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Nome da estudante: Páscoa Eusébio António

Tema: A Importância da Auditoria Administrativa no Desenvolvimento da Ética e


Deontologia Profissional Em Moçambique

Introdução

A auditoria Administrativa desempenha um papel crucial no desenvolvimento da ética e da


deontologia profissional dentro das instituições. A auditoria administrativa é essencial para
garantir a transparência nas operações de uma instituição. Ao revisar e avaliar
sistematicamente os procedimentos e práticas administrativas, a auditoria ajuda a identificar e
corrigir possíveis irregularidades ou desvios éticos. Essa transparência é fundamental para
construir e manter a confiança entre a instituição e seus stakeholders, incluindo funcionários,
clientes, fornecedores e a sociedade em geral.

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Fundamentação teórica

Teoria de base

Para entender as concepções de ética nos sectores das instituições públicas e privadas, se faz
necessário conhecer as concepções apresentadas na literatura até o momento. Sabe-se que a
ética está directamente ligada aos princípios e valores que determinam a conduta humana em
relação ao meio em que vive.

Segundo Aurélio Ferreira (2005, p. 383), a ética pode ser definida como “O estudo dos juízos
de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal”. Ou ainda,
segundo o mesmo autor, um “Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do
ser humano”.

O ser humano nas organizações

Segundo Passos (2013), algumas doutrinas da administração fundamentam-se na crença de


que administrar consiste, especialmente, em controlar a energia humana a fim de colocá-la a
serviço dos interesses da organização. Essas doutrinas partem da compreensão de que as
pessoas só agem favoravelmente aos interesses organizacionais quando dirigidas, controladas,
punidas e recompensadas.

Nessa perspectiva, há variações extremas: de um lado, as doutrinas que defendem uma acção
enérgica e coercitiva; de outro, aquelas que argumentam a favor da maleabilidade. Já a
tendência intermediária defende o equilíbrio entre a firmeza e a suavidade.

No entanto, em todas elas o ser humano é colocado como alvo, e não como o fim para quem a
acção administrativa e a organização deveriam servir; ele é visto como o meio para a
satisfação dos interesses das organizações. Para entendermos melhor o assunto, iniciaremos
discutindo o conceito de ser humano.

Conceito da Ética

A ética é uma ciência que estuda a forma de comportamento nas sociedades, onde o bem-
estar deve estar em primeiro lugar; assim, podemos afirmar que a necessidade ética originou-
se com o homem em sociedade. O comportamento ético varia conforme o ambiente, a
situação e a cultura, mas está presente em nossas vidas o tempo todo, tanto nas relações
pessoais, quanto nas profissionais; daí a importância de estudar a ética dentro do contexto
organizacional.
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A ética é um ramo da filosofia que se ocupa do estudo dos valores e princípios morais que
orientam o comportamento humano. Ela investiga o que é considerado correto ou errado, bom
ou mau, justo ou injusto, e os fundamentos das escolhas e ações dos indivíduos. A ética busca
entender e definir o que constitui uma vida moralmente boa e quais são os deveres e
responsabilidades das pessoas para com os outros e a sociedade.

Para Rodrigues e Souza (1994, p.13): “A ética é um conjunto de princípios e valores que
guiam e orientam as relações humanas”. Esses princípios devem ter características universais
e precisam ser válidos para todas as pessoas e para sempre. Já segundo Vasquez (1985, p. 12):
“A ética é a ciência que estuda o comportamento moral dos homens na sociedade”.

A Ética e o seu Significado

A ética está fundamentada em princípios e valores que definem o que é considerado


moralmente aceitável. Esses princípios podem incluir a justiça, a honestidade, a integridade, a
responsabilidade e o respeito pelos outros. Eles servem como guias para a conduta humana,
ajudando a determinar como devemos agir em diversas situações.

Em qualquer dicionário corrente, podemos ver entre outras respostas quando nos
questionamos acerca do que é a ética, e encontramos inúmeras definições, “moral”, “diferença
entre bem e mal”, “comportamento bom ou mau”, “a ética é a ciência da moral”, para
citarmos apenas as que nos parecem mais adequadas para a reflexão deste texto. Do nosso
ponto de vista, associamos o termo “ética” à ideia de educação, formação humana, carácter
das pessoas, desempenho e postura na organização em termos de relacionamento (Ferreira &
Dias, 2005).

A ética no seu sentido etimológico é uma palavra que vem do grego ethos e define-se por duas
formas (Trigo (1999, p.225; Dias, 2004, p.85). a primeira, êthos”, refere-se ao modo de ser, ao
carácter, à realidade interior donde provêm os actos humanos. a segunda éthos, indica os
costumes, os hábitos ou o agir habitual; actos concretos que indicam e realizam o modo de ser
da pessoa.

A ética abarca as questões emergentes não só das tecnologias, do profissionalismo a nível de


conhecimento técnico e científico, os problemas do ambiente externo envolvente, mas
também, e não menos importante, as relações entre as pessoas. Hoje em dia não chega saber
fazer, é necessário saber ser, estar e saber Saber (Pereira, et al.2009, p.120).

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Quanto mais altas as posições na hierarquia da organização, maior é a responsabilidade destas
pessoas, maior atenção devem prestar aos valores e aos comportamentos éticos, pois o
exemplo é mais forte do que as palavras por mais correctas que elas sejam têm pouco efeito,
quanto muito tornam-se inúteis.

A Ética como Factor Relacional nas instituições públicas e privadas

A ética como fator relacional nas instituições públicas e privadas é essencial para a construção
de um ambiente de confiança, cooperação e respeito mútuo. A aplicação de princípios éticos
nas relações institucionais promove a integridade, a transparência e a responsabilidade, fatores
críticos para o sucesso e a sustentabilidade das organizações. Vamos explorar como a ética
influencia essas relações em diferentes contextos.

A ética como factor relacional nas instituições públicas e privadas abarca as questões
emergentes não só das tecnologias, do profissionalismo a nível de conhecimento técnico e
científico, os problemas do ambiente externo envolvente, mas também, e não menos
importante, as relações entre as pessoas. Hoje em dia não chega saber fazer, é necessário
saber ser, estar e saber Saber (Pereira, et al.2009, p.120).

Arménio Rego, com uma vasta literatura sobre esta temática ligada à ética dos
comportamentos nas organizações, encontrou em estudos empíricos realizados em Portugal
uma dimensão designada por “harmonia interpessoal” que não se encontra na grande maioria
de estudos efectuados a nível internacional (2002, p.16). Para o autor esta dimensão
compreende-se pela lenta mudança da cultura nacional. De facto, a elevada propensão para as
relações sociais harmoniosas, a valorização da cooperação, a sensibilidade para comunicar de
modo indirecto e pouco claro, embora social é característico da cultura nas nossas
organizações.

Os códigos éticos nas instituições públicas e privadas

Cada organização possui os seus próprios códigos de ética, seja ela de que tipo for, a
organização estabelece regras que devem ser objectivas.

Tudo deve ser conhecido, não se pode cumprir o que não se conhece, ou então limitamo-nos a
generalidades que não servem a ninguém, esconder para depois se tirarem benefícios não é
uma boa atitude, é desonesto, são comportamentos antiéticos que são de rejeitar. Os códigos

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servem para compromissos transparentes entre todos os participantes, isto é, a força de
trabalho, fornecedores, etc… conciliando o interesse de todos e valorizando o ser humano.

Deste modo, há razões para que gestores, directores, chefes das organizações considerem as
particularidades, tendo cuidado nos estilos de liderança, no modo como comunicam com os
seus colaboradores, como procuram motivá-los e como premeiam o seu trabalho. Justifica-se
o recurso a códigos de ética, adaptados a cada organização.

Os códigos éticos são conjuntos de diretrizes que orientam o comportamento e as decisões dos
membros de uma instituição, sejam elas públicas ou privadas. Eles estabelecem padrões de
conduta esperados, promovendo valores como integridade, responsabilidade e respeito. A
adoção de códigos éticos é fundamental para assegurar que todos os membros da organização
compreendam e sigam princípios éticos comuns, contribuindo para um ambiente de confiança
e cooperação.

Objectivos dos Códigos Éticos

Instituições Públicas

 Transparência e Responsabilidade: Os códigos éticos em instituições públicas


visam garantir que as ações dos funcionários sejam transparentes e responsáveis,
prevenindo corrupção e abusos de poder.
 Serviço ao Público: Enfatizam a importância de servir ao interesse público,
promovendo a justiça, a equidade e a eficiência nos serviços prestados à comunidade.
 Conformidade Legal: Asseguram que os funcionários públicos cumpram todas as leis
e regulamentos aplicáveis, além de aderirem a altos padrões éticos.

Instituições Privadas

 Integridade e Honestidade: Os códigos éticos nas empresas privadas destacam a


importância da integridade e da honestidade nas práticas comerciais e nas relações
com stakeholders.
 Responsabilidade Social Corporativa: Promovem a responsabilidade social,
incentivando práticas que beneficiem a sociedade e o meio ambiente.
 Conformidade com Regulamentações: Garantem que a empresa e seus funcionários
cumpram todas as leis e normas do setor, além de aderirem a padrões éticos internos.

Componentes Comuns dos Códigos Éticos

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 Princípios e Valores: Definem os valores fundamentais da instituição, como
integridade, respeito, responsabilidade e justiça.
 Conduta Profissional: Especificam os comportamentos esperados dos membros da
instituição, incluindo o tratamento respeitoso de colegas e clientes, a confidencialidade
e o uso responsável dos recursos.
 Conflitos de Interesse: Diretrizes sobre como identificar e gerenciar conflitos de
interesse para garantir que as decisões sejam tomadas de maneira imparcial e no
melhor interesse da instituição.
 Compliance e Conformidade: Regras para assegurar que todas as atividades da
instituição estejam em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis.
 Mecanismos de Denúncia: Procedimentos para relatar violações éticas, garantindo
que os membros da instituição possam reportar preocupações sem medo de retaliação.

Diferenças entre Códigos Éticos em Instituições Públicas e Privadas

Instituições Públicas

 Foco no Interesse Público: Prioridade na transparência, prestação de contas e serviço


ao público.
 Normas Rigorosas de Integridade: Maior ênfase na prevenção de corrupção e no
combate a práticas antiéticas.
 Mandatos Regulatórios: Fortes vínculos com regulamentações e leis governamentais
específicas.

Instituições Privadas

 Foco no Mercado e nos Stakeholders: Orientação para a satisfação dos clientes,


investidores e outros stakeholders.
 Flexibilidade e Inovação: Possibilidade de adaptação às mudanças rápidas do
mercado e às inovações tecnológicas.
 Responsabilidade Social Corporativa: Envolvimento em iniciativas de
responsabilidade social como parte da estratégia empresarial.

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Conclusão

A auditoria interna é uma ferramenta vital para o desenvolvimento da ética e da deontologia


profissional em qualquer instituição. Ao promover a transparência, prevenir fraudes, assegurar
conformidade, fortalecer a cultura organizacional, gerenciar riscos e melhorar processos, a
auditoria contribui significativamente para a construção de um ambiente de trabalho ético e
sustentável. Dessa forma, as instituições podem não apenas cumprir suas obrigações legais,
mas também estabelecer padrões elevados de comportamento ético e responsabilidade social.

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Referências bibliográficas

 Abrahamsson, H. (2001). Aproveitando a Oportunidade: espaço de manobra numa


Ordem Mundial em transformação, o caso de Moçambique. Padrigu-CEEI/ISRI:
Maputo.
 Azevedo, A. (2007). Administração Pública Modernização Administrativa, Gestão e
Melhoria dos Processos Administrativos CAF e Siadap, Vida Económica: Lisboa.
 Da Cruz, A. (2002). A Reforma do Sector Público, in Eds.

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