto de intervenções culturais que a colocam em situação de
vulnerabilidade.
ARTIGO 1.º
Os policiais devem cumprir, a todo o momento, o dever que a lei lhes impõe,
servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em
13
conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão
requer.
ARTIGO 2.º
No cumprimento do seu dever, os policiais devem respeitar e proteger a
dignidade humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as
pessoas.
ARTIGO 3.º
Os policiais só podem empregar a força quando tal se apresente estritamente
necessário, e na medida exigida para o cumprimento do seu dever.
Na fala de FREITAS (2017, p. 4), o legítimo exercício da força policial, por império da
legislação vigente, não pode se afastar dos escudos de cuidado e proteção que o próprio
Estado estabeleceu, ao delinear a natureza, forma e condições de como a sua polícia deve
se relacionar com a comunidade.
A Constituição de 1988 consagrou no Brasil o respeito à dignidade da pessoa
humana. Isso está inexoravelmente ligado ao conjunto de ações que os agentes de
segurança pública precisarão empreender, na condição de garantidores, como forma de
fazerem realizar na vida prática das pessoas, os direitos e as garantias, formalmente
asseguradas pelo direito vigente.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.10 (Grifos nossos)
Essa condição de garantidor, tratada diretamente no Código Penal vigente, faz recair
sobre o agente de segurança pública, a obrigatoriedade de ação, quando de alguma
forma for desafiado por situações que lhe imponham intervenção.
10
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>Acesso em 15 out. 2017.
14
Não poderia ser diferente, visto que o agente de segurança, seja bombeiro ou
policial, é investido de autoridade, equipamento, conhecimento e condições técnicas,
para se colocar na condição de protetor das pessoas, sobretudo aquelas que por
situações contrárias à vontade, padecem de hipossuficiências que exigiam do Estado a
compensação de suas particularidades.
9.1 Mulheres
Em abordagem acerca da violência contra a mulher, FREITAS (2017, p. 10), aduz que
a violência doméstica e familiar é fruto de processo histórico de construção social,
material e simbólica da ideologia de superioridade de um gênero em relação ao outro. É o
ultraje à capacidade humana de refletir sobre si mesmo, porque bestializa o gênero
masculino numa falsa concepção de grandeza que daria ao “ser homem” poderes sobre o
“ser mulher”.
Nesse cenário, a violência contra a mulher representa um dos grandes desafios aos
profissionais de segurança pública, porque serão acionados para intervirem em situações
que exigem desses profissionais, conhecimento técnico diferenciado, a partir das
proteções jurídicas especiais que a Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida como Lei
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Maria da Penha, assegura no campo formal.
Compete, portanto, aos profissionais de segurança pública, tornar real a proteção
especial assegurada no mandamento legal, com vista a compensarem as hipossuficiências
das mulheres em oporem-se com suas próprias forças, as mais diversas violências
rechaçadas no direito brasileiro.
16
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis
17
9.2 Crianças e Adolescentes
18
O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser
conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em
condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Esse tipo se realiza quando as ofensas não se dirigem a uma pessoa específica, e, e
sim, venham a menosprezar determinada raça, cor, etnia, religião ou origem, agredindo
um número.
Indeterminado de pessoas. Esse crime é inafiançável e imprescritível e sujeito à pena
de reclusão, por força do inciso XLII, do art. 5º da Constituição Federal.
Protegendo o mesmo bem jurídico, termos a Injúria Racial, que se diferencia do
racismo tipificado em legislação extravagante, por consistir em ofensas de conteúdo
discriminatório, empregadas à pessoa ou pessoas determinadas, atingindo-lhe a sua
honra subjetiva, ou seja, aquilo que alguém pensa sobre si mesmo.
Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela
Lei nº 10.741, de 2003)
19
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Art. 140, § 3º, CP).
20
Constitucional n.º 65, de 16 de setembro de 2009, no artigo 14, inciso 3, que proíbe
qualquer tipo de discriminação com base na orientação sexual e inclui como um dos
princípios do Estado do Ceará combater qualquer tipo de preconceito.
Em 2010, a criação da Coordenadoria de Políticas Públicas para Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, através do Decreto nº 30.202 de 24 de maio de
2010, anos depois ganha status de Especial em 26 de novembro de 2013, através do
Decreto nº 31.347, institucionalizou a política publica para promover a cidadania,
proteção e os direitos humanos de LGBTQIA+ na estrutura governamental do Estado do
Ceará
Atualmente no Brasil a LGBTFOBIA é Crime, desde o ano de 2019, quando o
Supremo Tribunal Federal determina que a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ seja
enquadrada nos crimes previstos na Lei Nº 7.716/1989 (Lei do Racismo), que prevê penas
de até 5 anos de prisão. É importante destacar a publicação do Conselho Nacional de
Justiça – CNJ da Resolução nº 175/2013, que dispõe sobre a habilitação, celebração de
casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de
mesmo sexo; O STF autoriza que transexuais e travestis alterem o nome e o gênero no
registro civil sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual ou decisão judicial. A
partir dessa decisão, todos os transexuais e travestis maiores de idade podem alterar os
seus documentos indo a um cartório, não se exigindo nada além da manifestação de
vontade do indivíduo; As decisões judiciais têm promovido o reconhecimento de direitos,
enquanto a legislação tem encontrado resistência para reconhecer as demandas por
igualdade. Apesar da omissão legislativa, a atuação do Poder Judiciário faz do Brasil um
dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT.
A segurança pública é prevista na Constituição Federal de 1988 como um direito
fundamental (art. 5º, caput), um dever do Estado, além de uma responsabilidade de
todos (art. 144).
A abordagem policial, no contexto da segurança pública, é uma atividade legítima,
pois integra a garantia do direito à segurança de todos/as. Não devendo assim, haver
qualquer tipo de tratamento discriminatório contra a população LGBTI.
Deverá ser respeitado o nome social e a identidade de gênero de Travestis, mulheres
transexuais e homens trans, tanto na abordagem bem como no atendimento nas
delegacias de acordo com a Lei Estadual N° 16.946/19, (art.5° ).
21
1- Identificando as Pessoas LGBTI
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IDENTIDADE DE GÊNERO: O QUE É?
A identidade de gênero não está assentada no genital, pois “ *...+ a identidade sexual
e de gênero de uma pessoa se apresenta na realidade como uma prioridade do fator
subjetivo sobre seus caracteres físicos ou morfológicos (fator objetivo). Neste sentido,
partindo da complexa natureza humana que leva cada pessoa a desenvolver sua própria
identidade com base na visão particular que a respeito de si mesma tenha, deve dar-se
um caráter proeminente ao sexo psicossocial frente ao morfológico, a fim de respeitar
plenamente os direitos de identidade sexual e de gênero, por serem aspectos que, em
maior medida, definem tanto a visão que a pessoa tem de si mesma, quanto sua projeção
para a sociedade” (Item 95 da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos –
CIDH, Opinião Consultiva OC-24/7, de 24-11-2017)
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CISGENERIDADE E TRANSGENERIDADE
Travesti: se identifica com o gênero oposto ao que lhe foi atribuído no nascimento.
Não se entendem propriamente como “homens” mas como “mulheres”, devendo ser
tratadas como pertencentes ao gênero feminino.
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Pessoas com gênero fluido: identidade de gênero das pessoas que não reivindicam
uma identidade fixa, que transitam entre o ser/se fazer homem ou mulher.
INTERSEXUALIDADE
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DEMONSTRAÇÃO PÚBLICA DE AFETO POR PESSOAS LGBTI
Art. 3º
...
1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada pela Lei nº 13.466, de
2017)
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos
públicos e privados prestadores de serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas
específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
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proteção ao idoso;
V – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do
idoso com as demais gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em
detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam
de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social
locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído
pela Lei nº 11.765, de 2008).
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta
anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação
aos demais idosos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017)
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I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam
atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas;
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de
transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no
desembarque;
V - acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for
parte ou interessada, em todos os atos e diligências.
§ 1o Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acompanhante da pessoa
com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e
VII deste artigo.
§ 2o Nos serviços de emergência públicos e privados, a prioridade conferida por esta
Lei é condicionada aos protocolos de atendimento médico.
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REFERÊNCIAS
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1998.
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instrumento de eficácia das medidas de prevenção integrada, assistencial e de urgência
da Lei Maria da Penha. Monografia (Bacharelado em Direito). Universidade Federal do
Ceará. Fortaleza-CE. 2017.
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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2012.
MONTENEGRO, Marília. Lei Maria da Penha: uma análise criminológica-crítica. Rio de
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Atuação Policial na Proteção dos Direitos Humanos de Pessoas em Situação de
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A POLÍTICA DE COTAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ: PROCESSO DE
IMPLEMENTAÇÃO E “COTISTAS” disponível em
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/19697/1/2016_dis_aonascimento.pdf.
Acesso em 15 out 2017.
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