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LINGUAGEM
→ História da escrita
A fase ideográfica é representada pelos ideogramas, que são símbolos gráficos que
representam diretamente uma idéia, como, hoje em dia, certos sinais de trânsito. As
escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (também chamada de
hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (a
cretense, por exemplo) e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa).
Segundo Sven Ohman (apud Kato, 1990, p. 16), a invenção da escrita alfabética é
uma "descoberta", pois, quando o homem começou a usar um símbolo para cada
som, ele apenas operou conscientemente com o seu conhecimento da organização
fonológica de sua língua.
Também com relação a isso é importante ressaltar o que afirma Vygotsky, a partir dos
trabalhos que realizou com crianças: para aprender a escrever, a criança precisa fazer
uma descoberta básica – a saber, que ela pode desenhar não apenas coisas, mas
também a própria fala. (Vygotsky, 1991). Hoje em dia praticamente todas as línguas
possuem um alfabeto, e o modo mais comum de se escrever é da esquerda para a
direita e de cima para baixo. Contudo, os chineses e os japoneses escrevem da direita
para a esquerda e em colunas verticais. Os árabes escrevem da direita para a
esquerda, mas não em colunas, e sim em linhas de cima para baixo.
Até hoje ninguém sabe explicar direito qual foi a causa principal para a origem da
escrita. Quando o povo se conscientizou de sua importância, esta já havia se
consolidado ao ser utilizada amplamente. Por isso muitas sociedades a consideraram
como um presente dos deuses.
Deste modo, é difícil precisar qual foi a causa primordial para a criação da escrita,
que, provavelmente, não foi a mesma para todos os povos, nem, com certeza, foi
somente uma, mas a confluência de várias. O que se pode dizer com total convicção
é que a invenção da escrita foi um grande avanço para o desenvolvimento da
humanidade, pois ela representa nossas idéias que podem ficar registradas por
muitos e muitos anos, diferentemente da fala, que, se não for gravada, brevemente
se desvanece.
Além disso, o domínio da língua escrita marca o início da História humana. O uso da
escrita desenvolveu a comunicação entre os homens permitindo-lhes remontar as
barreiras do tempo na recepção de mensagens, facilitou o intercâmbio de informação,
além de ajudar muito no desenvolvimento intelectual do ser humano. Com a Internet,
que é a maior rede de comunicação e informação criada pelo homem até hoje,
escrever ficou ainda mais prático, por isso aumentou muito o número de escritores e
foi criada uma nova face para a língua escrita. Com o avanço acelerado da tecnologia,
com os tratados de livre comércio, com o turismo, enfim, com a Globalização, a escrita
está sendo muito utilizada e cada vez mais é influenciada por outras línguas, o que
vem contribuindo para a evolução do nosso idioma.
A ideia de que a criança parte do concreto para o abstrato é perceptível quando elas
usam a imagem vinculada ao texto escrito, de modo que o desenho, a figura, por
exemplo, completa o sentido que se pretende expressar com aquilo que está escrito
em um primeiro momento.
→ O PROCESSO DE ESCRITA
A escrita é uma das formas superiores de linguagem; requer que a pessoa seja capaz
de conservar a ideia que tem em mente, ordenando-a numa determinada sequência
e relação. Escrever significa relacionar o signo verbal, que já é um significado a um
signo gráfico. É planejar e esquematizar a colocação correta de palavras ou ideias no
papel. O ato de escrever envolve, portanto, um duplo aspecto: o mecanismo e a
expressão do conteúdo ideativo. Na escrita se estabelece uma relação entre a
audição (palavra falada) o significado (vivência da criança e a palavra escrita. Quando
a criança já tem o significado do objeto interiorizado, seu processo de escrita fica mais
fácil
—> discriminação auditiva —> significado pela vivência do indivíduo —> associação
dos sons aos símbolos —> escrita no papel.
Como existe sempre relação entre a palavra impressa e o som, a criança precisa
primeiro aprender a ler para depois escrever.
A escrita como representação da linguagem oral passa por diferentes estágios de
desenvolvimento, que acabam sendo caracterizados pela atividade gráfica. Sendo
assim, a evolução gráfica da criança é resultado de uma tendência natural,
expressiva, representativa, que revela o seu mundo particular.
Fase silábica com valor sonoro: A criança entende que a escrita representa a fala, ela
percebe que o som tem uma relação com a grafia. Nessa fase não necessariamente
a acriança já vai estar escrevendo as palavras completas e corretas, mas ela já vai
ter uma noção do som e das letras que podem formar as palavras.
A basicamente duas rotas para a leitura: a rota fonológica e a rota lexical. Na rota
fonológica, a pronúncia da palavra é construída por meio da aplicação de regras de
correspondência grafo-fonêmica, ou seja, o indivíduo consegue realizar a leitura da
palavra, fazendo uso dos conhecimentos fonológicos.
Por exemplo: vamos dizer que alguém lhe dita uma palavra e você fica na dúvida se
a palavra é com s ou z, e imediatamente num ato automático, escreve a palavra
como modo a sanar tal dúvida. Isso acontece porque já temos armazenado um
“arquivo de palavras” que nos permite lembrar da forma ortográfica da mesma no
momento em que a visualizamos.
Incentivar hábitos de leitura diários ajuda as crianças a ter mais capacidade de buscar
informações na memória e a ter mais memória operacional de forma que consigam
prestar atenção em vários aspectos da leitura. São eles: interpretação, comparação
e identificação das ideias centrais.
Para que as crianças alcancem uma maior fluência e velocidade de processamento
na leitura, elas precisam ter uma bagagem lexical. Os treinos e o incentivo aos hábitos
de leitura ajudam, mas algumas crianças podem apresentar déficits em alguma das
rotas, fonológica ou lexical.
É preciso se atentar que a maioria das disciplinas do ensino fundamental exigem
leituras. Caso uma criança tenha estratégias de leitura somente pela rota fonológica,
pode haver um atraso na compreensão. Isso porque a memória e a busca por
imagens mentais que ajudam na leitura podem estar comprometidas.
Mesmo que a criança use a rota fonológica na leitura pode ser que alguns processos
sejam deficitários, como a consciência fonológica, por exemplo. No entanto, outros
processos da rota fonológica também podem estar comprometidos, como
discriminação auditiva e memória fonológica.
Nesses casos, o treino da leitura não ajuda muito, pois esses outros fatores precisam
ser estimulados e desenvolvidos. Por alguma razão, quando elas veem as primeiras
palavras escritas, têm dificuldade em reconhecer a relação entre os sons da fala e as
letras usadas para representá-las.
Por isso, as crianças que passam pelo processo de alfabetização sem desenvolver
todas essas habilidades, precisam ser avaliadas para entender quais fatores precisam
ser estimulados.
Em contrapartida, os leitores experientes usam principalmente a rota lexical, pois têm
experiência suficiente com leitura para desenvolver conhecimento lexical. O objetivo
de toda instrução de leitura deve ser ajudar os alunos a lerem a maioria das palavras
com fluência, usando a rota lexical.
Aprender a ler é um processo complicado que requer instrução em, entre outras
coisas, consciência fonológica, conhecimento de letras, fonética, ortografia,
desenvolvimento de estratégia, vocabulário, consciência gramatical e estratégias de
compreensão.
→ Disortografia: o que é?
O Transtorno Específico da Escrita, também conhecido como Disortografia, é uma
alteração na planificação da linguagem escrita, que causa transtornos na
aprendizagem da ortografia, gramática e redação, apesar de o potencial intelectual e
a escolaridade do indivíduo estarem adequados para a idade.
A disortografia, portanto, compreende um padrão de escrita que foge às regras
ortográficas estabelecidas convencionalmente, que regem determinada língua. Os
escolares que começam a alfabetização com dificuldade para a aprendizagem da
ortografia provavelmente chegarão ao final do ensino fundamental com dificuldades
ortográficas.
As características da disortografia fazem parte do processo de apropriação do
sistema ortográfico da língua, mas são superadas ao longo da escolarização. No caso
de crianças com disortografia decorrente do quadro de transtorno de aprendizagem,
essas características não desaparecem com a progressão da escolaridade,
mostrando-se persistentes.
A caracterização da disortografia se dá pela dificuldade em fixar as formas
ortográficas das palavras, apresentando como sintomas típicos a substituição,
omissão e inversão de grafemas, alteração na segmentação de palavras, persistência
do apoio da oralidade na escrita e dificuldade na produção de textos.
A disortografia é a escrita incorreta, com erros e substituições de grafemas, alteração
atribuída às dificuldades no mecanismo de conversão letra-som que interferem nas
funções auditivas superiores e nas habilidades linguístico-perceptivas.
A disortografia é parte do quadro da dislexia do desenvolvimento. As crianças que
apresentam dislexia do desenvolvimento possuem o sistema fonológico deficiente,
ocasionando alterações na conversão letra-som. Assim, a correspondência letra-som
não consegue ser armazenada provocando leitura e escrita lenta, confusão entre
palavras similares tanto na leitura como na escrita e alteração na compreensão da
leitura e escrita ineficiente.
→ Disgrafia: o que é?
Crianças disgráficas são aquelas que apresentam dificuldades no ato motor da
escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável; sendo assim, disgrafia é a
perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras e à disposição dos
conjuntos gráficos no espaço utilizado.
Relaciona-se, portanto, está às dificuldades motoras e espaciais. Estudos apontam
que a criança com disgrafia escreve de maneira desviante ao padrão, contemplando
uma caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas e mal elaboradas/
proporcionadas.
Quando a criança apresenta esse distúrbio, são comuns características como: letra
excessivamente grande ou excessivamente pequena – macrografia e micrografia,
respectivamente; forma das letras irreconhecível; traçado exagerado e grosso ou
demasiadamente suave; grafismo trêmulo ou com irregularidade; escrita
demasiadamente rápida ou lenta; espaçamento irregular das letras ou palavras; erros
e borrões que podem impossibilitar a leitura da escrita; desorganização geral no texto
e utilização incorreta do instrumento com que escrevem.
→ Causas da Disgrafia
(Cinel 2003) traz como prováveis causas para o desenvolvimento da disgrafia os
distúrbios da motricidade fina e da motricidade ampla, distúrbios de coordenação
visomotora, deficiência da organização têmporo-espacial, os problemas de
lateralidade e de direcionalidade e, por fim, o erro pedagógico.
Os distúrbios da motricidade fina e ampla compreendem disfunções
psiconeurológicas ou anomalias na maturação do sistema nervoso central, levando à
falta de coordenação entre o que a criança se propõe a fazer (intenção) e a respectiva
ação.
Em relação à coordenação visomotora, é a correspondência do movimento dos
membros superiores, inferiores ou de todo o corpo a um estímulo visual; dessa
maneira, quando a criança apresenta esse aspecto comprometido, ela apresenta
dificuldade para traçar linhas com trajetórias predeterminadas, visto que a mão não
“obedece” ao trajeto estabelecido.
No que se refere à organização têmporo-espacial, observa- -se a relação entre a
orientação e a estrutura do espaço e do tempo.
A deficiência nesse campo faz com que as crianças escrevam invertendo as letras e
combinações silábicas, desobedecendo o sentido correto de execução das letras e
escrevendo fora das linhas por não terem orientação sobre como utilizar a folha de
papel.
Os problemas de lateralidade e de direcionalidade podem ser causados por
perturbações do esquema corporal, pela má organização do próprio corpo em relação
ao espaço ou por desarranjos de ordem afetiva.
Quando as crianças apresentam esses problemas, estes podem ser observados de
diversas maneiras: lateralidade mal estabelecida ou dominância não claramente
definida.
exemplo1: inversão de letras na leitura ou na escrita; sinitrismo ou canhotismo
contrariado.
exemplo2: a dominância da mão esquerda contraposta ao uso forçado e imposto da
mão direita; lateralidade cruzada
exemplo3: a dominância da mão direita em conexão com o olho esquerdo, ou da mão
esquerda com o olho direito.
Cinel (2003) expõe a causa do erro pedagógico. Esse item costuma ser relacionado
com as falhas no processo de ensino, com as estratégias inadequadamente
escolhidas pelos docentes, pelo desconhecimento destes sobre o problema e até
mesmo pelo seu despreparo.