Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2 - HARMONIA TONAL - Revisão (Síntese)
2 - HARMONIA TONAL - Revisão (Síntese)
1. Progressão harmónica
De acordo com Arnold Schönberg há uma diferença fundamental entre uma “sucessão de acordes” e
uma “progressão harmónica”. Enquanto a sucessão de acordes não tem um objetivo definido, a
progressão harmónica procura um objetivo claro, que normalmente consiste na função de estabelecer
ou de contrariar a tonalidade.
A partir dos dois esquemas seguintes podemos identificar as progressões harmónicas mais frequentes
no modo maior:
E no modo menor:
Ibidem.
A segunda inversão cadencial pode ser interpretada como uma “fórmula harmónica” que consiste na
utilização do acorde do I grau (na segunda inversão) como preparação do acorde do V grau (no estado
fundamental) na cadência.
Mas na realidade ela resulta da figuração do acorde da dominante. No exemplo abaixo o Dó (intervalo
de 4ª a partir do baixo) funciona como um retardo do Si (3ª do acorde da dominante) e o Mi (intervalo
de 6ª a partir do baixo) como uma nota de passagem para o Ré (5ª do acorde da dominante). Por
conseguinte faz sentido cifrar a harmonia como V grau indicando a referida figuração de acordo com
os princípios do baixo cifrado.
O gráfico seguinte é uma representação por quintas perfeitas das tonalidades maiores e menores: 12
tonalidades maiores (circunferência exterior) e 12 tonalidades menores (circunferência interior), num
total de 24 tonalidades. Os raios ligam as tonalidades relativas, ou seja, aquelas que partilham a mesma
armação de clave.
in Castérède, (1999)
Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, Aveiro – ATC2
As tonalidades próximas são a tonalidade relativa e as tonalidades que, no círculo de quintas, se situam
uma 5P acima e abaixo da tonalidade principal incluindo as respetivas tonalidades relativas. Estas cinco
tonalidades possuem uma armação de clave que difere, no máximo, em uma alteração cromática
relativamente à tonalidade principal.
Ex.: as tonalidades próximas de DóM são: Lám, SolM, FáM, Mim e Rém.
As tonalidades próximas apresentam muitas notas comuns e partilham graus tonais, o que reforça a
relação tonal entre elas.
Modulação é uma mudança de tonalidade. Para ocorrer uma modulação é necessário estabelecer uma
nova tónica, isto realiza-se da seguinte forma: a) definição de uma nova sensível que cria a necessária
atração para a nova tónica; b) definição dos graus tonais da nova tonalidade.
A introdução da alteração fá# (sensível) na tonalidade de DóM estabelece um novo jogo de atrações
que dá origem a uma nova hierarquia tonal, ou seja, a uma nova tonalidade. Esta nova hierarquia tonal
resulta do trítono que é formado entre o Dó e o Fá# (que substitui o trítono Fá-Si de DóM). Esta nova
tonalidade (SolM) partilha seis notas com a tonalidade de DóM e ainda dois graus tonais, no entanto
estes adquirem novas funções tonais. O mesmo se verifica na modulação para FáM onde a alteração
Sib origina um novo intervalo de trítono com o Mi (sensível de Fá). Na imagem acima estão assinaladas
a vermelho as relações de atração entre as notas que formam o trítono (7º e 4º graus da escala) e a sua
resolução para as notas que pertencem ao acorde da Tónica (1º e 3º graus da escala).
Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, Aveiro – ATC2
As tonalidades afastadas são as que divergem em mais do que uma alteração cromática em relação à
tonalidade principal. Situam-se à distância de mais do que uma 5P no círculo de tonalidades. O grau de
afastamento ‘mede-se’ pelo número de 5P que separam as tonalidades. Ex.: FáM e SiM situam-se em
pontos opostos no círculo de tonalidades (distam seis 5P entre si).
As tonalidades homónimas são aquelas que partilham a mesma tónica (e restantes graus tonais) mas
que diferem no modo. Apesar de não serem tonalidades próximas apresentam outro tipo de afinidade
entre si. Ex.: Dó modo maior e Dó modo menor.
As tonalidades enarmónicas são as que apresentam enarmonia, ou seja, são notadas de maneira
diferente, mas soam iguais (no sistema temperado). Ex.: Fá# maior e Solb maior.
Nota importante: o acorde com função de dominante secundária é sempre um acorde maior ou de
sétima da dominante e efetua uma progressão autêntica de quinta para o acorde seguinte (o
intervalo entre a nota fundamental dos dois acordes é assim de 4P ascendente ou de 5P descendente,
análogo ao intervalo entre a dominante e a tónica).
Nota importante: o acorde com a função de sensível secundária é sempre um acorde diminuto (com
ou sem sétima) e efetua uma progressão autêntica de segunda para o acorde seguinte (o intervalo
entre a nota fundamental dos dois acordes é de 2m ascendente, análogo ao intervalo entre a sensível e
a tónica).
Os acordes de sexta aumentada são acordes alterados que apresentam um intervalo de sexta
aumentada. Este intervalo resolve habitualmente para um intervalo de oitava perfeita sobre a dominante
da tonalidade – o intervalo de sexta aumentada funciona assim como uma dupla sensível da
Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, Aveiro – ATC2
dominante. Os acordes de sexta aumentada possuem funções semelhantes aos acordes de dominante e
de sensível secundária, embora apresentem uma estrutura intervalar própria.
Nota: o acorde de sexta aumentada alemã é enarmónico do acorde de sétima da dominante, no entanto
apresentam princípios sintáticos diferentes ao nível da progressão harmónica e da condução melódica.
NP: Nota de Passagem; O: Ornato; R: Retardo; Ant: Antecipação; Ap: Appogiatura; Esc.: Escapada.
6. Referências