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PLANEJAMENTO FAMILIAR PARA ADOLESCENTES NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE

DA FAMÍLIA

Rita de Cássia Gomes Santos1


Elke Taline Alencar Cavalcante Oliveira2

RESUMO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a adolescência como período compreendido


entre os 10 e 19 anos de idade, sendo caracterizada por sucessivas transformações de
crescimento e de desenvolvimento biopsicossocial. O tema planejamento familiar em
adolescentes, ainda é um desafio para as instituições de saúde assim como para os profissionais.
O objetivo principal é orientar os adolescentes e mulheres jovens acerca de seus direitos sexuais
e reprodutivos. Observa-se a importância da discussão no campo de prevenção de doenças e de
ampliação desta abordagem incluindo vivência da sexualidade de forma saudável. A partir disso, a
informação torna-se um recurso necessário para prevenção e promoção da saúde. Este
acompanhamento será realizado na Unidade de Saúde, escolas, sindicato da comunidade, com
toda equipe da Estratégia Saúde da Família, com o apoio do NASF, através de psicólogo e
assistente social. Para isso teremos rodas de conversas nos espaços da comunidade, escola,
consultórios, panfletos, grupo de whatsap, visitas domiciliares, entre outras. A equipe da
Estratégia da Saúde da Família possui papel essencial neste aspecto, visto que por conta da
proximidade com a comunidade é mais efetivo a abordagem da educação sexual aos
adolescentes, com o intuito de reduzir a ocorrência da gravidez na adolescência, uma vez que,
eliminar tal problema é quase impossível.

Palavras-chaves: Planejamento Familiar, Atenção Primária à Saúde, Adolescente.

FAMILY PLANNING FOR ADOLESCENTS IN THE FAMILY HEALTH STRATEGY

The World Health Organization (WHO) conceptualizes adolescence as a period between 10 and
19 years of age, characterized by successive transformations of growth and biopsychosocial
development. The theme of family planning in adolescents is still a challenge for health institutions
as well as professionals. The main objective is to guide adolescents and young women about their
sexual and reproductive rights. It is observed the importance of the discussion in the field of
disease prevention and the extension of this approach, including living the sexuality in a healthy
way.

1
Graduada em Enfermagem pela Faculdade Integral Diferencial-FACID.Especialista em Terapia Intensiva-
UNINOVAFAPI.Enfermeira na Estratégia Saúde da Família-Piripiri.Email:ritinhagsantos@hotmail.com
2
Enfermeira Mestranda em Saúde da Mulher-UFPI. Oriendora da Especialização em Saúde da Família e da
Comunidade pela Universidade Federal do Piaui-UFPI /Universidade Aberta do SUS
From this, information becomes a necessary resource for prevention and health promotion. This
monitoring will be carried out in the Health Unit, schools, community union, with all the Family
Health Strategy team, with NASF support, through a psychologist and social worker. For this we
will have wheels of conversations in the spaces of the community, school, offices, pamphlets,
group of whatsap, domiciliares visits, among others. The Family Health Strategy team plays an
essential role in this aspect, since, due to its proximity to the community, it is more effective to
approach adolescents' sexual education in order to reduce the occurrence of teenage pregnancy,
eliminating such a problem is almost impossible.

Key-words: Family Planning, Primary Health Care, Adolescent


1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a adolescência como período


compreendido entre os 10 e 19 anos de idade. Esta etapa da vida situa-se entre a infância e a
idade adulta, sendo caracterizada por sucessivas transformações de crescimento e de
desenvolvimento biopsicossocial, uma vez que são observadas mudanças corporais e
emocionais, e que em muitas vezes. Concomitantemente, esse período é marcado, por muitas
vezes, no início da atividade sexual. Observou-se que os jovens estão iniciando tal prática cada
vez mais precocemente, sendo considerada uma problemática, pois caso não haja orientação
suficiente, esta população fica vulnerável a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e
gravidez indesejada (Silva et al., 2013).

Segundo publicação do IBGE em Síntese de Indicadores Sociais - Uma Analise das


Condições da Vida da População Brasileira, 2015 "diferentes fatores podem estar associados à
incidência diferenciada por grupos populacionais da gravidez na adolescência: em determinados
contextos pode haver uma pressão social para que as mulheres se casem e tenham filhos
precocemente; ou pode haver baixa perspectiva dessas adolescentes em relação à escolaridade e
à inserção no trabalho produtivo; ou devido a lacunas no conhecimento sobre contracepção; ou ao
acesso limitado a métodos contraceptivos eficazes; e em casos extremos, as adolescentes podem
se ver em situação de violência sexual.”

Segundo o relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), divulgado em


2013, foi constatado que, no Brasil, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos têm pelo menos um
filho. Na mesma pesquisa, 19,3% das crianças nascidas em 2010 são filhos e filhas de mães
menores de 19 anos.

O gráfico abaixo mostra os indicadores de gravidez que ocorreram na adolescência e o


total de nascimentos na cidade de Piripiri entre os anos de 2013 a 2018.

Nascidos Vivos - Brasil Nascidos Vivos - Brasil


MÃES QUE ENGRAVIDARAM TOTAL-PIRIPIRI
NA ADOLESCÊNCIA
940 956 1.000 956 1.014
106 111 815
99 99 90
68

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Sinasc (10/12/2018) Fonte: Sinasc (10/12/2018)


Com relação ao tema planejamento familiar em adolescentes, ainda é um desafio para as
instituições de saúde assim como para os profissionais. Por isso, observou-se na comunidade que
trabalho a ausência de práticas educativas na abordagem do planejamento familiar e educação
sexual e a importância de atividades voltadas para as mulheres jovens e adolescentes para evitar
possível gestação indesejada.

2 Objetivos

2.1 Objetivo Geral:

- Orientar os adolescentes e mulheres jovens acerca de seus direitos sexuais e reprodutivos

2.2Objetivos Específicos:

- Analisar as peculiaridades da população alvo para planejamento de práticas educativas como


processo de intervenção.

- Discutir a percepção dos adolescentes e mulheres jovens sobre o planejamento familiar.

- Criar grupos de conversas em parceria com a Educação, NASF e Equipe da Estratégia Saúde da
Família.
3 REVISÃO DA LITERATURA

Tratar sobre sexualidade na adolescência e na juventude é de fundamental importância.


Nesse momento da vida, muitas dúvidas aparecem relacionadas às mudanças corporais e
psicológicas e às primeiras experiências sexuais. O acelerado crescimento físico dessa fase é
acompanhado pela maturação sexual. O autoconhecimento sobre o próprio corpo e compreender
os seus sentimentos e de fundamental importância, para que possam fazer escolhas para as suas
vidas que melhor favoreçam a expressão da sua sexualidade (BRASIL, 2013).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência como a segunda década


de vida, período compreendido entre os 10 e os 19 anos, 11 meses e 29 dias. Baseado nisso, é
possível realizar ações de investigação epidemiológica com o intuito de elaborar políticas públicas
e definir ações e programações específicas para esse público-alvo. Entretanto, faz-se necessário
uma abordagem multidimensional com o intuito de identificar características individuais que devem
ser consideradas durante a abordagem (GONDIM, 2015).

O início da vida sexual é um dos marcos da juventude, sendo que a vivência da


sexualidade se insere no contexto de busca por autonomia presente neste período do
desenvolvimento. Tal fato ressalta-se a importância que os adolescentes possuem de ter
conhecimento sobre seus direitos, receber educação sexual e reprodutiva, além de ter acesso às
ações e serviços de saúde que os auxiliem a lidar com a sexualidade de forma positiva e
responsável e os incentive a adotar comportamentos de prevenção e de cuidado pessoal
(BRASIL, 2013).

As diretrizes implantadas pelo Ministério da Saúde, através da área técnica da saúde do


adolescente e do jovem, buscam implementar ações voltadas à educação e à saúde sexual e
reprodutiva especificamente dessa população. Dentro dessas ações, estão incluídas a educação
sexual, a contracepção, a prevenção contra IST’s. (Ministério da Saúde, 2006).

Observa-se a importância da discussão no campo de prevenção de doenças e de


ampliação desta abordagem incluindo vivência da sexualidade de forma saudável.A partir disso, a
informação torna-se um recurso necessário para prevenção e promoção da saúde.

Com isso, faz-se necessário conhecimento sobre as fontes de informações dos


adolescentes sobre a temática sexualidade, uma vez que muitos meios possam não possuir
credibilidade (GONDIM, 2015).

Atualmente, os adolescentes têm buscado à internet como fonte de informação sobre a


saúde sexual e reprodutiva.
Além desses meios, existem outras formas de obter informações sobre a saúde sexual e
reprodutiva, tais como o diálogo com os pais, professores, padres, amigos, parentes e outros.
Neste caso, faz-se necessário a identificação das fontes de informações sobre saúde sexual e
reprodutiva utilizadas, visto que muitas informações difundidas tanto por sites ou aplicativos de
mensageiro eletrônico quanto por indivíduos inseridos na sociedade são errôneas e sem
credibilidade (SAVEGNAGO e ARPINI, 2013; GONDIM, 2015;).

A prática sexual na adolescência não possui viés de autonomia, uma vez que é observado
predominância de uma postura marcada desregrada. Isto é refletido em acontecimentos como
gravidez indesejada e/ou contágio por Infecções Sexualmente Transmissíveis. A partir disso,
ressalta-se a importância do conhecimento pelos jovens sobre o uso de métodos contraceptivos e
de proteção contra IST’s, uma vez que diferentes destinos podem ser vividos na trajetória sexual
juvenil referente a esses fenômenos (DELATORRE e DIAS, 2015).

Gestação durante o período da adolescência constitui uma problemática de saúde pública,


visto que a mãe, na maioria dos casos, não possui preparo psicológico para função materna e
problemas econômicos, além de poder acarretar complicações obstétricas. Concomitantemente, o
aumento das IST’s/HIV/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) nesta faixa etária em
decorrência da não utilização do preservativo, torna essa situação agravante, sendo necessária
uma assistência voltada as necessidades da população (GONDIM, 2015).

As escolas correspondem a locais estratégicos de cuidado aos adolescentes que podem


ser utilizados pelos profissionais de saúde, visto que é possível desenvolver projetos que
informem a respeito da saúde sexual e reprodutiva. Isto possibilita que o público-alvo receba
informações e retire dúvidas para desenvolver um comportamento sexual saudável. Instituições
deste cunho possuem a autonomia de encaminhar os adolescentes com necessidades de atenção
em saúde sexual e reprodutiva para a atenção primária de saúde, facilitando o acesso destes aos
serviços (GONDIM, 2015).

O conhecimento sobre métodos contraceptivos e suas formas de utilização, no entanto,


não levam necessariamente a práticas contraceptivas eficientes (Alves & Lopes, 2008a; Brum &
Carrara, 2012; Patias & Dias, 2014; Pirotta & Schor, 2004). Alguns estudos mostram que as
informações sobre contracepção e as consequências do exercício sexual desprotegido circulam
entre os jovens através de diversos contextos, como a família (Patias & Dias, 2014; Rojas,
Crestani, Batista, & Melo, 2006; Teixeira, Knauth, Fachel, & Leal, 2006), a escola, os meios de
comunicação e as conversas com os pares (Alves & Brandão, 2009; Koerich et al., 2010; Patias &
Dias, 2014; Rojas et al., 2006). Apesar da disponibilidade de informações, o conhecimento efetivo
sobre as formas de funcionamento e de uso dos métodos contraceptivos parece ser insatisfatório
(Alves & Brandão, 2009; Alves & Lopes, 2008a; Brum & Carrara, 2012; Martins et al., 2006; Patias
& Dias, 2014).
Estudos mostram que os conhecimentos dos jovens sobre métodos contraceptivos tendem
a se restringir ao uso do preservativo masculino e a alguns conhecimentos sobre contraceptivo
hormonal oral e injetável (Alves & Lopes, 2008a; Berquó, Garcia, & Lima, 2012; Cabral, 2003;
Koerich et al., 2010; Mendes et al., 2011). Contudo, as informações sobre estes dois métodos
tendem a ser inadequadas ou incompletas (Alves & Lopes, 2008a; Koerich et al., 2010), o que se
reflete na forma de utilização dos mesmos.

No caso dos contraceptivos orais, jovens, na maioria dos casos, interrompem o uso da
pílula em decorrência de efeitos colaterais, tais como: vômitos e diarreias. Vale ressaltar que a
ocorrência de gravidez indesejada está relacionada ao esquecimento do uso diário da pílula. A
utilização do preservativo, por sua vez, costuma estar mais relacionada à prevenção de uma
gravidez, sendo desconsiderado seu papel na proteção contra as IST’s (DELATORRE e DIAS,
2015).

Observa-se que o contexto familiar possui relevância durante a orientação de adolescentes


em relação à sexualidade, uma vez que um indivíduo pouco informado está propenso a erros
durante a utilização de algum método contraceptivo. A comunicação familiar sobre o assunto
frequentemente apresenta problemas. Entretanto, é visto dificuldade no diálogo entre pais e filhos
sobre esta temática, visto uma abordagem limitada ou inexistente, o que transparece informações
parciais ou incompletas (DELATORRE e DIAS, 2015).

Para VIEIRA (2017), pontua-se a execução do Plano Curricular Nacional no que tange à
sexualidade no ambiente escolar, já que é uma temática presente no cotidiano de estudantes, pais
e professores. Assim, poderão ser debatidos temas importantes para a saúde dos adolescentes,
em especial a garantia da autonomia de suas escolhas e a prevenção de IST’s, melhorando o
comportamento e a adoção de práticas sexuais saudáveis.

Em relação aos progenitores, há perspectiva de conhecimento suficiente acerca de


sexualidade e contracepção pelos adolescentes, ainda que exista dificuldade de abordagem
durante esta temática. A escolha de não conversar sobre isso ou postergação deste assunto, é
sustentado pela crença que discussões sobre sexualidade funcionariam como incentivo para a
realização desta prática (DELATORRE e DIAS, 2015).

Outros fatores que estão relacionados à não adoção das práticas contraceptivas são a
ideia de que a responsabilidade pela contracepção é do parceiro (Teixeira et al., 2006), a oposição
do parceiro ao uso de algum método (Rojas et al., 2006), a esporadicidade das relações sexuais e
a falta de planejamento das relações sexuais (Rojas et al., 2006; Alves & Lopes, 2008b). Em
contraposição, ter usado métodos contraceptivos na iniciação sexual (Teixeira et. al., 2006; Longo,
2002), a maior idade na sexarca (Longo, 2002); o maior nível de instrução (Leite et al., 2007), o
maior nível de escolaridade materna (Teixeira et al., 2006; Marinho, Aquino, & Almeida, 2009); e a
maior renda familiar per capita (Marinho et al., 2009) contribuem para o uso de métodos
contraceptivos.

Observou-se que o durante a primeira relação sexual houve utilização de métodos


contraceptivos combinados ou não, principalmente, camisinha, pílula ou associação destes. Isto
reflete a preocupação inicial de jovens em relação a gravidez indesejada e prevenção de IST’S.
Entretanto, ao tardar de sua vida sexual, esta prática começa a ser abolida e, caso haja alguma
infecção, haverá perpetuação, em casos de múltiplos parceiros e relação desprotegida (OLSEN et
al., 2018).

A partir disso, considera-se que o uso da pílula aumenta em relação ao desenvolvimento


da vida sexual ativa, enquanto isso, o uso da camisinha decai. Com isso, tal rejeição é justificada
como irritação ou alergias, além do estigma social construído a uma interrupção da sensação de
prazer.

A pílula ganha destaque neste meio, uma vez que os relacionamentos estão cada vez mais
estáveis e propensos a estabilidade (DELATORRE e DIAS, 2015).

A redução da utilização do preservativo masculino está associada diretamente a questões


culturais, uma vez que este método é comumente usado em relações de parceiras não confiáveis.
Concomitantemente, a crença de impulsos sexuais incontroláveis e desempenho durante o ato
sexual correspondem a outros fatores mencionados na literatura que justificam o não uso
(SALEM, 2004; DELATORRE e DIAS, 2015).

A gravidez não planejada na adolescência representa um grave problema social e de


saúde pública. No Brasil, esta realidade não é diferente e a literatura mostra que em um ano, de
cada 100 mulheres que têm bebês, 28 têm menos de 18 anos de idade. A gestação
durante a gravidez pode ser vivenciada de diversas formas, visto que a adolescência possui
conflitos emocionais e psíquicos. A postura manifestada irá refletir no estado do indivíduo, ou seja,
buscar meios e alternativas para prepará-la para a mudança de papel materna, visto que haverá
sobrecarga de trabalho associado a inexperiência durante as atividades, o que causará sofrimento
psíquico a esta mulher (FONSECA et al., 2013; RODRIGUEZ et al., 2017).

Portanto a gravidez na adolescência representa um grave problema social e de saúde


pública em muitos países do mundo. No Brasil esta realidade não é diferente e a literatura
mostra que em um ano, de cada 100 mulheres que têm bebês, 28 têm menos de 18 anos
de idade. Considerando que a população adolescente brasileira está estimada em
aproximadamente 21% do total dos brasileiros, pode-se perceber a importância do problema para
o país. Assim, essa gravidez pode interromper, na adolescente, o processo de desenvolvimento
próprio da idade, fazendo a assumir responsabilidades e papéis de adulta precocemente, já
que dentro em pouco se verá obrigada a cuidar do seu filho(Fonseca et al 2013).
Ao engravidar, a jovem tem que enfrentar simultaneamente os processos de
transformação próprios da adolescência e os provocados pela gestação, sofrendo uma intensa
sobrecarga de esforço físicos e psicológicos que para suportá-la necessitaria apoiar-se num
profundo desejo de tornar-se mãe. No entanto, na maioria das vezes não é o que acontece, as
jovens se assustam quando são surpreendidas pela gestação, necessitando de cuidados médicos
e materiais apropriados, de solidariedade humana e amparos afetivos especiais (SILVA et al.,
2014).
Quanto ao jovem que se tornará pai, essa situação não é muito diferente, ele se vê tendo
que lidar com as transformações próprias da adolescência e da paternidade, que exigem trabalho,
estudo, educação do filho e cuidados com a esposa ou companheira para compreender os
motivos que levam uma adolescente a engravidar, são necessárias muitas reflexões. É impossível
ignorar que o problema é de difícil avaliação, pois se relaciona com o campo das sensações e
emoções, onde o desejo de engravidar é muitas vezes inconsciente.
A gravidez pode acontecer, tanto pela legítima vontade de querer ser mãe, quanto pela
simples falta de informação sobre a sexualidade, saúde reprodutiva e métodos contraceptivos.
Pode ainda estar relacionada com aspectos comportamentais, como a falta de habilidade
da jovem em convencer ou até sugerir ao seu parceiro o uso do preservativo, ou ainda pela falta
de noção quanto aos riscos a que se expõem não praticando sexo seguro.
As ações de atenção à adolescente grávida exigem o conhecimento de suas condições de
vida, do grupo social a que pertence, para compreensão de como vivenciam a gravidez precoce,
que não se limita a um grupo social. Entretanto, na classe menos favorecida economicamente, há
uma maior incidência devido às condições precárias de acesso às políticas públicas, o que irá
refletir na forma de enfrentamento dessa gravidez (SOARES, 2016).
Para que os profissionais de saúde se sintam preparados para programar as ações
referente ao planejamento reprodutivo, devem ser oferecidas ações educativas individuais da
Atenção Básica, necessitando que a equipe multidisciplinar avalie caso a caso para a escolha de
terapêutica individualizada. Por conseguinte, o direito desse grupo etário à atenção integral à
saúde será assegurado, promovendo o protagonismo juvenil pressuposto pelas diretrizes de
saúde, estando o enfermeiro diretamente ligado a esse processo (NASSER, 2017).
Reforça-se a importância de investimentos na educação sexual dos adolescentes, e que as
equipes de saúde permaneçam vigilantes quanto ao desenvolvimento de ações na promoção,
reflexão e conscientização dos adolescentes em relação às questões da anticoncepção, na
intenção de disparo de mudanças de comportamento e do respeito, e da capacidade
individual em receber e processar as informações para utilizá-las corretamente (Silva, 2015).
4 PLANO OPERATIVO

Situação OBJETIVOS METAS/ AÇÕES/ RESPONSÁVEI


problema PRAZOS ESTRATÉGIAS S

-GRAVIDEZ NÃO -INFORMAR AS 04 MESES -IDENTIFICAR -EQUIPE DA


PLANEJADA ADOLESCENTE ATRAVÉS DOS ESTRATÉGIA
S ACERCA DAS AGENTES SAÚDE DA
CONSEQUÊNCI COMUNIÁRIOS DE FAMÍLIA
AS DE UMA SAÚDE QUAIS
GRAVIDEZ NÃO ADOLESCENTES
PLANEJADA, ENCONTRAM-SE EM
TENDO COMO SITUAÇÃO DE
ENFOQUE OS VULNERABILIDADE
RISCOS PARA ESTA
GESTACIONAIS PROBLEMÁTICA.
E O IMPACTO
- REALIZAR
SOCIAL.
CONSULTAS COM
OS ADOLESCENTES
VISANDO
IDENTIFICAR
FATORES DE RISCO
QUE POSSAM
PROPICIAR UMA
GRAVIDEZ.

- CRIAR GRUPO DE
DISCUSSÕES
ATRAVÉS DA
UTILIZAÇÃO DE
MENSAGEIROS
ELETRÔNICOS (EX:
WHATASAPP) PARA
QUE AS
ADOLESCENTES
POSSAM EXPOR
SUAS DÚVIDAS E
QUESTIONAMENTOS
E, QUE AS
RESPOSTAS
POSSAM SERVIR
PARA OUTROS
INDIVÍDUOS NESTE
MEIO.

-ORIENTAÇÕES -MINIMIZAR 03 MESES -RODAS DE -EQUIPE DA


ERRÔNEAS OU DÚVIDAS CONVERSAS COM ESTRATÉGIA
FALTA DE ENTRE OS ADOLESCENTES SAÚDE DA
INFORMAÇÃO ADOLESCENTE DA ÁREA DE FAMÍLIA.
SOBRE OS S SOBRE ABRANGÊNCIA.
DIREITOS EDUCAÇÃO
- SER PARCEIRO DA
SEXUAIS E SEXUAL
ESCOLA COMO
REPRODUTIVOS
MEIO DE
APROXIMAÇÃO COM
O ADOLESCENTE,
VISTO QUE NESTE
AMBIENTE, O
PROFISSIONAL DE
SAÚDE PODE
UTILIZAR VÁRIAS
METODOLOGIAS
PARA ORIENTAÇÃO
DO ADOLESCENTE,
TAIS COMO: AULAS
EXPOSITIVAS,
GRUPOS DE
DISCUSSÃO E
DISTRIBUIÇÃO DE
MATERIAL
INFORMATIVO.

- CRIAR GRUPO DE
DISCUSSÕES
ATRAVÉS DA
UTILIZAÇÃO DE
MENSAGEIROS
ELETRÔNICOS (EX:
WHATASAPP) PARA
QUE AS
ADOLESCENTES
POSSAM EXPOR
SUAS DÚVIDAS E
QUESTIONAMENTOS
E, QUE AS
RESPOSTAS
POSSAM SERVIR
PARA OUTROS
INDIVÍDUOS NESTE
MEIO.

- ESTRUTURA - 03 MESES - DESENVOLVER -EQUIPE DA


FAMILIAR DESENVOLVER ATIVIDADES EM QUE ESTRATÉGIA
DESESTRUTURA ATIVIDADES SEJA POSSÍVEL SAÚDE DA
DA QUE POSSAM ORIENTAR OS FAMÍLIA.
PROMOVER FUTUROS PAIS
MELHORIA DO ACERCA DE SUAS
VÍNCULO RESPONSABILIDADE
FAMILIAR S.

- TER APOIO DO
NASF NAS RODAS
DE CONVERSAS E
CONSULTAS COM O
INTUITO DE QUE A
ADOLESCENTE E
INDIVÍDUOS
PRÓXIMOS POSSAM
TER
ACOMPANHAMENTO
COM PSICÓLOGO E
ASSISTENTE
SOCIAL.

- ORIENTAR AOS
PAIS DOS
ADOLESCENTES
ACERCA DOR
REFORÇO DAS
INFORMAÇÕES QUE
DEVE SER
REALIZADO EM
ÂMBITO
DOMICILIAR.

- PAIS - ORIENTAR A CADA -IDENTIFICAR -EQUIPE DA


ADOLESCENTES AOS NOVOS CONSULT ATRAVÉS DOS ESTRATÉGIA
INEXPERIENTES PAIS SOBRE AS A AGENTES SAÚDE DA
NO CUIDADO AO DIFICULDADES COMUNIÁRIOS DE FAMÍLIA.
FILHO ENFRENTADAS SAÚDE QUAIS
E, ELABORAR ADOLESCENTES
FORMAS DE ENCONTRAM-SE EM
SUPERAR SITUAÇÃO DE
ESTAS VULNERABILIDADE
BARREIRAS PARA ESTA
PROBLEMÁTICA.

- REALIZAR
CONSULTAS COM O
INUITO DE
IDENTIFICAR
PARTICULARIEDADE
S DO CASAL.

- DISPONIBILIZAR
MATERIAL
INFORMATIVO
SOBRE OS
PRINCIPAIS
CUIDADOS COM O
FILHO.
5 PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO E GESTÃO DO PLANO

A partir das ações propostas no plano e colocadas em prática na estratégia Saúde da


Família, identificaremos indicadores através de relatórios mensais sobre a quantidade de
adolescentes que engravidaram sem planejamento e também uma pesquisa de satisfação para
toda comunidade dar suas opiniões, criticas e sugestões sobre o tema e isso será analisado
mensalmente, buscando sempre abranger um maior público e obter eficácia nos resultados
esperados.

Este acompanhamento será realizado na Unidade de Saúde, escolas, sindicato da


comunidade, com toda equipe da Estratégia Saúde da Família, com o apoio do NASF, através de
psicólogo e assistente social. Para isso teremos rodas de conversas nos espaços da comunidade,
escola, consultórios, panfletos, grupo de whatsap, visitas domiciliares, entre outras.
6 CONCLUSÃO

O estudo apresenta uma realidade presente em nosso cotidiano, em que os adolescentes


por alguma razão, seja por falta de conhecimentos da vida sexual, ou de como se prevenir contra
doenças sexualmente transmissíveis; por falta de diálogo com os pais e adultos na escola
ocasionando também gravidez indesejada nessa fase; assim é de grande relevância um plano de
atividades para melhorar essa situação.

A equipe da Estratégia da Saúde da Família possui papel essencial neste aspecto, visto
que por conta da proximidade com a comunidade, este nível de saúde tem caráter preventivo,
uma vez que atividades desenvolvidas neste meio possam prevenir problemas de saúde pública
como, por exemplo, a gravidez na adolescência. A partir disso, será possível reduzir complicações
durante o período gestacional que possam trazer riscos a vida da adolescente, tendo em vista a
sua imaturidade fisiológica.

Além disso, a equipe multidisciplinar da atenção básica possui autonomia para se inserir
em outros âmbitos como o escolar e o domiciliar. Com isso, é possível assumir de forma efetiva a
abordagem da educação sexual dos adolescentes com o intuito de reduzir a ocorrência da
gravidez na adolescência, uma vez que, eliminar tal problema é quase impossível, dada à
complexidade das questões psíquicas e sociais que envolvem esta temática. Isto contribuirá para
um planejamento e melhor delineamento das ações de saúde na unidade de saúde e nos espaços
de contextos semelhantes, tornando as mais adequadas e eficazes para os adolescentes.
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