Resumo 2 Bimestre Processo Civil 5 Ano

Você também pode gostar

Você está na página 1de 16

Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

Resumo – Direito Processual Civil – Prof. Treviso – 2° Bimestre

* Ação de Inventário e Partilha: art. 610 a 673, CPC.


- O inventário e partilha pode ser feito por meio de processo ou de escritura pública.
1) Processo: o processo de inventário tem rito especial e serve para arrecadar os bens e partilhar. Art. 610,
CPC: Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. Se houver testamento
o inventário não pode ser feito por meio de escritura pública, mas sim por meio de processo de inventário e
partilha. Também não cabe escritura se um dos herdeiros for incapaz, cabendo apenas processo. Portanto, o
inventário (também chamado de arrolamento judicial) será obrigatório quando existir testamento (seja
público, particular, cerrado, marítimo, aeronáutico, militar ou codicilo), interessado incapaz (direto e
imediato da sucessão) ou quando os herdeiros maiores e capazes não estiverem de acordo com a partilha.
Art. 18, Resolução 35, CNJ: O(A) companheiro(a) que tenha direito à sucessão é parte, observada a
necessidade de ação judicial se o autor da herança não deixar outro sucessor ou não houver consenso de
todos os herdeiros, inclusive quanto ao reconhecimento da união estável. Se o falecido (autor da herança)
deixar apenas a sua companheira como sucessora (em caso de união estável) tem que ser feito por meio de
processo e não de escritura pública.
Se não houver consenso de todos os herdeiros, inclusive quanto ao reconhecimento da união estável, ou seja,
se os herdeiros capazes não reconhecerem a existência de união estável do falecido, tem que fazer por meio
de processo de inventário e partilha e não escritura pública.
EXCEÇÃO: Art. 610, CPC, §2o: O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas
estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato
notarial. A Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo permite que os Tabelionatos lavrem
escritura pública mesmo havendo testamento, desde que isto seja autorizado pelo Juízo competente para
processar o registro do testamento, caso os sucessores sejam maiores e estejam de acordo com a divisão do
acervo hereditário. Portanto, se houver testamento e herdeiros capazes, pode registrar o testamento e pedir
para que o juiz conceda a possibilidade de fazer escritura pública, sendo que se o juiz conceder é cabível a
escritura. OBS: O Provimento 56/2016, do CNJ, torna obrigatório no inventário judicial e extrajudicial, a
juntada de certidão acerca da inexistência de testamento expedida pela Central Notarial de Serviços
Compartilhados – CENSEC (art. 2º).
2) Escritura Pública: poderá ser feito por meio de escritura (via extrajudicial): a) Art. 610, CPC, § 1º Se todos
forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual
constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras. Quando houver herdeiros maiores e capazes que estejam de acordo
com a partilha.
b) Art. 19, Resolução 35, CNJ: A meação de companheiro(a) pode ser reconhecida na escritura pública, desde
que todos os herdeiros e interessados na herança, absolutamente capazes, estejam de acordo. Quando todos
os herdeiros maiores e capazes interessados na herança estiverem de acordo com a meação de companheira
(ou seja, reconhecerem a união estável).
Se for fazer o inventário por meio de escritura pública precisa de advogado, sendo que seu nome e numero
da ordem constarão no ato de escritura. Se as partes não tiverem condição de constituir um advogado, será
nomeado um defensor público que assina a escritura, mas sua presença é obrigatória. Quando for feita por
meio de escritura a escolha do tabelionato (cartório) é livre.
- Hipóteses nas quais o inventário é desnecessário: Art. 666, CPC: Independerá de inventário ou de
arrolamento o pagamento dos valores previstos na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980. É desnecessário
o inventário se o falecido deixou apenas estas verbas: a) acervo composto por valores de FGTS e/ou PIS-
PASEP: se o falecido não deixar bens, mas apenas o valor o FGTS, PIS/PASEP, só poderá pegar esses valores
após autorização judicial expedida em alvará.
b) existência de restituição de imposto de renda, de saldos bancários, poupança ou fundos de investimentos
de valor igual ou inferior a 500 UFIR: nesses casos, não tem que fazer inventário, basta entrar com pedido de
alvará. O alvará tem limite de valor de 500 otm/UFIR que é equivalente a 38 mil reais atualmente. Se
ultrapassar esse valor, não cabe alvará e tem que ingressar com processo de inventário.
c) créditos trabalhistas: se deixar só créditos trabalhistas não precisa de inventário.
OBS: No CPC/73, a retirada destas verbas dependia de alvará (autorização judicial). Isto continua no
CPC/2015, mas o alvará será dispensado se a partilha for realizada por escritura pública (herdeiros capazes e
não existir testamento). A própria escritura servirá de autorização para o levantamento. Portanto, em todos
esses casos, ao invés de alvará pode fazer tudo por meio de escritura pública.
- Inventário negativo: é um termo que não está previsto em lei, sendo uma ideia doutrinária. Entra com
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

pedido de inventário para dizer que o falecido não deixou nada (não deixou bens) para partilhar e haverá
uma decisão judicial sobre isso. O cônjuge sobrevivente tem que fazer esse inventário negativo para poder se
casar novamente em qualquer regime de bens, pois se não fizer, o regime adotado será obrigatoriamente o
regime de separação universal. Ademais, tal modalidade de inventário é importante para os sucessores, pois
se o falecido deixar dívidas, os herdeiros são responsáveis até o limite da herança e se comprovar que não
deixou herança, não tem que pagar, vez que o herdeiro não responde com seu patrimônio pessoal pelas
dívidas do falecido.
- Procedimento: petição inicial com qualificação do falecido, de seu cônjuge e herdeiros, e declaração de
inexistência de bens a inventariar, a qual deve ser instruída com certidão de óbito. O MP e a Fazenda Pública
manifestam-se. Se não houver impugnação, tomam-se por termo as declarações e o juiz declara por sentença
encerrado o inventário, extraindo-se a certidão respectiva. Se houver impugnação, faz a instrução e sentença.

* Inventário Judicial:
- Espólio é o acervo hereditário deixado por alguém que morreu, composto por todos os bens, direitos e
dívidas do falecido. Em outras palavras, é o acervo hereditário ainda não totalmente partilhado entre os
herdeiros. Nasce no exato momento em que a pessoa morre. Desaparecendo a personalidade civil, nasce o
espólio que fica até o momento da partilha, pois após a partilha há herdeiros. É uma entidade sem
personalidade jurídica, mas com capacidade de ser parte (autor ou réu) e é representada, extra ou
judicialmente (dentro ou fora do processo), pelo inventariante (nomeado pelo juiz ou escolhido pelos
herdeiros) ou pelo administrador provisório.
- Inventário: destina-se à arrecadação dos bens, identificação dos sucessores e distribuição entre eles do
patrimônio líquido. Pode ser judicial ou extrajudicial. É a arrecadação de bens e direitos deixados pelo
falecido. Materializa o direito de que os bens do falecido serão passados aos seus sucessores. Calcula o
patrimônio líquido objeto da partilha. Bens – dívidas = patrimônio líquido.
- Administrador provisório: Art. 613, CPC: Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o
espólio na posse do administrador provisório. Art. 614, CPC: O administrador provisório representa ativa e
passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu,
tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou
culpa, der causa. É a pessoa que está na posse dos bens temporariamente. Representa o espólio em caráter
temporário, desde o óbito até o compromisso do inventariante. Função será exercida pelo cônjuge ou
companheiro, sendo que o regime de bens é indiferente, ou pelo sucessor que estiver na posse dos bens.
- Foro competente: em regra é no lugar do último domicílio (conotação permanente) do falecido. Não é no
local de residência (conotação temporária). Art. 1.785, CC: A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do
falecido. Art. 48, CPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de
partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no
estrangeiro. Igual nos casos de arrecadação, cumprimento de testamento, impugnação ou anulação de
partilha extrajudicial, e para as ações em que o espólio for réu, mesmo se o óbito ocorreu no estrangeiro.
Exceção: Art. 48, CPC: Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I -
o foro de situação dos bens imóveis; a) foro de onde estão situados os bens imóveis, se o falecido não tinha
domicílio certo.
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; b) se tiver imóvel em mais de um local
diferentes, ajuíza onde quiser.
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. c) se não houver bens
imóveis, mas tiver só bens móveis, o foro é de onde estão os bens móveis.
Estrangeiro com bens situados no Brasil: se o falecido for estrangeiro e tiver bens imóveis no Brasil e no
estrangeiro, só será feito o inventário no Brasil dos bens aqui situados e os de fora, faz lá. Art. 12, LINDB,
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.
Exceção: se a lei estrangeira for mais maléfica para os herdeiros, aplica a lei brasileira que será mais favorável
ao cônjuge ou aos filhos do herdeiro. Art. 10, LINDB, § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no
País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
- Prazo para ajuizamento do inventário: Art. 611, CPC: O processo de inventário e de partilha deve ser
instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses
subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Prazo de 02
meses contados da morte do autor da herança, seja ela natural ou presumida, seja pela necessidade de
transmissão dos bens aos sucessores, seja para o cumprimento das obrigações do “de cujus”. Se houver
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

violação do prazo, ou seja, se ingressar com o processo entre 60 a 180 dias da morte, terá que pagar uma
multa de 10% e, se for depois de 180 dias da morte, a multa é de 50% sobre o valor do ITCMD (imposto causa
mortis). Esse imposto é de 4% sobre o valor do monte que será partilhado (monte partível) e a multa é sobre
o valor dos 4% do imposto e não do valor total. Súmula 542, STF: Não é inconstitucional a multa instituída
pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário. Se o ITCMD
não for recolhido em 180 dias da abertura da sucessão, incidem juros moratórios. Estes prazos se aplicam
tanto ao processo de inventário, quanto ao inventário extrajudicial (escritura pública). Essa multa não incide
se justificar o motivo do atraso, ou seja, as multas e encargos moratórios não incidirão se houver justo motivo
para o atraso, provado e aceito por decisão judicial no processo de inventário. Se houver isenção do
pagamento do ITCMD, não incidirão estas penalidades.
- Prazo para o encerramento do inventário: 12 meses a partir da abertura da sucessão. Prazo impróprio,
prorrogável de ofício. Se comprovada a desídia do inventariante, pode ser removido do cargo. Se não houver
interesse no encerramento do inventário, o feito será mantido em arquivo provisório (não haverá extinção).
Portanto, o prazo para encerrar o inventário é de 12 meses, mas se não acabar nesse prazo, não tem
problema, podendo acabar depois.
- O que pode ser decidido no inventário: em regra, pode discutir assuntos de direito o processo de inventário,
desde que prove os fatos por documentos, pois se não provar por prova documental, não pode. Exceção: Art.
612, CPC: O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por
documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas. As matérias
de “alta indagação”, ou seja, as questões de direito que dependem de maior investigação no campo
probatório, por meio de provas que devem ser produzidas fora do inventário, sabido que rito deste é de
caráter meramente administrativo. Ex: discussão a respeito da qualidade de herdeiro, petição de herança,
questão relativa às colações, petição de legado, nulidade de testamento, ação de sonegados, exclusão de
herdeiro indigno, concubinato.
A decisão que remete as partes às vias ordinárias é interlocutória e cabe agravo de instrumento.
- Legitimidade para requerer inventário: é do inventariante, ou seja, daquele que estiver na posse e
administração do espólio. Art. 615, CPC: O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver
na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611 . Parágrafo único: O requerimento
será instruído com a certidão de óbito do autor da herança. Se não tiver inventariante, qualquer pessoa pode
requerer. Hoje o juiz não pode mais ingressar de oficio (abertura do inventário ex ofício), tendo que comunica
o MP para que ele ingresse. Art. 616, CPC: Têm, contudo, legitimidade concorrente: I - o cônjuge ou
companheiro supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou
do legatário; VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o Ministério Público,
havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; IX - o administrador judicial da
falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. A ordem
não é sequencial (cada um dos legitimados pode pedir a abertura, não importa a ordem em que está no
artigo).
OBS: Se houver uma ação de investigação de paternidade, o processo de inventário segue, mas haverá
reserva de bens que serão devidos ao filho se ele for reconhecido. Se ele não for reconhecido ao final do
processo de investigação de paternidade, a parte reservada é dividida aos filhos já reconhecidos.
- Inventário: A inicial do processo de inventário tem que ter a nomeação do inventariante. Se não tiver todos
os documentos que comprovem, não precisa inicialmente, basta alegar. OBS: Arrolamento é um inventário
simplificado.
Fases: arrecadação dos bens, identificação dos herdeiros, apuração do patrimônio líquido (que será
partilhado) e termina com o pagamento das dívidas.
Nomeação do inventariante  1ªs declarações  Citação  Últimas declarações ↔ Causa mortis ↔
Colação ↔ Pagamento de dívidas.
- Partilha: feito o inventário, tem-se a partilha que a fase de divisão.
Auto de orçamento e folhas de pagamento  certidões negativas  julgamento  expedição do formal.
- Inventariante judicial e extrajudicial: o inventariante é quem administra os bens do espólio e representa o
espólio, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele. O espólio perdura até o momento em que a partilha é
homologada.
Há duas modalidades de inventariança:
a) Inventariança legítima: Art. 617, CPC: O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou
companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o
herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro
sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; V - o


testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída
em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário.
b) Inventariança dativa: Art. 617, CPC: O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: VII - o inventariante
judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. Parágrafo único:
O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e
fielmente desempenhar a função. OBS: No Estado de SP não existe inventariante judicial. O juiz só nomeia um
terceiro se não tiver ninguém antes.
Diferenças: o inventariante legítimo exerce a representação do espólio com exclusividade, ou seja, é só ele.
No caso do inventariante dativo, ele não representa o espólio com exclusividade, pois herdeiros e sucessores
do falecido também possuem tal encargo. Art. 75, CPC, § 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores
do falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja parte.
Nomeação: a nomeação deve seguir a ordem do art. 617, sendo que isso é uma novidade do CPC de 2015,
pois no CPC/73, isto não ocorria. Porém, se não quiser que o juiz siga a ordem, os interessados podem indicar
ao juiz na petição inicial quem eles desejam que seja o inventariante e, se isso ocorrer, o juiz não é obrigado a
seguir a ordem do artigo. O inventariante começa a trabalhar no momento em que é nomeado e seu cargo só
se extingue quando o processo acaba. A pessoa nomeada como inventariante assina compromisso de bem
desempenhar o encargo (no arrolamento, o compromisso é desnecessário). A decisão que nomeia
inventariante é interlocutória e contra ela cabe agravo de instrumento.
Incumbências: Art. 618, CPC: Incumbe ao inventariante: I - representar o espólio ativa e passivamente, em
juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1º ; II - administrar o espólio,
velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus fossem; III - prestar as primeiras e as últimas
declarações pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; IV - exibir em cartório, a qualquer
tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio; V - juntar aos autos certidão do
testamento, se houver; VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou
excluído; VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; VIII -
requerer a declaração de insolvência. Essas incumbências são exercidas com autonomia ampla, sem prévia
manifestação dos herdeiros ou de autorização judicial (mas passíveis de prestação de contas, pelo
inventariante). Art. 619, CPC: Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do
juiz: I - alienar bens de qualquer espécie; II - transigir em juízo ou fora dele; III - pagar dívidas do espólio; IV -
fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do espólio. Essas incumbências
não possuem autonomia (só com a concordância dos herdeiros e autorização judicial).
OBS: Em SP, em caso de inventário extrajudicial, o Provimento CGJ 55/2016 permite que os tabelionatos
lavrem uma escritura pública para apenas a nomeação do inventariante antes da lavratura da escritura do
inventário e partilha, mas também se admite que a nomeação seja feita na própria escritura de inventário e
partilha. O objetivo é evitar o pagamento da multa prevista na Lei Estadual 10.705/2000 (inventário após 60
dias do óbito).
Remoção do inventariante judicial: o inventariante pode deixar esse cargo por meio de uma decisão judicial.
Causas: Art. 622, CPC: O inventariante será removido de ofício ou a requerimento: I - se não prestar, no prazo
legal, as primeiras ou as últimas declarações; II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar
dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; III - se, por culpa sua, bens do espólio se
deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano; IV - se não defender o espólio nas ações em que for
citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o
perecimento de direitos; V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; VI - se
sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. A remoção decorre da prática de ato omissivo ou comissivo,
dentro do processo ou fora dele, mas ligado ao processo. Ex: inventariante não apresentou as declarações no
prazo em que o juiz deu (ato omissivo); inventariante recolheu imposto maior que o necessário (ato
comissivo). Já a destituição ocorre por fato exterior ao processo. Ex: condenação criminal do inventariante
(retira a idoneidade); falência do inventariante (pode envolver idoneidade moral ou técnica). A iniciativa para
ingressar com causa de remoção do inventariante é de qualquer interessado (herdeiro), do MP (quando tiver
herdeiro incapaz), da Fazenda Pública ou o próprio Juiz (de ofício). Tal incidente é processado em apenso ao
inventário. Como é um incidente, não é ação.
Procedimento: requerimento para remoção → inventariante se defende em 15 dias (princípio do
contraditório)→ produção de provas, se necessário → decisão: se remover, nomeia outro seguindo a ordem
do art. 617 CPC, mas se não remover, continua com aquele inventariante. O recurso cabível é o agravo de
instrumento (de acordo com a jurisprudência majoritária).
- Primeiras declarações: no primeiro despacho do juiz, além de nomear o inventariante, ele oferece um prazo
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

de 20 dias úteis para a apresentação das primeiras declarações. É um prazo dilatório/impróprio, ou seja, o juiz
pode aumentar se houver necessidade e requerimento. Essas primeiras declarações servem para a
arrecadação de bens, indicação das dívidas, e a identificação dos sucessores. São feitas em petição autônoma,
nos 20 dias seguintes ao compromisso. Art. 620, CPC. Nas primeiras declarações contém a qualificação do
autor da herança (falecido), cônjuge e herdeiros, e a descrição de todos os bens, direitos e dívidas pendentes
de pagamento. Isso serve para levantar o patrimônio líquido depois.
- Citação dos interessados: oferecidas as primeiras declarações, pede para fazer a citação dos interessados
(de todos os herdeiros). Art. 626, CPC: Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos
do inventário e da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda
Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver
testamento. São os que não outorgaram procuração ao advogado que subscreveu a inicial. Se não forem
chamados todos os herdeiros, é possível nulidade. Os herdeiros são litisconsortes necessários e precisam ser
citados por carta com aviso de recebimento. Os demais interessados incertos e não sabidos, a citação é feita
por edital. Art. 626, CPC: § 1º O cônjuge ou o companheiro, os herdeiros e os legatários serão citados pelo
correio, observado o disposto no art. 247 , sendo, ainda, publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259 .
Portanto, existe citação no processo de inventário no prazo de 15 dias úteis.
É ainda possível fazer a impugnação às primeiras declarações em 15 dias úteis. Essa impugnação pode tratar
de qualquer questão (de fato ou de direito), mas exige-se que estejam provadas por meio documental.
Questões de alta indagação são aquelas que não podem ser provadas por meio documental, mas apenas por
outros meios e elas precisam de ação própria.
- Avaliação dos bens: em regra, todos os bens e direitos do falecido precisam de um valor, pois tal valor serve
para a definição numérica do monte partível (ou seja, saber se na hora da partilha todos os herdeiros
receberão o mesmo valor) e para o cálculo do imposto (ou seja, para recolhimento do imposto ITCMD que é
de 4% sobre o acervo hereditário). Se não tiver o valor fixado pelos herdeiros, a avaliação será feita por perito
do Juízo (o juiz nomeia um perito para avaliar os bens e fixar o valor). Sempre que for feita a avaliação por
meio de perito, há custo.
A avaliação por perito será dispensada nas seguintes hipóteses: a) Art. 633, CPC: Sendo capazes todas as
partes, não se procederá à avaliação se a Fazenda Pública, intimada pessoalmente, concordar de forma
expressa com o valor atribuído, nas primeiras declarações, aos bens do espólio. Se os herdeiros derem o valor
aos bens e a Fazenda Pública não impugnar, será tal valor válido e não precisa de avaliação.
b) Art. 634, CPC: Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela Fazenda Pública, a
avaliação cingir-se-á aos demais. Art. 629, CPC: A Fazenda Pública, no prazo de 15 (quinze) dias, após a vista
de que trata o art. 627 , informará ao juízo, de acordo com os dados que constam de seu cadastro imobiliário,
o valor dos bens de raiz descritos nas primeiras declarações. Se a Fazenda Pública determinar o valor e os
herdeiros não impugnar, não precisa de avaliação.
c) avaliação recente em outro processo. OBS: Avaliação recente = dentro de um ano e pode ser usada em
outro processo.
d) Art. 632, CPC: Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados fora da comarca onde
corre o inventário se eles forem de pequeno valor ou perfeitamente conhecidos do perito nomeado. Bens de
pequeno valor ou conhecidos do perito. Quando se tratar de bens de valor muitos pequenos, não há
necessidade de avaliação.
e) cálculo do ITCMD (causa mortis) com base no valor venal. OBS: Valor venal = valor atribuído ao imóvel pela
prefeitura (é a soma do valor do terreno com o da área construída). É sobre o valor venal que incide o IPTU,
ou seja, a base de cálculo é o valor venal na data do óbito (abertura da sucessão). A Fazenda Pública pode
impugnar o valor venal, pois ela costuma adotar o valor de mercado (valor de referencia). Não pode ser
instituído tributo por meio de decreto, mas apenas por meio de lei.
- Últimas declarações: põem fim à fase de inventário e devem retratar a realidade do acervo hereditário.
Nessa fase é possível emendar, aditar ou complementar as primeiras declarações. Se nada há para
acrescentar ou corrigir, basta dizer nos autos “não há outros bens a inventariar ou necessidade de corrigir as
declarações já apresentadas”. Essa fase também é um divisor de águas para o ingresso da ação de sonegação.
Se houver sonegação (dolo) por parte do inventariante ou de algum herdeiro, pode ser ajuizada ação de
sonegados. Art. 621, CPC: Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos
bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar. Sonegação: é a ocultação
dolosa de bens do espólio, seja porque o inventariante não os descreveu para subtraí-los à partilha, seja
porque não foram trazidos à colação pelo donatário. Portanto, quando se sabe da existência de bens, mas
não os coloca no inventario para poder embolsar o valor, por exemplo, há sonegação. Punição: se for
inventariante, há sua remoção (Art. 622, CPC: O inventariante será removido de ofício ou a requerimento: VI -
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.); se for herdeiro, perde o direito sobre o bem sonegado ou
paga o seu valor mais perdas e danos.
- Imposto causa mortis (ITCMD): corresponde a 4% sobre o monte partível, ou seja, o acervo líquido (bens
menos dívidas) a ser partilhado (a meação do falecido, se houver cônjuge supérstite, ou a totalidade dos
bens, se só existirem herdeiros), cujo valor corresponde àquele da data do óbito (tempus regit actum).
Portanto, corresponde a 4% do valor daquilo que será dividido entre os herdeiros excluindo a meação do
cônjuge (se houver). Só haverá imposto sobre o valor dado aos herdeiros, pois se houvesse imposto sobre a
meação do cônjuge sobrevivente, seria bis in iden (o cônjuge um dia vai morrer e iria incidir novamente o
imposto sobre a sua parte).
A Fazenda Pública diz que o desconto das dívidas não pode ser feito, mas o entendimento dos tribunais é que
o desconto das dívidas é correto, pois os herdeiros não respondem pelo que exceder o valor da herança
recebida e porque é com esse valor que serão pagas as dívidas.
Isenção do recolhimento do imposto: o valor é calculado conforme a UFESP (definido sempre no mês de
dezembro e válido para o ano seguinte). OBS: Em 2019: 1 UFESP vale R$ 26,53. Lei Estadual 10.705/00, com
modificações da Lei Est. 10.992/01:
a) imóvel rural ou urbano até 5000 UFESPs, ocupado para residência dos familiares e inexistência de outros
imóveis. Ou seja, se for o único imóvel que era usado como residência da família e menor que tal valor, não
incide imposto.
b) até 2500 UFESPs: se for o único imóvel transmitido. Ou seja, se é o único imóvel da família, porém não é
usado para residência, não pode incidir imposto.
c) ferramentas, aparelhos domésticos, móveis no total de 1500 UFESPs.;
d) depósitos bancários e aplicações até 1000 UFESPs;
OBS: O FGTS, PIS/PASEP, quantia oriunda de salário, proventos do INSS, verbas de caráter alimentar são
isentos do imposto, independentemente do valor.
- Colações: sua finalidade é a de igualar o valor das legítimas dos herdeiros, ou seja, serve para não beneficiar
um herdeiro em detrimento do outro. O que um herdeiro recebe o outro também deve receber. O quinhão
de um tem que ser o mesmo valor do outro. Dois modos:
a) in natura: quando o bem doado ainda existe e é restituído ao acervo hereditário.
b) por imputação do valor: se o donatário não mais possuir o bem, calcula-se o seu valor ao tempo da
abertura da sucessão hereditária. Art. 639, CPC, Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha,
assim como as acessões e as benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo
da abertura da sucessão. A colação será dispensada se o doador fizer constar tal dispensa, expressamente, no
testamento ou na escritura pública de doação.
- Pagamento das dívidas: qualquer credor que tenha título e sua dívida seja liquida e certa pode vir ao
processo de inventário para receber. O patrimônio do devedor responde pelo cumprimento de suas
obrigações e se ele falecer, essa responsabilidade é transferida à herança. O pagamento se dá por meio de
incidente de pagamento: a petição deve ser instruída com a prova da dívida (líquida e certa, mesmo que
ainda não vencida), e autuada em apenso ao inventário. O requerimento deve ser feito antes da partilha,
pois se feito depois, os herdeiros só respondem até a força do respectivo quinhão hereditário. Declarado
habilitado o credor, haverá separação de dinheiro para quitar a dívida (se houver dinheiro, paga com
dinheiro) ou, não havendo, de bens suficientes que serão adjudicados pelo credor (se não tiver dinheiro, mas
tiver bens, dá os bens) ou, então, vendidos em leilão. Se houver discordância quanto à existência da dívida ou
o seu valor, o credor deverá exigir o pagamento nas vias ordinárias. Pode pedir ao juiz do inventário, todavia,
tutela provisória de reserva de bens (equivalente ao valor do seu crédito). A ação deve ser ajuizada em até 30
dias, sob o risco de cessar a eficácia da tutela provisória.

* Partilha Judicial:
- A partilha acaba com o estado de indivisão da herança, e proporciona a formação das partes (porções)
que serão atribuídas a cada um dos herdeiros ou legatários. Cada uma dessas partes (porções) chama-se
quinhão, e representa os bens sobre os quais cada sucessor passará a ter direito exclusivo (é o que cada
herdeiro receberá na partilha). Art. 2.023, CC: Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros
circunscrito aos bens do seu quinhão. A partilha inicia-se depois da avaliação (se houver), das últimas
declarações e do recolhimento do imposto causa mortis (ITCMD). A partilha é elaborada pelo
inventariante ou partidor e é composta de um auto de orçamento (repetição de tudo o que já foi dito nas
primeiras declarações que, se tiver sido corrigida nas ultimas declarações, deve ser corrigida no auto
também; também qualifica o cônjuge, o falecido, os herdeiros e os bens) e de uma folha de pagamento
para cada sucessor (é uma folha que dita quais bens serão dados aos herdeiros de acordo com a ordem de
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

vocação hereditária, sendo que há uma folha para cada herdeiro). Art. 653, CPC: A partilha constará: I - de
auto de orçamento, que mencionará: a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou
companheiro supérstite, dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos; b) o ativo, o passivo e o
líquido partível, com as necessárias especificações; c) o valor de cada quinhão; II - de folha de pagamento
para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do pagamento e a relação dos bens que lhe
compõem o quinhão, as características que os individualizam e os ônus que os gravam.
- REGRAS IMPORTANTE: * São 2 classes de herdeiros: os necessários (descendentes, ascendentes e
cônjuge supérstite ou companheira) e os facultativos (colaterais).
* Regime de bens: a) Comunhão Parcial de Bens: somente os bens adquiridos durante o casamento a
título oneroso fazem parte do patrimônio do casal. Não integram o patrimônio comum os bens
adquiridos por cada um deles antes do casamento, assim como os recebidos, durante o casamento, a
título gratuito, como doações e heranças. O elemento central deste regime de bens é o esforço comum,
ou seja, existe a presunção de que, durante o casamento, os dois contribuem para a aquisição dos bens.

b) Comunhão Universal de Bens: não existem bens individuais, pois acontece uma união dos
patrimônios (incluindo-se também dívidas e créditos), sendo cada um do casal dono da metade de
todos os bens, independentemente de já pertencerem a um deles desde antes do casamento ou de
terem sido adquiridos durante a união. O elemento central deste regime é a unificação dos
patrimônios. Há necessidade de elaboração de pacto antenupcial.
c) Separação total/convencional de Bens: não haverá comunhão de qualquer bem ou dívida, seja
anterior ou posterior ao casamento, adquirido a título oneroso ou gratuito. O elemento central deste
regime é o de que cada cônjuge tem liberdade para administrar seu próprio patrimônio e suas
dívidas. Para a escolha deste regime de bens, também é necessária a confecção de pacto antenupcial. A
Separação Obrigatória de Bens é idêntica à separação total de bens, porém é obrigatório quando
houver casamento de pessoa com mais de 70 anos ou daqueles que dependem de autorização judicial
para casar.
d) Participação Final nos Aquestos: no decorrer do casamento são aplicadas as regras da separação
total/convencional de bens. Mas, no momento do divórcio, serão aplicadas as normas da comunhão
parcial de bens, partilhando-se os bens adquiridos onerosamente por cada um durante a união. O
elemento central deste regime é o de que os cônjuges ficam unidos nos ganhos e separados nas perdas.
Também há necessidade de elaboração de pacto antenupcial.
* Se o cônjuge tem direito à meação, ele não recebe nada da herança.
* Se houver comunicação dos bens, ½ do patrimônio é da mulher e ½ é do homem. Quando um deles
falece, ½ continua para o que restou vivo (meação) e a ½ do que morreu será partilhada entre os
herdeiros. Portanto, nesse caso, o cônjuge que restou vivo não participa da herança do cônjuge que
morreu. Porém, se não tiver a meação porque o regime de bens não permite, o cônjuge concorre com
os descendentes na herança.
- Como partilhar os bens da herança:
1) No casamento:
O cônjuge HERDA com os descendentes no casamento: a) com separação voluntária ou convencional de
bens; b) no casamento com regime da participação final nos aquestos; c) no casamento com comunhão
parcial apenas no tocante aos bens particulares (sem direito à meação). OBS: O cônjuge herda quando
não houver comunicação dos bens (quando não tem direito à meação), pois se tiver direito à meação,
ele não herda, mas só recebe a meação.
O cônjuge NÃO HERDA com os descendentes no casamento: a) com regime da separação obrigatória de
bens (pois não há meação nem concurso de bens, ou seja, nenhum bem se comunica); b) com comunhão
universal de bens (pois já tem meação); c) com comunhão parcial apenas no tocante aos bens comuns (ou
seja, com direito à meação).
O cônjuge HERDA SEMPRE, em qualquer regime de bens, se concorrer apenas com os ascendentes (sem
descendentes). Se tiver meação, recebe a sua parte da meação + sua parte da herança. Se não tiver
meação, recebe só sua parte da herança.
O cônjuge HERDA SOZINHO, em qualquer regime de bens, na ausência de descendentes e de
ascendentes. Nesse caso, o cônjuge herda tudo. Nesse caso não há partilha, mas sim adjudicação.
2) Na união estável: o tratamento sucessório entre cônjuges e companheiros é o mesmo. É
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790
do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o
regime do art. 1.829 do CC/2002. OBS: Se houver ação que influencia na partilha, há reserva de bens da
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

meação. Quando acabar a ação de reconhecimento da união estável, por exemplo, e se declarada a união,
entrega os bens reservados ao companheiro. Porém, se não for reconhecida a união, partilha para os
herdeiros.
- Julgamento da partilha: se houver acordo entre as partes, a partilha é amigável, a sentença é
homologatória e deve estar expresso na folha de pagamento qual bem vai para qual herdeiro. Se não
houver acordo o juiz decide, em sentença, de qual modo será feita a partilha, sendo que divide tudo de
forma igual e estabelece a porcentagem ou fração de cada herdeiro. Art. 654, CPC: Pago o imposto de
transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a
Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. Resolvidas eventuais impugnações e juntadas aos
autos as certidões negativas de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julga, por sentença meramente
declaratória, eis que declara a extinção da comunhão sobre os bens e indica qual quinhão corresponderá
a cada um dos herdeiros. Dessa sentença cabe apelação.
Encerra o inventário com a expedição do formal de partilha que será levado ao registro. Após, acaba o
processo de inventário.
OBS: Se houver um só herdeiro, este receberá toda a herança, e, portanto, não haverá partilha. Neste caso, o
juiz adjudicará os bens ao herdeiro único, por sentença e segue a expedição de carta de adjudicação.

* Arrolamento:
- Constitui um procedimento simplificado do inventário e da partilha. É uma forma mais rápida de fazer a
partilha. Há dois tipos: a) Sumário: ocorre quando, seja qual for o valor da herança, todos os herdeiros (ou o
único herdeiro = adjudicação) são maiores e capazes e estiverem de acordo com a partilha amigável do
acervo hereditário.
b) Comum: é admissível quando, sejam os herdeiros (ou o único herdeiro) capazes ou não, se o valor dos
bens da herança for igual ou inferior a 1.000 salários mínimos. Portanto, a soma dos bens não pode
ultrapassar esse valor. Se houver herdeiros incapazes o MP participa. Se não houver acordo sobre a partilha
(ou se houver herdeiro incapaz), a partilha será julgada pelo juiz, precedida de audiência.
- Peculiaridades (tanto do arrolamento comum quanto do sumário): O inventariante é indicado pelos
herdeiros, de preferência seguindo a ordem legal do art. 617, CPC. Dispensa-se a lavratura de termos,
inclusive o compromisso de inventariante. Em regra, não há avaliação dos bens do espólio, valendo o valor
dado pelos sucessores. Porém, há uma exceção: se houver impugnação por algum herdeiro ou existir credor
habilitado, e este discordar do valor dado pelos herdeiros ao bem reservado para o pagamento da dívida,
haverá avaliação. O imposto "causa mortis" é lançado e recolhido administrativamente, depois de concluído o
arrolamento. A juntada dos comprovantes de quitações fiscais dispensa a apresentação de certidões
negativas de tributos.
- Procedimento: petição inicial (identificação dos sucessores, descrição dos bens e seus respectivos valores,
pedido de nomeação de inventariante e partilha da herança) → lavratura do termo de ratificação (só no
comum) → juntada dos comprovantes de quitações de tributos → homologação (ou julgamento) da partilha
→ expedição de formal de partilha (ou carta de adjudicação).
- Disposições comuns ao inventário e arrolamento: a) a sentença que homologa a partilha ou a adjudicação
pode ser anulada por vício do consentimento ou de incapacidade. A anulação, se ajuizada por pessoa que
participou da partilha, tem prazo decadencial de 01 ano contado da homologação (data da sentença). Porém,
se for pessoa que não participou do inventário ou da partilha, tem prazo prescricional de 10 anos contados da
data da sentença. Se o bem já tiver sido vendido, os outros herdeiros indeniza o que quer anular com seus
bens, porém, se não tiverem bens suficientes, não tem o que fazer. Já a sentença que julga a adjudicação e a
partilha pode ser objeto de ação rescisória no prazo de 02 anos. OBS: Prazo decadencial não conta suspensão
e nem interrupção, sendo contados em dias corridos. Prazo prescricional interrompe e suspense nos feridos
e finais de semana.
b) a tutela provisória concedida no processo (de natureza protetiva, assecuratória de direitos) tem eficácia de
30 dias. Portanto, a reserva de bens deve ser pedida em tutela provisória, pois não suspende o processo da
partilha e, se não ajuizada a ação principal neste prazo de 30 dias, perde o efeito. Ex: herdeiro querendo
participar da partilha, mas sem paternidade reconhecida → pede reserva de bens até o julgamento de
investigação de paternidade que irá ajuizar → concedida a tutela (reserva do quinhão), deve ingressar com a
ação nos 30 dias seguintes → se não o faz, a tutela perde a sua eficácia. Igual para o caso de reconhecimento
de união estável.
c) a sobrepartilha é a partilha daquilo que não foi objeto de anterior partilha amigável ou judicial. É um
incidente feito nos próprios autos do processo de inventário ou de arrolamento do autor da herança, sendo
que não precisa ingressar com nova ação. Art. 669, CPC: São sujeitos à sobrepartilha os bens: I - sonegados; II
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

- da herança descobertos após a partilha; III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa
(hipótese de ação reivindicatória em curso durante o inventário e julgada depois em favor do espólio); IV -
situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário (bens reservados ao herdeiro
excluído ou ao credor do espólio devolvidos ao acervo hereditário porque aqueles perderam suas ações. Ao
incapaz, quando os seus interesses colidirem com os do seu representante legal, será nomeado Curador
Especial). Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a
guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros.
A sobrepartilha prescreve no prazo de 10 anos, contado a partir do momento em que poderia ser pedida pelo
interessado.
d) é possível a cumulação de inventários, ou seja, é lícito juntar, em um só processo, inventários de pessoas
falecidas antes do ajuizamento, ou no curso do inventário. Art. 672, CPC: É lícita a cumulação de inventários
para a partilha de heranças de pessoas diversas quando houver: I - identidade de pessoas entre as quais
devam ser repartidos os bens (Ex: duas irmãs falecem deixando seus pais como herdeiros; é irrelevante se os
bens da herança são os mesmos ou não); II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros (Ex: um
único inventário para marido e mulher - ou conviventes; ou, aberto o inventário de um, seu cônjuge - ou
convivente - supérstite falece no curso do processo); III - dependência de uma das partilhas em relação à
outra (Ex: herdeiro falece durante o inventário do pai, sem deixar outros bens, além dos recebidos na herança
do pai; a partilha dos bens do herdeiro depende da partilha dos bens do pai, por isso a cumulação de
inventários. Se deixar outros bens, além dos recebidos por herança do pai, o juiz pode impedir a cumulação.
Ou seja, o herdeiro só pode ter para inventariar o bem que vai receber da herança do pai, pois se tiver outros
não pode). Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver outros
bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade
processual.

* Embargos de Terceiro: art. 674 a 681, CPC.


- Conceito: ação constitutiva de procedimento especial (pois constitui um fato novo, ou seja, a apreensão
judicial será desfeita), autônoma (pois tramita independentemente da ação de execução), incidental a outro
processo preexistente e ainda não concluído (pois são distribuídos para a mesma vara em que a execução foi
ajuizada), com a qual o terceiro (não integrante da relação), ou a parte a ele equiparada, ou o credor com
garantia real, pretende desconstituir ou evitar que bens de sua posse ou propriedade sejam (ou venham a
ser) objeto de ilegítima apreensão judicial ou de venda judicial. Possui natureza preventiva ou
desconstitutiva, ou seja, podem ser ajuizados quando já concretizada a apreensão judicial ou, então, quando
exista ameaça de constrição, concreta e iminente. Por exemplo: o exequente indicou à penhora um bem de
terceiro (a indicação, por si só, não é ameaça), e o Juiz deferiu a indicação (aí a ameaça é concreta e
iminente).
Em outras palavras, é quando um terceiro (não é autor e nem réu) tem um bem seu apreendido
judicialmente e, nesse caso, ingressa com os embargos de terceiro para reaver seu bem. O terceiro, não
integrante da relação processual, pretende desconstituir a apreensão judicial com o argumento de que é
ilegítima. O terceiro ingressa com a ação contra aquele que se beneficia da apreensão judicial.
- Apreensão judicial é uma ordem emenada em uma ação judicial, ou seja, é a ação determinada por um juiz
dentro de um determinado processo o qual pode ser ação, execução de títulos ou cumprimento de sentença.
Exemplos de apreensão judicial, praticados na execução ou cumprimento de sentença, ou na ação de
conhecimento: penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento,
inventário, partilha, imissão na posse, vedação judicial à transferência de veículo, etc. Se a apreensão é
particular, deve a parte se valer de qualquer uma das ações possessórias (interdito, manutenção ou
reintegração). Só pode ingressar com embargos de terceiros se houver apreensão judicial,
independentemente de qual seja a modalidade apreensão.
- Para ser terceiro não há necessidade de ser o proprietário do bem, basta que seja o possuidor do bem. OBS:
Pelo processo civil é considerada uma ação petitória e não possessória.
OBS: O registro no DETRAN é apenas um ato administrativo, pois no caso de bem móvel, a propriedade se dá
com a tradição. Súmula 84, STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.
- Legitimidade:
1) Ativa: Art. 674, CPC: Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre
bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser de terceiro
proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:


a) o terceiro, titular da posse (pouco importa a natureza dela), da propriedade (com posse ou não), ou direito
incompatível com o ato de constrição (ex: sociedade em relação à penhora das cotas sociais; o credor
hipotecário para impedir a venda judicial etc.), que, embora não faça parte da ação ou execução, foi atingido
pela apreensão judicial. A ação é ajuizada por quem tem posse, propriedade ou um direito incompatível com
a apreensão judicial.
b) I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o
disposto no art. 843; o cônjuge ou companheiro da parte quando defende bens próprios ou integrantes de
sua meação. Bens próprios: são os bens particulares em que não há comunicação; doação, na comunhão
parcial de bens, pois, nesse caso, não há comunicação dos bens na meação. Bens que integram a meação: se
a dívida for contraída por apenas um dos cônjuges e o outro cônjuge não integrar a execução, a meação do
outro não deve sofrer prejuízo para quitar tal dívida. Se a penhora atingiu uma quota-parte de bem
indivisível, a meação recairá sobre o produto da alienação do bem.
- Súmula 134, STJ: Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor
embargos de terceiro para defesa de sua meação. Se ambos os cônjuges integrarem a execução, não cabe
embargos de terceiro, pois ambos integram a relação. Mas nesse caso, ainda pode excluir a meação, se um
deles provar que não é responsável pela dívida. Pode mover embargos à execução ou impugnação por
cumprimento de sentença. Ou seja, se é executado junto com o cônjuge por dívida contraída pelo último em
benefício da família, deverá opor-se ao ato por meio de embargos à execução ou impugnação ao
cumprimento de sentença, independentemente de ter sido ou não intimada da penhora. Presume-se que as
dívidas em geral sejam contraídas em benefício da família do devedor (juris tantum), cabendo ao
cônjuge/embargante provar que a dívida não foi contraída em benefício da família, para livrar a sua meação.
Portanto, se ambos os cônjuges integrarem a execução cabe embargos de execução. Mas se apenas um
integrar a execução, o outro pode tirar seus bens da meação por meio de embargos de terceiro.
- Aval: garantia que alguém dá em relação a divida de outrem. No caso de aval prestado pelo cônjuge
devedor, a presunção relativa é de que a garantia não é prestada em favor (em benefício) do cônjuge ou da
família do avalista. Neste caso, a prova de que a garantia foi prestada em proveito da família do avalista é do
credor (réu nos embargos de terceiro), a fim de manter a meação do cônjuge penhorada. O mesmo ocorre
nas dívidas decorrentes de ato ilícito (Ex: reparação de dano em acidente de trânsito): o ônus da prova do
benefício da família do devedor é do credor, ou seja, deve provar que o pagamento da dívida é obrigação de
ambos os cônjuges e não apenas daquele que cometeu o ilícito, especialmente se casados no regime da
comunhão parcial de bens, no qual as obrigações provenientes de ato ilícito não se comunicam.
Art. 842, CPC: Recaindo a penhora sobre bem imóvel ou direito real sobre imóvel, será intimado também o
cônjuge do executado, salvo se forem casados em regime de separação absoluta de bens.
c) II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução; O adquirente de bens em fraude à execução, ou seja, o que foi atingido pela
apreensão judicial, após decisão que considerou fraudulenta à execução a compra do bem do devedor.
Fraude a execução: alienação ou oneração de bem, prejudicial ao credor e ao processo, realizada após a
citação do devedor na ação, seja de conhecimento ou execução, capaz de reduzir o devedor à insolvência. Se
feita depois da citação é fraude a execução. Se feita antes da citação é fraude contra credores. A fraude à
execução só existe na legislação brasileira, pois as legislações dos demais países contemplam apenas a fraude
contra credores. Art.792, § 4º, CPC: Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. Sempre que há
fraude a execução a compra e a venda é mantida, mas desconsiderada em relação ao credor, ou seja, é como
se ela não existisse. Em embargos de terceiro, ajuizado pelo adquirente, é possível o exame somente da
fraude à execução (Súmula 195, STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.), pois a venda feita em fraude contra credores, deve ser examinada em ação própria (revocatória
ou pauliana). A fraude contra credores é aquela feita em conluio e a compra e venda é anulada.
- Para que seja caracterizada a fraude a execução, exige-se: a) a existência desta ação, e a prova desta
insolvência; b) a alienação ou oneração ocorrida após a averbação da ação ou execução no registro público
(R.I., Detran etc.); ou, após o registro da hipoteca judiciária ou da constrição (arresto, penhora etc.), se não
houve averbação; c) sem a averbação ou o registro, a prova de que o adquirente agiu com má-fé na compra
(boa-fé é presumida). Súmula 375, STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
d) III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte; sócio, acionista, administrador, ou sociedade (desconsideração inversa) atingida
pela apreensão judicial, após a desconsideração da personalidade jurídica, caso não tenha participado do
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

incidente próprio. Ex: penhorou o veículo do sócio pela dívida da empresa contraída pelo outro sócio. Isso
ocorre por meio da desconsideração da personalidade jurídica.
e) IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso
não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. Credor com garantia real.
Penhor: há transferência de bem móvel; a Caixa Econômica Federal é o único banco autorizado por lei a fazer
penhor. Anticrese: há transferência apenas da posse e não do domínio para que o credor use o imóvel para
ganhar dinheiro e quitar a dívida. Hipoteca: é garantia de bem imóvel. Nesse caso, o credor de garantia real
deve ser intimado sobre a apreensão judicial para que exerça seu direito de preferência na arrematação. Se a
intimação não ocorrer, ingressa com embargos de terceiro para que o credor exerça a preferência. Portanto,
visa impedir a venda judicial da coisa dada em garantia, caso não tenha sido intimado da constrição, a fim de
preservar o seu direito de preferência.
2) Passiva: o réu é aquele em favor de quem aconteceu a apreensão judicial, ou seja, aquele que foi
beneficiado com a apreensão (autor ou exequente a quem o ato de apreensão aproveita). O devedor
(executado) também será réu na ação quando a apreensão tiver ocorrido por culpa dele (ou seja, quando o
executado ter nomeado à penhora bens ou direitos do terceiro). Art. 677, CPC, § 4º Será legitimado passivo o
sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando
for sua a indicação do bem para a constrição judicial. Portanto, em regra será só o beneficiado, mas, como
exceção, também coloca o devedor se for culpado.
- Momento para oposição: Os embargos de terceiro podem ser propostos tanto na ação de conhecimento, na
execução e quanto na fase de cumprimento de sentença.
a) na ação de conhecimento: podem ser opostos a qualquer tempo, enquanto a ação estiver pendente, ou
seja, até o trânsito em julgado da sentença.
b) no processo de execução ou de cumprimento de sentença: até 5 dias úteis após a alienação do bem, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta. Arrematação: bem é avaliado e levado a leilão, sendo que o
lance vencedor arremata o bem. Venda por iniciativa própria: o próprio credor vende o bem ao invés de
mandar ao leilão; pode ocorrer também quando a venda não é feita por leilão, mas por meio de corretor.
Adjudicação: o próprio credor compra o bem em pagamento da dívida. Em todos esses casos, expede-se uma
carta que será assinada pelo juiz e tem que ingressar com os embargos de terceiro antes da assinatura dessa
carta, mas dentro do prazo de 05 dias úteis. Se perder o prazo, pede indenização. Ex: se o juiz assinar a carta
no terceiro dia do prazo, tem que ingressar com a ação até essa data, mas se o juiz assinar a carta no 10° dia
útil, tinha que ter ingressado com os embargos até o 5° dia.
ATENÇÃO: a) nas ações possessórias, por serem executivas “lato sensu”, ou seja, a execução é a própria
sentença, o ingresso dos embargos pode se dar após o trânsito em julgado da sentença; b) na penhora online
(preferência por penhora de dinheiro ou investimentos nas contas e aplicações do devedor), conta-se o prazo
de 05 dias a partir do deferimento da expedição da guia de levantamento para o ingresso dos embargos.
- Competência: em regra, é do Juízo que ordenou a apreensão do bem, a ser feita por mandado ou
precatória. Competência absoluta (critério funcional). Há distribuição dos embargos por dependência à ação
ou à execução. Exceção: se a apreensão ocorreu por ordem do Juízo deprecado (deprecante não indicou o
bem), a ele devem ser dirigidos os embargos. Ou seja, em regra os embargos devem ser propostos perante o
juiz que determinou a apreensão. Mas, no caso de carta precatória, o juiz deprecado escolhe o bem que será
apreendido.
- Inicial: Requisitos do artigo 319 → Procuração → Documentos que provam a posse ou a propriedade do
embargante, e a sua qualidade de terceiro → Cópia da inicial da ação ou execução, da certidão de citação e
do ato de apreensão (autos em apartado, pois) → Rol de testemunhas, caso necessária a prova oral da posse
→ Pedido de liminar. OBS: Tem que pedir liminar que serve para manter o terceiro na posse do bem ou
restituir o bem penhorado.
- Procedimento: tramita separadamente da ação ou da execução.
Despacho inicial: decide o pedido de liminar (com ou sem audiência preliminar) e manda citar o réu. Se
deferir a liminar, ordena a expedição de mandado de manutenção (turbação) ou de restituição (esbulho) e o
juiz pode condicionar a eficácia da liminar à prestação de caução pelo embargante. Se indeferir, apenas
manda citar o réu. A decisão que decide a liminar é interlocutória e dela cabe agravo de instrumento.
Art. 678, CPC: A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a
suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção
ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Se deferida a liminar e os
embargos tratarem de todos os bens apreendidos, a medida de apreensão será suspensa até o julgamento
dos embargos. Porém, se tratar apenas de um ou mais bens, a ação ou a execução prossegue quanto aos não
embargados.
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

Citação: recairá na pessoa do advogado do réu, ainda que sem poderes específicos para receber. Porém, será
pessoal (por mandado, carta ou precatória) ou por edital, se o réu não possuir advogado. Art. 677, CPC, § 3º:
A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.
Contestação: no prazo de 15 dias e após segue o rito comum. Art. 679, CPC: Os embargos poderão ser
contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.
Sentença: julgado procedente os embargos, o juiz desconstitui o ato de apreensão (desfaz a apreensão do
bem) e libera o bem para o embargante. Se forem embargos preventivos, impede, definitivamente, a
realização do ato de apreensão judicial. Julgado improcedente os embargos, retoma o andamento da
execução. Em relação à sucumbência, pelo princípio da causalidade, o credor não paga as custas
sucumbenciais mesmo se houver a procedência dos embargos. Súmula 303, STJ: Em embargos de terceiro,
quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios. Da sentença cabe apelação
que será recebida no tribunal em efeito devolutivo e suspensivo.

* Ação de Oposição: art. 682 a 686, CPC.


- Conceito: ação incidental pela qual um terceiro (opoente), estranho a um processo em curso entre autor e
réu, oferece pretensão em relação à coisa ou ao direito discutido entre os litigantes (opostos), para obter o
reconhecimento de que tal coisa ou direito lhe pertence, total ou parcialmente. Finalidade: propiciar
economia processual (litígios julgados por uma única sentença) e evitar decisões conflitantes sobre o mesmo
objeto litigioso.
Em outras palavras, na ação de oposição, um terceiro quer em seu favor o reconhecimento do direito
material que está sendo disputado em outra ação (ação principal). Só pode entrar com a oposição quem não
faz parte da ação original. É uma ação incidental, ou seja, só existe se houver ação principal anterior. Serve
para evitar sentenças conflitantes. A ação principal e a ação de oposição devem ser julgadas
simultaneamente (na mesma sentença), sendo que primeiro o juiz decide a de oposição e depois da principal.
É uma ação célere que reduz o tempo de duração do processo. Para que ingresse com a ação de oposição, a
ação principal não pode ter sido julgada ainda. Se uma ação for procedente, a outra será necessariamente
improcedente.
Demanda Bifronte: a pretensão contida na oposição deve ser contrária ao direito das partes no processo
principal (de ambas ou de todas, e não apenas de uma delas → litisconsórcio passivo necessário).
Relação de prejudicialidade: o julgamento da ação de aposição prejudica o julgamento da ação original. Com
isso, cabe ao juiz julgar tanto o pedido entre opoente e os opostos, como a lide originária (entre autor e réu),
simultaneamente. Outro exemplo de prejudicialidade ocorre em ação de indenização por acidente de transito
em que a ação penal condenatória faz coisa julgada no cível.
- Modalidades: são duas, sendo que o início da audiência de instrução e julgamento da lide originária é, em
regra, o divisor de águas entre uma e outra modalidade. OBS: O último momento para ajuizar a ação de
oposição é a sentença, pois depois disso não pode mais ajuizar, vez que tanto a principal quanto a de
oposição devem ser julgadas na mesma decisão.
a) Oposição interventiva: ajuizada antes do início da audiência de instrução e julgamento. A oposição é
processada nos mesmos autos (cúmulo objetivo de demandas) e não em autos apartados (a oposição entra
na ação principal). A audiência servirá para a coleta de provas da lide originária e da oposição. O juiz deve
julgar, antes, a oposição (entre opoente e opostos), e, depois, a ação entre autor e réu.
b) Oposição autônoma: ajuizada depois de concluída a audiência de instrução e julgamento, porém antes da
sentença. Nesse caso, a oposição se processa em autos próprios, porém, distribuídos por dependência ao
Juízo da ação (competência absoluta). Ou seja, é distribuída por dependência para a mesma vara em que está
a ação original (apensada na principal). O juiz decreta a suspensão da ação originária para dar andamento na
ação de oposição e ambas chegarem à mesma fase processual, para que, assim, possam ser julgadas na
mesma sentença (julgamento simultâneo - primeiro da oposição e, depois, da ação principal). Todavia, essa
suspensão se dá por no máximo um ano. Art. 313, CPC: Suspende-se o processo: V - quando a sentença de
mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de
relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente. § 4º O prazo de suspensão do
processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no
inciso II. Portanto, o julgamento da ação aguardará até um ano para o encerramento da instrução e o
julgamento da oposição. Se transcorrido 1 ano, o juiz julga a ação e, quando possível, a oposição, sendo que o
opoente não é submetido aos efeitos da sentença da ação, pois dela é terceiro.
Exceção: nada impede que o Juiz, caso ajuizada a oposição depois de iniciada a audiência, mas ainda não
concluída, resolva usar a instrução e julgamento para a ação e a oposição (princípios da instrumentalidade, da
economia e da razoável duração do processo).
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

- Oposição e Embargos de Terceiro: não se confundem, sendo que possuem diferenças.


a) no aspecto estrutural, a oposição obrigatoriamente deve ter, no polo passivo, todos os litigantes da ação
original (litisconsórcio necessário). Já nos embargos de terceiro, o litisconsórcio no polo passivo é facultativo,
incluindo o credor e devedor se o terceiro quiser.
b) quanto ao objeto, na oposição o opoente quer o pronunciamento judicial sobre o mérito da ação original,
ou seja, busca o direito material disputado na ação principal. Já nos embargos, o embargante quer evitar ou
desconstituir a apreensão judicial, somente.
c) acerca da coisa julgada material que, nos embargos, não se refere ao direito material objeto da ação
original (só a apreensão judicial), diferentemente do que ocorre na oposição (atinge diretamente o direito
material da ação original).
- Petição Inicial: requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC  procuração  documentos que comprovam o
direito material perseguido, e que é objeto da ação original  pedido para o decreto da procedência da ação,
para o reconhecimento do direito material postulado pelo opoente, com prejuízo da ação original, e
condenação dos opostos nos ônus da sucumbência.
- Citação: os opostos serão citados nas pessoas de seus respectivos procuradores da ação original, ou seja, a
citação é feita na pessoa do advogado das partes da ação principal. Se não tiver advogado constituído ou for
revel, tem que ser citado pessoalmente, por carta ou por edital. Se for citado por edital, tem que nomear
curador especial (defensor público ou advogado conveniado) e, nesses casos, não pode fazer a citação na
pessoa do defensor, pois não há relação de confiança entre a parte e seu procurador (o defensor não foi
contratado pelo cliente, mas apenas nomeado). OBS: Nenhum réu citado por edital pode ficar sem defesa.
Dispõem de 15 dias úteis (prazo comum) para: 1) Contestar (e reconvir, se o caso). Nesse caso, há abertura
da instrução processual e julgamento simultâneo da ação e da oposição.
2) Reconhecer a procedência da oposição. Nesses casos, se for o autor-oposto, está implícita a sua renúncia
ao direito que postulava na ação original, o juiz homologa a desistência (com exame de mérito) da ação
original e a oposição segue entre opoente e réu-oposto. Porém, se for o réu-oposto, não há extinção, sendo
que as ações (original e oposição) seguem até o julgamento de ambas. Mas, se forem ambos os opostos, o
Juiz, em sentença única, acolhe a oposição e julga improcedente a ação.
3) Revelia. Se a revelia for de ambos, ocorrerá o julgamento antecipado da oposição, com reflexos na ação
original. Mas se for de somente um deles, a oposição segue quanto à contestação do outro oposto.
- OBSERVAÇÕES:
a – na oposição, a coisa ou o direito deve ser o mesmo da ação principal. Não é possível que o terceiro
ofereça oposição alegando posse sobre a coisa, quando na ação originária a discussão se dá no tocante ao
domínio. Se o objeto da ação principal for diferente, não cabe oposição.
b – para ser admitida a oposição, é necessário que a ação originária tramite pelo rito comum ou especial. Ou
seja, a ação de oposição tem que ter o mesmo rito que o da principal. Não caberá oposição, por exemplo, na
ação de mandado de segurança, pois ele tem rito especialíssimo (nunca terá rito comum). Não cabe também
ação de oposição em ação civil pública, pois o objeto é tão específico que não pode ser requerido por
terceiro. Ademais, não cabe ação de oposição em ações do Juizado Especial Cível, pois neste caso não se
admite nenhuma modalidade de intervenção de terceiro. Por fim, também não se admite ação de oposição
quando a ação original discutir relação de consumo.
c – admite-se a oposição na ação de conhecimento, apenas. Mas ficam excluídas (não cabe ação de oposição)
a fase de cumprimento de sentença e a execução fundada em título extrajudicial, pois não envolvem o
reconhecimento do direito, mas a efetividade do título judicial ou extrajudicial. Ademais, a ação de oposição
deve ser ajuizada antes do julgamento.
d – a oposição deve ser ajuizada contras todas as partes da ação originária e não é possível a inclusão de
terceiros no polo passivo da ação de oposição.
e – oposição é diferente da assistência. Na primeira, o terceiro contraria interesses próprios dos litigantes do
processo, com a intenção de que a sentença desfavoreça a ambas as partes e que pegue o direito para si. Na
segunda, o terceiro ingressa com o objetivo de coadjuvar uma das partes, para que a assistida saia vitoriosa
no processo, sendo que não quero o direito para si, mas apenas que a parte assistida seja vencedora.
f - é admissível a reconvenção por um ou ambos os opostos contra o opoente, desde que conexa com a
oposição ou com o fundamento da defesa, e haja compatibilidade de procedimentos. Neste caso, o Juiz
julgará a oposição, a reconvenção e a ação originária, simultaneamente.
g – depois de proferida a sentença da ação originária, mesmo que pendente apelação, não cabe mais a
oposição. Se a ação principal for julgada, não cabe mais oposição, mesmo que a primeira esteja em grau de
recurso.
h – a extinção da ação principal, sem a resolução do mérito (por exemplo, por abandono da causa), não
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

impede o prosseguimento da oposição, pois esta é autônoma e independente.


i – o ingresso da oposição é facultativo. Ainda que não o faça, o direito do opoente não será prejudicado pelo
julgamento da ação originária, pois dela não participou (coisa julgada apenas contra os litigantes). O terceiro
pode deixar para ajuizar, depois, a sua ação contra o vencedor da ação originária.

* Ação Monitória: Art. 700 a 702, CPC.


- Características: a) é um processo de cognição (conhecimento) que tem por objetivo abreviar a formação do
título exequendo e a finalidade de acelerar a prestação jurisdicional. Ou seja, consegue chegar até a sentença,
ao pagamento ou ao cumprimento de sentença mais rapidamente. OBS: Título exequendo é a sentença.
b) é uma opção do credor. Ela substitui a ação de conhecimento se assim desejar. OBS: Sem título pode
ajuizar cobrança ou monitória.
c) contém um incentivo ao réu para não oferecer defesa infundada ou meramente procrastinatória, pois se
cumprir o mandado ficará isento de custas e pagará os honorários advocatícios da outra parte de 5% do valor
dado à causa (no CPC/73, não pagava nada).
d) réu arcará com ônus da sucumbência (custas e honorários integrais) se for vencido nos embargos
monitórios ou se for revel. OBS: A contestação na ação monitória é chamada de embargos monitórios. É feito
no prazo de 15 dias e vem para dentro do processo.
- Objeto: pode ter como objeto:
a) Quantia em dinheiro: é a monitória para pagamento de quantia certa. O devedor (réu) é citado já sabendo
o valor exato, sendo é citado para pagar e não para se defender. Não admite liquidação posterior, pois a
monitória é instaurada por meio de mandado de pagamento que se converte em mandado de execução, se o
réu ficar inerte quanto ao pagamento ou defesa. Art. 700, CPC, § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor
explicitar, conforme o caso: I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo. Na inicial, o autor
deve anexar a memória de cálculo do seu crédito (da dívida) - documento essencial - que se não tiver, deve
emendar a petição inicial e se não emendar, o juiz extingue o processo sem resolução do mérito.
b) Coisa móvel fungível ou infungível: a coisa fungível pode ser substituída por outra da mesma espécie,
qualidade e quantidade, referindo-se às obrigações de dar coisas genéricas e incertas. Já a coisa infungível, de
bem móvel ou imóvel, é aquela que não pode ser substituída e equivale às obrigações de dar coisa certa.
c) Obrigação de fazer e não fazer. OBS: A ação cominatória é a destinada para cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer.
Súmula 384, STJ: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem
alienado fiduciariamente em garantia.
- Legitimidade:
a) ativa: credor da quantia em dinheiro, da coisa fungível ou infungível, da obrigação de fazer ou não fazer.
Pode ser tanto o credor originário, como o cessionário ou sub-rogado.
b) passiva: é o devedor da obrigação de pagar quantia, entregar coisa fungível ou infungível, de não fazer ou
fazer ou, ainda, seu sucessor universal ou singular. Ou seja, é aquele que consta no documento como
responsável pelo cumprimento da obrigação.
Falido ou o insolvente civil: pode ser réu, ou seja, pode mover ação monitória contra a massa falida. Porém,
a execução tem que ser feita mediante concurso universal (o titulo judicial em que possui o crédito tem que
ser habilitado anteriormente e segue com a inclusão no quadro de credores do falido ou do insolvente civil).
Fazenda Pública: Art. 700, CPC, § 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública. Súmula 339,
STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Pode ser ré, ou seja, pode mover ação monitória
contra a Fazenda. Na execução, cita a Fazenda Pública para se defender contra a execução no prazo de 30
dias. O juiz profere sentença declarando o crédito, a qual é executada por meio de RPV (requisitório de
pequeno valor) ou por meio de precatório. OBS: Para saber qual dos dois será usado tem que observar o
valor, pois até 60 salários mínimos usa o RPV (paga imediatamente) e acima de 60 salários mínimos usa o
precatório (entra no orçamento para pagar no ano seguinte e em até 10 parcelas anuais).
A execução contra a Fazenda Pública é diferente da execução contra particular, pois neste caso, intima o
particular para pagar em 15 dias. Súmula 282, CTJ: Cabe a citação por edital em ação monitória.
- Prova: Art. 700, CPC: A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em
dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III - o adimplemento de
obrigação de fazer ou de não fazer. Em regra, a prova do direito deve ser escrita. Se não tiver prova escrita
não pode entrar com ação monitória, mas sim com ação de cobrança. A prova escrita pode ser pré-
constituída, ou seja, há instrumento elaborado no ato da realização do negócio jurídico que há confissão de
dívida (Ex: contrato) ou causal, ou seja, embora o documento diga que há divida, não fiz qual o negócio de
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

origem (Ex: títulos de crédito em geral). § 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada,
produzida antecipadamente nos termos do art. 381. Exceção: se não houver prova escrita, pode o autor
ajuizar ação de produção antecipada de prova para obter a prova do seu direito por meio de depoimento
pessoal ou testemunhal reduzido a termo, que instruirá a inicial da ação monitória.
OBS: Tem-se admitido como prova escrita: documento particular de confissão de dívida não assinado por
duas testemunhas; título de crédito prescrito (Súmula 299, STJ: É admissível a ação monitória fundada em
cheque prescrito.); duplicata mercantil sem comprovante de entrega da mercadoria; compra e venda
mercantil sem expedição de duplicata; contrato de abertura de crédito em conta corrente (Súmula 247, STJ:
O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui
documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.); orçamento médico ou dentário; guias de
internação, prontuário hospitalar, requisição de serviço protético; boletos de posto de combustível; duplicata
não aceita, desde que protestada; etc.
É necessária a assinatura do devedor no documento? Não, se o título foi emitido por força de obrigação ex vi
lege (por força de lei) ou se documento escrito revelar ao juiz a existência/origem da obrigação. Afinal, o
devedor terá ampla defesa para demonstrar que a obrigação não existiu ou não foi contraída por ele. Se
houver a assinatura, melhor. OBS: Na ação monitória não tem que dizer qual o negócio deu origem à dívida.
Cabe monitória de título executivo extrajudicial? Sim, pois a lei não proíbe e, ademais, não há prejuízo
algum ao devedor que, inclusive, terá mais tempo para exercer a ampla defesa.
- Prescrição: pode ingressar com a monitória até 05 anos da data da expedição do documento, ou seja, 05
anos desde a data consignada no instrumento público ou particular, para as obrigações líquidas. Depois desse
prazo não tem mais o que fazer. Para os títulos de crédito em geral, desde o dia seguinte ao do vencimento.
Cheque: 06 meses para a execução, 02 anos para a ação de locupletamento ilícito ou 05 anos para a ação
monitória.
Em qualquer uma destas situações, é dispensada na inicial da monitória de cheque a indicação da causa
subjacente à emissão do título. Súmula 531, STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada
contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
- Inicial: requisitos do artigo 319 do CPC e procuração  documento escrito representativo da dívida (ou
prova documentada)  se for soma em dinheiro, precisa da memória de cálculo da dívida; se for entrega de
coisa, precisa do atual valor de mercado da coisa; se for obrigação de fazer ou não fazer, precisa do conteúdo
patrimonial ou o valor do proveito econômico perseguido pelo autor  pedido para a citação do réu (por
qualquer um dos meios usados no procedimento comum) para pagar, entregar a coisa ou cumprir a
obrigação.
- Procedimento: distribuída a ação para a Vara Cível ou Cumulativa competente, segue o despacho que:
a) manda emendar a inicial para o cumprimento do art. 700, § 2º ou para a conversão ao rito comum (Art.
700, CPC, § 5º Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o juiz
intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum.), sob pena de
indeferimento da inicial e extinção do processo.
b) aceita a inicial, determina a expedição de mandado monitório (nos casos de obrigação de pagar quantia
certa) ou de injunção (destinado à entrega ou cumprimento de obrigação), com a respectiva citação. OBS:
Essa diferenciação de nomenclatura é apenas doutrinária, pois a prática tudo é mandado de citação.
- Citado, no prazo de 15 dias, o réu pode:
1) pagar, entregar ou cumprir a obrigação, caso em que ficará isento das custas e pagará 5% de honorários ao
advogado da parte contrária, sobre o valor dado à causa. Nesse caso, segue sentença de extinção com
resolução do mérito.
2) pedir o parcelamento da dívida. Art. 916, CPC: No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do
exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de
honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6
(seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. Nesta hipótese,
são implícitos o reconhecimento do débito e a renúncia à faculdade de opor embargos.
3) ficar revel (não paga, não entrega, não cumpre, nem se defende), situação que leva à automática
constituição do título executivo judicial, por decisão que converte o mandado inicial em mandado executivo.

4) apresentar defesa (tem o nome de “embargos monitórios”) em 15 dias, juntada nos próprios autos. Se
parcial a defesa, Juiz pode mandar autuar os embargos em apenso.
Oferecida a defesa, a ação passa ao rito comum, inclusive com a possibilidade de reconvenção. Art. 702, CPC,
§ 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à
reconvenção. Súmula 292, STJ: A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do
Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA

procedimento em ordinário. OBS: A reconvenção é cabível nas ações que possuem rito comum e, como a
apresentação de defesa na monitória passa para o rito comum, é possível.
Se réu alegar excesso de pedido (quantia em dinheiro), deve informar qual o valor correto e apresentar
demonstrativo (cálculo), sob o risco de não ser acolhida a alegação. Ou seja, o excesso na ação monitório só
será analisado de tiver prova do excesso.
- Sentença: se rejeitar os embargos, a monitória se converte em execução de título judicial (sucumbência é do
réu). Se acolher integralmente, revoga o mandado inicial e extingue o processo (sucumbência é do autor). Se
acolher parcialmente, a execução terá curso pelo remanescente (distribui a sucumbência entre as partes).
Apelação: só efeito devolutivo. Para obter efeito suspensivo (pede o efeito suspensivo para que suspenda a
execução da sentença até o julgamento do recurso), deve o apelante demonstrar a probabilidade de
provimento do recurso ou a existência de risco de dano de grave ou difícil reparação.
- Fase de cumprimento de sentença: intimação do réu se dá na pessoa de seu procurador para, em 15 dias,
pagar, cumprir a obrigação de fazer ou não fazer ou para entregar a coisa. Nesses casos, há expedição de
mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse.
Se o réu é revel, mesmo que citado por edital e com Defensor Público para sua defesa, o início do prazo de 15
dias se dá com a publicação no órgão oficial da ordem judicial para o cumprimento da obrigação, feita em seu
nome e não em nome do Defensor.
OBS: Súmulas 282, 292, 299 e 339 foram absorvidas pelo novo CPC.

Você também pode gostar